Snowflakes | Oneshot escrita por Andréia Santos


Capítulo 1
Snowflakes


Notas iniciais do capítulo

Fazia tempo que eu não escrevia uma Dramione, ship que me iniciou no mundo das fanfics há quase 17 anos. Quis trazer uma visão mais leve desse casal com um climinha gostoso de natal que essa época nos faz desejar.

Espero que gostem. Boa leitura!



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Logo no começo de dezembro, durante um outono que vinha sendo agradável e até quente em alguns períodos, a neve fina cobriu de branco todo o pátio do castelo de Hogwarts. Os alunos dos primeiro e segundo anos, assim que amanheceu, correram para baixo das árvores e as balançaram com o peso dos próprios corpos ou com feitiços simples que faziam todos os galhos tremerem. 

Tudo estava calmo como há tempos Hermione não via e era revigorante assistir tudo aquilo e sorrir involuntariamente quando, naquela mesma época, há um ano, ela estava no olho do furacão de uma guerra.

Na última primavera, quando completou seus 18 anos, a garota foi surpreendida com o anúncio da volta às aulas no mês de outubro para aqueles que não haviam terminado o último ano e quisessem concluí-lo num módulo mais intensivo. Não foi necessário pensar muito, ainda mais quando finalmente tudo em sua vida parecia ter entrado nos eixos: se formar em Hogwarts era o ápice de seus sonhos se tornando realidade.

Quando recebeu a confirmação de Hermione, a diretora Minerva mandou o broche de monitora-chefe da escola para ela.

— … sei que é meio dark, mas eu aceitei ficar com o Malfoy no passeio à Hogsmeade. - uma menina comentou com suas amigas e todas deram risadinhas zombeteiras - Ah gente! Ele é bonito, apesar de tudo!

— Bonito é, mas ele é um “comensal” - uma das amigas disse sussurrando a última palavra e parando assustada ao notar Hermione - Monitora-chefe! Não é errado falar a verdade! - ela defendeu-se de imediato.

— Não disse nada, Pines. - Hermione revirou os olhos em sinal de tédio e virou de costas - Só uma coisa: se não quer se relacionar publicamente com o Malfoy, não marque encontros com ele. - ela disse e seguiu seu caminho.

— A Granger só diz isso porque os caras tem medo dela agora. - sussurrou Pines para suas amigas e o grupo saiu rindo pela direção oposta.

Hermione ouviu aquela ofensa, mas não revidou. Era incômodo que as pessoas achassem que ela era um ser inatingível, deixando as coisas mais impressionantes quando abriu mão de se relacionar com Ron, por quem foi apaixonada por quase todo período escolar. Havia rapazes do último ano que chamavam sua atenção, mas era “cedo” para romances.

— Ah! Aí está você, senhorita Granger! - disse a diretora Minerva tirando Hermione se seus devaneios - O passeio das 15h vai ser liberado para todos os alunos este ano e precisamos da ajuda de todos os monitores.

— Até os primeiranistas?! - a garota questionou e recebeu um aceno positivo em resposta - Os outros vão adorar saber que em vez de ir para o Três Vassouras eles vão ser babás. - disse com ironia.

— Não será por muito tempo, apenas umas duas horas e eles serão organizados para voltar para o castelo. Já avisei para os monitores da Sonserina e da Corvinal, por favor avise aos monitores da Lufa-Lufa e ao senhor Scott.

— Tudo bem… - ela soltou um suspiro de frustração e fez o que lhe foi pedido.

Pontualmente as carruagens se agruparam e os alunos mais novos foram os primeiros a embarcar de tão empolgados que estavam com a novidade. Os monitores entraram logo em seguida visivelmente contrariados em ter que lidar com essa situação, mas Minerva falava abertamente sobre a importância de permitir que desde o primeiro momento os jovens aprendizes vivenciasse a magia em sua totalidade - o que incluia visitas à vilarejos inteiramente mágicos e o apoio dos veteranos em transitar por ali.

