The Story of Us escrita por Pão de mel


Capítulo 1
Capítulo unico


Notas iniciais do capítulo

Obrigada galera que compartilhou meu sofrimento pra que eu escrevesse algo que eu gostasse. Beijos e é isso.

Mais uma vez, Crepusculo nao me pertence.



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Pov Bella

Olhei à minha volta. As flores, o arco, todos os convidados bem vestidos, a música tocando…a mesma de 25 anos atrás, nesse mesmo jardim. Senti uma lágrima de felicidade e ansiedade escorrendo pelo meu rosto. E então olhei pra ele, a roupa perfeita, o cabelo ruivo, como sempre, bagunçado. Seus olhos encontraram os meus desesperados, procurando algum sinal de calma.

"Como se fosse possível manter alguma calma hoje" pensei comigo mesma, sorrindo.

—Bela? Bela? - ouvi a voz de Renée me atraiu.

—Oi mãe, aconteceu alguma coisa?

—Alice está te chamando. Alguma coisa com cabelo ou maquiagem acho.

—Já vou subir. - avisei. Estranhei, porque já estou pronto a meia hora.

Enquanto subia as escadas, fui tomada pela memória mais antiga que tinha ali.

X

Eu estava ansiosa, o mais ansiosa que minha mente de seis anos conseguiria se sentir naquele momento, mas era um ansioso feliz . Há seis meses minha mãe estava voltada para Forks, agora eu podia ver o papai todo dia e parecia que logo logo eu voltaria a morar com ele também. Além disso,agora eu até tinha uma amiga de verdade. Alice é tão legal, pensei comigo mesma, até vale a pena aguentar aquele chato por ela. O chato em questão era o irmão mais velho de Allie. Ele estava sempre roubando meus dinossauros, tanto que quando eu contei para o meu papai o que tinha comprado, em segredo ele me falou que eu poderia beliscá-lo, se me fez chorar de novo, então eu sabia que não iria ficar de castigo.

Minha mãe parou o carro e me desceu da cadeirinha, seguroi a mão dela com minha mãozinha direita e com a outra arrumei meu vestidinho.

Renée! Bela! Podem entrar - a mãe de Allie veio até a porta nos receber com um sorriso no rosto. Pude sentir um cheirinho gostoso de bolo vindo de dentro da casa. A mãe da Allie é tão legal! Tia Esme sempre fazia as melhores comidinhas. A última vez que minha mãe tentou fazer um bolo ela colocou um montão de chocolate em cima e no final ainda tinha gosto do churrasco que o papai fazia. E não, o papai não fazia um churrasco gostoso.

Entrei correndo, abracei tia Esme bem rapidinho e subi já procurando por Alice. Eu tinha acabado de ganhar uma Polly nova que vinha com muitas roupinhas e eu sabia que Alice iria querer experimentar todas nas Pollys dela também.

Segurei minha maletinha de bonecas enquanto subia as escadas. Abri a porta do quarto dela, que já estava com tudo pronto para a nossa brincadeira. Ela era sempre muito organizada.

—Bella! - Alice me respondeu correndo e me abraçando - Vem, o desfile já tá pronto! Vamos ver as roupinhas e vestir como modelos.

Ela me mostrou tudo que havia montado e começou a brincar.

Não sei quanto tempo passamos brincando, só sabia que já estava de noitão e já tinha um tempão que Tia Esme havia trazido um pedaço daquele bolo gostoso. Até o Tio Carlisle já tinha chegado do trabalho e eu comecei a ficar preocupada se mamãe não iria vir me buscar. Tio Carlisle veio e chamou Alice e eu pra jantar, a comida da Tia Esme tava muito gostosa bem que a mamãe podia cozinhar assimDepois do jantar (em que eu jurava ter visto Edward enfiando um macarrão no nariz), Allie começou a ficar com sono e até eu já estava sentindo meu corpinho cansado.

—Tia, você sabe se minha mãe vai demorar muito?

—Oh Bella, eu liguei pra ela agorinha mesmo, mas ela não atendeu. Vamos esperar mais um pouquinho?Allie já vai dormir, mas você pode ficar assistindo desenho com o Edward enquanto espera.

Fiz que sim com a cabeça enquanto ela me levava à sala de TV. Acasa da Alice era tão legal e tão grande!

Edward estava lá vendo algum desenho de carrinho, quando me sentei do lado dele tentando entender a história que passava na TV.

—Bella, vou colocar a Allie na cama e já volto pra esperar com você ok? - Tia Esme disse..

E então, assim que ela deixou a sala, eu comecei a chorar bem baixinho, não queria que Edward visse e ficasse rindo de mim. Mas quando comecei a pensar que talvez mamãe fosse embora de novo e eu ia ficar longe do papai mais uma vez. Não pude mais chorar baixinho e acabei chamando a atenção de Edward para mim.

—Bella? O que foi? Por que você tá chorando?

—Não é nada Edward, nadinha. - falei enquanto tentava secar meus olhos.

—É porque sua mamãe não veio ainda?

Não consegui responder, só fiz que sim com a cabeça e,minha surpresa, Edward me abraçou.

—Pode escolher o desenho que você gosta Bella - ele falou enquanto entregava o controle pra mim.

Aceitei e coloquei os ursinhos carinhosos na TV. Enquanto assistia meus olhinhos foram se fechando. Eu sabia que Edward não gostava de ursinhos carinhosos, masele havia deixado, então tudo bem.

