Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 2
Capítulo 1: Avante revolução! - Parte 1




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O grupo se aproximava da entrada da Cordilheira de Bashvaia.

Nessa cadeia de montanhas havia sete vilas, posteriormente denominadas de “estações”, elas haviam sido construídas em posição espiralar em volta de um vulcão adormecido. A Rota das Montanhas, como era chamada, serpenteava de modo ascendente até a última delas, praticamente à beira do vulcão.

A 1º Estação ficava no sopé das montanhas. A caminhada dos heróis esbarrou numa longa e misteriosa barreira cravejada de esporões enormes.

— Mas... não me lembro de a Federação de Comércio do Norte ter esse tipo de defesa!

Letícia ficou sem entender o porquê daquela barreira. De acordo com os registros, o local ainda continuava seguro. Saragat tomou-lhe o mapa das mãos e encarou à barreira.

— Tem certeza que esse mapa é seguro?

— Claro que sim. A cartografia alfonsina é vasta e perfeita.

— E levou a gente pra uma cadeia de montanhas vazia, sua tonta!

Os dois passaram a se encarar por um momento, até que Tell resolveu interferir. Index repousava dentro do livro, e o mesmo estava seguro debaixo da longa túnica do garoto.

Todo o grupo vestia túnicas encapuzadas com a cor da bandeira do Reino dos Monstros, o amarelo-fúnebre.

— Eles devem ter posto essa barreira devido a ataques.

A alquimista voltou o seu rosto para a barreira que tapava completamente a visão de quem caminhava pela famosa Rota das Montanhas. A barreira era um gigantesco portal de ferro. A sua volta, rochas e mais rochas, o sol brilhava inclemente no céu límpido.

— E aí, vamo torrar no sol mermo, é?

— Já te disseram que teu jeito de falar é irritante, Rosicler?

— Como é que tu usando essa capa toda não soa, seu zoado?

— Orar à minha deusa refrigera a minh’alma.

A garota deu língua ao duplamente encapuzado que ergueu o cajado na altura da cabeça.

— Tem algo que ainda não fizemos?

O mago-espadachim deu de ombros para a careta do conjurador e uniu as mãos à boca tentando amplificar o seu grito:

— Olá, tem alguém aí?

O eco rebateu nas pedras do lugar e foi retransmitindo a sua pergunta pelas rochas.

— Oléléléirrrrrrro!

A ladina brincou com o eco das montanhas e todos eles riram, menos Saragat, é claro!

— Essa menina é muito otáriiiiiiiiiiiiiiiiia.

A garota lançou um olhar gélido para o mascarado que se pôs a espalitar os dentes. Não demorou muito para a descontração virar tensão. Cabrum, dois pesos caíram no solo.

— Quem é que ousa nos acordar?

— Tava no melhor do sono, sabia?

Pela cratera formada, e a poeira que os dois ergueram, era possível saber que ambos eram pesos-pesados. Com dois metros de altura, cada, eles se apresentaram aos heróis.

Após uma série de pantomimas, os monstros executaram uma postura ridícula e falaram simultaneamente:

— Somos os Guardiões do Portal!

Os seres exibindo feições furiosas rosnaram para os visitantes:

— Tanto esforço para uma apresentação decente e nada de aplausos?

— A cada dia o nosso público parece ficar mais inculto, unfh.

De modo entusiástico, a militar passou a aplaudir e a vibrar de modo sorridente. E aos cochichos, incentivou o resto do grupo a acompanhá-la.

Ouvindo até gritos de “bis”, os dois grandes monstros ficaram encabulados.

— Porque você me fez pagar um papel ridículo como esse, sua maldita herege?

— Nossos inimigos são dois oni, Saragat. Além de parecerem muito difíceis de combater, eles denunciariam logo a nossa posição. Atacar nesse momento é inviável.

— Eu sei, mas precisava tanto aplauso por nada?

Os onis eram seres de face horrenda e muito corpulentos. Eles possuíam pequenos córneos na testa. Muitos usavam quimonos, outros usavam apenas uma tanga de pele de animais.

— Até que enfim reconheceram o nosso talento, Seishi.

— Uma hora ou outra isso ia acontecer, Masashi.

Os Guardiões do Portal trajavam calças de seda preta e estavam nus da cintura para cima. Calçavam sandálias de madeira com salto retangular. Uma enorme corda servia de cinto, e era atada com um grande laço nas costas.

Eles possuíam os cabelos raspados na parte da frente da cabeça, exibindo cada qual o seu chifre, e coques eram visíveis no alto da cabeça.

— Parece que vocês são noviços do nosso deus, mandou bem, moçada!

Seishi tinha a pele azulada e tinha dois chifres. As orelhas ostentavam dois brincos em formato de zíper.

— Vocês vieram rezar nas cachoeiras, né não? Todo mundo inventa uma desculpa pra dá um tibum lá.

Masashi tinha pele avermelhada e tinha apenas um córneo. Havia uma tatuagem no ombro direito com os seguintes dizeres: “Esse tempo é de viver e vadiar”.

O mascarado entregou os documentos falsos para os guardiões e disse:

— Hahaha, caros amigos, nós gostaríamos de pôr obséquio ter acesso a esta gloriosa cadeia de montanhas pra...

Os dois onis passaram a rir do modo formal de falar do conjurador, que ficou tentado a atacá-los, mas aquele não era o momento certo.

— Pode passar, mano. Quem tá com o nosso deus tá com tudo.

— E quem tá contra a gente, é quem tá perdendo.

Puxa! Mas que glosas inteligentes. Vocês deveriam estar na Academia de Letras de algum Baronato. Gente, nunca vi tanta inteligência assim.

Ambos os onis se puseram frente ao portal, e com a sua grande força, abriram a passagem para os heróis disfarçados de cultistas de Enug. A vila já despontava logo à frente.

— Obrigado, honoráveis senhores.

Saragat curvou a sua cabeça à moda oriental e seguiu caminho junto aos outros.


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