Melodrama escrita por elda


Capítulo 1
único




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Os meninos estavam reunidos no quarto de Zoro conversando sobre os clubes e alguns desenhos animados. Usopp era o que mais falava, sentado no chão e ao seu lado estava Luffy, deitado com a barriga no tapete, enquanto balançava as pernas finas no ar. Zoro estava na cama de solteiro e não prestava muita atenção, porque se lembrava de que um tal de sobrancelha enrolada não estava ali. 

— Aquele Kid é muito estranho. — Comentou Usopp ao se lembrar de algo que aconteceu no seu clube aquele dia. 

— Kid? — Luffy precisou pensar um pouco para se lembrar da pessoa. — O que tem ele? 

— Bem, meu clube de artes está com risco de fechar por falta de membr- — Parou porque viu Luffy mexendo na sua mochila. — Já disse que não tenho comida! 

Luffy fez um bico e olhou para Zoro. — Você tem visitas. — Alfinetou numa tentativa de que o esverdeado preparasse algo. 

Zoro enrugou a testa e resolveu se levantar deixando os outros dois comemorando felizes da vida. Antes de sair do quarto, ouviu Luffy se queixar que Sanji fazia falta nessas horas. Sanji era o rapaz da sobrancelha enrolada e que sabia cozinhar muito bem, portanto, sempre preparava lanches ou petiscos para seus amigos. Mas, naquela noite, ele se preparava para sua viagem à França. 

“Idiota...” — Pensou Zoro, enquanto chegava na conclusão de que não havia jeito. Teria que mandar aquele seu orgulho idiota para o inferno se quisesse vê-lo por mais uma noite. 

— Zoro, você está saindo? E seus amigos? — Perguntou o pai, saindo da cozinha e se encontrando com o filho no hall da sala, vestindo seus tênis. 

— Já volto e eles não vão roubar alguma coisa. 

— Não era isso que eu estava dizendo... 

Zoro andava pelas ruas do subúrbio em que morava, mas parou ao ver um cartaz no poste. Era mais um dos pôsteres da cantora que viria na cidade. Ele gostava de uma música dela, porque ela tocou quando beijou Sanji pela primeira vez. 

Não entendia direito, mas estava constrangido. Afinal, colocar trilha sonora no momento do beijo era algo bem brega, mas Sanji disse que era necessário se quisesse que fosse eterno. 

“Aposto que hoje ele também acha isso uma palhaçada.” 

E como assim "eterno" se nem ao menos namoravam?

Sentiu-se arrependido de não ter trazido Usopp ou Luffy para mostrar o caminho, estava tão perdido que já havia admitido. Parou para respirar um pouco, enquanto amaldiçoava as ruas por serem todas iguais — talvez não tão admitido assim quando culpava as pobres ruelas. 

— Marimo? 

Olhou para trás e viu Sanji, pensou que só podia ser sorte. 

— Cozinheiro? O que faz aqui? 

— Indo pra sua casa. — Ergueu a sacola que levava consigo, provavelmente tinha alguns ingredientes. — Luffy me mandou uma mensagem de que você se perdeu no caminho do quarto para cozinha e que precisava comer urgentemente. — Levantou o queixo com um ar zombeteiro. — Olha, eu duvidei, mas não é que você se perdeu mesmo? 

— Idiota!! Estava indo pra sua casa!! 

Sanji piscou os olhos. — Ham? Você ia me ver? 

Só com essa pergunta que Zoro pensou no que disse, havia prometido a Sanji de que não o veria nunca mais, contudo, acabara de confessar o total oposto.   

Por mais perfeita que fosse a oportunidade, Sanji não caçoou do marimo, apenas deu um sorriso singelo, enquanto o observava mais vermelho que um tomate. Era engraçado um homem daquele tamanho ficar envergonhado, Sanji tinha certeza que só ele via essa faceta de Zoro, que era sempre visto como desleixado e até mesmo um delinquente. 

Zoro se tranquilizou com o sorriso de Sanji e resolveu se abrir. — Eu queria mesmo te ver... eu tava pensando em te fazer uma pergunta... 

— É? Qual? 

Zoro estava focado em fazer Sanji ter uma boa viagem e uma vida totalmente inédita. Ele queria muito que Sanji esquecesse aquela cidade, a música idiota, os folgados do Usopp e do Luffy — o que raios Luffy tinha na cabeça pra tirar Sanji de casa quando precisava se arrumar? — e principalmente dele. Notou pingos caírem no asfalto da rua, mas Zoro tinha certeza que não choveria. Não demorou para entender de que estava chorando. 

“Que brega...” 

Não queria que a despedida fosse um melodrama que nem daqueles filmes idiotas que Sanji gostava tanto de ver. 

— Marimo? 

Sanji deu alguns passos, mas Zoro se afastou e depois enxugou o rosto com o antebraço. 

— Você quer namorar comigo?! — Exclamou com os punhos cerrados de tão determinado. 

Ok, por essa Sanji não esperava. Ficou congelado por três bons minutos enquanto balbuciava algo que não saía. Respirou fundo, mas começou a chorar. 

— Sobrancelhas? 

— Eu queria estar no show dela com você... 

Zoro se lembrou do cartaz, se aproximou e pegou na mão de Sanji. — Vamos nos sentar. 

Ao lado da rua havia uma árvore com grama no solo e um banco para se sentar. Zoro pegou seus fones e seu celular. 

— Não lembro o nome da infeliz. 

Sanji limpou o rosto na manga do casaco. — Não fale de uma dama assim, idiota. — Zoro estava chocado que o chorão se irritou com isso até num momento como aquele, cavalheirismo tem limites. — All is full of love. 

Cada um pegou um fone e ouviram a música de mãos dadas. 

— A música fica horrível com um fone só. — Comentou Sanji, nem um pouco preocupado de estragar aquele momento meloso, e Zoro direcionou seus olhos castanhos para os azuis. 

— E quanto a resposta da minha pergunta? 

Sanji corou e desviou o olhar. — Sim, eu quero namorar contigo. 

Zoro sorriu e deu um beijo na sua testa, sentindo os fios macios do seu cabelo loiro, roçou o nariz no seu e terminou beijando os seus lábios. 

A música parou de tocar. 


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