O que eu não sabia, é que Edward ficou me abraçando e não trocou o desenho da TV com medo de eu acordar, até a hora que meu pai chegou pra me buscar. Mesmo que eu já estivesse dormindo há quase uma hora.

X

A lembrança me acalmou e trouxe um sorriso involuntário ao meu rosto. Jamais poderia imaginar que depois daquele dia Edward seria meu melhor amigo. Que Allie jamais escute isso, mas quando minha mãe se mudou de novo pra Flórida, foi dele quem eu mais senti saudades.

X

Casa. Esse foi o primeiro pensamento que tive quando vi meu pai indo me buscar no aeroporto. Abracei ele com força, a saudade acumulada por seis meses me fez apertar ele um pouquinho mais do que deveria.

—Que saudade Bella! - meu pai disse, com olhos tão emocionados que eu poderia jurar que se não estivesse em público o chefe de polícia de Forks estaria chorando.

—Também senti saudades pai.

Seguimos em silêncio até o carro. Mas ambos com um sorriso enorme. Não entenda mal, eu adorava morar com minha mãe. Mas a vida dela às vezes é um pouco demais pra mim. Ela é uma ótima pessoa, alegre, divertida, ama festas, sempre senti que poderia contar tudo pra ela. Mas as vezes eu sentia que ela era mais minha amiga do que minha mãe. E eu com meus recém completados treze anos, sabia que precisava de alguém que também cuidasse de mim. Nao alguem que eu tivesse que ficar todo domingo de manhã segurando um balde na beirada da cama ou indo buscar uma aspirina e um copo de água, quando eu mesma sequer havia experimentado uma gota de álcool. Ou alguém que não pudesse ir na minha apresentação de Ballet porque tinha conhecido um cara chamado Phil e viajou com ele para esquiar no final de semana.

A viagem até Forks seguiu silenciosa, eu sabia que meu pai queria perguntar sobre ela, saber como ela estava. Mas eu estava cansada de ficar no meio dessa confusão. Quatro meses depois que nasci, minha mãe havia ido embora de Forks. Aos seis anos ela voltou porque eu sentia muita falta do meu pai. Acho até que eles tentaram voltar algumas vezes. Mas a três anos atrás, ela decidiu que estava cansada de Forks, que era verde demais pra ela, que ela se sentia sufocada com a vida de gente de cidade pequena. E contra minha vontade me arrastou com ela pra Phoenix. E nos últimos três anos, ela se recusou a voltar a Forks, fazendo meu pai viajar pra Phoenix duas vezes por ano, já que eu não poderia viajar sozinha. O que finalmente eu pude fazer esse ano.

E eu não queria só ver meu pai. Forks não era minha casa só por causa dele. Meus amigos, especialmente Allie e Edward com quem eu havia trocado inúmeras cartas nos últimos três anos, eram minha família também.

Especialmente Edward. Depois daquela noite em que dormi chorando, alguma mudança aconteceu naquele menininho de 7 anos, de repente ele parecia querer me proteger, sempre brigava com as outras crianças da escola quando alguém me provocava. Quando descobri que minha mãe iria embora foi ele quem veio correndo gritando que ela não podia fazer isso, enquanto uma Alice chorosa me abraçava dizendo que iria me visitar todo ano e que seríamos amigas pra sempre sempre.

—Uh, Bella, aquele menino dos Cullen passou em casa ontem perguntando quando você ia chegar. - fui trazida de volta dos meus pensamentos por um Charlie carrancudo.

—Vou ligar pra ele e pra Allie quando chegar - respondi.

—Na verdade, os Cullen chamaram a gente pra jantar lá hoje. Se você não se importar. Eu queria fazer um jantar especial e tudo mais pra você, mas você sabe…

—Que você queima até a água do café? é eu sei pai - o interrompi sorrindo. Eu iria ver ele hoje. — Eu adoro a comida da Tia Esme mesmo.

Chegamos em casa, coloquei as malas no quarto pensando comigo mesma que não queria desfazer e arrumar tudo sendo que eu ficaria apenas duas semanas aqui. Meu coração apertava só de pensar nisso.

As duas semanas passaram mais rápido do que eu poderia imaginar. E como meu pai nao havia tirado férias, passei a maior parte do tempo na casa de Edward e Alice. Assisti a mais filmes do que conseguia lembrar. Alice estava extremamente animada com o presente de natal que ela havia ganhado dos pais, uma maquininha de costura. Então, eu e Edward passamos a ser os modelos enquanto ela criava blusas, chapéus, casacos e lenços com as estampas e formatos mais estranhos que eu já havia visto.

Tia Esme também ensinou a gente a fazer chocolate quente, o que eu rapidamente também ensinei a Charlie. Seria bom ele ter alguma coisa gostosa pra se alimentar de vez em quando. Mas a maior parte do tempo, passamos do lado de fora da casa. Nevou praticamente todos os dias. Então construímos bonecos de neve quase numa escala industrial. Alice fazia roupas para eles também.

Eu queria tanto poder ficar aqui. A neve é tão mais legal que o sol chato de Phoenix. Não dá pra beber chocolate quente, não dá pra construir bonecos. Queria poder levar esse inverno junto comigo.

Pensei em voz alta, percebendo que tanto Allie quanto Edward estavam absortos demais na guerrinha que estavam travando pra me ouvir.

