“Noite estrelada, uma noite estrelada

Você sopra para mim

Todas aquelas noites que compartilhamos

Me deixam embriagada

Noite estrelada”.

— Starry Night (Mamamoo).

Star odiava o fato de se sentir desconfortável sempre que estava perto de Marco. Ele é o seu melhor amigo e pessoas não devem se sentir assim perto dos melhores amigos! Se ela pudesse desfazer o enorme crush que tinha nele, ela desfaria em um passe de mágica de sua varinha. Mas infelizmente era muito perigoso mexer com o amor – até mesmo ela sabia disso.

Ela não tinha culpa que Marco era lindo, fofo, gentil, engraçado e tinha aquela pinta na bochecha que era um charme. E embora ela soubesse que Marco só tinha olhos para Jackie, o que mais a assombrava, era a possibilidade de ele descobrir os seus sentimentos e se afastar.

Star poderia conviver com Marco e Jackie saindo juntos, entretanto, não suportaria ficar longe do melhor amigo.

— Isso é uma droga! – ela suspirou, encarando as estrelas.

— O que é uma droga?

— AH! – Star se virou assustada e se deparou com Marco parado atrás dela na varanda do seu enorme quarto na casa dos Diaz. Ele estava de pijama e segurava duas canecas. – N-Nada. Só estou pensando em... Coisas. – forçou um sorriso – O que você está fazendo aqui, Marco? Você me assustou!

— Me desculpa. Eu só vim te oferecer chocolate quente com marshmallows. – Marco abriu aquele sorriso que deixava Star derretida e estendeu uma das canecas para ela – Sei que é meio arriscado te dar chocolate a essa hora da noite, mas eu gosto do perigo. – Star riu e aceitou a bebida.

— Obrigada. – no primeiro gole, a garota já se sentiu revigorada. Marco tinha razão, era um perigo dar tanto açúcar assim para Star, principalmente à noite. – Isso tá ótimo!

— Que bom que gostou. – ele se escorou no parapeito, ao lado da melhor amiga e por alguns segundos, ambos tomaram seus chocolates quentes em silêncio. No entanto, Marco pigarreou e fitou o céu, se preparando para fazer a pergunta que vinha assombrando seus pensamentos – Star? Tem algo que eu preciso falar com você.

— O quê? Aconteceu alguma coisa? – o corpo de Star ficou tenso. O tom dele era sério e embora ela não fizesse ideia de qual era o assunto, parecia um bom momento para se preocupar.

— Ontem eu saí com a Jackie. – Star virou de frente para a rua e virou o rosto, como se estivesse olhando para a lua. Já sentia seu coração apertando e não queria que Marco a visse chorar, pois sentia que estava perto de chegar a isso – Ela é legal, muito legal. Só que parecia que algo não estava encaixando. – ele suspirou – Nós conversamos sobre isso e ela disse umas coisas e...

Star olhou para o melhor amigo, que tinha ficado em silêncio. Ele estava com os braços escorados no parapeito e a cabeça baixa. De repente ela sentiu que precisava confortá-lo. Será que Jackie tinha magoado ele?

— O que ela disse? – Star perguntou e pousou a mão no ombro do garoto.

— Ela disse que você gosta de mim. Mais do que como amigo. – a caneca de Star foi ao chão, fazendo Marco saltar para trás. A garota permaneceu paralisada, sem reação.

Star jamais imaginou que Marco fosse a confrontar pelos seus sentimentos. Ela tinha se esforçado tanto para esconder e não se perdoaria nunca se os dois se afastassem por causa disso. Isso não podia acontecer, Star não suportaria. Ela precisava tentar consertar as coisas, antes que fosse tarde demais.

— M-Marco, eu...

— Cuidado, Star. – o garoto largou a caneca dele no chão e fez menção de puxar Star para dentro do quarto – Eu vou pegar algo para limpar e... – ela respirou fundo, enquanto o coração acelerava com o simples toque de Marco na sua mão.

— Você acha?

— Acho o quê?

— Que o que a Jackie disse é verdade? – Star ignorou os cacos da caneca e se virou na direção da rua novamente. Por um segundo, pensou seriamente em admitir toda a verdade. Só queria ter certeza de que a reação de Marco não seria tão ruim quanto tinha imaginado que seria.

— Eu não sei, Star. Tudo que eu sei é que isso me deixa confuso também. – Marco tomou cuidado para desviar dos cacos e parou ao lado dela. – Então? É verdade?

— O que você faria se eu gostasse de você, Marco? Mais do que como amigo. – novamente ela tinha se esquivado da pergunta. No entanto, Star só responderia assim que tivesse certeza de que a amizade deles não seria completamente arruinada. Porque sim, as coisas já seriam diferentes, não tinha mais volta. Star só queria que não fosse um diferente muito ruim.

