Caminho do bushido escrita por elda
O sol quente deixava o horizonte embaçado, a terra pelava por mais que estivesse calçado. O corpo mole desejando um copo d’água num lugar que só havia a estrada. A mata ao lado o incitava para que entrasse e ficasse protegido na sombra das árvores e quem sabe achasse um lago, mas teimava em passar pelo caminho mais difícil.
Sanji vinha atrás observando os passos de Zoro, analisando-o com os olhos azuis, pensando que ele sempre foi muito cabeça-dura. Não entendia por que Zoro via tantos significados numa ação ou palavra. Perseverança era importante, promessa? Nem se fala. Era tão puro e ingênuo. Seus olhos emanavam doçura, por mais justo que fosse.
Cabia, então, a Sanji, ser o desvirtuoso.
Resolveu correr até o marimo, ainda que se sentisse igualmente cansado.
Não passava nenhuma carroça para servir de tentação, quem sabe o largasse caso alguém lhe desse uma carona. Não, nem se fosse uma mulher pelada lhe faria parar de seguir aquele desgraçado.
Finalmente alcançou o ritmo de Zoro e tocou em seu ombro.
— Marimo, vamos pela floresta...
Zoro fez um movimento brusco no ombro, como se pudesse gastar energia à toa, e a mão de Sanji se desprendeu com facilidade.
Não disse nada, Sanji parou os passos puto e mais uma vez passou na sua mente em largá-lo. Mas na verdade foi tomado por uma raiva que não soube dizer de onde tirou força.
— Não me ignore! — Deu um chute no marimo que caiu de joelhos no chão.
Zoro se enfureceu e se virou para agarrar no braço de Sanji. — Me deixa em paz, porra!! — Deu um empurrão depois de soltá-lo e voltou a seguir no caminho.
Sanji estalou a língua e percebeu naquele momento como as costas do marimo estavam cheias de cicatrizes. Idiota, sempre se machucando descuidadamente como se ninguém se importasse.
— Eu me importo!! — Gritou e resolveu se jogar em cima de Zoro, passando a brigar feito dois pirralhos.
— Que merda, cozinheiro, por que você sempre está nesse sonho idiota?
Zoro imobilizava os braços de Sanji enquanto o mantinha sob seu corpo.
— Aquele quadrinho... — Gemeu com dor e Zoro resolveu tirar um pouco do peso de seu corpo. — Aquele quadrinho idiota... o herói não está sozinho.
Zoro revirou os olhos e se levantou com dificuldade, ainda arfava por conta da briga e tinha o calor que não ajudava. — E quem disse que você é meu companheiro? Volte.
Assim que ele deu as costas, Sanji cravou os dentes num dos seus coturnos para impedi-lo de partir.
— O que é isso? Virou zumbi? — Perguntou e Sanji lhe respondeu, mas não entendeu nada por conta dos dentes cravados na bota. — Não entendi.
Sanji lhe soltou e cuspiu o gosto que ficou na boca, depois se levantou do chão. — A única vez que fiz isso foi para um velhote que me deu as costas.
— E o que tem? — Perguntou curioso e Sanji notou seu interesse.
— Ele ficou. — Respondeu. — Ficou na minha vida. Não foi embora.
— Por que você quer fazer parte disso?
— Eu já não disse que me importo?
— Não quer passar na minha frente?
— É tentador, mas acho que já tá bom ficar ao seu lado.
Zoro riu e voltou a andar. — Seria horrível ver alguma cicatriz nesse rosto bonitinho.
Sanji pensou se estava delirando por conta do sol ou se ouvira aquilo mesmo. — O que disse?!
Zoro parou os passos e olhou por cima do ombro. — Pensei que você estaria do meu lado.
De fato, ainda continuava atrás. Sanji se apressou e não quis mais saber de outra coisa, além de permanecer ao lado do espadachim.
Começou a chover.
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