Aniversariantes escrita por Lola Royal


Capítulo 1
capítulo único


Notas iniciais do capítulo

one para comemorar o halloween e muito mais o/



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01 de Outubro

Eu observava minha filha brincar pelo parquinho, mas também tinha meu tablet em mãos para adiantar um pouco de trabalho. Mesmo sendo sábado, ainda tinha muita coisa da empresa para fazer, ser diretora de marketing exigia muito de mim.

— Edward tá aqui. — Ouvi Alice falar ao meu lado.

Alice Brandon era uma mulher de 30 anos e babá da minha filha desde que Cathy e eu mudamos para Seattle no final de agosto. A mulher tomava conta da minha filha quando eu ainda estava no trabalho durante a semana, quando precisava sair de casa para trabalhar nos fins de semana, ou naquele sábado para ser olhos mais atentos em minha pequena enquanto eu lidava com planilhas ao mesmo tempo.

— O Cullen.

— Quem? — Alice falava muito. Eu não era timida, mas ela era a rainha dos extrovertidos.

— O pai da Caroline — insistiu e finalmente prestei atenção o suficiente para entender de quem ela estava falando.

Caroline Cullen era a nova melhor amiga da minha filha, desde que começou na escola em Seattle, Cathy não parava de falar na garota de sua turma. Eu tinha trocado algumas palavras com a garota e o pai dela, Edward, algumas vezes na porta do colégio, mas nada além disso.

— E parece estar vindo até aqui — Alice acrescentou.

Ergui meu olhar do tablet e vi Edward Cullen caminhando pelo parque, claramente em nossa direção, depois de parar para dar oi à filha dele a minha. As duas brincavam juntas no escorregador, quem tinha levado Caroline para o parque foi a babá da garota, uma adolescente com mil piercings no rosto chamada Bree.

Edward Cullen era um homem alto, musculoso — e eu sabia que dono de uma academia na cidade —, cabelos ruivos e olhos verdes. Naquela manhã usava uma calça jeans preta com uma camiseta branca muito justa em seu corpo, por cima uma jaqueta da mesma cor da calça. Tinha um boné no tom mais chamativo de laranja na cabeça, com o logo de sua academia estampado na frente.

— Bom dia — saudou, parando bem na nossa frente.

— Olá — Alice e eu o cumprimentamos juntas. — Tudo bem, senhor Cullen? — Ele riu quando o chamei daquele jeito, as rugas ao redor de seus olhos ficando mais marcadas. Eu não sabia a idade dele, mas deveria estar mais próximo da casa dos quarenta do que dos trinta, enquanto eu estava bem no meio delas com 35.

— Pode me chamar só de Edward, senhorita Swan — falou e não me dei ao trabalho de pedir que ele me chamasse só de Isabella, ou Bella, não nos conhecíamos o suficiente para tanta intimidade. — Vim buscar Bree e Caroline, estava pensando em ir até uma sorveteria, querem vir? — perguntou.

— Ah, não mesmo — neguei na hora. — Logo mais será hora do almoço e não gosto que Cathy coma doces tão cedo assim.

— Hum, claro — ele concordou, franzindo o cenho, se voltou para onde as meninas ainda estavam brincando e chamou por sua filha. — Carol, vamos!

Caroline e Cathy tinham 9 anos, a menina Cullen e minha filha também tinham a mesma altura, mas a filha de Edward era loira de cabelos compridos. As duas correram até nós, minha filha veio para meus braços e ajeitei seus cabelos castanhos — como os meus — em um novo rabo de cavalo. Nós duas éramos muito parecidas e eu suspeitava de que Caroline era uma cópia de sua mãe, que Cathy já tinha me dito que tinha virado uma estrelinha.

Era muito triste saber que tão nova assim Caroline já era órfã, mas Edward parecia estar fazendo um bom trabalho. Não que eu julgasse outros pais, só um pouquinho e talvez julgaria ele um tantinho mais por dar sorvete à filha no meio da manhã.