Não houve grandes confusões nas duas horas iniciais e, embora a Dedosdemel estivesse superlotada e alguns primeiranistas causaram um breve desconforto com a madame Rosmerta ao tentar esquivar-se para dentro de seu bar, os alunos dos primeiro e segundo anos voltaram ordeiramente para Hogwarts dando uma merecida folga para os monitores.

Enquanto a maioria seguiu para o Três Vassouras, Hermione decidiu caminhar um pouco, apreciar a decoração natalina e divagar sobre como seria passar seu natal sem medo do perigo iminente pela primeira vez em anos. Um misto de sensações pairava sobre ela e ela mal se deu conta quando chegou nos limites da Casa dos Gritos e quase deu de cara com Draco Malfoy.

Diferente do que era comum antes de a guerra estourar, o rapaz não estava com sua pose de superioridade e desinteresse, ele parecia nervoso e ansioso segurando aquela rosa branca atrás de suas costas e olhando na direção das árvores cobertas de gelo. Certamente Julie Hound, que deveria estar com ele ali, estava bem atrasada.

— Quem está aí? - Draco perguntou ao ouvir um som de galhos quebrando.

— Estava apenas passando. - Hermione respondeu com os braços erguidos - Eu vi a Hound na Zonko's há alguns minutos.

— Isso não é da sua conta. - Draco disse ríspido, mas visivelmente ficou desapontado com a notícia.

— Vai nevar. Procure um lugar aquecido. - ela disse e saiu antes de ouvir uma grosseria.

Hermione seguiu seu próprio conselho e entrou numa livraria que também servia bebidas quentes e começou a folhear um exemplar de contos natalinos bruxos apenas para passar o tempo. Faltando pouco menos de uma hora para voltar para escola, ela pagou sua conta e se agasalhou bem para caminhar sob a neve fina que caia.

No meio da floresta que rodeava o vilarejo, uma luzinha chamou sua atenção e ela foi até lá para conferir.

— Por Merlin! Malfoy você está aqui desde aquela hora?! - ela reclamou ao ver que se tratava do rapaz de pé com neve na cabeça e nos ombros - Vá para perto dos outros que as carruagens vão começar a sair.

— Eu não vou. - ele disse com a voz trêmula pelo frio.

— Ah, mas você vai mesmo! - ela cruzou os braços - Não tem o menor sentido ficar aqui.

— Você não entende? Eu fui humilhado por aquela garota! - ele disse com rispidez - Não tem a mínima chance de eu voltar com todo mundo olhando para mim depois de ficar feito um idiota aqui!

— Toma. - Hermione tirou seu pesado casaco das costas e estendeu para o rapaz que a olhou como se ela tivesse cuspido em seu rosto - Pega logo! Você vai congelar! - ela reclamou e ele pegou contrariado, observando nada surpreso ela tirar outro casaco de dentro de sua pochete.

— Eu mando um elfo te devolver. - ele disse vestindo-se com uma careta de nojo no rosto.

— Apesar de seu comportamento, eu me importo de verdade se alguém fica doente quando eu posso fazer algo para que isso não aconteça. - ela abaixou-se e recolheu a rosa branca, limpando a neve dela - Por favor, não fique por aqui sozinho.

Hermione observou discretamente, quando as últimas carruagens saíram, Draco embarcar junto com alguns alunos do terceiro ano que conversavam animadamente sobre o saldo do passeio. Ele vestia seu casaco e o apertava firmemente contra seu corpo e procurava se aquecer o mais rápido possível, mas evitava olhar para as outras pessoas para não ter que socializar. Aos poucos aquela imagem sumia no horizonte e chegou a vez de ela também voltar para Hogwarts.

No dia seguinte, no horário de troca de turmas de Poções, um burburinho fez com que a monitora recuasse e ouvisse detrás de uma estátua a conversa entre a menina que deveria encontrar com Draco e suas amigas do outro dia sobre como ela “sem querer” se distraiu com as vitrines e não lembrou-se que deixou o sonserino plantado a tarde toda esperando por ela. Era óbvio que elas estavam se achando o máximo por partir o coração de alguém com um passado tão complicado e isso começava a se espalhar com os alunos do mesmo ano que elas que ouviam parte da conversa e passavam adiante sem o menor respeito, apenas para ver o circo pegar fogo.

