Insomniacs escrita por Skadi


Capítulo 10
Capítulo Dez - Cicatrizes




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Os pássaros não estavam cantando quando ele acordou. Não foi o zumbido no ar ou o cheiro de algo cozinhando. Foi a luz, infiltrando-se através de seus olhos. Alguém abriu a cortina e a luz ofuscante feriu seus olhos. Alex acordou, pressionando o pulso contra os olhos antes de decidir se virar, deitando de bruços no sofá.

“Acorde, Alex!”

Ele não queria. Não tinha uma boa noite de sono há tanto tempo e sentiu saudades dos dias em que conseguia acordar meio dia, pular o café da manhã e ir direto para o almoço.

“São três da tarde, Alex, vamos acordar.”

Alex gemeu. Seu corpo estava um caco e pela primeira vez ele estava cansado o suficiente para dormir e não era o álcool que ele devia agradecer. O álcool lhe deu uma boa noite de sono, mas lhe roubou o conforto ao acordar depois, substituindo tudo por dores de cabeça terríveis e um estomago embrulhado. Isso certamente era trapaça, ou assim dizia o dicionário em seu escritório. A noite passada foi sublime. O que quer que ele tenha feito, ele tinha conseguido dormir tão profundamente agora, sem nenhum pesadelo. Todas as suas preocupações foram jogadas pela janela.

Ele não dormiu realmente ontem à noite, não é? Tipo, ele passou a noite com os olhos bem abertos. Ele adormeceu mais no raiar do dia para ser exato. E o que ele fez? Claro que havia Xavier por perto e—

“Você é realmente um pé no saco, Alex. Pelo menos você pode dizer oi para mim antes de eu voltar.”

Xavier.

Não, não era a voz de Xavier. Era a voz de Scott.

Por que Scott estava aqui?

“O Scott está saindo, por favor acorde.” Ele ouviu a voz de Xavier, rindo.

Esse com certeza era Xavier. O garoto estava lá ao lado de Scott.

E ontem à noite, não, esta manhã. Ele estava lá. E eles—

Alex se levantou mais rápido do que ele poderia esperar, o mais rápido que ele jurou já ter se movido na vida. A primeira coisa que viu foi o rosto de Xavier, olhando diretamente para ele com um sorriso brilhante e alegre, ajoelhado ao lado do sofá.

“Ok, ele acordou!” Declarou Xavier, se levantando logo em seguida.

Alex esfregou a cabeça. Ele não estava sozinho. Seus olhos seguiram os passos de Xavier até a cozinha e lá estava Scott. Alex arqueou uma sobrancelha, certamente questionando como e por que seu melhor amigo estava passando o tempo sentado em sua cozinha. Ele certamente não se lembrava de ter aberto a porta para ele. Na verdade, a última coisa de que ele se lembrava eram os dedos de Xavier em seu pulso esquerdo quando ele finalmente adormeceu mais uma vez em cima do sofá com o garoto ao lado dele.

Um rubor surgiu em seu rosto e não demorou muito para que seu rosto ficasse vermelho e quente. A primeira coisa que ele fez foi se certificar de que estava vestindo uma camisa e, graças a Deus, ele estava. A questão de como foi empurrada para o fundo de sua mente quando Scott o chamou. Outra benção foi se encontrar totalmente vestido e limpo, sem nenhuma indicação de sexo sobre ele.

Sexo.

As estocadas, os gemidos, as mãos, o contato físico, o—

“Scott já estava de saída.” Xavier disse da cozinha.

Xavier.

A porra do Xavier Sharpe.

“Espere, por que você está no meu apartamento de qualquer maneira?” Alex disse, olhando para Scott.

“Eu vim mais cedo para checar você. Xavier abriu a porta para mim.” Scott disse com indiferença, apontando para o sorridente Xavier encostado no balcão da cozinha.

“Ué, vocês dois se conhecem agora?”

“Mais ou menos.” Scott deu de ombros.

Isso estava prestes a acontecer, ele sabia disso. Em um ponto de sua vida, todos os seus amigos notariam a existência de Xavier, muito parecido com Percy. Pelo menos o primeiro tinha sido Scott e não Luka — ele faria o possível para deixar Luka no fim da lista de ‘pessoas que Xavier irá eventualmente conhecer’. Considerando Oliver, ele pelo menos conseguiu inventar uma história melhor do que ‘atropelar o garoto’ no momento em que apresentou Xavier involuntariamente ao amigo.

Alex se levantou do sofá lentamente, rezando para que não houvesse vestígios de nada suspeito para os olhos de Scott verem. Scott podia ser estupido quando estava bêbado, mas normalmente ele era inteligente o suficiente para somar dois mais dois se percebesse alguma coisa.

“Eu tenho que ir, Alex. Leo continua me importunando e a faculdade está movimentada, e estamos todos com saudades de ver seu rostinho por lá.” Scott declarou enquanto Alex apontava para a porta. Seus amigos não estariam sentindo sua falta. Na maioria das vezes, ele apenas ficava de mal humor, um sinal claro de desinteresse em seu rosto. Por que alguém sentiria falta de ver isso?

