Encontros Imperfeitos escrita por shtrobsten


Capítulo 1
Sábia


Notas iniciais do capítulo

O combo que escolhi foi o combo 2.

Suh, espero que você goste do que preparei aqui e que atenda às suas expectativas.



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BELLA POV

A Vovó Swan sempre foi muito sábia em suas palavras. Durante as férias, o tempo em que eu passava com ela eram sempre momentos de ensinamentos e de reflexão.

Hoje infelizmente ela não está presente em nosso mundo, mas uma frase ela sempre repetiu e hoje eu usava de base em minhas decisões.

— “Em nenhuma hipótese permita que alguém destrua sua honra e principalmente seu coração, Isabella. Você tem que se empenhar para ser a maior filha da puta antes que fodam com você” – Ela dizia enquanto pintávamos alguns panos de prato, usando suas tintas que causavam ânsia de vômito por conta do odor horrível em qualquer pessoa que tivesse olfato.

Como a boa neta que sempre fui, era exatamente o que eu estava fazendo agora.

Espero que esteja orgulhosa, Vovó

— Você não tem coração, Isabella. ­­– James praguejou enquanto vestia sua blusa social e arrumava sua pequena maleta.

— Óbvio que eu tenho, achei que como um renomado cardiologista você saberia diferenciar um coração pulsando ou não. – Debochei enquanto lixava minhas unhas.

Droga, ao mesmo tempo em que elas cresciam super rápido, quebravam mais rápido ainda.

— Você ao menos está ouvindo o que estou falando? – Desviei a atenção das minhas unhas para o ser loiro de beleza mediana que atualmente me odiava.

— Sendo sincera? Não. – Respondi com sinceridade.

Se existia um tom de vermelho mais vivo que aquele que era apresentado no rosto do meu atual ex ficante, eu desconhecia.

— Cuidado para não explodir dentro do meu quarto, ao menos faça isso na portaria para que eu não tenha mais despesas para Tanya. – Debochei.

Como se pudesse ouvir seu nome há milhas de distância, ouvi singelas batidas na porta do quarto. Com o sujeito vestido, me senti segura para que a pessoa que aguardava pudesse enfim entrar.

Pela fresta da porta, Tanya colocou sua cabeça, esperando que novamente eu permitisse sua entrada, com um aceno de afirmação, ela entrou.

— Está tudo bem, Srta. Swan? Deseja que eu ajude em alguma coisa? – Questionou olhando preocupada para James. — Talvez a senhorita possa desejar que eu chame Emmett. – Ela deu ênfase em suas palavras, soando até mesmo um pouco ameaçadora.

Emmett era meu primo, meu melhor amigo, meu confidente e claro, meu segurança. O cara era um monstro, pense no BayMax, esse era Emmett. Tem apenas tamanho porque seu coração era uma total manteiga derretida, exceto com homens, principalmente aqueles que ousavam se envolver comigo.

— Talvez seja mesmo necessário, Tanya. – Concordei e então encarei James novamente. — Será necessário chamá-lo ou você consegue caminhar sozinho até a porta? – Questionei e fiquei com medo que o extintor de incêndio do prédio acionasse após a fumaça imaginária que James soltava pelos ouvidos.

Se eu fosse boa com desenhos e não com palavras, com certeza ele seria um personagem nervosinho, tipo o Raiva de Divertidamente.

— Eu não preciso que seu segurançazinho me leve até a porta, eu posso eu mesmo ir embora sozinho. – Desdenhou.

— E por que está aqui ainda? – Retruquei.

Sem mais respostas, James apenas pegou todo seu ódio, jogou em sua maleta de médico mimado e caminhou a passos fortes para fora do quarto.

Merda, esse porra vai acabar quebrando meu piso novo.

— Eu desejo que sua vida seja uma grande merda, Isabella, você não merece nada de bom. – Ele destilava seu ódio enquanto abria a porta.

— Obrigada, desejo o dobro para você. – Desejei fechando a porta e conferindo pela câmera se o encosto tinha mesmo pegado o elevador.

Assim que as portas do elevador se fecharam, me virei, apoiando nas costas e encontrando uma Tanya chocada.

— O que você fez para que o homem apaixonado de ontem à noite se tornasse esse cara odioso pela manhã? – Indagou enquanto servia uma xícara de café.

Me sentei no sofá e bati no espaço ao meu lado, para que ela se sentasse também.

Tanya era uma de minhas confidentes e também quem me ajudava com as demandas da casa.

— Ele simplesmente surtou quando me pediu em namoro hoje pela manhã e eu me recusei a aceitar. – Respondi bebendo um pouco do café na xícara e Tanya quase cuspiu o seu.

— Merda, não me faz rir, quem vai ter que limpar o chão sou eu. – Reclamou rindo o que me fez rir junto.