Charlie havia me dado um celular de Natal, dizendo que não precisava mais mandar cartas pros meus amigos e que poderia falar com eles sempre que quisesse. Mas eu senti que o que ele queria mesmo era que eu falasse com ele sempre que possível. Sorri.

Enquanto colocava minhas malas no carro, um Edward de bicicleta que estava correndo em direção a minha casa me arrancou de meus pensamentos.

—BELLA, BELLA.

Olhei preocupada. Será que havia acontecido alguma coisa?

Enquanto ele parava a bicicleta em frente ao carro, vi ele pegando alguma coisa no bolso do casaco xadrez que ele estava usando.

—Hm, eu comprei uma coisa pra você. Acabei esquecendo de entregar. Não quero que vá embora sem. A Allie me ajudou a escolher.

Peguei o presente e fui abrindo. Mas meu pai vinha carrancudo de dentro de casa com pressa dizendo que iriamos perder o voo. Eu não tinha nada pra dar pro Edward de volta. Que saco! Porque não pensei nisso antes? Olhei ao redor e a única coisa que eu vi, foi meu cachecol vermelho. Peguei e entreguei pra ele.

—Feliz natal tambem Ed! - eu disse enquanto entrava no carro.

No carro, vim conversando com meu pai. Ele não parecia estar no melhor humor. Eu também não estava. Não queria ir embora. Me despedi dele, dessa vez permitindo que lágrimas escorressem pelos meus olhos. Outros seis meses sem ver ele.

Chorei enquanto aguardava o avião. Até que me lembrei do presente do Edward. Abri minha mochila mais que depressa. Era uma caixinha pequena.

Sorri enquanto abria e vi uma pulseira com um pingente de floco de neve. Um cartão dentro da embalagem dizia

Agora você pode levar o inverno com você pra qualquer lugar que você for.

Edward.

X

Enquanto voltava a realidade do casamento que estava prestes a acontecer, subi as escadas em direção ao quarto de Alice, onde tudo estava sendo organizado. Allie começou com aquela maquininha de costura fazendo bonecos de neve, mas hoje era uma das estilistas mais consagradas do mundo da moda. prestes a acontecer, subi as escadas em direção ao quarto de Alice, onde tudo estava sendo organizado. Allie começou com aquela maquininha de costura fazendo bonecos de neve, mas hoje era uma das estilistas mais consagradas do mundo da moda.

Sorri enquanto olhava e via o vestido que ela havia feito para que eu usasse naquela noite. Ela insistiu em fazer os vestidos não só da noiva, mas das madrinhas e outras pessoas da família também.

De repente algo chamou minha atenção. Um rabisco na porta, que sabe-se lá como, ainda estava ali. Resistindo a todos esses anos. Uma nova lembrança aqueceu meu coração. Ele estava certo.

X

Haviam cinco dias que eu estava em Forks. A pulseira que Edward havia me dado no inverno passado não saia do meu braço pra absolutamente nada. Eu, Alice e Edward havíamos combinado de ver um filme, mas minha-nao-tao-melhor-amiga esqueceu e havia marcado de sair com umas amigas da escola. O que eu desconfiava que era a mais pura mentira.

Desde o natal passado Alice estava sendo…irritante. O presente que Edward havia me dado de alguma forma significava pra ela que ele estava apaixonado por mim, o que obviamente não fazia o menor sentido. Eu e Edward somos amigos há quase 10 anos. Por Deus. Com certeza ele não me via como nada além disso. Mas Alice insistia que sim. Segundo ela, o sexto sentido dela dizia isso pra ela. Louca.

Voltei a prestar atenção no filme que passava na TV.

—Isso é tão brega. - Pensei comigo mesma.

—O que é brega Bella? - Edward falou enquanto pausava a tv.

Não percebi que eu realmente havia falado em voz alta. Mas expliquei a ele.

—Essa coisa de escrever o nome na árvore, é só coisa de filme. Ninguém faz isso de verdade.

—Eu acho bonito, significa que você quer ficar pra sempre perto daquela pessoa. - ele disse, parecendo preso em pensamentos.

—Depois alguém vai lá e corta essa árvore pra fazer, uma mesa, uma porta ou qualquer outra coisa! - exclamei - pra onde vai o pra sempre? Pra porta do quarto de alguém! Que nem te conhece!

Edward pareceu chateado por um momento. Mas logo em seguida saiu correndo em direção a porta do próprio quarto.

—O que tá fazendo? Procurando se alguém eternizou o nome na sua porta? - falei rindo.

Ele olhou em volta ignorando minha piada, a chuva lá fora caindo forte enquanto ele andava em silêncio até uma gaveta. Pegou alguma coisa que não consegui identificar e foi em direção a porta do quarto.

—O que você tá fazendo?! - minha curiosidade já estava me corroendo.

—Shii. - foi a única resposta que ele me deu.

Ele começou a rabiscar alguma coisa no batente da porta, mas estava escuro demais pra eu ver.

Depois de alguns longos minutos, Edward finalmente pareceu lembrar que eu estava ali.

—Acende a luz Bella

—Han?

—Acende a luz. - ele disse. um sorriso brincalhão pousava em seu rosto.

Fui em direção ao interruptor enquanto ele me olhava curioso.

No batente da porta, um desenho de coração com "E+ B" me fizeram dar o sorriso mais bobo do mundo.

