Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 23
Capítulo 5: Palácio Vulcano - Parte 1




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A cada momento de tensão na luta, a garota apertava Index contra os seus seios. O guardião já estava completamente amassado de tanto ser espremido contra o voluptuoso busto de Rosicler. A ladra não conseguia conter-se.

— Girf, olha, Rosicler, com mais um aperto desse eu sou capaz de explodir...

— Desculpa aí, Index, esse bicho não cai com nada, veio.

Encostada a uma pedra, ela tinha assistido a luta apreensivamente. Estava tão ausente da batalha que o troll nem tinha percebido que ela estava lá.

A garota vestia um short-saia, suas coxas continham uma bainha, cada uma possuía uma afiada lâmina, mesmo assim ela mantinha o seu fiel punhal na cintura. Estava doida para usá-lo.

— Mas, não, uorfh, eles não vão ganhar a luta se eu morrer, sabia?

Enquanto o ser reclamava, a gatuna observava os movimentos de Titã Cubo, tentando encontrar algum ponto fraco.

Droga! Esse monstrão não tá ajudando, ele é muito forte, mano...

Enquanto isso, os dois esgrimistas trocavam espadadas.

Saragat e Letícia tentavam restabelecer o fôlego. A alquimista era a que aparentava estar mais cansada.

Splang, Tell defendeu um corte da katana de obsidiana. O segundo-sargento demonstrava ferocidade e ambos desviavam e atacavam com perícia.

— Pense rápido!

Saltando no ar, o samurai de pedra girou executando um movimento diagonal e desfechou um golpe que mesmo defendido, abalou as defesas do neto de Taala. Por um momento, ele quase desmaiou com o impacto, toda a sua lâmina vibrou.

Mas que força! Como é que eu vou derrotar um cara que não pode ser atacado e quando golpeia parece ter a força de um exército?

— Tell, você tá bem?

— Se você conseguir achar um ponto fraco nesse monstro, você ganha dez pontos, Rosicler.

— Dez pontos? É muito pouco pra mim, veio.

O garoto sorriu, mesmo numa hora daquela ela conseguia fazer uma piada. O mago-espadachim arfou, pois, o seu braço direito pesava muito. Embora manejasse a espada com as duas mãos, ele nunca tinha sido ambidestro.

— O que foi, nanico, não consegue empunhar uma espada bastarda?

— Espada bastarda? Esse nome é horrível, quando te derrotar eu vou batizá-la.

O troll soltou uma risada crocante, seus dentes de pedra rangiam. Ele girou a sua lâmina exibindo-a para o garoto, era uma bela espada.

— O batismo de uma lâmina é muito importante, essa espada se chama Mugen. Foi forjada por Somatópago, os Anões Siameses, eles são os nossos armeiros oficiais, sabe? Um pouco mal-humorados, mas são verdadeiros artistas.

— Zared nos falou que mesmo a obsidiana não aguentaria a forja, como ela foi criada?

Letícia e Saragat se entreolharam satisfeitos, a garota tomava um dos últimos elixires.

Isso aí, garoto, ganhe tempo pra nós...

— É verdade, uma lâmina de obsidiana seria muito frágil, mas forjada como um artefacto, ela perde todas as suas fraquezas. Através da habilidade dos anões, essa katana adquiriu a capacidade de ser inquebrantável. Por isso eu a chamei de Mugen, que na língua nativa do Extremo Oriente significa “Infinito”. A espada deve ter o nome que define o seu espírito.

— Não se preocupe, acho que já sei como vou chamar a minha espada daqui pra frente.

— É, e qual o nome da dita cuja?

— Que tal... vai se ferrar?

O que se seguiu foi um estrondo ensurdecedor. O encapuzado atingira o monstrengo com uma rajada de sombras tão poderosas que o mesmo ficou encoberto por elas.

— Truotruotruo, não adianta.

Saindo da escuridão, o troll foi atingido no capacete por diversos tiros. A militar alfonsina descarregou toda a munição de um fuzil de repetição. Foram seis cargas de projéteis explosivos.

O trio se reagrupou e esperou o movimento do inimigo. O segundo-sargento se colocou numa posição de ataque e convidou-os a atacarem-no.

— Alizé.

Enquanto o monstro se defendia, Letícia aproveitou para lançar várias poções nele, uma delas com a Goma Dourada. Atingindo as articulações de Titã Cubo, o adversário ficou paralisado. Saragat aproveitou o momento e iniciou uma poderosa conjuração.

— Deusa que repousa sobre as sombras do universo... Raer Umbrátil.

A ponta do Cajado Nebuloso se encheu de sombras, era uma energia tão densa que chegou a escurecer o campo de batalha. As pupilas do servo de Nalab se embranqueceram.

Rosicler ficou horrorizada.

— O que é que tá rolando com, ô da capa-preta?

— Ele está sincronizando ao máximo com a energia divina de Nalab.

Os dentes do conjurador rangiam e um filete de sangue escorreu de seus lábios pálidos. Quando o mascarado disparou a rajada de sombras, o tiro durou um minuto inteiro. A execução da magia divina foi tão poderosa que quando terminou, ele caiu de joelhos.

— Eu não sou rei para que se ajoelhe diante de mim, Zarastu é rei.

Esfarelando a armadura, Titã Cubo se mantinha de pé, na mesma posição defensiva em que se encontrava antes de ser atacado pelo encapuzado. Mais uma vez, tendo o seu exoesqueleto de pedra destruído, a triste figura do troll se revelou novamente. Ele disse triunfante:

— Com a minha conjuração Anima Pétrea, eu posso regenerar o meu exoesqueleto indefinidamente. Não importa qual a potência do golpe, ou quantos me ataquem, em poucos segundos eu terei a minha defesa recomposta novamente.