— É sério, tem o quê? Um mês? É tão pouco tempo para pedir alguém em namoro... – Continuei enquanto apoiava a cabeça no sofá.

— Bells, eu totalmente te compreendo, mas não é sobre isso que você escreve? Amores rápidos, improváveis, que funcionam de formas inexplicáveis? – Indagou e eu suspirei com sua colocação.

— Sim, mas ainda assim, é pouco tempo. Nos meus livros é normal que o amor vire uma coisa arrebatadora, mas não existe Anthony’s, Thomas’s e todos os outros personagens masculinos na vida real, Tanya. A verdade é que atualmente minhas opções estão entre vários James, todos fragmentados. – Ri da minha própria desgraça.

— Não fala assim, você vai encontrar sua alma gêmea. – Ela me consolou.

— Tomara que minha alma gêmea já tenha nascido e esteja pelo menos acima dos dezoito anos. – Brinquei e nós duas rimos.

Poucos minutos depois, Tanya avisou que precisaria ir ao mercado, me deixando sozinha novamente naquele enorme apartamento.

Talvez ela estivesse certa. Eu poderia encontrar meu amor verdadeiro a qualquer momento, mas será que eu realmente estava buscando por isso ou era apenas a crise dos quase trinta batendo em minha porta?

Lavei minha xícara e fui até o quarto. Recolhi todo o lençol de cama e coloquei para lavar. Após arrumar minha cama com novos lençóis, separei minha roupa para mais um dia de trabalho e fui até o banheiro esfriar minha cabeça e abrir meus pensamentos para assuntos que realmente interessavam.

Era começo de Outono, sendo assim São Francisco estava com um clima de céu azul e temperatura quente agradável.

Aproveitei a temperatura e decidi deixar o cabelo solto, molhado mesmo para que secasse com o tempo. Fiz minha maquiagem que usava praticamente todos os dias, porém hoje decidi inovar em um delineado gráfico.

Se era para me montar, tinha que fazer direito, certo? Coloquei um macacão colorido e um salto branco de cano longo. Penteei o cabelo para que não caísse no meu rosto durante o dia, e deixei separado um acessório na bolsa, caso fosse necessário deixá-lo preso entre uma reunião e outra.

Peguei minhas anotações e meus materiais e deixei um bilhete para Tanya na mesa da sala, para que ficasse ciente que eu só voltaria no fim da tarde.

Como de costume de todos os dias, fui de elevador até a garagem e procurei meu amado carro, minha Ferrari F430. Nem tão cedo eu trocaria de carro, esse carro foi pago com o suor dos lucros do sucesso do meu primeiro livro, mesmo que hoje em dia eu fosse estabilizada financeiramente para comprar um mais novo, não abriria mão do meu xodó.

Já dentro do carro, dirigi para a HCBooks, onde consegui meu primeiro emprego, meu primeiro best-seller e onde atualmente eu criava, editava e gerenciava as variadas histórias, sejam de minha autoria ou de consultoria para novos escritores.

Estacionei na minha habitual vaga e dei uma olhada no meu celular, onde havia apenas uma ligação perdida de Renee, minha mãe.

Enquanto me arrumava para sair do trabalho, retornei a ligação.

— Ei, baby Bells! – Ela exclamou com o apelido que mesmo após 29 anos ela seguia usando.

— Ei mamy! – Respondi verdadeiramente animada por estar com um tempo livre para conversar com minha mãe.

— Com quem você está falando, querida? – Pude ouvir a voz de Charlie ao fundo. Ao olhar meu rosto pelo celular, sorri com o sorriso contagiante do meu pai. — Ei Bells, lembrou que seu pai está vivo ou só lembra da mamãe? – Ele fez o show de sempre.  

Antes que eu pudesse responder, minha mãe revirou os olhos e pude ouvir o estalo do tapa que ela deu no coitado do meu pai.

— Pare de alugar a mente da menina, Charlie. Eu quem liguei e ela já avisou que essa semana seria difícil conversar por ligação, mexe mais no celular que vai ver que ela nos manda mensagens todos os dias. – Minha mãe me defendeu, o que era raro visto que ela quem sempre reclamava de algo.

— Inverteram os papéis hoje? – Brinquei com a mudança de personalidade dos dois.

— Nem me fale, eu só não me separo porque já investi 31 anos nesse relacionamento, mas meu Deus, a idade deve estar chegando mesmo pois esse velho não para de reclamar de tudo. – Mamãe reclamou enquanto podia ouvir Charlie retrucando ao fundo.

— Parem de brigar, crianças! – Imitei o tom que minha mãe usava comigo e Emmett quando éramos mais novos.

