Um Reino de Monstros Vol. 3 escrita por Caliel Alves


Capítulo 13
Capítulo 3: Mais lenha na fornalha - Parte 2




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Na oficina, Rosicler, Index e Z faziam uma módica faxina, o local de trabalho do armeiro estava em cacos.

Uma aranha unócula e de tamanho desproporcional fugiu de uma vassourada enquanto o armeiro retirava o pó de um criado-mudo. Ele ficou confuso por alguns instantes.

— Index, tu tá fazendo o que aqui mermo?

— Bem, ajudando?

Z reclamava da sujeira e das teias de aranhas. Dezenas de espadas por fazer estavam dependuradas na parede. Mas ao invés de trabalhar numa delas, o homenzarrão pegou uma barra de ferro enorme.

— Rosicler, acenda a fornalha. Não se preocupe com a lenha, temos bastante.

A ladina iniciou o aquecimento da fornalha. As chamas eram tão altas que pareciam derreter a sua pele negra.

— Já está bem quente?

Ela teve que gritar para ser ouvida, mas o homem fez que não com a cabeça.

— Ainda não, nessa temperatura seria impossível malhar o ferro e retirar as suas impurezas.

A ladra revirou os olhos e continuou a animar o fogo com um abanador. A flama aumentou tanto de intensidade que fez chispas saltarem de dentro das chamas.

Rapidamente o armeiro a tirou de lá, não permitiria que sua mais nova aprendiz se machucasse.

A jovem dobrou as mangas e retirou a sua bandana, revelando um cabelo longo e cacheado. Z vestia apenas uma calça e um avental de couro cru.

— Está pronta?

— Estou! Não, espera aí, espera aí, falta só uma coisinha, coroa...

— E o que é?

— Tem um corujão olhando a gente...

Antes que o guardião pudesse fugir, ela o capturou pelas enormes orelhas e esticou todo o seu corpo como se fosse um estilingue.

— Não, Rosinha do meu coração, não faça issoooooooooooo!

Quando a garota o soltou, o orelhudo havia desaparecido pela chaminé do teto logo acima da fornalha.

Z revirou os olhos. Ele foi até o fogo e assoviou baixinho.

— A fabricação de uma boa espada pode demorar até cinco dias. Com ajuda de uma pessoa, eu posso fazer uma boa espada em até três dias. E então, você consegue, guria?

— Sim, se terminarmos logo a espada de Tell nós poderemos trabalhar na fabricação de minha arma.

— Está bem, mas preste atenção: se falharmos, não teremos mais uma semana, e sim apenas quatro dias, e ainda perderemos uma boa barra de ferro no processo.

— Eu estou pronta!

Com essa resposta positiva, o armeiro calçou o par de luvas grossas e pegou o malho. Ele explicou a gatuna que a constituição do aço nada mais era do que o ferro misturado ao carbono. Cada espada, assim como uma poção mágica, tinha sua dosagem correta. Quanto mais carbono era acrescentado à liga, mais rígida e quebradiça seria a lâmina.

— E qual será o modelo de nossa espada, coroa?

— Sem pressa, guria. A espada se faz por si mesma, nós somos apenas ferramentas nesse processo.

— Muito loco esse troço!

A barra de metal passou horas vermelhando na fornalha. Quando Z julgou-a no ponto certo, ele a retirou de lá. Indo até uma prensa pneumática, o armeiro deu-lhe diversas pancadas. Bang-bong, o metal pesado lançava a sua agressiva melodia pelo ar. Lascas de fogo saltavam e escorriam pela extremidade da prensa escorrendo pelo piso.

— Se liga, parece até fogos de artifício!

— Ora, pare com isso, guria. Preste atenção, pois quando eu cansar, você é quem fará todo esse trabalho, e nenhum de nós dois pode parar, ouviu?

— Tudo bem, manda brasa!

— Eu posso até me arrepender no futuro, mas eu gosto de você, guria.

A barra foi posta na fornalha mais uma vez. O artesão chacoalhou a sua barriga flácida e disse pedagogicamente para Rosicler:

— Agora nós estamos retirando as impurezas do aço. O oxigênio, por exemplo, deixaria a nossa lâmina bastante fria, e até condensá-la-ia se assim deixássemos.

— Tá ficando complicado...

— Quer desistir?

— Que desistir o quê? Um Cochrane nunca desiste!

Z enxugou a testa com uma flanela e fixou os seus olhos na ladina que alimentava as chamas com um fole. Tanto observou que a garota ficou sem graça:

— Num me diga que eu tô fazendo errado?

— Não, ao contrário, Cochrane, hã? Seus amigos sabem disso?

— Não, ainda não.

— Mas deveriam, não é todos os dias que bandidos como ele viram herói...

A ladra nada respondeu, apenas continuava a trabalhar com afinco. O suor caia torrencialmente de sua face.


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