Lethal. escrita por pandora


Capítulo 1
001.


Notas iniciais do capítulo

(one-shot, 001.) Horas antes da coroação de Aegon II.

(notas.) Precisava criar uma oc para o Aegon por inúmeros motivos, talvez se escrever outro capítulo explico melhor, estou com preguiça.
Escrevi esse capítulo inspirada em um trecho de The Serpent Queen.



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[  alyssa targaryen ]

daughter of prince daemon targaryen and lady rhea royce.

 

⊹⊱❅⊰⊹

 

[ king's landing, 129 ac  ]

 

 

Pois na oca coroa que circunda

A cabeça mortal de todo rei,

A morte tem seu reino e ali impera,

Rindo de sua pompa e de seu trono.

William Shakespeare, Ricardo II.

 

 

A cada passo que dava, uma sensação de pânico a corroía. Foi preciso parar no degrau mais alto da escada para tomar fôlego. Torceu o tecido da saia do vestido preto com as mãos, deixando transparecer seu nervosismo.

 

Fechou os olhos e respirou fundo. Não podia arriscar perder as estribeiras, principalmente porque sabia, com certeza, que agora iria lidar com alguém em uma situação muito pior.

 

“Tente consolá-lo.” Foi a única instrução recebida pela rainha quando ela adentrou em seus aposentos e contou sobre o ocorrido. Teve que ser rápida, precisavam dele preparado antes do entardecer. Por este motivo, a única ação que pode tomar antes de sair de seus aposentos, foi verificar se os filhos ainda dormiam. Sequer teve tempo de se vestir de maneira apropriada, trajava um vestido de seda preto, com os cordões mal atados e esqueceu de calçar os sapatos. Apenas reparou tal detalhe quando já estava na metade do caminho, subindo a escadaria e sentiu dores nos pés. 

 

Teve a impressão de que passaram longos minutos, porém o tempo em que ficou parada, reunindo forças, foi curto. Poucos segundos. 

 

Logo voltou a caminhar e só parou ao ficar de frente da porta dos aposentos da rainha.

 

Gesticulou com a cabeça para que os guardas destrancassem a porta. O nervosismo ainda dominava seu corpo. Jamais planejou como agir quando esse dia chegasse. Seria mentira dizer que nunca pensou que tal dia chegaria e que seria em breve. Só não se permitiu cogitar outros detalhes. Acreditava que imaginar a morte de um semelhante devia ser um algum tipo de pecado grave, a de um soberano, mais grave ainda. 

 

Quando a porta de madeira foi aberta, visualizou o que aparentava, em todos os aspectos, ser uma prisão e não um cômodo abrigando um futuro rei. 

 

Você. — Aegon mal levantou o olhar. E voltou a encarar um prato de comida quase vazio após a porta ser fechada. O som da tranca ecoou pelo local. 

 

O príncipe estava encardido, vestido de forma inadequada para alguém em sua posição. Algo a que já estava acostumada, mas jamais, em todos os seus anos, o viu com um semblante tão fúnebre e triste.

 

— Meus pêsames. — Disse, sem saber como agir ou o que falar. Sequer sabia como devia cumprir o que lhe foi ordenado e consolá-lo. Principalmente por ter certeza de que ele não gostaria de ser consolado.

 

Aegon riu baixo após ouvir as condolências. 

 

— Agradeço. Não posso dizer que não tentei evitar. — Ele soou mórbido, ainda com um ar de risada em suas palavras. 

 

Entendeu que ele não se referia à morte do pai e sim, ao seu futuro. Como se esse também fosse o dia de sua morte. 

 

Alyssa, mais uma vez, precisou respirar fundo e tomar coragem para se aproximar, cautelosa. Sentia um estremecer a cada passo, tentou acreditar ser apenas porque todas as janelas estavam fechadas e não a tristeza de Aegon que durante o curto tempo desde que adentrou o ambiente, pareceu a contaminar aos poucos. Aegon não se moveu, seu olhar permanecia fixo no prato, totalmente apático.