Quando Tia Sue e Tio Harry morreram em um acidente de carro, Emm tinha apenas nove anos, enquanto eu tinha sete. Sendo assim, mesmo sendo primos, por conta da idade, éramos sempre considerados irmãos, afinal nossos traços eram bem semelhantes.

Minha mãe que nunca quis me dar um irmão se viu no dever de atender os pedidos de sua amada cunhada e como Charlie era o tio e o parente designado por Tia Sue, meus pais então se tornaram tutores de Emmett, e desde então somos grudados uns nos outros.

— Como está, Emm? – Como se pudesse ler meu pensamento, Charlie indagou sobre meu primo-irmão.

— Está bem, devo encontrá-lo na hora do almoço. Deve estar agarrado em Rosalie. – Ri com a cara que meu pai fez.

 O que? Ele perguntou e eu respondi.

— Bom, galera, o papo está ótimo, mas preciso trabalhar, as contas não serão pagas com a força do pensamento. – Brinquei.

— Ok, filhinha, descanse um pouco. Amamos você, tenha um bom trabalho e se cuida. – Minha mãe desejou enquanto meu pai fazia um coração com as mãos no fundo e mandava beijos.

— Amo vocês, qualquer coisa pode me ligar. – Avisei e mandei um beijo de volta, desligando em seguida.

Assim que finalizei a ligação, apertei o andar da minha sala e esperei pacientemente enquanto o elevador subia, felizmente vazio.

Quando cheguei no corredor, cumprimentei meus colegas de trabalho e quando abri a porta da sala, Edward estava sentado em uma das cadeiras, acompanhado de Rosalie.

Eles eram os principais responsáveis pela HCBooks sendo assim, Edward era o responsável pelo setor de design, ou seja, era ele quem determinava pontos chaves de edição, capa de livros entre outras coisas das quais eu realmente nunca me incomodei o suficiente para conhecer.

Já Rose era parte do jurídico, sendo assim antes de assinar qualquer contrato, era ela quem verificava todas as cláusulas, era sempre muito mandona, porém, por ser noiva do meu primo, aprendi a conviver com sua personalidade.

Olhei confusa para os dois, afinal nossa reunião estava agendada para após o almoço e naquele momento, não passava das onze da manhã.

— Bom dia, Bells. – Rosalie foi a primeira a falar, em seguida me abraçou, abraço esse que retribui.

— Bom dia. – Cumprimentei de volta. — Nossa reunião não era após o almoço? – Indaguei enquanto colocava minha bolsa no armário próximo a minha mesa.

— Teríamos, porém por motivos de força maior, precisamos adiantar essa reunião. – Foi a vez de Edward enfim abrir a boca.

Edward Cullen era meu crush da vida, que ninguém nunca me ouça dizer isso, amém. Mas o que o homem tinha de bonito, tinha de irritante, sempre certinho, sempre adiantado, metódico e puta merda, ele conseguiu ser meu pior encontro, talvez perdendo para James após o episódio de hoje cedo.

— Posso saber o motivo? – Questionei.

— Apenas precisamos mudar o horário, você pode prosseguir por agora? Alice avisou que sua agenda está vazia pela manhã, por isso estamos aqui. – O Cullen continuou falando.

— Posso ao menos me sentar? – Debochei e o chato revirou os olhos.

Eita como pode ser tão bonito e tão chato, homem perfeito não existe mesmo.

— Desculpa, Bella. Apenas estamos realmente preocupados com alguns detalhes do seu novo livro e precisamos ajustar alguns detalhes para que tudo funcione de forma apropriada. – Rosalie falou se sentou em uma das cadeiras.

Assenti e abri meu caderno de anotações, afinal, qual a minha escolha se não continuar ali e prosseguir com essa tortura?

A reunião ocorreu de forma relativamente rápida. Foram necessários alguns ajustes de contrato, definições de modelo de capa, formato de texto e outros demais fatores que de certa forma realmente necessitavam de maior agilidade para serem decididos.

Após alinharmos todos os acordos, anotei tudo em meu caderno, enquanto Rosalie puxava seu celular e discava várias teclas em seu celular acenando com uma das mãos e saindo da sala. Edward fechava sua agenda, pegando sua mochila e também me deu um aceno de cabeça com um “até logo” que eu mal pude ouvir antes de caminhar em direção a sua própria sala, de frente para a minha.

Por todo o seu trajeto, visualizei sua forma de caminhar e me permiti imaginar. Por que Edward Cullen estava solteiro? Ele era gay? Antissocial? Tinha uma namorada escondida?  Ou não foi só comigo que o encontro foi uma merda?

Eram tantos questionamentos...

— Terra a vista para Bella! Para de secar meu irmão. – Alice, minha melhor amiga e assistente pessoal balançava as mãos em frente ao meu rosto.