—Você sabe que meu nome é Isabella né? Com i.

Ele riu comigo por um momento. Mas depois algo pareceu dominar seus pensamentos.

—O que foi?

—Nada Bella - mas eu sabia que alguma coisa estava incomodando ele.

—Fala - pedi. Edward me abraçou e de repente senti alguma coisa diferente. Não era um abraco como os muitos outros que ele já havia me dado. A forma como seus braços circulavam meu corpo, me grudando junto a ele. E eu juro por deus que senti ele cheirando meu cabelo. O que ele nunca fazia. Alice está enfiando coisas na minha cabeça foi meu único pensamento naquele momento.

O abraço durou o que pareceram horas. Não tive coragem de me mexer. Eu me sentia tão confortável. O cheiro de Edward ao meu redor, os braços dele me envolvendo. Tudo me fazia sentir em casa.

—Eu só não queria que você tivesse que voltar para Phoenix- ele finalmente disse.

—Um dia eu não vou precisar mais.

X

Pov Edward

Eu estava nervoso, nervoso pra caralho. Eu sabia que esse dia iria chegar, porra eu tinha me preparado a vida quase inteira pra esse momento, mas de alguma forma meu cerebro parecia nao entender isso.

Sabia que eu precisava beber alguma coisa. Por sorte eu já estava no lugar perfeito pra isso. Que se dane se eles nem tinham terminado de montar o bar ainda. Que se dane que o casamento nem havia começado. Eu estou pagando por metade isso, posso me dar ao luxo de tomar uma dose de qualquer coisa que controle meus nervos.

Emmett, que parecia ler meus pensamentos e estava tão nervoso quanto eu, vinha em minha direção com uma garrafa e dois copos na mão. Depois de Bella, Emm era o amigo mais antigo que eu tinha. Eu sabia que ele conseguiria dizer só pela minha expressão como eu estava me sentindo.

X

—Você deveria falar com ela logo. Não aguento mais ver essa cara de paspalho que você faz toda vez que fala sobre ela. Bella isso, Bella aquilo, a Bella tá chegando, a Bella é a pessoa mais legal que eu conheço.

—Cala a boca Emmett.

Tudo bem que eu realmente falava muito da Bella. Tudo bem que toda vez que a gente se ligava e eu via aquele sorriso gigante quando ela atendia a ligação meu coração parecia que iria sair do meu peito. Tudo bem que só a ideia de ver ela pessoalmente de novo fazia meu estômago rodopiar como se mil borboletas morassem nele. Mas ela era a Bella. Eu não podia simplesmente falar o quão miserável eu me sentia simplesmente por não poder abraçar ela todas as noites ou o quanto eu sentia falta da risada dela.

Eu tinha certeza absoluta que ela não me via como nada além de um melhor amigo na melhor das hipóteses. Na pior, eu tinha certeza que ela me via como um irmão mais velho com quem ela jamais iria querer qualquer coisa romântica.

—Você tá pensando nela de novo!?

—Estou Emm. Você sabe que estou. O que não adianta nada, porque eu tenho certeza absoluta que ela não sente o que eu sinto.

—Você não vai saber se nao perguntar. - Emm às vezes parecia um repetidor ambulante de frases de efeito medíocres - Nem me olha desse jeito, é obvio eu sei, mas não deixa de ser verdade.

— E do que adiantaria? Ela mora em Phoenix! Não quero ser igual aqueles estranhos que namoram as pessoas pela internet e passam meses sem se ver.

—Bom ponto. - foi a única resposta dele.

Voltamos nossa atenção ao jogo. Emm sabia que eu realmente não queria falar sobre isso agora.

X

—Sabe, eu sempre achei que vocês acabariam juntos - Emm falou - mas nunca me ocorreu que mesmo depois de anos você ainda faria a mesma cara de idiota quando fica nervoso.

—Sabe Emm, às vezes me pergunto se você sabe como calar a boca.

—Saber eu sei, mas que graça tem? - ele riu - afinal de contas, nada disso estaria acontecendo hoje se eu não tivesse atendido o celular naquele dia.

E de repente, mais uma onda de lembranças inundou minha mente.

X

Alice havia acabado de me ligar chorando de felicidade. E eu estava quase fazendo a mesma coisa. Me belisquei três vezes pra ter certeza que não estava sonhando. É real, conclui. Bella realmente ficaria em Forks de vez agora. Pelo que entendi da ligação Allie, Bella teve uma briga com Renée que queria que ela voltasse mais cedo pra Phoenix pra cuidar da casa enquanto Renee viajava com aquele tal de Phil. Bella se recusou, Charlie entrou no meio argumentando que só via filha duas vezes por ano. E muitos gritos e xingamentos depois (a maior parte vindo de Renée) de alguma forma eles concluíram que Bella iria ficar em Forks o resto do ano.

Eu sabia que Bella deveria estar triste. Sabia que as brigas com a mãe sempre faziam ela se sentir mal, Renee tinha esse dom de magoar a própria filha sempre que tinha oportunidade de fazer algo em benefício próprio.

Eu também sabia que não deveria estar me sentindo nas nuvens por algo que com certeza estava fazendo minha Bella chorar.

Minha Bella ri com o pensamento.

— Hey Edward, que bicho te picou pra você ta sorrindo igual aquele boneco assassino há dez minutos? - Emmett falou enquanto coçava a cabeça - PERA, não me fala que finalmente você tomou coragem pra chamar a Bella pra sair e ela aceitou?