— Diga tchau, querida, precisamos ir. — Ele pegou Caroline no colo, sem demonstrar esforço nenhum por isso. É, com certeza era um cara bem forte.

— Ainda está cedo, papai e eu encontrei a Cathy — Caroline disse triste, olhando para o pai com grandes olhos azuis.

— Eu sei, querida, mas vocês podem brincar mais outro dia.

— Vocês vão amanhã? — perguntei intervindo a ver que Cathy também estava chateada por ver a amiga, que encontrou casualmente no parque, ir.

Edward me olhou confuso e Caroline cutucou a bochecha dele.

— Amanhã é o aniversário da Hannah, papai — o informou, citando a coleguinha de escola dela e de Cathy.

— E eu não me esqueci disso — Edward declarou, mas estava obviamente mentindo. — Por isso vim te buscar, precisamos ir ao shopping comprar o presente da Hannah.

— Podemos ir junto, mamãe? — Cathy perguntou animada para mim.

— Não, pequena, vamos daqui direto para casa.

— Por favor — insistiu.

— Catherine — falei o nome dela em um tom que fez a garotinha parar de insistir.

— Ok, ok — concordou.

— Bom, diga tchau — Edward repetiu para Caroline e a colocou no chão, ela abraçou Alice, eu e depois Cathy, já combinando de brincarem muito no dia seguinte.

Edward se despediu também, sem abraços, afinal não éramos mesmo íntimos para isso e foi embora. Bree, que estava do outro lado do parque os seguiu, Cathy pediu mais cinco minutos no parque e eu concedi.

— Ele queria muito tomar aquele sorvete com você, chefinha — Alice cochichou para mim, me fazendo revirar os olhos.

— Foco na Cathy, Alice! — ordenei e retornei às planilhas.

— Claro, claro.

02 de Outubro

Mudar de cidade não era nada simples, mas eu estava feliz que mesmo com a mudança Cathy estava feliz em Seattle. Antes nós duas morávamos em San Diego, a mesma cidade que me mudei para cursar a faculdade e onde conheci o pai dela.

Garrett e eu tínhamos amigos em comum, casamos ao 23 anos e dois anos depois tivemos Cathy. Quando ela tinha três, nos separamos, um divórcio bem complicado no começo, algo que só ele queria e eu não.

— Eu te amo, Bella. Você sempre será uma pessoa muito especial para mim por ser mãe da Cathy, mas acho que nosso casamento acabou, não sinto mais o que sentia antes.

Sabia que ele estava falando de desejo e paixão, propus terapia de casal, uma viagem, diversas formas de voltarmos ao que éramos antes. Mas, ele não quis, o divórcio foi assinado e voltei a ser Isabella Swan, deixando o sobrenome dele de lado.

Tive namorados depois de Garrett, mas não me vi perdidamente apaixonada por nenhum deles. Foquei muito no trabalho e em Cathy e estava feliz com isso, amava minha carreira e amava ainda mais minha filha.

Meses atrás a empresa de equipamentos esportivos que trabalhava, a Newton Esportes, quis me transferir de San Diego para Seattle e me promover de gerente para diretora. Minha primeira reação foi negar, Garrett morava na cidade californiana e tinha um bar lá, ele não poderia nos seguir e deixar seu negócio, eu não queria afastar Cathy dele, mas conversei com meu ex-marido sobre, era uma promoção que batalhei muito para alcançar, só não sabia que seria em outro estado. Ainda assim, Garrett me mandou aceitar, ele prometeu visitar Cathy uma vez por mês, e falar com ela religiosamente todos os dias por chamada de vídeo, também passaria todas as férias de verão com nossa filha. Em nenhum minuto cogitou a ideia de Catherine ficar com ele, sabia que eu não deixaria ela, que  a garota iria comigo para onde eu fosse até se formar no colégio e ir para a faculdade.

Então, ela e eu nos mudamos. E era tudo novo, mas também tinhamos o apoio de parte da minha família ali. Meu pai morava em Seattle, assim como Angela, minha irmã caçula. Ela e eu tínhamos morado em Phoenix, com nossa mãe e nosso padrasto, mas papai, sempre esteve por perto de alguma forma, como Garrett fazia com Cathy.