Tell fincou a sua espada no chão, mesmo ele já demonstrava cansaço.

A ladina sentara-se em cima de uma pedra para refletir melhor sobre a luta. E desse mesmo lugar, ela captou um estranho e interessante fenômeno. Sissssssssss, esse som de uma areia correndo dentro da uma ampulheta aumentou ainda mais quando a armadura do oponente se regenerou.

— Index, está pensando no que eu estou pensando?

— Estou pensando que: ou você cresceu muito ou a rocha em que estamos diminuiu de tamanho!

É isso!

— É isso, é isso, é isso mermo, Index.

— Bluorf, isso o quê, menina?

Se pondo de pé, ela agitou a criatura alada em cima da cabeça e gritou a plenos pulmões:

— TIRA ELE DO CHÃO!

Saragat estreitou os olhos e vociferou alguma coisa, sua raiva era tanta que nem pôde gritar com a companheira. Letícia vagueou o olhar para Rosicler e o troll.

Nossa, é tão óbvio que eu não percebi...

— Tell, se prepara, eu vou precisar de você, garoto.

Titã Cubo ainda tentou usar a Trollagem, mas a alquimista foi muito mais rápida.

— Transmutação Aeriforme – Éolo.

E ascendido ao ar, o inimigo parecia um brinquedo infantil. Tell saltou no ar ricocheteando numa rocha e empreendeu uma poderosa sequência de espadadas.

— Coup de Foudre.

Zing-zang, para cada corte, um bloco de mármore branco caia ao chão. Em pouco tempo, os golpes revelaram uma horrenda criatura descabelada em posição fetal. O Lisliboux sorria enquanto o desprotegido oponente olhava-o horrorizado.

— Uaaaaaaaarh, você não é tão invencível o quanto pensa.

E cravando a espada num estoque, o segundo-sargento teve o ombro direito perfurado. Mesmo tentando evadir, a lâmina o acertara em cheio e ambos caíram no solo. Em meio à poeira da cratera, o filho de Taran se levantou e limpou o pó de eu colete.

— Tell, você está bem!

E sendo abraçado por Letícia, ele foi erguido do chão como se fosse um boneco.

Rosicler cuspiu e rosnou alguma coisa desagradável para a alquimista.

Essa exibida, você é muito veia pra ele, dona moça...

— L-Letícia, m-me larga vai, eu já to perdendo o fôlego.

— Desculpe, é melhor purificá-lo logo antes que ele regenere o exoesqueleto.

— Podem me matar, se quiser. Me matem logo!

Tell foi até o resignado monstro e empunhou a sua espada no topo da cabeça com as duas mãos, e olhando fixamente para o inimigo, declarou em alta voz:

— Minha espada não foi feita para matar, mas sim para trazer a justiça, por isso ela se chamará a Justiceira.

— Um nome contraditório para uma arma.

Saragat foi até o corpo do monstro e acocorou-se no chão, fixou o seu olhar nas pupilas do monstrengo e suspirou indignado.

— Os monstros não sabem o que é o Monstronomicom, não é?

— Nos disseram que é como a morte.

— Não é diferente de uma, mas mataremos apenas a parte de você que não merece viver.

— E qual a sua parte que não merece viver, Saragat?

O conjurador se ergue e abriu espaço para o portador do livro. Tell abriu o tomo e antes que pudesse dizer as palavras mágicas, o ser deformado soltou uma gargalhada.

— Espere, espere, não seja tão precipitado, truotruotro.

— Cuidado, Tell, pode ser uma armadilha.

Index alertara claramente sobre o perigo, mas o garoto resolveu ceder ao monstro.

— O que está tramando?

— O próximo colossal que vocês vão enfrentar é um osso duro de roer, sabiam? Ele é um bogatir, o primeiro-sargento Stalin. Ele também possui uma armadura que reveste todo o seu corpo, mas ele tem um ponto fraco bastante... chamativo, eu diria.

 — Que é?

Todos fizeram um ar de expectativa que dava para ouvir o som de uma rocha se formando entre as montanhas.

— O cabeção dele.

— Porque um monstro nos diria como derrotar um companheiro?

— Porque eu odeio aquele desgraçado, acabem com ele viu, moçada.

E engasgando com o seu próprio sangue, o segundo-sargento sofreu com as dores estertorantes que precedem o óbito.

— Eu vos purifico.

Quando a purificação terminou, um jovem samurai surgiu envolto de um belo quimono branco. A espada Mugen continuou fincada no chão.

A alquimista foi até a katana, e retirando um frasco de um coldre, pingou duas gotas na espada, e no mesmo instante ela ficou menor. Do tamanho de uma espada normal.

— Nossa! Agora até eu posso manejá-la agora.

— Tome esse frasco, Tell, essa é a poção que altera o tamanho dos objetos. Pode lhe ser muito útil. Duas gotas aplicadas a um objeto diminuiu o seu tamanho original em um meio. Uma gota o faz voltar ao tamanho normal.

E assim ele adquiriu uma nova espada. Após, o grupo resolveu seguir para o próximo desafio, Letícia descansaria nesse turno, pois, Saragat usou a Cura Divina em si mesmo.

Na 5º Estação, o primeiro-sargento Stalin estaria lá para recebê-los.


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