Ele seguiu Scott até a porta e saiu para o corredor com ele — Xavier ficou dentro de casa e ele ficou agradecido por isso. Como bom anfitrião, era o mínimo que ele podia fazer. Scott apertou o botão do elevador e se virou novamente, encarando Alex. Ainda ontem eles estavam conversando aqui, algo que não terminou tão bem quanto ele esperava. Não era como se tivesse se esquecido disso. Ainda estava lá, no fundo de sua mente, arranhando sua consciência. Scott aparentemente percebeu o desconforto, pois suspirou.

“Sinto muito por ontem, ok?” Disse Scott.

Alex prendeu a respiração. Ele preferia não falar sobre isso, fingindo que a conversa nunca aconteceu, enterrando-a no fundo de seu cérebro até esquece-la. Agora, estranhamente, isso veio fácil demais.

“Apenas esqueça tudo o que eu disse.”

Isso era exatamente o que Alex ia fazer. Ele não poderia estar mais grato por isso.

“O ponto é que eu confio em você, ok Alex? Eu sempre serei seu amigo e o que quer que você faça, eu vou apoia-lo.” Scott disse, sorrindo.

“Isso é tão brega.” Alex resmungou.

Scott apenas riu, observando-o com esse olhar estranho, como se pudesse ver através dele.

“Você parece melhor, Alex.”

Alex simplesmente ergueu a sobrancelha.

“É verdade. Você parece melhor. Acho que devo agradecer ao Xavier por isso.”

Alex quase engasgou com o ar. Scott sabia? Ele sabia o que havia acontecido?

“O que você quer dizer com isso?” Ele perguntou com a voz cautelosa.

“Não sei. Só parece que sim.”

“O que o Xavier disse a você?” Ele só podia rezar para que Xavier não fosse tão estupido quanto Alex achava que ele era, porque se o garoto tivesse mencionado alguma coisa sobre o que havia acontecido naquela manhã para outra alma viva, Alex realmente acreditava que ele iria mata-lo e jogar o corpo dele no rio mais próximo.

“Nada, na verdade. Apenas como vocês dois se conheceram e um pouco sobre o seu vizinho. Falamos mais sobre você.”

Isso o intrigou muito.

“Eu? O que vocês poderiam—”

Suas palavras foram cortadas pelo elevador se abrindo e Scott deu a ele um sorriso atrevido, rapidamente entrando no elevador e deixando Alex sozinho com suas perguntas.

“O Xavier é bom para você. Ele é um bom amigo.” Scott disse antes de desaparecer de vista por trás das portas.

Ele certamente não sabia o que Scott queria dizer com isso então ele só pôde suspirar antes de voltar para dentro de seu apartamento. Seu estomago estava roncando e, verdade seja dita, ele havia esquecido quando foi a ultima vez que comeu alguma coisa. Macarrão instantâneo serviria muito bem, e a essa altura ele poderia até mesmo faze-lo de olhos fechados.

Ele trabalhou em silencio, tirando o copo de macarrão instantâneo do armário e ligando o fogão. Tudo o que tinha que fazer era esperar a água ferver. Ele estava parado bem na frente da pia, de frente para a parede, quando Xavier veio por trás apoiando o queixo em seu ombro, bem na curva do pescoço.

“Eu quero comida chinesa, Alex.” Ele choramingou.

“Não, você quer macarrão instantâneo se sabe o que é bom pra você.”

Xavier riu. Alex odiava contato físico, mas de alguma forma Xavier facilmente o tornava um hipócrita. O garoto havia escorregado os dedos, agarrando novamente o pulso esquerdo dele, acariciando as cicatrizes suavemente. Alex rapidamente puxou o braço, levando-o ao nível dos olhos, tentando inspecionar a ferida. O garoto estava segurando seu pulso com tanta força aquela manhã que ele não ficaria surpreso ao ver a ferida aberta sangrar um pouco.

O garoto, porém, moveu os braços novamente, tentando agarrar o braço de Alex mais uma vez com um barulhinho irritante saindo de seus lábios. Nessa posição, Xavier estava praticamente o abraçando por trás. Alex estalou a língua, irritado, antes de se virar e empurrar Xavier para longe, optando por se sentar na mesa da cozinha.

“Não vai sarar se você ficar cutucando.” Disse ele friamente, inspecionando o corte que agora sangrava.

Xavier se sentou bem à sua frente, cruzou a mão sobre a mesa e tentou fazer um beicinho fofo.

“De qualquer forma, o que você disse ao Scott?”

Xavier voltou os olhos para o teto, fazendo aquele gesto de quem estava tentando lembrar de algo, o dedo batendo no queixo.

“Não muito. Apenas falamos sobre você.”

“Como o quê?”

“Bem, o Scott me contou sobre como você realmente gosta de música e compor. Eu quero ouvir suas músicas, se você deixar, claro. Aposto que são boas.”

Alex rolou os olhos novamente, vendo que Xavier estava praticamente quicando na cadeira, olhando para ele com o rosto radiante. Por ele parecia ainda mais alegre hoje?

“E?”

“E o que?”

“O que mais você disse a ele?”

O garoto arqueou as sobrancelhas, tentando compreender a pergunta. Então ele deu um sorriso travesso.

“Não se preocupe, Alex, não vou contar a Scott como você gemeu meu nome tão lindamente.”

Se pudesse voltar no tempo, ele passaria seu carro por cima de Xavier com gosto.

“Você!” Ele disse, levantando um dedo para apontar para Xavier. “Se você falar sobre isso de novo—” Xavier sequer parecia ameaçado e tudo o que ele queria fazer com aquele garoto era soca-lo. “—vou bater meu carro de novo em você.”