Ao sentar-se em sua bancada de trabalho, o estrago já estava feito.

Draco foi recebido com olhares de zombaria que o acompanharam em todos os momentos em que ele esteve no meio das pessoas. Embora fosse uma situação bem chata, ele teve tempo para bolar um plano em sua cabeça que o faria sair por cima dessa confusão.

Na hora do almoço, Draco levantou-se da mesa da Sonserina em direção a da Grifinória, pigarreando para chamar a atenção de Hermione:

— Queria ter te devolvido mais cedo, mas não queria te atrapalhar. - ele disse e colocou o casaco dela delicadamente em suas mãos - Realmente me aqueceu bastante depois que você saiu.

— Não tem de quê. - Hermione respondeu inocentemente enquanto todos entenderam o duplo sentido na frase de Draco - Sobre o que estão falando…

— Não se preocupe com isso. Não me afeta. - ele respondeu deslizando as mãos dele do casaco para as costas da mão dela e fazendo um carinho - Já está quase na hora da aula da nossa próxima aula, então até logo.

— Até… - ela respondeu confusa

Depois de um tempo, quando a desconfiança dominou seus pensamentos, Hermione levantou-se logo que Draco saiu do salão comunal para ir até ele:

— Qual é o truque? - ela perguntou aproximando-se.

— Estava tentando ser legal. - ele respondeu irritado - Não pode só aceitar e seguir em frente?

— Velhos hábitos… - ela respondeu envergonhada e desarmou-se - Companhia até a sala?

Draco a encarou sem palavras e, quando pensou em responder com sua costumeira grosseria, o corredor começou a ficar movimentado, forçando-o a se aproximar de Hermione e agir de improviso. Felizmente, umas folhinhas pequenas estavam grudadas naquele cabelo volumoso que ela ostentava desde o primeiro ano e ele aproveitou-se disso para insinuar uma intimidade entre os dois e abafar de vez os boatos da manhã:

— Olha só o que eu achei. - Draco disse olhando nos olhos de Hermione que estava corada.

— As folhas adoram se enroscar em minha cabeça. - ela comentou envergonhadamente e pegou o ramo da mão dele.

— Vamos para a sala? - ele convidou colocando o braço dela por dentro do dele e caminhando com passos sincronizados, observando pela visão periférica que seu plano tinha sido um sucesso.

Em todas as aulas, Draco dividiu a bancada com Hermione e procurou ser o mais gentil possível quando alguém estava perto o suficiente para ouvir. Surpreendentemente, as coisas correram bem e até foi interessante para Hermione fazer algumas atividades com alguém tão inteligente quanto ela, desconstruindo preconceitos que ela tinha sobre ele aos poucos e fazendo com que as barreiras entre eles enfraquecessem lentamente.

— Eu vou até o lago buscar as plantas que a professora Sprout pediu. - Hermione disse enquanto enrolava os cabelos num coque desajeitado e o prendia com sua varinha.

— Ok. - ele respondeu seco, pois não havia plateia naquele momento - Vou para a biblioteca para terminar logo a parte de texto. - disse saindo depressa.

— Hei! Eu vou querer participar dessa parte também! - ela tentou chamar a atenção dele, mas não funcionou e, desconfiada, seguiu seu caminho.

No canto mais afastado e solitário que Draco encontrou na biblioteca ele sentou-se e bateu com força seus punhos fechados para extravasar. Era muito difícil agir daquela forma com uma nascida-trouxa, mas ela deixava tudo ainda mais complicado quando se mostrava tão aberta às supostas mudanças dele. Ele xingou, resmungou e se lamentou por ter que se sujeitar àquilo, mas optou no final das contas por respirar fundo e continuar com o que começou e fazer o bendito trabalho que dividiria com ela.

