Bitter Sweet Symphony escrita por Lyra


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

A fanfiction passa depois dos eventos do primeiro livro de HOLD THE LINE. Porém não é necessário ter lido a história para compreender a fanfiction.



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POR MAIS QUE O OLHAR DE LOUISE estivesse fixo sobre o melhor amigo, ela era incapaz de prestar atenção em suas instruções faladas enquanto o assistia com encanto escorregar os dedos de maneira ágil sobre o braço da guitarra, tocando com maestria a canção "Starman" do David Bowie, seu cantor favorito por quem nutria amor profundo. Mesmo tendo o assistido diversas vezes realizando seus solos de guitarra durante os covers de metal pesado com a Corroded Coffin, banda da qual era líder e Lola costumava assistir quase todos os shows desde que ficaram mais próximos, vê-lo executar uma de suas canções favoritas faziam sensações estranhas a ao mesmo tempo prazerosas ocorrerem na boca do estômago, principalmente quando o rapaz deixou claro que havia aprendido os acordes especialmente para ocasião.

Desde o momento que Eddie descobriu sobre a estranha lista de desejo que a adolescente possuía, ele estava determinado em ajuda-la realizar cada um dos quatrocentos e cinco itens independente do grau de dificuldade. Obviamente dando início pelos tópicos mais fáceis de serem feitos e estavam no alcance de suas mãos, sendo um desses objetivos aprender a tocar um instrumento musical. Unindo o útil ao agradável, ele não hesitou em se oferecer como professor, aproveitando a oportunidade perfeita para juntar suas duas paixões em um único lugar, sua tão estimada guitarra e a adolescente.

O brilho cheio de fascínio dentro dos olhos de Louise não passaram batido pelo metaleiro quando ele ergueu a cabeça para inspecionar se ela prestava atenção em suas instruções, o fazendo sorrir com misto de doçura e orgulho, ficando ainda mais deslumbrado com a melhor amiga enquanto sentia o coração bater acelerado. Achava impressionante como a menina conseguia despertar sentimentos dentro dele que só havia sentido quando descobriu prazer pela música, além de outros nem um pouco ortodoxos de serem ditos em voz alta.

— Entendeu Louise? — Perguntou Eddie ao finalizar a música, fazendo com que a menina saísse do transe.

— Hum? — Louise murmurou piscando os olhos algumas vezes sem compreender o questionamento que Eddie havia feito, torcia para que não tivesse sido uma pergunta muito elaborada. — Sim.

— Você realmente entendeu tudo o que falei? — Insistiu Eddie desconfiado e com seu típico tom de voz brincalhão.

Ela sentiu as bochechas ruborizarem ao notar que seus devaneios não haviam passado batido pelos olhos atentos do moreno, o qual se divertia com a situação e deixava o orgulho transparecer através do sorriso presunçoso.

— Partes — Mentiu Louise mordendo o canto interior dos lábios e desviando o olhar, torcendo para que assim ele não a pegasse na mentira. Infelizmente, ou felizmente, Eddie reconhecia todos os pequenos trejeitos que formavam a personalidade única da melhor amiga, sabendo dizer exatamente o que ela sentia em cada situação, incluindo suas mentiras.

— Tudo bem, sei que não sou o melhor professor — Ele gesticulou com uma das mãos em rendição, fazendo-a corar ainda mais por tê-lo feito duvidar de suas capacidades.

— Não, não é isso — Apressou Louise gesticulando para que Eddie não acreditasse em suas próprias palavras — É que é muita informação para absorver.

— Acho que devemos ir para a prática, então — Falou Eddie retirando a alça da guitarra do próprio pescoço.

No instante que percebeu quais seriam os próximos passos do melhor amigo, ela sentiu o coração bater ainda mais acelerado dentro do peito como se fosse saltar da caixa torácica. Estava sem acreditar de que ele, realmente, a deixaria colocar as mãos na sua tão estimada guitarra. Aquele objeto era o item mais precioso na vida do rapaz, sendo esse o grande amor de sua vida e que nenhuma outra pessoa ousava tocar, principalmente se não desejassem vê-lo no pior dos seus humores. Parte da menina sentia-se horada por carregar o instrumento em mãos, enquanto outra temia arruinar uma das poucas coisas boas existentes na vida caso o lado destrambelhado assumisse o controle.

— Ai meu Deus, Eddie — Sussurrou Louise nervosa quando o melhor amigo envolveu seus ombros com a alça do objeto.

Por algumas frações de segundos ela esqueceu completamente como respirava, contraindo os músculos do corpo quando Eddie se posicionou atrás dela no pequeno sofá de dois lugares do trailer, apoiando o queixo sobre seus ombros enquanto a abraçava firme, auxiliando na forma correta de segurar o objeto e pousando suas mãos sobre as dela.