“E o que? Me matar?”

Em outro dia, a palavra o colocaria em transe, a sensação assombrosa de paranoia e medo voltou correndo. Mas hoje isso o irritou, enviando uma carranca ao seu rosto.

Isso lhe disse como ele próprio se sentia melhor.

Ele começou a acreditar que sim, de qualquer maneira.

 

 

Ele passou o resto dia dentro de seu apartamento novamente. Xavier acabou preparando um prato de macarrão para si mesmo. A noite chegou e o garoto voltou a mexer no laptop até ficar entediado. Alex estava sentado ao lado dele o tempo todo, olhando para a tela da televisão quebrada como sempre fazia. Havia algo diferente, no entanto. Havia algo diferente de apenas sentar lá como sempre fazia. Desta vez, havia algo lhe dizendo para se levantar, pegar o telefone quebrado no fundo da sala e jogar na lixeira. Foi a mesma coisa que lhe disse para pegar sua carteira e caminhar até a garagem do prédio para seu carro e substitui-lo por um novo.

Algo mudou, porque sentar em frente à televisão em seu sofá como sempre não parecia o mesmo de antes.

Ele estava quebrado ontem. Ele estava com medo e apavorado. Ele não conseguia sentir nada, seu coração oco e tudo estranho ao toque. Mas agora tudo parecia diferente. O mundo ainda era o mesmo. Não era nenhuma explosão de cores, mas algo mudou. Todas as vozes que ele ouviu, as palavras que Scott proferiu, os pesadelos que o assombraram, tudo isso já parecia uma memória distante.

“O que você está pensando agora, Alex?” Xavier perguntou, fechando o laptop antes de virar o corpo. Ele estava com as pernas nas coxas de Alex. Ele mudou de posição, a cabeça substituindo as pernas, usando a coxa dele de travesseiro. Alex pessoalmente achou essa pergunta estranha. Por que Xavier precisava perguntar quando o garoto podia ler sua mente de forma clara e simples? Não que ele realmente pudesse, mas Alex já havia acreditado que o garoto possuía algum tipo de poder sobrenatural de acesso gratuito e ilimitado à sua mente.

“Eu não sei.” Ele respondeu distraidamente.

Xavier assentiu. Ele levantou a mão antes de fazer o que sempre mais amou, alcançando o pulso esquerdo de Alex e acariciando as cicatrizes.

“Por que você sempre faz isso?” Perguntou Alex.

O garoto não estava olhando para ele. Em vez disso, ele estava olhando para o pulso de Alex, absorvendo cada momento para se maravilhar com as listras brancas que decoravam a pele pálida como se fosse uma obra de arte. Não eram. Eram um erro, uma estupidez e provavam o quão miserável ele era.

“Porque eu acho elas lindas.” Xavier respondeu em um sussurro.

Viu? O garoto estava lendo sua mente mais uma vez.

“Elas são feias. Provam o quão fraco eu sou.” Retrucou Alex.

Ele não era de julgar as outras pessoas. Se ele visse alguém com cortes como aqueles, ele não falaria muito. As pessoas tinham problemas, tanto quando Xavier tinha os dele. Ele não viu as pessoas com cicatrizes como fracas. Era ele mesmo que se sentia assim, lembrando-se da expressão nos olhos de seus pais quando o chamavam de patético. Ele prometeu a si mesmo que não deixaria outras pessoas verem. Ele ficava bem sozinho e viveu assim por anos, estando perfeitamente bem.

“Você não precisa estar bem o tempo todo, Alex.” Xavier disse, levando o pulso aos lábios novamente, plantando um beijo suave sobre as cicatrizes. “Às vezes está tudo bem não estar bem.”

“Você não está fazendo nenhum sentido.”

Xavier riu e isso enviou arrepios em sua pele. Alex rapidamente soltou sua mão.

“O que te faz pensar que você tem o direito de fazer isso, hein?”

“Fazer o que?” O garoto perguntou, olhando diretamente para ele desta vez. “Beijar sua pele?”

Alex revirou os olhos, tentando ao máximo parecer irritado quando tudo o que Xavier fazia realmente o acalmava. Xavier soltou uma risada em vez disso.

“Eu pensei que as pessoas ficariam mais intimas depois do sexo.” Ele respondeu com indiferença. Essa foi a deixa de Alex para corar, esperando ficar invisível e desaparecer no sofá. Ele achava que era uma pessoa bastante direta antes, mas certamente não havia conhecido Xavier Sharpe na época.

O garoto achou divertido porque ele riu e decidiu continuar envergonhando Alex ainda mais. “O quê? Você é tímido, não é Alex?”

Tímido? Ele não era um adolescente com o coração batendo rápido, mordendo os lábios enquanto um certo belo aluno passava pelo corredor. Ele era Alexander William Webber pelo amor de Deus.

“Eu não sou, ok? Pare com isso!”

“O quê? Você não quer falar sobre isso?”

“Não há nada para falar.”

“Sobre como fizemos amor esta manhã.” Disse Xavier, provocando-o, enunciando a palavra ‘amor’ de forma repugnante antes de franzir os próprios lábios, beijando o ar vazio. Só para constar, ninguém nunca disse ‘fazer amor’ para substituir o termo ‘sexo’, e certamente não duas pessoas que fizeram isso por causa da estridência da situação (ou pelo menos era o que ele vinha dizendo a si mesmo sobre o que quer que fosse que eles tenham feito essa manhã). Alex certamente já estava farto disso, pois rapidamente se levantou, fazendo com que Xavier caísse do sofá em direção ao chão.