Baseada em minha própria história, eu sabia que o vínculo entre minha filha e o pai dela iria ficar bem se meu ex continuasse mantendo a proximidade dela. Eu também cooperava para isso, aproveitei algumas fotos que tinha tirado de Cathy naquela manhã e enviei para seu pai.

Ela estava tão linda para o aniversário da amiguinha, usava um macacão jeans com uma camisa de manga longa vermelha. Os cabelos presos em um rabo de cavalo, com a franja caindo alinhadinha por sua testa.

Garrett: Ela está cada dia mais parecida com você.

Sorri ao ler aquilo, era a mais pura verdade. Ergui o olhar para ver Cathy brincando no parquinho do buffett onde acontecia o aniversário, parecia extremamente animada, sempre com Caroline ao seu lado.

O pai da nova melhor amiga da minha filha estava em uma mesa meio afastada da minha, eu estava sentada com outras mães da escola, escutando elas falarem sobre os preparativos para o Halloween.

— Você gosta, Bella? — uma delas me perguntou.

— De Halloween?

— Isso.

— Eu amo — respondi sorrindo. — Cathy nasceu no dia 31.

— Tá brincando?

— Não. — Ri um pouco. — Foi com certeza o melhor Halloween da minha vida.

— Caroline também nasceu no Halloween — Jessica Stanley comentou, era a mãe de um dos colegas das garotas. — Que fofo ela e Cathy terem nascido no mesmo dia e serem amigas. 

Fiquei tentada a perguntar sobre como a mãe de Caroline tinha morrido, mas não fiz isso e deixei as mulheres continuarem a conversar, o assunto voltando sobre seus planos para o Halloween. Perguntaram se eu faria alguma festa para Cathy, mas falei que o pai dela estaria na cidade e nós três provavelmente só sairíamos com ela para pegar doces no dia e na véspera teriamos um churrasco oferecido por meu pai, algo mais restrito à família.

Olhei para Edward, que estava conversando com o pai da aniversariante. Perguntaria para ele depois qual presente Cathy e eu poderíamos dar para Caroline, compraria logo para ter aquilo organizado.

Uma hora depois, a festa chegou ao fim. Cathy surgiu ao meu lado, segurando meu braço e me fazendo levantar, falando que eu precisava ir com ela.

Confusa, sem entender direito o que minha filha falava, eu fui. Ela me levou até a mesa que Edward estava com Caroline, vi como a garotinha loira falava sem parar com o pai, ele me lançou um olhar preocupado quando me viu parar ali perto.

— Por favor, por favor! — Caroline insistia, ela parou quando me viu, sorriu para mim e disparou a falar ao mesmo tempo que Cathy.

— Fazemos aniversário no mesmo dia.

— Uma festa só.

— Duas bruxas.

— Vai ser tão divertido.

Ainda que falassem tudo com pressa, entendi o que as duas meninas queriam. Uma festa dupla para o aniversário delas no dia do Halloween.

— Cathy, não… — comecei a negar, ela olhou para mim como se fosse chorar e meu coração derreteu. Eu era muito resistente, colocava limites e minhas regras eram seguidas, mas ainda que não gostasse de organizar festas, me vi tentada a aceitar o pedido delas e fazer a felicidade das garotas.

Suspirei e voltei minha atenção para Edward, ele também parecia tentado a ceder, mas continuava preocupado.

— Hum, podemos conversar rapidinho? — perguntei, ele concordou, mandamos as meninas ficarem no lugar que estavam e nos afastamos delas bons passos para falarmos sem elas nos escutarem, mas ainda perto para ficarmos de olho nelas. — Não era meu plano fazer uma grande festa de aniversário para Cathy, mas pensando bem é o aniversário dela de 10 anos e pode ser que no final das contas seja algo bom e elas estão tão próximas, uma festa dupla poderia ser bom para economizarmos custos e trabalho.