Ele abriu livro atrás de livro, fez anotações e apontamentos sobre as plantas que estavam estudando quando, numa nota de rodapé quase imperceptível, ele descobriu que uma das amostras era perigosamente venenosa e poderia deixar Hermione inconsciente por horas. Draco hesitou com verdadeira confusão sobre ir ou não atrás dela e começou a andar de um lado para o outro nervosamente, optando por tentar alertá-la e saindo às pressas pelo corredor e margeando o lago até encontrá-la já desmaiada com um punhado daquelas folhas em sua mão direita.

— Ah merda! - ele praguejou e tirou com um feitiço simples a planta das mãos dela antes de acordá-la com um enevarte— Granger? Está me ouvindo? - ele chamou baixinho batendo levemente no rosto dela.

— Mal-- foy? - ela respondeu com a voz fraca, abrindo lentamente os olhos e o encarando agradecida - O que aconteceu comigo?

— Essas raízes são venenosas.- ele disse enquanto tirava os pedacinhos de grama e neve do rosto dela num ato espontâneo - Muito me admira que alguém tão nerd quanto você não sabia disso. - ele sorriu de forma zombeteira e ela respondeu da mesma forma.

— Ainda bem que o outro nerd que eu conheço estava por perto para me ajudar. - ela disse colocando-se sentada com um pouco de dificuldade - Aqui tem algumas ampolas para guardar as amostras.

— Você precisa ir à enfermaria e dizer o que houve. - o tom de voz dele era autoritário.

— Já estamos aqui, vamos pelo menos terminar de fazer a tarefa antes disso? - ela pediu colhendo agora com ajuda de feitiços tudo que precisava e tentando pôr-se de pé.

— Não faça esforço. - Draco disse adiantando-se para impedir que ela caísse ao pisar em falso.

— Obrigada. - ela disse olhando-o nos olhos e apertando os braços dele, seu coração acelerando de uma forma estranha - Enfermaria! - ela disse de forma avulsa e caminhou com cuidado na direção do castelo.

Draco ficou por um tempo observando o horizonte pálido e revisando em sua mente o que tinha acabado de acontecer. Não havia necessidade de fingimentos, pois eram apenas os dois e ainda assim ele estava preocupado e carinhoso com ela. Não havia se passado nem um dia e ele já estava afundado em arrependimento de ter começado aquilo, ao mesmo tempo que dividir atividades com Hermione Granger tenha sido infelizmente agradável…

E aquilo se estendeu por semanas até o dia de deixar o castelo para passar o feriado em casa.

— Já está indo também? - Draco chamou Hermione ao vê-la passar com sua mala.

— Esse ano é o mais especial. - ela comentou levemente emocionada - Você não arrumou suas coisas ainda? - perguntou ao mesmo tempo que procurava pela bagagem dele.

— Não vou para casa. - ele respondeu sério enfiando a mão nos bolsos.

— Mas… não vai ficar quase ninguém… - ela o olhou com pena - se quiser… pode ir para minha casa pelo menos nas festas…

— Você… me quer na sua casa? - ele perguntou surpreso e ela acenou positivamente com a cabeça - Isso foi... 

— Inesperado? - ela perguntou sorrindo envergonhada - Bem, a gente tem feito bastante coisa junto essas últimas semanas, nas horas vagas estamos nos mesmos lugares e, modéstia parte, somos os melhores alunos da escola e um exemplo do que uma grifinória e um sonserino são capazes de fazer quando se unem. - ela disse com orgulho e logo voltou com o tom de voz mais acolhedor - Somos… amigos.

— Não se atrase para pegar o trem. - ele disse tentando ser simpático e ela despediu-se dele com um aceno - Merlin! Não era para ter chegado tão longe! - ele lamentou-se e voltou para seu dormitório pensativo.

Mais tarde naquele mesmo dia, Draco sentou-se no parapeito da torre do relógio e ficou observando a neve cair enquanto pensava nas palavras de Hermione. Por mais que ele odiasse admitir ela estava certa: eles eram algo muito próximo de amigos e, ainda por cima, ele sentia falta. O que mais incomodava nem era ter se apegado a companhia dela, era que ela não fazia ideia de que foi “usada” para abafar fofocas e pelo que ele conhecia de Hermione Granger, quando ela descobrisse ele iria sofrer risco de morte.