— Eu não estava secando seu irmão. – Me defendi como se ela pudesse acreditar naquela mentira.

— Ah sim, claro que não estava, e como se você não tivesse feito isso nos últimos dois anos. – Debochou.

— Você é amiga ou inimiga? – Questionei indignada e envergonhada com o flagrante.

— Amiga. Sou tão amiga que já tentei te arrumar com meu irmão, mas você sempre dá para trás, tudo por um errinho em um dia em que tudo estava destinado a dar errado. – Reclamou e se esparramou no sofá, enquanto eu fechava a porta da sala para que Edward não pudesse escutar.

— Você e sua mania do caralho de falar alto, eu quero só ver se ele escuta tudo isso o que você fala. – Reclamei e ela revirou os olhos.

— Não seja desesperada, nesses minutos que fiquei te chamando eu já tinha visto que ele estava de fone em sua própria sala, desenhando alguma coisa para um projeto qualquer.

— Como é fofoqueira. – Retruquei.

— Dê graças a Deus, se eu não fosse fofoqueira, seu crush supremo saberia agora mesmo que você tem uma pequena queda, ops, uma queda de penhasco mesmo por ele, mesmo que vocês não tenham compartilhado boas experiências juntos. – Rebateu.

— No mesmo segundo que te amo, consigo te odiar. – Me joguei ao seu lado no sofá.

— É sério, o que você tem a perder se não der certo com meu irmão? Tipo, será que ele não merece outra chance? Um encontro deu errado, Bella e eu sinceramente achei meio babaca da parte dos dois fingir que nunca nada aconteceu. – Reclamou.  

— Ah sim, vejamos... Tudo pode dar errado novamente, seu irmão pode beijar mal, ele pode ser chato na vida pessoal também, e somado a tudo isso, a vergonha em ter que dividir quase o mesmo espaço com ele todos os dias, após mais um possível desastre. Preciso enumerar mais alguns motivos ou é o suficiente para você? – Perguntei.

— Blá blá blá. Isso são apenas motivos SE der errado. E se for o contrário? E se tudo der certo dessa vez? Se ele provar que realmente foi o nervosismo do dia e de quebra, ter o bônus de poder da uma fugidinha do trabalho a qualquer momento? – Questionou em tom malicioso.

Quase me convenci da ideia.

De certa forma Alice estava certa, porém, estamos falando de Isabella Swan, minha vida amorosa era um fracasso e não é nem porque eu não investia nela, mas sim porque as opções estavam muito ruins e escassas.

— Você sabe que a probabilidade é bem baixa. – Respondi.

— E você sabe que probabilidade não deve ser levada em consideração em assuntos amorosos. – Retrucou.

— Eu vou pensar, ok? Não é algo que dá para decidir de uma hora para outra. – Encerrei o assunto antes que ela se prolongasse mais.

Após a rápida conversa com Alice, meu dia prosseguiu relativamente rápido, e os raros momentos que parei foram para usar o banheiro e pegar um pouco de café.

Quando enfim encerrou o expediente, o corredor estava parcialmente vazio. Havia uma sala em específico que ainda estava com a luz acesa, sendo assim me senti mais segura em ainda estar ali trabalhando.

Em algum momento devo ter cochilado, pois senti uma mão meio fria balançando meus ombros.

— Isabella, já é uma da manhã, precisamos ir para casa. – Reconheci a voz como sendo de Edward.

Mesmo que eu tivesse plena noção de que ele estava ali, continuei esticada em minha mesa, confortável demais por cima dos meus papéis.

— Vamos, Bella. Eu te levo até seu carro. – Ele falou novamente enquanto gentilmente empurrava meu ombro novamente.

Quando enfim abri os olhos, ele estava colocando minhas coisas em minha bolsa. Assim que recolheu todo o meu material, me ofereceu um dos seus braços para que eu pudesse me apoiar.

Por Deus, que eu não tenha uma queda andando com esse salto alto e morrendo de sono.

Assim que me apoiei em seus braços, seu conhecido perfume infiltrou em minhas narinas, esperei pelo espirro característico da rinite alérgica, porém dessa vez não veio, o que já era um milagre.

Edward estava em silêncio, por onde passava ele desligava algumas lâmpadas e fechava algumas portas, assim que apertou o botão do elevador, o mesmo não demorou até chegar no nosso andar.

Entramos e ficamos um do lado do outro, eu ainda estava apoiada em seus braços, porém agora com uma certa distância entre nossos corpos.

Antes que eu pudesse processar as informações, o elevador se mexeu e parou em seguida, as luzes no teto estavam piscando e a música ambiente que geralmente tocava enquanto passava por cada andar havia parado, ficando um silêncio profundo no ambiente.