Edward olhou rapidamente para as meninas, que estavam quase pulando em seus pés de animação. Ele deu um pequeno sorriso antes de se voltar para mim.

— Acho que você está certa — disse. — Eu também não estava pensando em fazer algo grande para Carol, seria só um churrasco para a família, mas ela está merecendo. Ok, sim, por mim podemos fazer isso — concordou de vez. — Qual seu número? — Tirou seu celular do bolso da calça que usava.

— Meu número? — Por um segundo minha mente travou, ele estava tentando flertar comigo?

— Sim, para a gente conseguir se comunicar sobre a festa — falou tranquilamente.

— Ah sim, claro — murmurei, era óbvio. Recitei meu número para ele e o ruivo o gravou em seu celular. 

— Te mando uma mensagem amanhã para falarmos sobre.

— Ok — concordei, voltamos para as garotas e anunciamos a novidade. — Vocês terão uma festa de aniversário dupla, satisfeitas?

Elas gritaram, pularam e nos abraçaram. Edward e eu acabamos rindo da empolgação delas. Torci para ele ser um cara fácil de trabalhar, teriamos muito trabalho para organizar a festa perfeita.

03 de Outubro

Estava na banheira, depois de uma longa segunda-feira, aproveitando que Cathy tinha dormido na hora certa para relaxar um pouco. Eu tinha uma máscara sobre os olhos, mas a tirei quando meu celular tocou indicando que tinha recebido uma mensagem.

Enxuguei a mão na toalha ali perto e peguei o aparelho para ver quem estava querendo falar comigo.

Número Desconhecido: Boa noite, senhorita Swan. É Edward Cullen, pai da Caroline. Foi mal não ter mandado mensagem mais cedo, foi um longo dia. Eu pensei em fazermos a festa na cada dos meus pais, eles tem bastante espaço.

Meu dia tinha sido tão agitado por conta do trabalho que nem parei para pensar sobre Edward estar demorando a mandar mensagem, mas foi bom ele aparecer, podíamos começar a planejar tudo logo.

Isabella Swan: Olá, boa noite. Posso ver algumas fotos do interior da casa dos seus pais? Para ter uma noção de como faríamos tudo.

Edward Cullen: Claro, posso enviar amanhã de mahã?

Isabella Swan: Ok.

Edward Cullen: E talvez nós pudéssemos marcar um dia para sentar com as meninas e conversar sobre o que elas querem na festa, fantasias, comidas, etc.

Refleti sobre, abri minha agenda pelo celular e vi que tinha marcado de jantar com Angela na próxima noite. Mas, poderíamos resolver isso na quarta-feira, depois do treino de  futebol das meninas.

Isabella Swan: Quarta depois do treino delas?

Edward Cullen: Eu vou conseguir ir ao treino, mas depois Caroline e eu teremos um jantar de família para ir. Quinta-feira?

— Ok, quinta — murmurei, enquanto respondia a mensagem dele.

Isabella Swan: Quinta, jantar aqui em casa?

Edward Cullen: Marcado.

Isabella Swan: Alguma restrição alimentar?

Edward Cullen: Bom, Caroline odeia frutos do mar.

Eu sorri ao ler aquilo, também não suportava, mas minha própria filha amava.

Isabella Swan: Sem frutos do mar. Até mais, Edward. Boa noite!

Edward Cullen: Até, boa noite!

04 de Outubro

Angela era policial como nosso pai, se mudou para Seattle três anos antes para fazer parte da polícia da cidade. Na época, quando eu ainda nem sonhava em ser transferida para lá, fiquei muito feliz de ela ir morar perto dele, assim alguém conseguia ficar de olho no homem.

— Acho que o papai tá namorando — falou para mim depois do jantar, estávamos sentadas na sacada do seu apartamento, ela fumava um cigarro, vício terrível herdado de Charlie, e eu comia mais um pedaço de cheescake.