—Não, melhor - eu falei e meu sorriso aumentou. - ela vai ficar.

Não precisei explicar muito pra que Emm entendesse.

Sai correndo da escola assim que a aula acabou. Eu precisava ver como ela estava, tinha certeza que a felicidade que explodia dentro de mim não era o mesmo que ela sentia. E de repente comecei a me sentir mal. A me sentir culpado por estar tão feliz.

Cheguei à porta da casa dela. Bati duas vezes até que o Tio Charlie abrisse. Pela cara dele, a briga havia sido realmente muito feia. Eu sabia que ele nunca tinha realmente superado a mãe da Bella, os milhares de porta retratos na parede, da época que eles ainda tentavam ser uma família, eram uma prova disso.

—Ela tá lá em cima garoto. - ele disse com um sorriso abatido. Me encaminhei em direção às escadas, mas antes que começasse a subir, Charlie me chamou.

—Eu não sou cego garoto. Eu sei que você não passa praticamente todas suas férias aqui em casa porque considera a Bella como melhor amiga. E eu também vejo a forma que ela sorri quando você tá perto. Sei que vocês se conhecem desde criança e são amigos e espero que você jamais faça algo pra machucar ela. Por isso vou pedir pra você - ele deu um longo suspiro antes de falar - Renee falou coisas muito feias, pra nós dois. Eu não sei se consigo lidar com as minhas merdas e cuidar da Bella agora. Então, por favor, me ajuda um pouco com isso.

Fiquei em silêncio por um minuto, absorvendo tudo que ele havia falado. Charlie não era muito de se expressar, então Renee realmente deve ter falado coisas muito ruins pra ele estar desse jeito.

Sorri pra ele, na tentativa falha de confortar um pouco.

—Eu vou cuidar dela. Prometo.

Subi as escadas com cuidado e segui em direção ao quarto de Bella. Como esperado, nenhum barulho vindo de lá. Assim como muitos anos atrás, também por causa de Renee, Bella chorava baixinho. Se eu não a conhecesse a mais de dez anos, não teria percebido.

Abri a porta do quarto com cuidado pra não incomodar. Me sentei ao lado dela e permiti ela chorasse enquanto me abraçava.

E então, de repente, todos os meus pensamentos se tornaram igualmente intoleráveis.

Me senti completamente impotente, não sabia o que fazer para acalmar ela. Odiava ver Bella assim, odiava ainda mais Renee por ter causado isso.

Queria ajudar de alguma forma. Toda minha felicidade por saber que ela ficaria aqui, de repente foi substituída por tristeza ao saber que por isso ela estava desse jeito.

Fiz a única coisa que passou pela minha mente no momento, numa tentativa fraca de minimizar o que ela estava sentindo.

—It-s dark in a cold december, but I've you to keep me warm and if you're broken I will mend you - senti ela me abraçando mais forte à medida que cantava, mas de alguma forma parecia estar acalmando ela - I'll keep you sheltered from the storm that is raging now - olhei pra Bella e percebi que as lágrimas ainda escorriam pelo seu rosto, mas pareciam mais fracas agora - I'm out of touch, I'm out of love, I'll pick you up when you're getting down, and out of all this things I've done…

—I think I love you better now - Bella completou a música enquanto um arrepio subiu pelo meu corpo. Não fazia sentido ela sentir o mesmo que eu. Eu estava apenas sendo estupido, foi só uma coincidência. Pensei, mas percebi que ela estava olhando pra mim, os olhos marejados já não choravam mais. De alguma forma, parecia que ela estava tentando me dizer algo com o olhar. Sustentei meus olhos nos dela por uma eternidade. Nenhum de nós ousando dizer nada.

—Ta melhor Bella? - quebrei o silêncio.

—Sim, obrigada Edward.

Ficamos na mesma posição por mais de uma hora, achei que ela tivesse dormido em algum momento. Me assustei quando de repente ela levantou pulando.

—NÃO ACREDITO!

—O que foi Bella?

—Eu vou finalmente morar aqui! Vamos levanta! Eu quero fazer alguma coisa, anda.

Por mais que a animação dela estivesse me contagiando, olhei a chuva caindo lá fora?

—Fazer o que? Tá caindo o mundo lá fora Bella.

—Não sei - ela pareceu se questionar por um minuto. Fiquei com medo de sua animação ser apagada pela tristeza que eu sabia que ainda estava lá. Peguei meu celular e liguei pra Emm. Que atendeu depois do segundo toque.

—Que foi Edward?

—Isso é jeito de atender o telefone?

—Se for você sim - ouvi ele rindo do outro lado da linha. - mas serio, o que você quer? Rose tá vindo pra casa eu preciso me arrumar.

—O que tem pra fazer hoje?

—Como assim?

—Algum lugar pra ir - eu respondi já impaciente.

—Bom, nessa chuva que tá, só ficar em casa e assistir filme, que é exatamente o que eu e Rose iremos fazer. Porque? Não me diz que achou alguém pra tirar a Bella do seu coração e marcou um encontro? NÃO ME DIZ QUE MARCOU UM ENCONTRO COM A BELLA?!

—Ficar em casa não rola, e sim, tem a ver com a Bella, e não, não é o que você pensa.