Tudo o que se podia ouvir era minha respiração descompassando com o desespero que se instalou em meu corpo.

— Bella? – Ouvi Edward me chamar quando a luz enfim desligou, ficando uma escuridão naquela pequena lata que chamam de elevador.

Por Deus sabe, miséria pouca é bobagem na vida da pobre Isabella.

— Isabella, me responda, por favor. – Edward pediu, apertando de leve o braço que estava apoiado nos seus.

— Eu não quero morrer, eu nunca tive um encontro decente, nunca vivi um romance na pegada dos livros que eu leio, meu Deus, meus livros estão fazendo o maior sucesso e eu nem vou poder aproveitar a fama e o dinheiro! – Eu tagarelava desesperada com a atual situação.

— Você não vai morrer, Bella. – Edward riu.

— Quem garante que não? Você por acaso tem um ponto de som escondido onde Deus te conta as fofocas? – Debochei indignada com sua paciência.

— Eu não morri até hoje, e isso é comum de acontecer comigo. – Respondeu calmo demais.

— E pagar rios de dinheiro em manutenção para quê, né? – Retruquei. — Se aconteceu com você várias vezes é sinal de que a morte quer pegar você e você está conseguindo desviar dela.  – Praticamente gritei enquanto puxava meu cabelo.  — Sra. Morte, por favor, se precisa levar ele, espera pelo menos sairmos de dentro dessa caixa de metal. Precisa pelo menos ter um corpo para minha mãe enterrar. – Pedi para o nada.

— Encontro decente, hm? – Ele mudou de assunto e eu me arrependi logo em seguida pelo que eu falei.

Custava ficar calada por alguns segundos, Isabella? Se o cara tinha um pingo de ego morreu no mesmo momento.

— Apenas tive encontros fracassados com caras que tinha potencial de amor da minha vida e não rolou. Nosso encontro foi uma exceção. – Respondi e ele riu.

Riu da própria desgraça, que evoluído.

Edward soltou meu braço e pude sentir seu corpo se afastando. Foi então que percebi que ele estava se sentando no chão do elevador, e agora puxava meu braço para que eu pudesse fazer o mesmo.

— Você sempre ri de tudo? – Indaguei, agora sentada no chão também.

— Por incrível que pareça, sim. Eu sou bem sério no trabalho, porém é só me contar qualquer piada, por pior que seja, eu estarei rindo e você diz coisas tão absurdas às vezes que me sinto na obrigação de rir. Acho que não pude expor isso quando tive a oportunidade com você.  – Explicou.

— Vai rindo, rindo e quando vê está sem roupa. – Repliquei o meme e só então me toquei do que eu realmente falei.

Meu Deus, se esse elevador despencar agora e eu for para as profundezas subterrâneas eu juro que não vou reclamar.

— Interessante. – Edward respondeu e então um climão se instalou naquela lata de sardinha que estávamos presos.

Passamos alguns minutos em um silêncio avassalador, nesse momento, o único som notório era o som de nossas respirações.

— Mais uma chance. – Edward quebrou o silêncio.

— Como? – Indaguei confusa.

— Você falou que nunca teve encontros de verdade, dignos de uma escrita de livro. Estou te pedindo mais uma chance para te provar que encontros ainda valem a pena. – Ele explicou.

Permaneci em silêncio.

— Mas caso você não queira, vou entender perfeit...

— Eu quero. – O interrompi antes que mudasse de ideia.

A ideia de um encontro com Edward me animava, mesmo que o serzinho do pessimismo estivesse agarrado em minha consciência.

Antes que déssemos continuidade ao assunto, a luz do elevador acendeu e eu permiti meus olhos se acostumarem novamente com a claridade.

— Acho que agora conseguimos descer. – Edward falou, se levantando e me ajudando a levantar também.

— Tomara que para o andar da garagem e não para o inferno. – Brinquei e sua gargalhada se fez presente no ambiente.

Como era bobo esse cara, o meu tombo vem com força total e eu não estou nem aí para nada.

Depois que chegamos no andar da garagem, garanti a Edward de que estava totalmente sem sono e apta para dirigir e mesmo contra a gosto, ele deixou que eu saísse.

Quando enfim sai do prédio, “You'll Always Find Your Way Back Home” estalava nas caixas do som do carro, foda-se se já era madrugada e eu poderia levar uma multa quando chegasse em meu apartamento.

Hannah Montana queria seu momento de brilhar e o momento era exatamente esse, eu teria um novo encontro com Edward Cullen e se isso for um sonho favor não me acordar, devo estar babando.

Quando enfim cheguei em meu prédio, estacionei na vaga e fui direto para o meu andar, dessa vez dividindo o elevador com alguns adolescentes.