“Ow Alex, você é mau!” Disse o garoto, esfregando a cabeça dolorida. “Eu não cuidei bem de você está manhã? Eu até mesmo obedeci a você quando você quis ir mais rápido. O quê? Você está pedindo um boquete também agora, então você ficará satisfeito?”

Ele realmente considerou atropelar Xavier mais uma vez. Não uma, mas duas vezes. Três vezes se fosse necessário.

“Primeiro, sim, eu sou mau. Está no meu sangue. Segundo, eu não disse nada sobre ir mais rápido.”

E verdade seja dita, ele não queria pensar remotamente ou se lembrar de nada sobre o sexo, se pudesse. Ele preferia guardar aquilo no fundo de sua mente, esquecido, fingindo que tal coisa jamais havia acontecido. Ele certamente não fez sexo com Xavier, mesmo tenha sido o melhor sexo que ele já teve em seus últimos vinte e cinco anos de vida.

“Então cale a boca.”

Xavier sorriu, sentando no chão de pernas cruzadas.

“Mas você ainda quer o boquete, hein?”

O garoto certamente podia ler sua mente mesmo quando ele não podia.

━━━━━━━✦✗✦━━━━━━━

Alguma coisa mudou.

Algo mudou, porque ele adormeceu e não percebeu. Algo mudou porque Alex estava atrás do volante novamente. Sua dor de cabeça era agonizante e ele definitivamente estava indo rápido demais para a rua. Ele não podia se culpar, porque queria ir para casa o mais rápido que pudesse. Havia o cheiro de álcool no ar e cada farol não fazia nada além de fazer seus olhos embaçarem. Suas palmas suavam e seu coração batia forte. Só um pouco mais. Só mais um pouco e ele estaria em casa. Ele conhecia a rua muito bem e sabia que havia um cruzamento na frente, aquele pelo qual ele tinha que passar toda vez que tinha que chegar ao seu próprio apartamento. À distancia, ele podia ver que a luz estava verde. Estaria vermelha quando ele conseguisse alcança-lo, então ele praticamente fazia o que uma pessoa faria em uma rua tão vazia às três da manhã. Ele pisou no acelerador com ainda mais força e o carro se moveu para frente, mais rápido do que nunca.

Foi quando sua dor de cabeça o atingiu novamente, como uma pessoa batendo com um martelo em sua cabeça. Alex gemeu, fechando os olhos por alguns segundos, tirando uma das mãos do volante para massagear a testa. Foi algo que ele fez por apenas uma fração de segundo, mas no momento em que abriu os olhos, pôde ver alguém parado bem na frente de seu carro, as luzes atingindo a figura. Não demorou muito para ele registrar quem poderia ser, apenas para perceber que realmente havia alguém parado na frente de seu carro com os olhos arregalados, aparentemente tão surpreso quanto ele. A essa altura, era tarde demais para pisar no freio e, estranhamente, ele nem tentou. O carro continuou andando e a figura foi jogada da estrada em direção ao vidro de seu próprio carro antes de rolar em direção ao teto e desaparecer de vista.

Ele não conseguia processar o que havia acontecido, sua mente simplesmente ficou em branco. Ele acabou de bater em alguém, não foi? E foi então que resolveu pisar no freio, o carro finalmente parou. Seu coração estava batendo forte e sua mente finalmente começou a processar toda a situação. Antes que ele percebesse, Alex tinha saído de seu carro. Ele não se importava em ter o carro parado no meio da rua. Ele apenas se virou, olhando para a figura caída no asfalto frio alguns metros atrás, imóvel.

Algo afundou dentro dele. Seu estômago se apertou e seu coração batia como um louco. Metade de sua mente dizendo para ele voltar para o carro e ir embora. A outra metade dizendo para ele dar um passo à frente, testemunhando o que ele acabou de fazer. Seus pés concordaram com o último, dando passos gaguejantes em direção ao corpo. A cada segundo que se aproximava, ele esperava que quem quer que fosse se movesse, agitasse as mãos, até mesmo o xingasse, fazendo um som pelo qual ficaria grato, mesmo que fosse apenas um gemido. Infelizmente, a única coisa que ele podia ouvir era sua respiração ofegante. Sim, não havia ninguém ali que respirasse além dele mesmo.

Ele se aproximou e lentamente pôde ver a figura, tornando-se cada vez mais visível aos seus olhos. De relance, ele pôde ver que era um garoto. Sua cabeça estava virada para Alex não poder ver o rosto. A perna direita estava torcida em um ângulo estranho e ele tentou desviar os olhos dela quando viu uma mancha de sangue e algo branco e protuberante, rasgando o jeans por baixo. Ele sentiu como se estivesse prestes a vomitar.

"E-ei, e-você está bem?"

Sua voz tremeu e seus dedos também. Não, o garoto ainda estava vivo. Ele deveria chamar uma ambulância. Talvez até mesmo levar o garoto o até o carro e levado até o hospital mais próximo.

"E-ei f-fale comigo."

Alex se aproximou, praticamente parado na frente do corpo. Ele ainda não conseguia ver o rosto do garoto. Ele deu mais um passo, contornando o corpo, tentando olhar mais de perto, esperando encontrar um rosto se contorcendo de dor, abrindo e fechando os olhos, dando indícios de estar vivo.

