De um Elfo em Skyrim escrita por AnaChan


Capítulo 1
De Lórean


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!! (^_^)v



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Summerset.

Ah Summerset, minha terra amada!

Se eu soubesse o quanto minha terra era preciosa para mim, eu nunca teria me alistado para o exército. Fui enviado para essa lonjura - antiquada e enorme terra chamada Skyrim. Eu esperava poder me tornar um mago Thalmor logo, mas permaneci como um soldado raso. Dia após dia eu fui cansando daquela rotina chata e repetitiva. Sair para procurar indícios de adoração a Talos, voltar com um ou dois prisioneiros, tortura-los para admitirem coisas que nós já sabíamos, escoltar um mago para uma reunião ou aquelas festas regadas a todo luxo possível, a qual eu era impedido de me divertir como o meu protegido. Anos e anos assim, eu me cansei como um cavalo velho na estrada.

O que eu ganhei com tudo isso? Um elogio, talvez, que nunca seria capaz de pagar todo o meu esforço. Armadura e armas novas, que logo perdiam aquele majestoso brilho, conforme poeira grudava e sangue era espirrado nele. Lâmina cega, nem para um suicídio servia, no final. Tudo o que eu ganhei, porém, foi o olhar de desprezo dessa gente. Essa gente que, com o tempo, comecei a querer conhecer mais. Quer dizer, trabalhadores, muitos os quais faziam coisas humilhantes para sobreviver. Me pergunto se estivesse em sua mesma situação, eu seria capaz de me despir desse orgulho que minha raça difunde.

Meus poucos momentos de felicidade eram quando a noite estava tranquila, sem nenhum prisioneiro para torturar, junto dos meus amigos, bebendo vinho e esse delicioso hidromel nórdico. Só por ele, talvez devêssemos deixar essa gente em paz, um pouco. Eu bebia até não conseguir mais enxergar o que estava em minha frente, ou não conseguir mais andar. Amanhecia com os gritos de um superior, mas com a sensação que a noite anterior tinha valido a pena. Depois voltava tudo de novo, até a próxima noite de bebedeira.

Ou então um daqueles momentos em que eu e uma elfa cheirosa nos agarrávamos num armário de vassouras qualquer. Léssia era a minha preferida. Sua voz encantadora me levava para uma realidade onde imaginava uma vida totalmente diferente, igual a um desses cidadãos de Skyrim; numa fazenda tranquila, perto de um riacho, vivendo apenas para mim. A pele dela era a mais macia e iluminada de todas. Seu nariz pequeno e seus olhos amarelos brilhantes, fez eu me apaixonar prontamente. Mas quando a vi com o senhor Ludic, percebi o qual longe de mim esse sonho estava.

A única coisa que me trazia algum alívio fora daquela inóspita e gelada embaixada Thalmor, era poder sair por aí com um mago, para investigar. Assim, debaixo dos olhares de reprovação do povo local, podia ver além de neve e tristeza. Ver pessoas normais, animais, natureza, vida. E percebia o quão infeliz eu era. Um elfo supremo infeliz. Qualquer nórdico riria de algo assim. Jamais entenderiam. Meu orgulho provavelmente me faria mata-lo e estragar o brilho dourado da minha lâmina, mas minha sensatez concordaria com seu desdenhar. O que era minha infelicidade diante de tantas vidas que tirei?! Pais, mães, filhos de família. Gente que só queria ter o direito de pensar como quisesse.

Com o tempo, passei a achar as palavras do mestre um verdadeiro exagero. Seita?! Que diferença faz essa adoração a Talos se eles não fazem nada de mal a outras pessoas?! No máximo, gritar a todos os ouvidos sobre seus feitos e incomodar a paz de quem almeja o silêncio. Sequer faz sentido achar que isso é uma ofensa tão grave. Os deuses, se assim quisessem, poderiam punir essa gente pessoalmente, mas dizerem que nos incumbiram dessa tarefa, sendo que foi necessário sairmos de um país muito longe para fazer isso?! Tudo vai perdendo o sentido à medida que mais sangue é derramado, e menos se houve falar do medo de continuarem fazendo o que fazem.