Em meu andar, abri a bolsa e peguei minha chave, destrancando a porta e adentrando em meu lugar favorito. Tranquei a porta após entrar e fui direto para o banho.

Lavando meu rosto para tirar o excesso de maquiagem, imaginei se ele havia falado tudo aquilo para me acalmar ou ele realmente tinha o interesse de ter essa segunda chance.

Qual é, Isabella? Não é momento para baixa autoestima, se ele te chamou para sair novamente é porque você é inteligente, bonita, divertida, gostosa, alguma coisa deve ter de bom e ele percebeu.

Enquanto uma parte minha tinha plena certeza de que queria aquele encontro, a outra lembrava da conversa de mais cedo com Alice.

E se desse tudo errado novamente? E se Edward fosse um chato e se deu errado de primeira foi porque não era para ser realmente?

Não era um momento para negatividade, então apenas foquei na novidade e me arrumei para dormir.

Escovei os dentes e penteei meu cabelo para que ficasse decente no dia seguinte.

Para ser sincera, eu nem mesmo sabia por que meu encontro com Edward tinha dado tão errado. Aliás, não sei se aquilo deve ser considerado um encontro, visto que nos encontramos no restaurante, ele precisou ir ao banheiro e não voltou nunca mais.

Na época lembro de ter xingado ele de todos os nomes existentes, estava mais puta por ter que pagar pelos pedidos que ele ao menos tocou para comer.

O mínimo que ele fez naquele dia foi ter deixado a conta paga, afinal, eu mal toquei na minha comida, enquanto ele foi embora antes mesmo do prato chegar.

Hoje percebo que não foi uma atitude normal de Edward, mas por alguns bons meses evitei conversar com ele, até mesmo ficar no mesmo ambiente e sempre que ele tentava explicar, eu fugia, sem nem saber o motivo.

Talvez essa chuva de encontros ruins tenha servido para uma boa coisa no fim das contas.

Ainda sem saber lidar bem com os últimos acontecimentos, me deitei em minha cama, sendo embalada por sonhos e pensamentos que me enviavam diretamente a Edward Cullen.

Na manhã seguinte, acordei mais animada e disposta que o normal, afinal, havia alguns anos que eu não tinha um sono tão tranquilo, mesmo que apenas um rosto tenha dominado meus pensamentos.

Era até estranho pensar dessa forma, levando em consideração que ele era apenas um crush antigo que deu um pouco errado.

 Quem diria que Edward, o homem que sempre considerei como tímido, tomaria uma atitude para me chamar para sair novamente? Era realmente uma novidade, já que o primeiro encontro eu quem tomei a iniciativa de chamá-lo para sair.

Isso estava além dos meus meros entendimentos, e olhe que de fantasia e coisas improváveis eu sou quase uma expert.

Ok, chega de pensar apenas em homem, é hora de reagir, colocar uma roupa e colocar a cabeça para pensar no meu trabalho, paixonites não são o suficiente para pagar minhas contas, não as minhas paixonites pelo menos.

Continuei com minha rotina, arrumando minha cama, acertando minha bolsa para o trabalho e arrumando a roupa que usaria hoje, um vestido florido, que espelhava a forma como amanheci.

Com minhas coisas arrumadas, fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal e dar continuidade a minha rotina.

Quando sai do quarto, Tanya ainda não tinha chegado, o que não era nada muito preocupante, visto que ela tinha o costume de chegar apenas quando eu estava saindo.

Para meu café da manhã, tomei um café preto para conseguir me manter acordada e um pedaço do bolo de cenoura.

Satisfeita, juntei minhas tralhas e segui em direção a garagem do prédio, dirigindo como de costume para o meu local de trabalho.

Assim que cheguei em meu andar, Alice e Rose me esperavam em frente ao elevador, Emmett estava junto delas, porém era o único que me olhava não tão animado.

Isso com certeza não tinha nada a ver com o fato de estarmos em uma sexta-feira.

— Devo me preocupar com esses rostos tão animados? – Indaguei caminhando até minha sala, os três me seguiam.

— Deve. – Emm foi quem respondeu.

Assim que ele o fez, Rose fechou a porta da minha sala, nesse momento comecei a me preocupar com o que podia ter acontecido.

— O que houve? – Questionei me sentando em minha cadeira.

— Nos responde você, estava com Edward no elevador ontem à noite e não mandou nada avisando, Jasper quem me contou. – Alice contou em tom acusatório.

Jasper era o marido de Alice, um santo, diga-se de passagem.

— E como Jasper descobriu? – Emmett tirou as palavras da minha boca.

— Porque ele não seria minha alma gêmea se não fosse um grande fofoqueiro. Mas a realidade foi que Edward quem contou.

— O que ele disse? – Indaguei curiosa.