—Ah, aqui em Forks não tem nada, você sabe. Mas a Rose falou de um parque de diversões em Port Angeles que ela tava querendo ir. Acho que a chuva não chegou lá ainda. - Me despedi e desliguei o celular, já procurando no google onde ficava o tal parque.

—Vem Bella!

—Vem onde ? - ela me olhou sem entender nada.

—Só vem.

Demos um tchau apressado pro pai dela enquanto saímos da casa e entravamos no meu carro. Bella estava curiosa, mas me mantive em silêncio, um sorriso insistente em meu rosto.

—Edward você tá me matando de curiosidade, onde estamos indo?

—Você vai ver, já estamos chegando.

Assim que virei a rua e Bella viu o parque, seus olhos se iluminaram e eu sabia que tinha de agradecer a Emmett depois.

Passamos uma meia hora andando pelo parque, Bella estava com um algodão-doce na mão e uma maçã do amor na outra. Eu esperava que isso pelo menos ajudasse a esquecer todas as merdas que haviam acontecido hoje. Quando chegamos em frente a um carrossel, Bella quase saltitou de felicidade.

Ela puxou minha mão e fomos em direção a fila, que era composta por sua maioria de crianças com seus pais.

Não demoramos muito tempo na fila, logo já estávamos no brinquedo rodando a uma velocidade considerável. Bella não quis sentar no cavalo, isso coisa de criança foram as palavras dela. Ela estava me abraçando enquanto eu sustentava o peso de nós dois me segurando um poste que havia no brinquedo.

POV Bella

A sensação de ter Edward me segurando me fazia sentir mais segura do que eu poderia imaginar. Depois do pior dia da minha vida, eu não conseguiria imaginar que me sentiria tão confortável e feliz tão cedo. Mas Alice estava certa, eu realmente tinha sentimentos por Edward afinal. Mesmo que talvez não desse em nada, ou melhor, eu sabia que não tinha chance alguma de alguma coisa realmente acontecer. Mas aqui estava eu, me agarrando mais a ele e me aninhando em seus braços enquanto o carrossel girava.

Um pensamento idiota passou pela minha mente e eu me perguntei se talvez devesse tentar beija-lo. Ver se ele correspondia de alguma forma ao que eu sentia. Talvez eu pudesse culpar o turbilhão de sentimentos que tive hoje e fingir que nada aconteceu.

Ou talvez, uma voz me disse no fundo da mente, só talvez ele também sinta o mesmo. Afinal, ele não cantou uma das músicas mais românticas do mundo pra você atoa.

Tentei afugentar o pensamento. Mas então a música pop que estava tocando no brinquedo parou. E aquela maldita música que fez meu corpo arrepiar mais cedo hoje, começou a tocar.

I'm gonna pick up the pieces

And build a Lego house

If things go wrong, we can knock it down

Meus olhos se encontraram com os dele, que pareciam estar olhando pra mim a muito tempo. Aproximei meu rosto do dele, hesitante do que deveria fazer. Aquele maldito pensamento atravessando minha mente de novo.

My three words have two meanings

But there's one thing on my mind

It's all for you

Pra minha surpresa, Edward aproximou ainda mais nossos rostos. Encostando sua testa na minha, enquanto cantarolava junto com a música.

I'm out of touch, I'm out of love

I'll pick you up when you're getting down

And out of all these things I've done

—I think I love you better now - falei, ao mesmo tempo que ele. Fechei meus olhos enquanto tomava coragem e juntava meus lábios aos dele. Esperava que ele fosse se afastar, me empurrar pra longe ou qualquer coisa que fosse partir meu coração em mil pedaços e me fazer querer fugir pra Phoenix e me esconder embaixo de uma pedra.

Mas os lábios macios e quentes dele se moveram juntos com os meus enquanto ele acariciava meu rosto com sua mão direita. Abri meus olhos para me certificar de que não estava sonhando, apenas para encontrar duas orbes verdes me fitando, como se tentasse gravar cada segundo do que estava acontecendo.

Quebrei o beijo pois precisava respirar, mantendo nossos rostos juntos. A sensação de estar em casa, de que isso era exatamente o que deveria ter acontecido, me invadiu e não pude conter uma risada. Eu estava em casa afinal de contas.

X

POV Edward

Depois de beber um copo de whisky com Emm, pude sentir meu coração se acalmar um pouco mais. Já estava quase na hora de o casamento começar, eu tinha um papel a cumprir agora. Procurei por Bella em meio aos convidados do casamento, mas ela não estava por ali. Decidi entrar na casa e procurar por ela lá. Quando cheguei à cozinha, vi uma marquinha de mão, meu pai nunca deixou minha mãe nem ninguém limpar, mesmo que hoje em dia fosse apenas uma sombra do formato que era a vinte anos atrás. Contive um sorriso ao me lembrar desse dia.

X

Eu não sabia como cabia tanta energia em um corpo tão pequeno. Carlie tinha apenas três anos e era uma criança só, mas hoje, especialmente hoje, parecia que eu tinha cinco filhas ao invés de uma.

Peguei ela no colo enquanto ela resmungava que queria brincar com a água roxa, que nada mais era do que o vinho que meu pai havia acabado de abrir para comemorar seu aniversário. A garrafa era caríssima, e eu sei que ele estava guardando por no mínimo dez anos, na esperança de abrir no seu aniversário de 50 anos.

—Papai vai te colocar no chão, mas você tem que se comportar ok?

