Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 5
Capítulo 1: Avante revolução! - Parte 4




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Rosicler atravessou a janela e caiu bem em cima de Saragat. Dump, o conjurador praticamente foi nocauteado por ela.

— Você não sabe usar a porta não, sua tonta?

— Ah, me larga, veio!

Os outros dois integrantes do grupo acordaram. Letícia consultou o seu relógio de bolso.

— Não está muito cedo para vocês brigarem, não?

— Uah, eu não sei por que, Letícia, mas acho que não vamos mais pegar no sono.

A ladina se ergueu limpando a sua blusa listrada em preto e branco. O servo de Nalab se colocou a uma grande distância da mesma.

— Tava fazendo o quê na rua até uma hora dessas?

— Oh, quem foi que te contratou como babá? Aliás, tu é um babaca!

— Bem, e lá vamos nós!

— Cale-se, Tell de Lisliboux!

O mago-espadachim tapou a boca sorridente com o seu travesseiro.

A militar se levantou e esperou que ambos os madrugadores lhe dessem uma boa resposta. Sua face estava rubra, com certeza ela adiava perder uma boa noite de sono!

— Me deem um bom motivo para eu não os colocar para dormir de novo?

Rosicler tateou no escuro e acendeu a lâmpada do quarto, iluminando os rostos sonolentos. A ladra e o seu antagonista eram os únicos despertos.

— Nós tamo ferrado, veio. Nós tamo tudo quebrado na emenda...

— Desculpe, mas alguém pode traduzir esse negócio?

— Ah, eu quero dizer que caímos numa armadilha.

Todos cruzaram os braços, afinal de contas, a ideia de se disfarçar de clérigos de Enug tinha sido dela.

— Ei, esperem aí, vocês também têm culpa no cartório. Você mesmo foi quem indicou com o teu irmão sobre a Cordilheira de Bashvaia, tá lembrada, fia?

Os outros três se entreolharam, e depois de algum tempo todos eles confirmaram a sua versão. A garota apoiou os braços na janela e soltou o ar, que virou uma fumaça branca.

Com a baixa luminosidade das residências e estando em elevada altitude, as estrelas lhe pareceram mais íntimas, a ponto de sussurrar-lhe algum segredo.

— Não sabia por qual motivo, mas os monstros recrutavam muitos clérigos, isso realmente me chamou atenção, veio. Poxa, é o tipo de disfarce que vai bem, saca? Os religiosos têm entrada em qualquer lugar, tipo, qualquer lugar mermo... então, eu achei que ia dar, deu não! Fazer o quê?

O encapuzado precisou concordar com a ladina. Se eles estavam usando a fé das pessoas no lugar das guerras de conquista, significava apenas uma única coisa.

— Eles temem perder o controle do Reino dos Monstros. Muito do domínio de um reino sobre os súditos se deve a sua força e seu poder de persuasão. A religião sempre foi um modo eficaz de dominar as massas, é por isso que em Alfonsim não cultuamos deuses...

— E foi justamente graças a um conjurador de Nalab que a sua nação foi resgatada, não foi, general-brigadeiro Letícia?

— As grandes guerras só começaram graças aos conflitos divinos, se não...

— Chega, gente, prestenção!

Como uma sábia, Rosicler chamou a atenção dos companheiros e disse-lhes:

— Depois de trazidos para as cordilheiras, os convertidos, ou noviços, são escravizados, sacou? Isso quando não são transformando em monstrengos.

Era a primeira vez que o Lisliboux a via daquele modo engajada com algo que não fosse discutir com o mascarado. O garoto se pôs de pé e caminhou até a gatuna.

— Saragat, nós não temos mais tempo a perder aqui, nós vamos...

— Calma, oh mago nível 0,5. Lembre-se que ainda é madrugada, e a nossa “espiã” aqui nem terminou o seu relato. Não sabemos quem estamos enfrentando, esqueceu, tapado?

Só 0,5! Esse é o valor que eu ganho por tê-lo salvo?

A ladra narrou como tinha chegado até o ex-cassino. Lá, os mineiros trocaram o seu suado trabalho em troca de uma gororoba, que fedia como muco de ogro... Fora nesse momento que ela conheceu o armeiro chamado Z.

— “Z”, Z de quê?

Tell estava muito afoito para saber a identidade do armeiro, ela precisava de um sobrenome extravagante.

— Z de Zinetovnidietch?

Entrando no jogo, Letícia chutou alto estipulando um nome, talvez inventado?!

— Z de Zé, né gente ?

Saragat lançou um sorriso tão irônico que a garota na janela retirou o punhal da cinta e fez um gesto de degola com ele.

— Cês tão loco, rebanho de truta? Tem gente morrendo lá fora, escravizado, comendo o mingau que o ogro escarrou. Nós somos a esperança deles, cambada, se liga! Eu e meu mano mais velho já fomo preso, né coisa que preste não, cara.

E dessa cadeia você nuca deveria ter saído, sua larapia...

O mascarado passou a caminhar pelo quarto com os passos lentos e controlados.

As duas garotas do grupo passaram a roer as unhas. Tell não se aguentava em expectativa. O servo de Nalab se virou para os seus liderados e falou incisivamente:

— Está muito tarde para iniciarmos uma revolução.

— Quê?

A ladina botou as mãos nas cadeiras e fez uma cara de poucos amigos. Letícia repetiu o gesto. Até mesmo o mago-espadachim ficou embravecido.

— De que adianta essa companhia, então?

— Olhe, Rosicler, não podemos agir simplesmente por instinto. Eu sei que você está sentindo raiva, mas esse não é o momento. Creio que o termo “Batalhão Colossal” indica que estaremos enfrentando inimigos maiores do que lutamos até agora.

O portador do Monstronomicom pousou a sua mão no ombro da gatuna.

— Olha, Rosicler, pensando bem, o Saragat tem razão, não podemos colocar a vida das pessoas em risco...

— Eles perderam as esperanças, cara, não têm mais ninguém por eles!

Ela retirou a mão do seu ombro e coçou o cabelo cacheado que teimava em tremular pelo vento frio que soprava da janela. Metodicamente, ela explicou em três passos:

— Primeiro, nós estamos aqui para salvar as pessoas da monstruosidade; segundo, já chegamos até elas; e por último, pra quem sempre fala em esperança, tu amarelou, viu.

O Lisliboux ficou cabisbaixo por alguns instantes. Saragat agiu num tom mais brusco:

— Olha só, Rosicler Cochrane, eu jamais deixarei que uma pirralha como você se meta nas minhas decisões. E pra você liderar, terá que conquistá-la. Eu considero uma boa noite de descanso relevante para...

— E quem foi que te fez líder, seu zé-ruela? Eu não lembro de ter votado em você.

O encapuzado deu de ombros e depois se deitou numa outra cama improvisada.

— Uah, olha, amanhã você pode liderar, mas hoje eu opto por dormimos. Espero que tenha um bom plano, sua sabichona.

— Você vai ver, seu otário, eu consigo vender um litro de veneno para uma cascavel.

Os seus futuros subordinados responderam com um ronco estridente.


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