— Relaxe, Lou. — Ordenou Eddie tenro, a voz rouca contra seus ouvidos fez com que os pelos do corpo dela arrepiarem e borboletas surgissem no abdômen, além de uma sensação quente subir por seu baixo ventre. Por mais que desejasse, relaxar era algo quase impossível quando o tinha tão próximo e seguro de si, esquecendo-se completamente de que fora as paredes de metal daquele trailer, em algum lugar de Hawkins, ainda tinha um namorado. — Como expliquei, existem seis cordas. — Ele guiou os dedos dela por entre cada uma delas, fazendo-a sentir a textura. — A mais grossa, em cima, é a sexta corda. E desce até a mais fina, que é a primeira.

— Aham... — Suspirou Louise fechando os olhos por alguns segundos.

— Isso é um Bd — Explicou colocando os dedos na posição correta.

— É difícil — Disse Lola sentindo o nó formar na garganta. Não sabia se explicar se a dificuldade estava no fato do acorde necessitar usar quase todos os dedos da mão ou o perfume inebriante do rapaz que invadia suas narinas devido a aproximação.

— Quer tocar as cordas enquanto eu faço os acordes? — Eddie perguntou sussurrando bem próximo a orelha, provocando-a propositalmente ao perceber que o ato a deixava completamente arrepiada.

Louise balançou a cabeça negativamente em movimento quase imperceptível, sabia que se aceitasse a proposta o contato corporal diminuiria, sendo essa a última coisa que desejava no momento. Ele a abraçava com segurança, firme, prensando seus corpos de forma como Jonathan nunca tentara durante os meses de relacionamento e estava amando aquilo. Lentamente ela virou a cabeça para o lado, estando prestes a dizer alguma coisa como resposta, mas as palavras falharam, permanecendo presas em sua garganta quando seus olhos se encontraram. Os rostos estavam tão próximos que os narizes quase tocavam, pela primeira vez ela notou no tom castanho dos olhos do melhor amigo, de como eram belos e combinavam perfeitamente com o próprio.

Enquanto os dela eram azuis quase acinzentados, belos e cheios de mistérios como a própria dona. Eddie recordava da primeira vez que os admirou diretamente em uma das suas visitas no cinema, ela havia surgido feito mágica em sua frente com a placa de treinee presa sobre o peito, seus olhos estavam repletos de fúria enquanto arrancava o cigarro dos seus lábios e o ameaça ferozmente sobre acender o objeto no recinto, atrapalhando o filme de todos a sua volta com a bronca. Naquele dia ele estava tão chapado que podia jurar ser capaz de vislumbrar as ondas do oceano quebrando dentro deles e depois desse evento uma nova NPC surgiu nas campanhas, a mais bela e irritante taverneira.

Era evidente que ambos estavam completamente hipnotizados com a aproximação, mantendo o contato visual como se estivessem tentando desvendar os segredos mais profundos de suas almas. Após alguns segundos que pareceram durar a eternidade Eddie desviou o olhar descendo diretamente para os lábios rosados da melhor amiga, os quais estavam sutilmente entreabertos. No momento que percebeu o direcionamento breve do olhar e as intenções implícitas do outros, ela levou a mão que tangia as cordas para o rosto do metaleiro, acariciando afetuosamente seu maxilar enquanto o trazia calmamente contra os seus, porém sem tocá-los de fato.

Louise não conseguia pensar em mais nada quando ficava sozinha na presença do melhor amigo, ele tinha inconscientemente a capacidade de fazer sua mente enublar e torna-lo foco principal de qualquer que fosse a ocasião. Não pensava no relacionamento fracassado que havia iniciado alguns meses atrás com Jonathan, nos eventos do mundo invertido, seus problemas pessoais ou qualquer coisa negativa. Ela mantinha o foco nele, somente em Eddie e todas as sensações maravilhosas que a fazia sentir sendo apenas seu amigo. E mesmo tendo consciência e responsabilidade afetiva com o namorado, naquele momento seu único desejo era sentir os lábios do melhor amigo contra os seus e descobrir assim os sabores que carregava no beijo.

Aos poucos a distância existente entre eles diminuía, porém sem findá-la de fato. Seus narizes se tocavam pela lateral das pontas, a respiração tornava-se uma só e Eddie roçava os lábios contra os dela sem saber se deveria ou não terminar o que começou. Por mais que Louise fosse um dos seus itens de desejos irreais mais profundos, como um sonho distante que não tinha pretensão de realizar, ele temia espantá-la no instante que notasse que ele não era Jonathan e não podia oferecer nada além de sua devoção. Sua família era quebrada, sua popularidade negativa, morava em um trailer caindo aos pedaços e vendia drogas para conseguir juntar dinheiro em troca de um futuro melhor. Ela merecia mais do que o fracasso que o acompanhava, só sua devoção não soava suficiente para alguém preciosa como Louise.