Isso foi até que ele percebeu que conhecia o rosto. As bochechas. Aqueles olhos verdes, aqueles que desapareciam quando o garoto sorria. No entanto, agora aqueles olhos estavam arregalados, olhando fixamente para ele. A boca do garoto estava entreaberta, manchas de sangue pingando do canto.

Alex caiu de joelhos, sentindo o asfalto duro embaixo dele. Isso foi o que ele fez. Esta era sua obra de arte, algo que ele havia feito com suas próprias mãos. Era a mão no volante e os pés no freio. Ele acabou de bater em Xavier Sharpe e o garoto já estava morto.

"Não, não, eu não-"

Mas ele fez e não havia como negar. Alex enterrou o rosto na palma da mão. Ele apenas caiu em cima do garoto. O sangue no farol traseiro e no teto do carro provariam tudo. Não havia como negar que ele era-,

"-um assassino."

Alex congelou. Quem acabou de dizer isso? Havia uma voz, sussurrando para ele. Uma voz, no entanto, e ele não a estava imaginando. Ele lentamente tirou a mão, os dedos tremendo. Ele esperava por uma voz, não é? Esperando que a dele não fosse a única? Seus olhos trabalharam lentamente em direção à figura de Xavier. Seu coração passou de bater como um louco para uma parada completa.

O garoto ainda estava deitado imóvel, mas tinha os dois olhos abertos, encarando-o de uma maneira diferente. O olhar era acusador e aterrorizante. Ele esperava um sinal de vida. Um olho aberto poderia facilmente lhe dar isso, mas não havia nada que parecesse vivo naqueles olhos. Não havia nenhuma expressão, nada de um Xavier que ele conhecesse. A borda da boca do garoto, aquela que tinha sangue pingando lentamente dela, moveu-se, formando palavras que soaram estranhas ao seu ouvido. Xavier moveu os lábios, mas Alex sabia que não era sinal de que ele estava vivo. Não era prova de que o garoto estava vivo, pois o aterrorizava mais do que o aliviava.

A voz que saiu era rouca e nada humana. Foi gaguejado e áspero. Não era Xavier. O garoto estava morto. Não havia dúvida sobre isso. Xavier agora não lhe dava conforto. Isso o aterrorizou ainda mais.

"V-você me-matou", a boca falou.

Nesse momento ele nem percebeu as lágrimas escorrendo de seus olhos.

"N-não e-,"

Ele queria dizer que não quis dizer isso. Ele estava simplesmente com dor de cabeça ou bebendo demais. Ele sabia que deveria ter pisado no freio, mas não queria ser um assassino. Ele nunca quis-,

"V-você-é um a-assassino."

 

 

"Pare com isso!"

Ele estava gritando. Ele se debateu, agarrando seu próprio cabelo, sentindo o crânio rachar sob seu toque. Ele sentiu seu coração bater como um louco. Sua camiseta estava encharcada de seu próprio suor. Este sentimento não era estranho. Ele começou a perceber como era um ataque de pânico, isso e a simples explicação de que ele estava simplesmente tendo um pesadelo.

Ainda assim, a única coisa que sua mente podia processar agora era a ausência de Xavier. A sala estava escura como breu, a noite havia caído e a única coisa que iluminava seu apartamento era a luz fraca que entrava pelas cortinas. Ele acabou de adormecer de novo, não foi? Então, onde estava Xavier agora? O garoto ficaria bem, não é? Não era como se ele realmente tivesse atropelado o garoto. Não, foi simplesmente um sonho.

"Xavier?!" ele gritou.

Ele adormeceu no sofá novamente e Xavier não estava em lugar nenhum, exatamente como ele se lembrava ontem. A sala já estava escura e ele realmente não se importou em dar uma olhada no relógio. Ele rapidamente se levantou, tentando encontrar o garoto. Suas pernas estavam bambas e ele deveria ter pensado melhor quando tropeçou e caiu no chão em seu terceiro passo.

O som dele batendo no chão provavelmente foi o que chamou a atenção de Xavier, pois ele ouviu outro passo, vindo de seu quarto. Xavier estava em seu quarto? O que o garoto estava fazendo ali?

"Alex! Você está bem?" Ele ouviu quando Xavier veio, agachando no chão bem na frente dele. O garoto o envolveu com as mãos antes de erguê-lo, ajudando-o a subir no sofá novamente. "O que aconteceu?"

Nada, na verdade. Apenas um sonho. Um realmente horrível. Alex tentou o seu melhor para recuperar o fôlego e Xavier apenas sentou-se ao lado dele, acariciando suas próprias costas lentamente. Quando finalmente o fez, Alex virou a cabeça, tentando dar uma olhada em Xavier.

O cabelo do garoto estava um pouco úmido. Ele provavelmente apenas tomou um banho, explicando assim por que ele estava em seu quarto. Xavier estava olhando para ele preocupado, as sobrancelhas franzidas, mordendo os próprios lábios. Era totalmente diferente do Xavier que ele viu naquele sonho, deitado na fria rua de asfalto. Não, esse era o verdadeiro Xavier, o garoto que estava sentado bem na frente dele.

"Você está aqui..." Ele sussurrou, agarrando o ombro de Xavier com força.

"Sim, estou." Disse o garoto, dando-lhe segurança.