— Senhor Malfoy, não vai fazer sua refeição? - a diretora Minerva disse enquanto se aproximava dele.

— Não tinha visto o tempo passar. - Draco disse descendo e arrumando sua roupa - Com licença.

— Sabe que pode sair da escola. - ela disse com seu tom de voz firme.

— Minha casa não me traria mais do que a escola. - ele respondeu chateado.

— A senhorita Granger te convidou para visitá-la, não é? Vocês têm sido tão amigos…

— Como que…? Ela só disse aquilo para ser gentil.

— Ela me pediu para te lembrar que não foram palavras vãs. A lareira do seu dormitório está liberada caso mude de ideia. Por favor, faça a refeição antes de ir. - Minerva disse solidária e seguiu seu caminho.

***

A família Granger estava sentada em frente à lareira tomando chocolate quente e esperando o relógio marcar meia-noite para trocar os presentes. Bichento teimava em brincar com os enfeites brilhantes do pinheiro e tentar derrubá-los, mas Hermione já tinha se adiantado e lançou um feitiço para evitar bagunça. De vez em quando, uma coruja aparecia voando e deixando um pacote para Hermione, todos acompanhados de bilhetes cheios de carinho de seus amigos.

— Esse aqui é do Harry. - Hermione disse dando uma risadinha ao ler a carta - Ele disse que todos os dias sente minha falta no curso do Ministério quando tem que fazer alguma prova teórica. Ginny vai fazer testes para o Harpias, mas a vaga é praticamente dela…

— Se quiser ir visitá-los… - a mãe de Hermione sugeriu.

— Eu os visito antes do réveillon.— Hermione adiantou-se sorrindo - Eu vou pegar mais marshmallows.

— Estão ouvindo isso? - o senhor Granger disse de repente e todos pararam para prestar atenção - Parece que tem alguma coisa na lareira.

— Será que algum pássaro conseguiu passar pela grade? - Hermione preocupou-se e caminhou até lá com sua varinha em punho - Não é isso… parece… - ela deteve-se e logo alertou para que seus pais se afastassem, correndo ela também para o mais longe possível da lareira.

Num baque surdo, Draco caiu deitado no carpete da sala de Hermione em meio a uma nuvem de fuligem. Ele levantou-se tossindo e tentando em vão se limpar com as mãos, mas desistiu após um tempo e cumprimentou a família que estava estatelada com a situação:

— Desculpe pela sujeira. - ele disse nervoso e com um feitiço limpou a sala e a si próprio.

— Você veio… - Hermione disse enfim conseguindo verbalizar algo - Papai, mamãe, este é Draco Malfoy. - ela apresentou formalmente e as surpresas apenas aumentaram.

Aquele Draco Malfoy? - o pai de Hermione perguntou de forma sugestiva e ela confirmou com a cabeça - Bem, seja bem-vindo… não é?

— Sim! Chegou bem na hora de abrir os presentes. - Hermione disse olhando para o relógio - Eu ia te dar quando voltasse, mas já que você veio… aqui está.

Draco aceitou a caixa enrolada em papel verde fosco com um laço de fita de cetim prateada, desfazendo o nó com cuidado e destampando para ver o que ali havia. Um sorriso espontâneo formou-se em seus lábios quando ele viu uma gravata elegante de cor azul-marinho provando que Hermione era atenta aos detalhes:

— Como você descobriu? - ele a olhou ainda sorrindo e perguntou.

— A pena que você usa para estudar é dessa cor, assim como a maioria das roupas que você usa nos horários livres. - ela respondeu feliz por ter acertado.

— Eu não tenho nada para te dar. Na verdade eu vim para conversar com você, algo muito importante.

— Já está tarde mesmo, melhor irmos para cima, não é querido? - a mãe de Hermione disse puxando o marido pelo braço - Amanhã a gente troca os presentes durante o café-da-manhã, meu bem, boa noite crianças. - ela disse beijando a testa de Hermione e subiu as escadas.