—ta bom - foi sua única resposta.

Quando me virei pra trás, para beber eu mesmo uma taça de vinho enquanto conversava com Bella, vi seus olhos se abrirem com espanto.

—Carlie não!

Mas já era tarde demais, Carlie havia derramado a garrafa de vinho no chão, o vidro resistente não se quebrou, pro meu alívio. Mas pro meu desespero Carlie corria com a mão suja de vinho em direção a parede branca da sala, um sorriso enorme atravessando seu rosto.

Corri para pegá-la, mas era tarde demais. Sua mãozinha pequena havia deixado uma marca na parede.

Olhei pro meu pai, que sorria afetuoso, e para Bella, que tentava se desculpar pela garrafa de vinho perdida. Quando me voltei para a coisinha teimosa no meu colo, seu rosto exibia um sorriso orgulhoso da obra prima que ela havia acabado de fazer.

X

Meu pai nunca deixou que apagassem a marca, segundo ele minha neta também quis me dar um presente. Minha mãe não gostou muito no começo, mas Carlie foi a primeira neta dos meus pais, e se não fossem por mim e Bella vigiando, eles teriam mimado ela ao extremo.

Ouvi um alvoroço próximo ao quarto de Alice e me encaminhei para lá. Encontrei uma Alice com cara de desespero e uma Bella agachada tentando confortar uma Carlie que chorava copiosamente.

Uma raiva irradia pelo meu corpo, aquele moleque não tinha abandonado ela agora, tinha? Por qual outro motivo ela estaria chorando desse jeito? Me preparei para descer já com os punhos prontos pra fazer ele se arrepender de ter feito minha Carlie chorar, quando ouvi:

—Filha, é só uma coisa emprestada. Tá tudo bem se você tiver esquecido, nós conseguimos achar algo aqui.

Minha respiração saiu pesada e foi como se um peso fosse tirado dos meus ombros, ela só esqueceu algo emprestado, calma Edward, não precisa socar a cara daquele moleque tentei me acalmar e me aproximei, fazendo minha presença ser notada dessa vez.

—Pai! - Carlie exclamou quando me viu, seu sorriso aparecendo um pouco em meio às lágrimas.

—Vim buscar você, afinal, já está na hora.

—Só um segundo - Bella disse olhando pra nós dois, enquanto tirava de seu pulso a pulseira de floco de neve que eu havia dado anos atrás - é seu algo emprestado.

Bella olhava pra mim quando disse aquilo. Bella me deu um beijo rápido, sussurrando pra eu me acalmar, deu um abraço em Carlie e desceu.

Seguimos devagar até as escadas, pensando como ela havia crescido tão depressa.

X

Eu e Bella estávamos casados a quase três anos. Eu não poderia estar mais feliz, se não fosse por um mínimo detalhezinho: Nosso aniversário de casamento era amanhã e nós havíamos planejado uma viagem pequena para um chalé na praia, mas já tinha uma semana que Bella estava passando mal. O humor dela estava pior do que eu jamais havia visto, e eu conhecia Bella desde os meus sete anos.

Já estava começando a me preocupar de verdade, pensei até em ligar pro meu pai e agendar uma consulta pra Bella, mas ela se recusou e disse que não devia ser nada demais.

Estacionei o carro na garagem e estranhei que o carro dela já estava lá. Ela geralmente chegava depois do trabalho. Será que ela havia passado mal de novo e tinha sido dispensada mais cedo das aulas?

Entrei em casa e nenhum sinal dela, subi as escadas talvez ela esteja deitada pensei comigo mesmo.

Ao chegar no quarto, me deparei com uma Bella sentada na cama, completamente parada, se não fossem por suas mãos que pareciam estar…contando?

Segui seu olhar e foi então que a realidade me atingiu.

Ela estava olhando pra uma caixinha de absorventes, e eu comecei a me perguntar quando foi a última vez que ela havia menstruado. Me peguei fazendo o mesmo que ela sentado na cama contando com os dedos.

Mas não era suficiente, eu precisava saber. Dei um beijo apressado nela e sai correndo, fui em direção a farmácia na esquina de casa. Peguei os primeiros dez testes que vi na minha frente, paguei sem nem comprimentar o caixa e corri de volta pra casa.

Bella estava na mesma posição que antes, mas minha entrada pareceu tirá-la do seu transe. Nenhum de nós conseguiu dizer nada naquele momento.

Bella olhou e pegou a sacola da minha mão, um sorriso tímido em seu rosto, e foi até o banheiro.

Depois de uma eternidade sentado , o nervosismo tomando conta de mim. Mas ao mesmo tempo, a ideia de ter alguém que fosse uma mistura minha e da minha Bella, com o mesmo sorriso dela, os mesmo olhos brilhantes que pareciam se conectar a minha alma sempre que se cruzavam com os meus.

Meu estômago se revirou como se estivesse dançando, meus pensamentos focados na possibilidade de uma miniatura da Bella correndo pela casa.

E então, uma Bella chorosa e gargalhando sai correndo do banheiro e pula em cima de mim, cobrindo meu rosto com beijos e lágrimas de felicidade. E eu soube que não demoraria muito para que meu pensamento se tornasse realidade.

X

Estávamos quase chegando à porta, todos os convidados já estavam em seus devidos lugares, segurei a mão de Carlie para lhe transmitir segurança, mas senti que não foi de muita ajuda.