Não existia nada além do que um centímetro de distância os separando quando Wayne Munson os trouxe de volta para realidade que pertenciam, fazendo ambos se separarem quando abriu a porta do trailer ao regressar mais cedo do trabalho naquela tarde. Com as sobrancelhas arqueadas, ele assistia a cena parado próximo a porta, contento um misto de preocupação e curiosidade em suas expressões.

— Desculpe, atrapalhei algo? — Perguntou Wayne tentando esconder o deboche em seu sotaque sulista.

— Não... — Falou Louise sem jeito enquanto colocava os cabelos atrás das orelhas e ruborizava as bochechas — Não. Eddie só estava me ensinando a tocar guitarra.

— A sua guitarra? — Perguntou Wayne olhando desconfiado para o sobrinho, o qual fez careta ao perceber a mensagem subliminar que o mesmo queria passar — Okay. Como vai o Will?

— Quem? — Louise franziu o cenho confusa, estava tão sem graça enquanto devolvia a guitarra para Eddie que não prestava atenção nas perguntas do tio do melhor amigo.

— Will. O irmão do seu namorado — Falou Wayne olhando para o sobrinho ao falar a última palavra, para que assim ele compreendesse o terreno que Eddie estava prestes a transpassar e recordasse que Louise era uma garota comprometida.

— Oh! Ele está bem — Respondeu Lola levantando do sofá e ajeitando a pelúcia da calça de veludo marrom. — É... Ele está bem.

— Que bom — Assentiu Wayne sorrindo doce para a menina. — Vai ficar para o jantar?

— Na verdade não. Hoje é sexta, noite do filme na casa dos Byers — Respondeu Lola fazendo careta ao recordar do compromisso. — Eu acho que já vou, Eddie. É minha noite de escolher e preciso pegar os filmes em casa ainda. Obrigada pelas aulas de guitarra.

— Espera, eu levo você — Disse Eddie levantando do sofá com a guitarra em mão depois de desplugar os amplificadores. — Só vou guardar as coisas no meu quarto.

— Tudo bem, vou esperar lá fora então — Louise sorriu sem graça, apontando para a saída do trailer. — Tchau, senhor Munson. Foi um prazer ver o senhor.

— Tchau, senhorita Henderson — Acenou Wayne em resposta enquanto acendia o cigarro.

O líder da família Munson esperou Louise estar do lado de fora do trailer para dirigir a palavra para Eddie, assistindo o sobrinho guardar apressado os pertences espalhados pelo sofá, suspirando tristemente, ele seguiu o adolescente até o quarto e encostou no batente da porta.

— Eu sei o que vai dizer — Falou Eddie antes do tio abrir a boca para realizar seus comentário. — Não sou o tipo de garoto para ela.

— Não era isso que ia falar — Disse Wayne soprando a fumaça pelo ar.

— O que era? — Perguntou Eddie curioso após pendurar a guitarra na parede como um troféu.

— Controle.

— Controle?

— Sim, controle. — Respondeu Wayne dando um meio sorriso. — Não esqueça que ela tem um namorado que não é você. A Henderson não quer outro namorado, quer apoio. Se quer manter ela por perto não ultrapasse os limites, por mais difíceis que sejam. Sei que é complicado amar alguém que não corresponde nossas expectativas.

— Eu não amo a Henderson dessa maneira — Mentiu Eddie afinando a voz enquanto revirava os olhos com a "suposição" do tio, arrancando uma risada sincera de Wayne. — Estou falando sério.

— Então não teria problema pegar a sua estimada guitarra... — Wayne ameaçou entrar no quarto para retirar o instrumento da parede, porém Eddie foi mais rápido, ficando parado entre ele e o objeto. — Entendeu agora?

— Merda! — Reclamou Eddie arregalando os olhos compreendendo finalmente as sensações esquisitas que possuía quando estava com a menina desde que viraram amigos. — Merda. O que faço agora?

— Não deixe sua garota esperando do lado de fora — Respondeu Wayne desdenhando com os ombros — E paciência. Esse relacionamento dela não vai durar por muito tempo, até lá tenha controle.

Dando as costas para o sobrinho, Wayne deixou o quarto do rapaz rindo discretamente e cheio de diversão das expressões atônitas de Eddie. Era notável que algo acontecia entre o casal de amigos, ele conhecia o menino desde o nascimento para reconhecer nos pequenos detalhes que a menina havia roubado seu coração. E mesmo que não conhecesse Louise profundamente, suas expressões mudavam da água para o vinho quando estavam juntos. Entretanto eram adolescente e, assim como a maioria das pessoas nessa faixa etária, não conseguiam enxergar o que estava diante dos seus olhos, perdendo tempo com relacionamentos fracassados por medo de arriscar.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, por favor comentem e coloquem nos acompanhamentos. Não deixem de ler a quintologia "HOLD THE LINE", com o primeiro livro já disponível na plataforma e também no Wattpad (onde já dei início na segunda temporada no mesmo livro, diferente do que ocorre aqui).



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