 — Hmmm, ela está toda interessada no que ele falou sobre ela, olha só. – Rosalie implicou e eu revirei meus olhos enquanto Emmett e Alice riam.

— Disse que encontrou você na saída do andar, e pediu uma nova fiscalização no elevador, visto que não é a primeira vez que ele para. – Alice respondeu.

— Nem me fale, esperando o dia que serei fitness e irei daqui do 9° andar até a garagem andando. – Brinquei.

Após um bom tempo conversando, cada um voltou para sua função e eu dei total atenção a história que eu precisaria finalizar ainda essa semana.

Decidi que ainda não era o momento de contar sobre a novidade de ontem à noite, se tudo der errado novamente, o tombo não precisa ser coletivo.

Mais para o fim da tarde alguém bateu em minha porta e assim que permiti a entrada, pude visualizar Edward adentrando em minha sala.

Droga, minha barriga estava estranha.

— Boa tarde, Bella. – Ele cumprimentou.

— Boa tarde, Edward. Em que posso te ajudar?

— Vim trazer um convite para você, leia apenas quando eu não estiver aqui. – Pediu.

— Ok. – Respondi.

Antes que eu pudesse falar mais alguma coisa, Edward já tinha voltado para sua sala.

Abri o convite perfeitamente elaborado em minhas mãos e li atentamente.

 

Me deixe consertar alguns erros do passado.

Tem algumas coisas em seu armário. Sinta-se à vontade para usar, é um presente então não aceito devoluções.

Hoje, às 20:30 me encontre no terraço do prédio.

Aguardo você. ;)

Edward Cullen

 

Assim que finalizei a leitura do texto, fui até o meu armário e peguei o que vi de diferente ali. Havia um par de brincos, um salto escuro e baixo e um vestido marrom, com mangas que iam até o antebraço. Era simplesmente lindo e imediatamente me senti ansiosa para usá-lo.

Durante o restante do dia, trabalhei de forma pouco produtiva. Nos momentos em que eu desfocava de minhas histórias, era por conta de estar envolvida demais nos recentes acontecimentos.

Quando enfim anoiteceu, arrumei minha sala para que pudesse me arrumar. Graças aos céus no banheiro do meu escritório eu tinha um kit de emergências, sendo assim, tomei um banho rapidamente e comecei a me arrumar, para que não chegar atrasada.

Decidi fazer uma maquiagem leve, principalmente porque eu não tinha ali materiais necessários para realizar uma maquiagem mais elaborada. Me preparei com calma, tinha algum tempo adiantado para que pudesse realizar tudo com a maior calma possível.

Porém, havia tudo em meu corpo menos calma. Era uma mistura de sensações. Ansiedade, medo, surpresa, e mais doses exageradas de ansiedade para completar o drink desespero.

Coloquei o salto enquanto repetia alguns mantras de incentivo, o cosplay de coach encarnou e eu não tive escolhas se não fingir que era super confiante de minhas próprias escolhas.

Olhei novamente para o vestido e como a grande mão de vaca que sou, fiquei receosa de usá-lo, era tão novinho...

Mas como Edward pediu que eu usasse, assim o fiz. Olhei no relógio e já marcam 20:27, sendo assim, eu tinha exatos três minutos para subir até o terraço.

Como realmente miséria pouca é bobagem para Isabella, minha maquiagem borrou quando espirrei ao passar o delineador.

Com zero paciência, fui até o banheiro e retoquei novamente toda a maquiagem. Assim que olhei o relógio novamente, marcavam 20:50.

 Ao olhar meu celular, pude visualizar uma mensagem de Edward perguntando se eu havia desistido.

O pobre do homem desesperado que eu não iria aparecer e eu desesperada que minha maquiagem tenha estragado antes mesmo de terminar.

Após estar finalmente com a roupa e maquiagem finalizadas, avisei a Edward que estava subindo. Fechei tudo em minha sala e fui direto para o elevador.

Felizmente dessa vez o elevador não parou e em poucos segundos eu estava no terraço.

Assim que cheguei no andar, abri a porta de emergência e fiquei realmente surpresa com a decoração ali presente.

Mesmo que não houvesse nada tão sofisticado, Edward tinha preparado o chão com alguns tapetes e almofadas. Em outra parte, havia caixas de pizza, junto de taças e latinhas de coca cola que pude ver de longe que estavam realmente geladas.

O local estava totalmente simples e aconchegante, enquanto Edward estava vestido em um smoking preto, totalmente arrumado para a ocasião, como se estivéssemos a caminho de um evento chique.

— Seja bem-vinda ao seu possível melhor encontro, Isabella Swan. – Ele falou pegando em minhas mãos.

— O que é tudo isso? – Questionei enquanto ele me levava para o local onde arrumou para que pudéssemos nos sentar.

