A plateia foi à loucura e Gil não sabia como agir, ficou completamente desconcertado olhando pros lados sem saber o que fazer. Voltou pra mesa em estado de choque enquanto Sofia se amostrava pela "coragem" de ter feito aquilo na frente de todo mundo.

O pessoal começou a especular que ela e Gil tinham um caso já que ele não a repreendeu, nem disse nada. Mas não, ele só não tinha processado ainda o que houve.

Mas nada foi tão ruim pra ele quanto olhar para Sara e ver sua expressão de tristeza e ao mesmo tempo raiva pelo que teve que presenciar.

Lamentou com o olhar já que não podia dizer nada e viu o quanto ela estava se segurando, ainda mais quando o pessoal começou a tirar sarro.

— Olha ele, todo vermelhinho!- Catherine riu.

— Certeza que ela estava querendo fazer isso há meses. Mandou bem, Grissom.

— Agora vai ter que levar ela pra jantar.

— Greg e Warrick precisam saber.

— Parem com isso!- ele pediu, sério, e eles pararam, mas com um sorrisinho escondido.

Grissom não sabia onde enfiar a cara, e os únicos que não disseram nada foram Sara e Brass.

O capitão sabia muito bem o que estava rolando e não queria deixar o amigo mais constrangido, ou a amada dele mais furiosa do que já estava. Dele, os dois não conseguiam esconder.

Sara não aguentou o quanto aquele salão cheio de risinhos estava lhe sufocando e pediu licença. Levantou rapidamente e foi até o banheiro.

Grissom suspirou. Precisava falar com ela.

Sara tentou respirar fundo e ficar calma, mas estava morrendo de raiva. Não esperava por aquela cena e quase não acreditou quando a desgraçada fez aquilo. Com que propósito? Receber palminha? Um prêmio por beijar alguém sem consentimento? E por que ele simplesmente não afastou ela? Ele correspondeu? Por que ele não disse nada?

Óbvio que ele ficou desconcertado, incomodado, mas custava dar um basta? Ou simplesmente se afastar dela? A atrevida agarrou o braço dele e quase o acompanhou de volta à mesa!

Fechou a porta do box e sentou na tampa da privada apoiando os cotovelos nas coxas e tapando o rosto com as mãos.

Precisava se acalmar ou iam desconfiar. Se é que já não desconfiaram já que todos reagiram, menos ela. Catherine até deu uma cutucada nela dizendo que agora que a festa ia ficar boa. Sara fingiu rir, mas queria gritar.

Gritar que aquele homem era dela, que ninguém podia beijar aquela boca além dela, que ninguém podia tocá-lo como ela. Mas como dizer isso sem acabar com suas carreiras? Ecklie ficaria furioso, mais do que estava naquele momento por Sofia chamar completa atenção com aquela atitude e tirar o foco dele.

Precisava manter o controle. Bufou e engoliu o choro de ódio que queria soltar. Quando fungou olhando pra cima, ouviu vozes e risadas que entraram no banheiro.

Sara ficou em silêncio.

— Você é completamente maluca.- ouviu Catherine dizer. — A sua sorte é que a regra só inclui membros da mesma equipe. Acho que detetive não se enquadra, até porque não interfere. Ecklie teria dado um berro.

Sofia riu.

— Eu estava esperando esse momento.- Sara revirou os olhos. — Viu a cara dele? Ficou todo desconcertado, eu achei fofo.

Sara quis vomitar.

— Você pegou todos de surpresa.

— Acho que ele sempre sentiu algo por mim, só não quer admitir.

Sara não resistiu ao barulho com a garganta ao segurar uma risada.

— Sara? É você?- Catherine indagou.

— Infelizmente.

— Está tudo bem, Sara?- foi um tom provocativo. Sara sabia.

— Está. Só fiquei um pouco enjoada.- devolveu. Não sabia se era de propósito, mas não ia entregar o jogo.

— Mas você nem bebeu.- comentou a ruiva.

— Pois é, também fui pega de surpresa.

Sara não conseguiu ver o sorriso de Sofia, mas nem precisou.

— Vou ver se o Grissom quer dançar.

Catherine riu.

— Boa sorte. Grissom nunca dança.

"Só eu tive a oportunidade de dançar agarradinha com ele, nem morta ela também vai ter!!"

— Também desejo sorte.- Sara disse antes delas saírem do banheiro.