— Eu não sei. – disse e passou a observar as estrelas assim como sua melhor amiga. E apesar das dúvidas e incertezas, o clima entre os dois não era pesado. Ele arriscou um olhar para a garota ao seu lado e viu o vento batendo nos cabelos dela, fazendo com que Star ficasse ainda mais bonita aos olhos dele.

— É verdade, Marco. – a garota virou-se de frente para o melhor amigo, com a expressão séria – Mas eu não quero que isso mude algo entre nós. É só uma queda e... Eu posso superar. Você só não pode se afastar de mim.

— Star? Você tem mesmo uma queda por mim? – talvez mais do que isso, mas isso não vinha ao caso, então ela apenas assentiu, o que deixou Marco ainda mais surpreso. Para ele, era estranho que uma garota tão incrível como Star, gostasse de alguém tão normal como ele. – Confesso que não estava contando com essa possibilidade.

— Eu sinto muito, Marco!

— Não! Você não tem que se desculpar. É que... Você parece demais para mim. – deu de ombros e Star o fitou desconcertada. – Sabe, você é tão legal. E é uma princesa...

—  Marco Diaz! – ela tomou a mão do melhor amigo e colocou sobre o seu coração – Está sentindo isso? – o coração de Star batia rápido e o peito dela subia e descia em uma respiração descompassada, não muito diferente de como o garoto estava – Você faz eu me sentir assim, Marco. E eu me odeio por isso, me odeio por me sentir assim, porque eu sei que você não sente o mesmo.

— Star... Eu nunca imaginei que você pudesse ter olhos pra mim.

— Eu te amo, Marco. – as mãos dela tremiam e seus olhos estavam marejados quando ela finalmente respondeu a pergunta, da maneira mais clara o possível – Mais do que como amigo.

Marco se aproximou e segurou o rosto de Star, fazendo com que ela olhasse para ele. Naquele momento, ele soube que não podia ficar mais um dia sem ter Star nos seus braços. Claro que, ele já meio que sabia antes, só que jamais tinha imaginado que Star pudesse vê-lo como algo além do seu melhor amigo da Terra e colega de quarto. E ele tinha ficado tão acostumado em amar Jackie Lynn Thomas platonicamente, que sequer se deu chance para pensar em Star dessa maneira.

— Isso faz com que eu me sinta o cara mais feliz do mundo. Ou melhor, de todas as dimensões. – Star deixou algumas lágrimas rolarem, enquanto sorria, surpresa com as palavras dele. – Eu também te amo, Star. Lutaria com todos os monstros do Ludo, por você. Passaria quanto tempo fosse preciso com a Cabeça Pônei, sem retribuir os insultos dela, por você. Iria pessoalmente até a casa do Tom, no submundo, e pediria para ele ficar longe, se você pedisse. Eu faria qualquer coisa por você, Star.

— Marco... – Star não terminou a frase, pois o garoto colou seus lábios aos dela, fazendo os dois se perderem um no outro naquele momento.

Star tinha uma varinha mágica e conseguia conjurar inúmeros feitiços com ela, vinha de outra dimensão e tinha uma tesoura mágica que permitia com que ela viajasse para os lugares mais inusitados possíveis. Já viu monstros e criaturas dos mais diversos. Mas ali, sob a noite estrelada, com os lábios de Marco sobre os seus, ela descobriu o verdadeiro significado da palavra “magia”.

Os dois permaneceram se encarando, com um sorriso bobo, assim que se afastaram.

— Explosão de limpeza cintilante! – Star usou uma das mãos para conjurar um feitiço e um segundo não havia mais os cacos da caneca entre eles. Eles se aproximaram mais.

— Uau! Essa foi boa! – Marco entrelaçou os seus dedos com os de Star e depositou um beijo na mão dela – Quer entrar agora?

— Que tal se a gente ficar olhando as estrelas mais um pouco?

— O que você quiser, Star. – ele disse e se escorou no parapeito novamente. Star deitou sua cabeça no ombro de Marco, que passou o braço pela cintura dela. – Tudo por você. – beijou o topo da cabeça dela, fazendo com que ela derramasse uma última lágrima solitária.  

Star e Marco não viram o tempo passar enquanto ficaram ali abraçados, sob as estrelas brilhantes da noite de outono. Parecia tão certo que estivessem juntos, nunca se sentiram tão felizes antes. E embora Star não tivesse considerado esse desfecho quando pensou em contar seus sentimentos para Marco, tudo ocorreu da melhor maneira possível.

— Só para deixar claro, eu também faria por você aquilo tudo que você falou que faria por mim. – ela disse e os dois riram, aconchegando-se mais um contra o outro.

— Eu te amo, Star.

— Eu também te amo, Marco.