— Tudo o que eu deveria ter feito desde o primeiro momento em que tive a oportunidade, é como imaginei nosso primeiro encontro. – Ele explicou.

— Tudo bem, Edward. Temos uma nova chance para isso, certo? – O interrompi.

— Certo. Ainda assim, eu nunca pude explicar o que de fato aconteceu. – Pude ver ele torcendo seus dedos de forma nervosa.

— Não se sinta na obrigação para isso, eu realmente compreendo você. – Segurei suas mãos.

— Eu realmente planejei por um mês para te chamar para sair. Tenho certeza de que minha irmã não te deu muita colher de chá também, certo? – Ele riu quando assenti. — Então, quando você me chamou para sair, tudo desandou um pouco, ou seja, tudo o que planejei foi por água abaixo. Quando enfim tivemos o momento de sair e nos conhecermos melhor, eu me senti tão nervoso, fora da minha zona de conforto e na primeira oportunidade que tive, fugi de forma covarde e a ansiedade de toda a situação não me permitiu ao menos explicar a você ou até mesmo arrumar uma desculpa, e acho que isso é o que piorou tudo. – Falou de forma culpada.

— Tudo bem, ficou no passado. – O tranquilizei.

— Ainda assim, eu precisava contar isso, precisava explicar a situação, o que aconteceu e a partir daquele momento, pude perceber que minha ansiedade não deve me dominar dessa forma. Tomei a decisão então de retornar a terapia, e um dos meus objetivos era justamente isso. Te pedir desculpas e pedir uma nova chance para te provar que ainda há momentos especiais para bons encontros. – Sorriu sem graça.

— Eu estou feliz por você, de verdade. Obrigada por tudo o que você preparou, realmente está tudo digno de um encontro perfeito. – Agradeci.

Edward então pegou uma das caixas de pizza e me entregou uma das taças, me servindo com refrigerante. Quando ele me deu um pedaço de pizza, comi de forma prazerosa, marguerita é e sempre será a melhor pizza existente e apenas minha opinião importa.

Eu não consegui ficar séria em nenhum momento do nosso encontro, pelo contrário. Edward estava tão confortável, tão seguro de si, e isso só fez com que eu me sentisse bem também.

O terraço agora estava escuro e estávamos quase deitados nas almofadas, apenas o céu nos iluminava naquele momento.

— A escuridão te assusta? – Seu rosto estava tão próximo do meu que eu até mesmo sentia minha voz fraquejar.

— Muito, de forma constate. – Ele falou convicto e eu assenti, entendendo que a escuridão a qual ele se referia era o episódio pelo que passou anteriormente. — Mas de certa forma, tenho que dar o devido créditos para a escuridão nesta noite. – Continuou.

— Não entendi. – Agora eu estava confusa.

Sem a escuridão, nunca veríamos as estrelas. — Explicou. — Se não fosse a escuridão do passado eu não teria começado a ser um novo Edward no presente. E se não fosse a escuridão em que estamos nesta noite, não seria possível o céu iluminar seu rosto. – Ele olhava fixamente em meus olhos.

— Edward... – Eu nem mesmo sei por que eu abri minha boca, minha voz era quase inaudível.

— Bella, eu quero fazer algo do qual desejo desde o momento em que nos vimos pela primeira vez. – Sua mão esquerda agora acariciava meu rosto.

— O que? – Indaguei. Novamente minha voz vergonhosamente fraca demais para se fazer entender.

Porém Edward entendeu perfeitamente.

Em poucos segundos seus lábios estavam tocando os meus. Minha boca gelada por conta do frio do refrigerante, estava em perfeita junção com seus lábios macios e quentes.

Sua mão segurava meu rosto de forma delicada, como se eu fosse uma porcelana muito caro, que pudesse quebrar a qualquer momento.

Quando seus lábios se afastaram do meu, pude me perder na imensidão dos seus olhos verdes, que me olhavam com interesse, de forma como se me enxergasse por inteiro, até mesmo meus pensamentos mais profanos e escondidos.

— A partir de hoje, prometo fazer de qualquer momento juntos, o melhor dos melhores encontros, Isabella. – Ele prometeu e então beijou minha testa, me abraçando em seus braços.

Nos braços de Edward, iluminada por nada além das estrelas que ocupavam seu espaço no céu e com os barulhos dos carros ao fundo, pude enfim perceber que nunca se tratou do encontro em si, mas sim de quem podia fazer de um momento a dois, o encontro perfeito.

E eu que sempre escrevi sobre grandes encontros, situações irreais, não planejadas e até improváveis para os meus tantos personagens, agora estava vivendo meu próprio momento perfeito.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu, mais uma vez eu crio uma Bella meio doida chocando 0 pessoas kkkkk

Obrigada por ler até aqui!



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