— O que quer me dizer? - Hermione perguntou sentando-se na poltrona próximo à lareira e apontando o divã para que Draco se acomodasse.

— Eu percebi que… nós realmente somos amigos. - ele disse suspirando cansado.

— Já sabia disso. - ela disse solidária e fez aparecer na mesinha em frente a eles canecas com chocolate quente fumegante - Por que motivos eu te convidaria para vir?

— Não é só isso, Granger. - Draco disse enquanto brincava com a caneca em suas mãos - Eu não fui honesto com você. Minha aproximação foi… no início, que fique claro… - ele tentou dizer já se defendendo, mas só se enrolava nas suas palavras.

— Foi para não falarem mais sobre você. - ela completou diante da hesitação dele - Também já sabia disso. Na verdade era bem óbvio. Você chegou do nada com gentilezas, querendo fazer os trabalhos comigo, mas eu não esperava mesmo que você fosse me ajudar quando eu desmaiei. - ela parou um pouco e tomou um gole de chocolate quente cuidadosamente - Você se mostrou ser alguém incrível cada dia desde então Malfoy.

— Tudo bem, estou me acostumando com você estando dois passos à frente. - Draco respirou fundo e ajeitou-se no divã - Então… como ficamos?

— Como estamos é um bom começo. - ela sorriu simpaticamente e os dois passaram algumas horas conversando trivialidades, despedindo-se com um aperto de mãos quando Draco anunciou que ficaria em um apartamento que sua família mantinha em Londres o restante do feriado.

 

***

O relógio marcava pouco mais de 12h quando Draco acordou e arrumou-se para sair em busca de algum lugar para comer. Hermione, na noite anterior, havia comentado sobre um restaurante próximo à King’s Cross que ela costumava frequentar nos fins de semana e datas comemorativas e lá foi o loiro seguir aquela sugestão involuntária.

Eles almoçaram juntos, saíram para dar uma volta pelo parque, esperaram até o cair da noite para ver as luzes da cidade e as atrações noturnas como a roda gigante e o carrossel que ficavam ao lado de um coreto todo enfeitado para os pequenos shows que iriam começar em poucos minutos. Tudo aquilo era novidade para Draco que não escondeu sua animação quase infantil em experimentar aquelas coisas.

— Nunca pensei que diria isso, mas eu me diverti muito hoje. - Draco admitiu enquanto observava a cidade crescendo no horizonte à medida que a cabine da roda gigante ia subindo.

— Eu também me diverti muito. - Hermione disse sorrindo - A gente merecia algo assim depois do que houve.

— É… - ele ficou triste por uns instantes, mas desfez sua expressão séria quando olhou para ela - se eu soubesse que conviver com você era tão simples assim…

— Você não teria nem tentado! - ela o interrompeu divertida e ambos riram.

— Sério Granger. - ele insistiu - Se eu soubesse antes, eu não teria cometido tantos erros.

— Prefiro não ficar pensando nisso e aproveitar o presente. - Hermione inclinou-se para frente e segurou nas mãos de Draco - Quando a gente voltar para Hogwarts promete que tudo será igual? Eu realmente quero fazer nossa amizade dar certo.

— Não vou deixar você se afastar de mim. - ele sorriu de forma levemente sedutora e, ao ver o brilho multicolorido dos fogos refletir no rosto de Hermione, abraçou-a com carinho e desejou um feliz natal.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que você esperava um beijo no final, mas vamos com calma! rsrs

Pensei nessa oneshot como uma introdução para uma evolução da relação entre Draco e Hermione sem passar por aquele clichê de ela "mudar" ele e tal. Houve mudanças da parte dele (claro), mas tentei trazer naturalidade a isso e, embora aconteça de sentimentos mudarem direto para o amor romântico, preferi finalizar com uma amizade com um toque sutil de "algo a mais", pois para quem conhece os dois na obra canônica sabe muito bem que isso já é um passo ENORME.

Agradeço a atenção de ter lido até aqui e aguardo seu feedback. Boas festas!



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