 

— Tentou fugir? — Ajoelhou-se ao lado dele e pousou as mãos sobre uma de suas pernas. Imaginou que esse fosse o caso, a julgar pelo machucado no rosto do príncipe. Não obteve resposta e concluiu que era um sinal de que está certa. — Previsível…

 

— Uma esposa normal devia lamentar ser abandonada. — Aegon olhou incrédulo para ela, quase como se estivesse sendo ofendido. 

 

— Você fugiu na manhã seguinte ao nosso casamento, Aegon e você queria o casamento. Responsabilidades não são o seu ponto forte. — Respondeu de forma tranquila e esboçou um sorriso doce. Foi uma situação terrível, mas conforme os anos passaram olhava para o passado com mais gratidão do que irritação, em especial porque atualmente já conhecia Aegon bem o suficiente para entender as ações dele.

 

Os dois se casaram com dezesseis anos. Aegon estava bêbado no dia e decidido a desflorar Alyssa. Enquanto Alyssa, queria uma forma de se livrar da vida ao lado do pai, onde sabia que não era uma presença querida por ser uma memória de um período abominado por Daemon. Ao perceber o interesse do príncipe Aegon, deixou claro que era uma lady respeitável e não uma meretriz, minha virtude será apenas do meu marido. 

 

E assim aconteceu, um septão subornado com alguns dragões de ouro, uma dama de companhia como testemunha, um casamento às escondidas durante a madrugada, que conseguiu livrar Aegon do compromisso indesejado com a irmã. Tudo teria ocorrido bem, se não fosse pelo príncipe desaparecer na manhã seguinte assim que recuperou a sobriedade. A primeira de uma sequência infinita de situações inesperadas que a jovem enfrentou no início conturbado do casamento.

 

— Fala como se eu tivesse algum ponto forte. 

 

— Não acredito que autodepreciação seja um bom traço para reis, querido. — Alyssa respondeu de forma direta e juntou a saia para se levantar. Agora, sua atenção e olhar mais focados na ferida no rosto dele do que na conversa. 

 

— Eu não quero… Ei! — Ele tentou protestar e foi interrompido, Alyssa puxou o rosto dele pelo queixo e tirou um lenço de cima da mesa, em seguida, apertou com força o pedaço de tecido sobre o ferimento. 

 

— Não importa o que quer. — Permaneceu encarando com preocupação o machucado, sem demonstrar interesse algum na conversa. — É a vontade dos deuses que você seja rei, eles irão te preparar. 

 

Ergueu o rosto dele pelo queixo para encará-lo melhor e colocou de lado o lenço manchado de sangue. Havia convicção verdadeira em cada palavra dita, desde o momento em que o septão proferiu que ambos eram casados, em momento algum a garota sequer considerou que houvesse a possibilidade de outra pessoa assumir o trono de ferro após a morte do rei que não fosse Aegon. 

 

— Você precisa parar de ir ao septo com a minha mãe… — A voz de Aegon saiu baixa e ele parecia assustado com o que escutava. 

 

Alyssa respirou fundo, forte, sabia que não seria possível convencê-lo com palavras. Só restava rezar para que os deuses ou alguma força maior colocassem algum juízo na cabeça dele para que visse de forma diferente a situação atual. Ao invés de insistir, ainda com os dedos colocados no queixo dele, inclinou-se e seus lábios tocaram o de Aegon em um beijo casto e afastou-se. 

 

Os dois ficaram em um silêncio conjunto por um bom tempo. Alyssa, mais uma vez, o analisou por completo e chegou a conclusão que seria impossível concluir a tarefa que lhe foi incumbida. Não havia como consolar Aegon. Não naquela situação. E não com ele sóbrio. Tinha a impressão que a relação funcionava melhor quando ele estava alcoolizado, o vinho fazia com que ele abaixasse a guarda o suficiente para se permitir aceitar um pouco de afeto. 

 

O melhor a se fazer, era desistir de prolongar o assunto e lhe dar o direito de se sentir frustrado.

 

— E você precisa de um banho. — Alyssa sorriu minimamente e levou a mão até os cabelos dele, colocando uma mecha atrás da orelha.

 

 


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Notas finais do capítulo

[sempre estarei arrumando alguma desculpa para colocar citações de ricardo ii em qualquer coisa que escrevo]



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