Este era Xavier, o garoto que o confortava com um simples toque de mão. Este foi o garoto que lhe garantiu que estava bem, que estava realmente são.

"Mas você não estava—" Disse ele, enxugando os olhos com as costas da palma da mão. Seus olhos estavam úmidos. Ele realmente chorou? "Eu acordo e você não estava aqui."

"Me desculpe, eu só—" O garoto parecia culpado como se tivesse cometido um crime grave. Xavier estendeu a mão e se moveu em direção a Alex, afastando sua franja bagunçada para que não entrasse em seus olhos. Fazia tanto tempo desde a última vez que ele cortou o cabelo. Ele começava a incomodá-lo agora. "Você parece tão assustado. O que aconteceu, Alex?"

Ele engoliu em seco. Ele não queria falar sobre isso, optando por deixar de lado tão fácil quanto isso. Ele poderia facilmente fazer isso com as palavras de Scott e aqueles sussurros horríveis. Ele poderia esquecê-los. No entanto, esse pesadelo não era o mesmo caso. Talvez porque fosse Xavier. Ver o garoto morto o aterrorizava mais do que o telefone. Então, novamente, a razão pela qual ele poderia esquecer todos eles era Xavier. Ele poderia fazer isso enquanto o garoto estivesse por perto. E só quando o garoto estava por perto ele também conseguia dormir o que tanto desejava.

"Você está bem. Você está perfeitamente bem", disse Xavier, agarrando seu pulso esquerdo novamente.

Alex percebeu que nem precisava ouvir aquelas palavras sendo ditas de seus lábios novamente. Alguém já fez isso por ele e assim ele agarrou as palavras desesperadamente, percebendo como estava desesperado por tal segurança. Ele nunca poderia entender isso, mas todos os problemas que ele tinha sempre acabavam com esse certo garoto. Xavier parecia a gravidade, puxando-o para perto e apertado. Todo esse tempo ele sentiu como se estivesse flutuando entre os dois mundos. Com o garoto por perto, ele lembrou que ainda podia andar muito bem. Ele era uma coisa boa, assim como Scott havia dito.

“Estou aqui, Alex.”

Ele estava lá, a coisa mais real que ele poderia pedir, um lembrete de que Alex Webber ainda estava são.

 Alex Webber estava bem.

Ele estava perfeitamente bem.

E essa foi praticamente a deixa de Alex para avançar, seus lábios contra os do garoto. Ele certamente se odiaria depois disso, mas tudo o que sua mente conseguia pensar era o quão fácil Xavier poderia tirar seu medo e como ele esperava que ele fizesse o mesmo agora. Ele era o único carente agora, sendo aquele cuja língua rapidamente se lançava contra os lábios do outro, persuadindo Xavier a abrir a boca. Ele sem dúvida iria acordar com arrependimentos na boca do estômago, porque era ele quem já estava com os dedos escorregando por trás da camisa de Xavier (sua camisa que o garoto pegou emprestado, na verdade), agarrando o abdômen esculpido do garoto. Ele não teve muito tempo para hipnotizar sobre o que o pirralho escondia debaixo daquela camisa, mas pelo menos ele tinha todo o tempo que precisava agora.

"Eu preciso de você." Alex sussurrou quando quebrou o beijo e foi em direção ao pescoço de Xavier, beijando e mordendo a pele sensível ali, esperando arrancar um gemido do garoto. Xavier se contorceu sob seu toque, mas ele não o afastou. Ele colocou a mão em seu pulso esquerdo como sempre e Alex copiou sua ação, alcançando o próprio pulso do garoto, sentindo a mesma cicatriz idêntica sob seus dedos quando ele selou seus lábios novamente. Foi quando ele passou os dedos contra a mão do garoto que sentiu algo estranho, linhas verticais e algo úmido contra seu toque. Ele curvou a sobrancelha, querendo perguntar, mas os dentes de Xavier raspando seus lábios o fizeram esquecer o que era respirar, muito menos pensar.

"Estou aqui." Xavier repetiu suas palavras, aparentemente sem fôlego.

Alex aproveitou a oportunidade para tirar a camisa de Xavier antes de fazer o mesmo com a dele. Xavier assumiu a liderança então, tendo seus lábios no pescoço de Alex antes de trilhar beijos por seu torso. Ele queria que Xavier gemesse mais alto sob seu toque, mas foi ele quem fez enquanto Xavier chupou seu mamilo enquanto suas mãos tocavam o outro.

Xavier continuou beijando seu torso antes que a bainha de sua calça o impedisse de fazê-lo.

"Acho que você ainda quer o boquete, Alex?" Xavier disse, provocando-o enquanto puxava para baixo as calças de Alex com um golpe rápido e o forçou a abrir bem as pernas. O bom de ficar trancado em casa o dia todo era a falta de obrigação de vestir uma calça decente, livrando-o assim de uma coisa tão incômoda como um zíper.

“Cale a boca.” Alex sibilou.

Ele certamente se arrependeria disso. Cada fibra de seu corpo gritava por isso, lembrando-o de como deveria parar agora. Isso era uma coisa ruim, eles disseram. Isso era tão ruim quanto abrir a mão. Isso era fugir. Uma solução permanente não era ter um pau enfiado na sua bunda. Era fazer terapia e tomar remédios. Era conversar com alguém decente, alguém formado em psicologia ou medicina. Isso certamente não iria ajudar—

“Ah, porra, Xavier!”