Eu torci, muito mais do que deveria, para algum louco invadir esse lugar e sair matando a todos nós, de uma maneira bem dolorosa e humilhante. Quem sabe assim, pagaríamos uma porcentagem de toda desgraça que trouxemos a essa terra. Torci por isso incessantemente antes que a coragem de fugir chegasse ao seu limite em meu coração. Muito foi pensado, prós e contras, que sempre quis que os contras superassem os prós. Tentava me apegar a qualquer mínimo prazer que a vida de soldado pudesse me trazer, mas foi só decepção atrás de decepção. Nem meu orgulho estava sendo suficiente para me parar. Eu olhava meu reflexo, e me via cada vez menos como um soldado, e mais como um elfo que deixou Summerset para sempre para viver uma vida comum em Skyrim.

Cheguei a pedir aos deuses, fiz oferendas, para tirar esse sentimento de dentro de mim. Pedi para não ter sentimentos, como antes, mas tudo só crescia no meu coração e na minha mente. E o calor foi ficando intenso, como se um corpo morto há muito tempo voltasse a vida e a caminhar entre os vivos. Minha última tentativa de esquecer dessas ideias foi me declarar para Léssia, na busca pelo motivo para permanecer aqui, mas ela foi fria, já estava prometida a Ludic muito antes até de virmos para cá. Fui usado até as entranhas de minha vida infeliz. Até que esse foi o passo definitivo em direção ao abismo.

E me joguei!

Larguei as armaduras, peguei alguns trapos nórdicos que tiravam dos prisioneiros, coloquei algumas marmitas e frutas numa mochila, e levei comigo a adaga que meu pai forjou para mim. A única arma que eu tinha, além do meu nível intermediário de magia. Mudei até meu cabelo loiro escovado para traz. Cortei suas pontas e o penteei para frente, como um jovem nórdico do qual tive que me desfazer do corpo. Mas agora eu não faria mais isso, não seria mais assim. Se tivessem que me matar e me fazer ser descartado como um desses corpos, ainda estaria melhor do que viver desse jeito. Ao menos teria tentado algo diferente, o qual nenhum desses outros jovens elfos tiveram coragem.

Então antes do amanhecer, parti. Atravessei uma das saídas traseiras, com um frio na barriga, maior do que o que eu sentia em minha pele. Desci a colina de gelo até a estrada. Onde eu chegaria primeiro? Solitude?! Markarth?! Solitude era muito rica para um elfo de roupas simples. Markarth não era o lugar mais amigável de todos, mas eram os mais perto da embaixada. Depois de duas semanas andando pela estrada, o clima foi melhorando e a neve já não era mais vista. Assim, avistei de longe uma fazenda rodeada de pedras prateadas, e cheguei aos estábulos de uma cidade. Então, Markarth.

Mas para onde eu deveria ir? Talvez algum lugar mais ao sul. Whiterun?! Falkreath?! Decidi que pegaria uma carroça para Whiterun, que parecia ser um destino melhor para um foragido feito eu, por ter uma postura mais neutra diante da guerra. Peguei o saco de moedas que juntei dos pertences dos prisioneiros – eles não precisariam mais, afinal – e paguei o carroceiro não mais que 50 septins para pegarmos a estrada rumo ao meu novo lar. Deixei para trás o soldado, e entrei na cidade nova como Lórean, um simples elfo supremo vindo de Summerset.

— * -

— Diário de Lórean... Veja Lydia, data do ano em que nasci. Se ele tivesse esperado mais trinta anos, veria o tal louco entrando e matando a todos. Espero que ele tenha conseguido levar a vida que queria! Vamos, não quero deixar Delphine esperando.

— Sim, meu thane!

Fim.


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Notas finais do capítulo

Se teve dificuldade em entender, o final dela é o início de uma missão que ocorre no jogo. Se um dia puder jogar, aproveite a oportunidade de conhecer essa obra prima!! Vai conseguir entender ainda mais. Recomendo ouvir as músicas ambientes enquanto lê pra curtir a vibe do jogo junto :3 enfim, é isso. Se possível, deixe um comentário sobre oq achou.
Obrigada por ler (^_^)v