Ela olhou pra mim, os olhos marejados, mas com uma aparente felicidade. Subitamente, ela pediu desculpas e se encaminhou em direção ao quarto mais próximo. Eu sabia o que ela iria fazer, essa foi uma das coisas que ela puxou de mim afinal.

Esperei na porta enquanto Carlie falava com ela mesma no espelho do quarto de hóspedes, e me lembrei de quando a vi fazendo isso pela primeira vez.

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—Edward! Carlie! Vamos! Carlie sua apresentação é em menos de uma hora. - Bella estava agitada, com os convites em mãos, nunca vi uma mãe tão ansiosa para uma apresentação de Ballet como Bella estava agora.

—Não quero mais ir mãe. - Carlie falou, com uma vozinha baixinha. Eu sabia que ela estava nervosa. E por mais que eu também estivesse ansioso pra ver Carlie no palco, dançando graciosamente como eu sabia que ela faria, sabia que era a primeira apresentação dela e isso poderia acontecer.

—O que houve filha? Porque nao quer mais ir? - Bella perguntou, uma leve preocupação em sua voz.

—Vai tá todo mundo olhando, a vovó Esme, o vovô Carlisle e o vô Charlie, a tia allie e até a vó Renee vai ta la. - Bella só recentemente havia retomado a relação com a mãe, então Renee estava tentando recuperar todo o tempo perdido, principalmente com relação a Carlie - eu não quero que todo mundo fique me olhando.

Me abaixei pra conversar com ela, abraçando seu corpinho enquanto olhava em seus olhos pequenos que pareciam prestes a começar a chorar.

—Filha, você não dançou várias vezes antes? - falei com uma voz calma e um tom suave.

—Sim, mas era diferente na aula.

—Mas você lembra todos os passos certo? Sua professora até falou que você decorou os passos primeiro que todo mundo. - relembrei, orgulhoso da mesma forma que estava quando Bella chegou contando isso.

—Sim, mas…

—Olha, se você não quiser mesmo ir, eu e sua mamãe entendemos - me virei pra Bella, que concordou com a cabeça - mas você não estudou tanto pra apresentação hoje? Seria uma pena guardar todos esses passos de dança só pra você.

Ela me olhou com seus olhinhos que pareciam ter alguma determinação enquanto saia correndo gritando um já volto já volto, deixando Bella e eu sem entender nada.

Entramos em casa de novo procurando por Carlie. Que para nossa surpresa estava em seu quarto. Olhando pro espelho e parecia estar tendo uma espécie de conversa com ela mesma.

Olhei pra Bella, e decidimos aguardar na porta. Ainda havia tempo, afinal de contas.

—Você estudou Carlie a Tia Rose falou que você dança maravilhosa - ela dizia com sua vozinha suave enquanto apontava o dedo no espelho para ela mesma - você consegue, é só fechar os olhos e fingir que ta na aula com a Tia Rose.

Depois de mais algumas palavras de encorajamento que colocariam até eu e Bella naquele palco com Carlie se necessário. Ela saiu do quarto, olhou para nós dois e disse:

—Agora sim eu estou pronta!

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Fiquei parado atrás da porta aguardando. Conversar com ela mesma, discursar para ela mesma, sempre havia ajudado Carlie a lidar com a ansiedade que eu sabia que ela havia herdado de mim.

Pude ouvir baixinho sua voz dizendo coisas como você ama ele e ele te ama, deixa de ser boba. Não tem porque ficar nervosa.

Me afastei um pouco mais da porta. Sabia que era um momento só dela, e não queria invadir a privacidade da minha filha no dia do casamento dela.

Após alguns minutos, Carlie voltou, segurou em meu braço.

—Você está linda filha. - Disse pra ela, com algumas lágrimas teimosas escorrendo pelo meu rosto.

—Não me faz chorar pai, por favor.

—Não vou.

—Agora vamos, tudo bem que é normal a noiva se atrasar, mas daqui a pouco Luke vai achar que eu abandonei ele no altar. E eu não quero uma Tia Rose correndo atrás de mim com raiva.

—Não é estranho você chamar Rose de Tia agora que ela vai ser sua sogra? - ri, lembrando de como Rosalie fez um escândalo quando descobriu que o filho degenerado nas palavras dela estava namorando com a pura e inocente afilhada.

—Vamos logo pai!

Segurei em seus braços e descemos as escadas para o quintal. Flores brancas decoravam todo o ambiente assim como a 25 anos atrás pensei comigo mesmo. Era inevitável não comparar a decoração com a do meu próprio casamento, pois ambos haviam sido planejados por Alice, e ocorreram ali naquele mesmo quintal.

A música, no entanto, era diferente, uma versão clássica de alguma música de cantor pop que Luke e Carlie escolheram. Meus olhos se encontraram com os de Bella enquanto caminhava com Carlie a passos lentos até o altar. Sabia o que ela estava pensando, sabia o que ela estava lembrando.

Eu sabia que ainda havia muito mais por vir, sabia que nossa história ainda tinha muitos caminhos para trilhar, mas vendo Carlie, nossa metadinha, iniciando a própria história agora, me trouxe lágrimas aos olhos, que combinavam com as mesmas lágrimas que escorriam dos olhos de Bela. Talvez eu tenha sido muito sortudo, ou talvez alguém no universo goste muito de mim, mas eu jamais, nunca mesmo, mudaria nada na nossa história.


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