Foda-se tudo isso, disseram os hormônios. Foda-se ter uma explicação lógica em sua cabeça quando você tem uma boca em volta do seu pau. Alex enterrou a mão no cabelo de Xavier, puxando-o enquanto o garoto abaixava a cabeça. O garoto estava atualmente ajoelhado em frente ao sofá enquanto Alex estava sentado em cima dele, com as pernas bem abertas. Ele sentiu o mesmo fogo, borbulhando na boca do estômago. A boca de Xavier estava quente e cada pedaço de pecado que seria.

O garoto moveu a boca para cima e para baixo em seu comprimento, balançando a cabeça em um ritmo lento, deslizando a língua na ponta com os dedos segurando o eixo, bombeando em um ritmo constante. Foi quando ele curvou sua bochecha que Alex empinou seus quadris sem que ele percebesse. O garoto soltou um pequeno engasgo antes de deslizar sua boca com um estalo fraco. Ele passou a beijar a parte interna da coxa antes de voltar para o pescoço, refazendo a marca que havia deixado.

Rosas estavam florescendo contra sua pele, assim como o sangue uma vez pintou antes.

Isso era o que ele precisava, sua mente continuava lhe dizendo isso. Este era o sentimento dele. Este era ele se sentindo melhor. Xavier era como uma droga e Alex não conseguia o suficiente dele. Algo em sua mente lhe disse o quão ruim isso era. Isso não era diferente de enfiar uma seringa em seu braço, sendo um drogado estúpido e patético que ele abominava. Ele definitivamente se arrependeria disso, a mesma voz continuava repetindo.

Mas, novamente, seu corpo disse que ele definitivamente não faria isso, especialmente com Xavier sentado em seu colo e se esfregado contra ele. A textura áspera das calças do garoto contra sua pele era desconfortável, ele se encarregou de puxar as calças do garoto até os joelhos quando os mesmos lábios estavam sobre os seus mais uma vez. Xavier sorriu contra sua boca e Alex sentiu vontade de dizer ao pirralho para calar a boca mais uma vez.

Xavier passou o braço esquerdo em volta do pescoço de Alex, tentando ganhar equilíbrio enquanto guiava os dedos dele em direção à sua boca, revestindo seu dedo indicador e médio com sua língua quente e úmida. O estômago de Alex apertou, embora ele soubesse que preferia ter a boca de Xavier em volta de seu pau dolorido do que seus meros dedos. Isso foi até que Xavier guiou os dedos em direção à abertura, disparando na borda. Ele pensou em perguntar, em dizer qualquer coisa ou ficar preocupado, mas como sempre Xavier tinha lido sua mente primeiro, pois ele sussurrou um suave, “Não se preocupe” contra seu ouvido enquanto ele colocava o dedo de Alex dentro dele.

O corpo de Xavier ficou tenso quando Alex inseriu um dedo. O garoto estava com a cabeça apoiada na curva do pescoço de Alex, seu hálito quente causando arrepios na espinha. Quando ele deu um pequeno mas evidente aceno de cabeça para Alex, ele tentou mover o dedo, imitando a ação de Xavier como havia feito ontem. Ele se moveu lentamente, com medo de machucar o garoto, quando Xavier moveu seus quadris em seguida. Foi uma dica suficiente para Alex mover o dedo mais rápido e certo quando o enrolou experimentalmente, Xavier arqueou o corpo contra Alex, um pequeno gemido escapando de seus lábios.

"Mais."

O fato de Xavier só precisar falar uma sílaba o fez rosnar. Ele puxou o dedo apenas para adicionar o segundo, acertando o mesmo ponto que fez Xavier arranhar as unhas nas costas. A mão de Xavier foi para seus pênis vazando, bombeando-os juntos. A pele sobre a pele, as unhas de Xavier rasgando suas costas, a boca do garoto pintando seu pescoço e seus dedos quentes dentro de Xavier já eram demais. Ambos estavam impacientes, ao que parecia, porque Xavier havia levantado os quadris, deixando Alex deslizar seus próprios dedos para fora do garoto antes de alinhar seu pênis contra sua entrada.

Ele não precisava de um terceiro dedo ou de Alex indo gentilmente, porque o garoto tinha batido seus quadris contra seu pênis. Ambos gostavam de dor, ao que parecia, porque Xavier cerrou os olhos com força com os dedos cravados no ombro de Alex. No entanto, ele gostou, como a sensação de Xavier passando o dedo em suas costas, tratando seu corpo como uma tela e cada hematoma que ele plantou não passava de uma pequena parte de uma pintura maior, algo que ficaria lindo para os olhos verem. Foi praticamente a razão pela qual Alex gemeu descaradamente alto quando o garoto mordeu seu pescoço, as mãos segurando firmemente contra seu pulso esquerdo enquanto a outra arranhava suas costas.

Xavier moveu seus quadris para cima e para baixo, batendo sua bunda contra Alex. Ele tentou encontrar o mesmo ponto novamente, acertando a próstata de Xavier com força. Ele adorou a sequência de gemidos e ganidos saindo dos lábios de Xavier quando o garoto levantou a cabeça para trás, expondo o pescoço, o tempo todo com as mãos segurando o ombro de Alex com força, ele não ficaria surpreso ao encontrá-lo machucado mais tarde. Alex atacou seu pescoço exposto dessa vez, retribuindo o favor e dessa vez foi o nome de Alex que escapou da boca do garoto.

Xavier estava apertado e todo o seu corpo parecia em chamas. Ambos balançavam os quadris implacavelmente, tentando obter o alívio de que precisavam desesperadamente. Xavier estava fechado, pois o garoto tirou a mão do pulso de Alex, apenas para alcançar a mão do mais velho e guiá-la em direção ao seu pênis vazando, pedindo para que o mais velho o tocasse. Foi esse tipo de pequeno gesto que o fez perder o controle, esquecendo-se de tudo, menos do hálito quente contra o seu. Xavier estava perto. Ele sabia disso, porque o garoto moveu seus quadris ainda mais rápido, lábios fantasmagóricos contra o ombro de Alex com as mãos para trás no pulso que certamente nunca cicatrizariam agora.

Foram algumas estocadas rápidas e Alex empurrando seus quadris para cima quando Xavier finalmente gozou em sua mão, os dentes se enterrando contra o ombro de Alex com tanta força que provavelmente sangrou. Não seria a única parte dele que o faria, porque Xavier havia cravado as unhas no pulso ferido de Alex também, ele podia até sentir o sangue estourando, escorrendo por sua pele. Foi estranhamente a dor que fez Alex perder tudo, o fez ver tudo em branco, apesar do fato de que sua sala de estar estava totalmente escura agora, que o fez gozar com tanta força dentro de Xavier, corpo tremendo e tremendo enquanto seu orgasmo tomava conta de tudo. dele.

O corpo de Xavier caiu contra o dele, a cabeça apoiada na curva de seu pescoço. Nenhum dos dois se mexeu por um momento, tentando recuperar o fôlego, antes que Xavier passasse a mão pelo pescoço de Alex, puxando-o para deitar o corpo no sofá.

Alex encostou a cabeça no sofá, deitado de lado, encarando Xavier a sua frente. Ele iria se arrepender disso. Ele pensou que sim, mas curiosamente a culpa não caiu sobre ele como ele pensou que aconteceria. Em vez disso, ele sentiu a mesma coisa que sentiu ontem. Tudo ficou claro. O relaxamento tomou conta dele como um vento quente acariciando sua bochecha ou ondas quebrando contra seus pés em um lindo dia de verão. A respiração que ele exalava não era uma simples necessidade ou um vento oco passando por seu corpo. O oxigênio não era apenas uma coisa que ele tomava como certa. Era algo que ele não conseguia o suficiente, um lembrete de como ele estava vivo. Cada respiração que ele dava transformava seu corpo em fogo. Isso provavelmente era o que era se sentir vivo. Não era apenas respirar ar, porque ele sabia que estava respirando Xavier agora.

O garoto ergueu a cabeça, tentando encontrar seus olhos.

"O que?"

Estava escuro, mas ele não precisava ver o garoto sorrindo para ele. Seu corpo parecia esgotado. Ele estava cansado, mas era o mais vivo. Isso não era amor, ele sabia disso, mas ao mesmo tempo certamente sabia que não poderia simplesmente obter esse sentimento maravilhoso com uma mera pessoa. Ele estava exausto, o corpo encharcado de suor, seus ossos pareciam quebrar. A pele em suas costas ardia dos arranhões que Xavier deixou com os dedos e também no o pulso. Especialmente seu pulso. Ele estranhamente não podia esperar para ver que tipo de obra-prima o garoto havia feito em cima dele.

Ele era uma bela pintura? O vermelho em sua pele pálida floresceu como uma rosa, vermelho sangue, com seu espinho afiado e espetado? Os olhos se maravilhariam com sua beleza?

“Você é lindo, Alex.” Xavier disse, lendo sua mente novamente.

Xavier alcançou o pulso de Alex novamente e o tocou. Ele passou seus próprios dedos contra a pele, sentindo a umidade do sangue em cima de suas velhas cicatrizes. Xavier trouxe seu pulso novamente seus lábios novamente, beijando o sangue.

“Está sangrando de novo.” Disse o garoto.

“Nunca vai sarar por sua causa.” Alex disse, deixando escapar uma pequena risada.

Xavier suspirou, dando um último beijo na ferida antes de sentir o olhar de Alex repousar sobre ele novamente.

"Essa é a primeira vez que você ri." Disse ele.

Ele fez? Ele não ria há muito tempo, ele até havia esquecido como soava. Nem sorrir, porque ele tinha certeza de que não tinha feito um que não fosse condescendente. Ainda assim, Xavier teve que mencionar isso, é claro.

“Mas eu não vi você sorrir, Alex.” Ele disse.

Alex zombou.

"Você nunca vai ver."

E ele sempre soube. Ele estava vivo e podia sentir tudo. Era a única coisa que ele definitivamente podia. Ele não precisava ver Xavier sorrindo, porque já podia sentir.

“Mas você está sorrindo agora, não está, Alex?”

E talvez não fosse apenas Alex sentindo coisas. Foi Xavier quem fez também. O garoto podia senti-lo tanto quanto podia sentir Xavier de volta.

E claro, ele não precisava responder isso, porque o garoto já podia ler sua mente.

Porque ele sorriu, ali mesmo na escuridão com Xavier na frente dele. Pela primeira vez desde sempre, Alex Webber apenas sorriu e Xavier Sharpe não precisou da luz para ver isso.


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