Cathy estava dormindo no sofá da sala, depois de comer e brincar com os jogos de videogame da tia. Seria complicado levá-la de volta para casa sem acordá-la, aquilo iria acabar com sua rotina de sono, mas ela queria muito ir visitar a tia e eu lhe levei mesmo que fosse meio da semana.

— Como? — perguntei, meio engasgada, ao ouvir o que Angela tinha acabado de dizer.

Os olhos dela eram castanhos como os de Charlie, Cathy e os meus, mas os cabelos pretos eram todinhos do nosso pai.

— O que ouviu, ontem peguei ele na sala de descanso sorrindo todo bobo pro celular dele — Angela disse animada. — Acho que teremos uma madrasta! — exclamou e parecia mesmo muito feliz com isso, sua voz soando mais como se ela tivesse 15 anos e não 29.

— Sei lá, talvez ele estivesse apenas rindo para um vídeo de cachorrinhos.

Minha irmã riu.

— Claro que não, Bella. Tenho certeza de que tem mulher no meio.

— Uau! — exclamei. — Nem lembro a última vez que ele nos apresentou uma namorada.

Nossos pais se separaram quando eu tinha 12 anos e Angela 6. Nós duas nascemos em Forks, uma pequena cidade próxima de Seattle, mudamos com mamãe para Phoenix onde a família dela morava e em menos de um ano ela casou com Phil, nosso padrasto. Meu pai mudou pouco depois para Seattle, tinha namorado algumas vezes, mas conhecemos só duas ou três namoradas dele naquele meio tempo e nenhuma ficou muito tempo com ele.

— E você? — Angela quis saber.

— Eu o que? — perguntei confusa.

— Quando vai arranjar um namorado novo?

— Ih, tá mais fácil os alienígenas aparecerem de uma vez do que eu arranjar um namorado agora. Todo meu tempo está ocupado entre cargo novo e cuidar da Cathy. 

— Você não gosta mais do Garrett, né? — perguntou baixinho, eu sorri para ela.

— Não, já superei o divórcio e hoje amo ele só como pai da Cathy. Só estou mesmo cheia de trabalho e criar uma criança não é fácil.

— Se precisar deixa ela qualquer dia aqui para você ir transar.

Aquilo me fez rir, mas não por muito tempo. Precisava levar minha pequena de volta para casa, ou na manhã seguinte ela estaria cansada e impaciente demais na hora de acordar e ir para a escola.

05 de Outubro

Alice levou Cathy para o treino de futebol depois das aulas, nós trocamos de lugar quando fui direto do trabalho para lá e a babá seguiu para seu merecido descanso.

— Oi, senhorita Swan! — Olhei para o lado e vi Edward se aproximar de mim, eu estava em pé perto da arquibancada, não queria sentar lá e correr o risco de sujar minha calça de alfaiataria branca, meus sapatos já estavam correndo risco severo naquele campo. No entanto, era ótimo poder ver Catherine se divertindo enquanto jogava.

— Olá! — saudei o homem, que estava vestido muito formal para a ocasião.

Bom, eu também estava, mas trabalhava de roupas formais e ele era dono de uma academia, podia optar por um visual mais descontraído do que o meu. Mas, lá estava ele, usando calça preta social, camisa social azul e um terno por cima, isso sem falar nos seus sapatos brilhantes de tão lustrados.

— Cathy joga muito bem, ela é uma ótima artilheira — informou e ouvir isso me fez sorrir.

— Caroline também é uma ótima goleira — falei, mas mordi o interior da minha bochecha por um segundo e completei com sinceridade. — Eu acho, não entendo muito de futebol, sou fã mesmo de futebol americano e beisebol, também amo os esportes de luta. — Mordi a bochecha de novo quando percebi que estava falando muito.

— Você não parece uma fã de lutas. — Percorreu uma mão por seus cabelos ruivos, notei como o terno estava apertado nele, destacando seus músculos.

— Eu sou faixa preta em karatê — contei e ele me olhou perplexo.

— Tá falando sério?

— Tô sim. — Ri um pouco. — Mas faz tempo que não pratico nada.

— Temos aulas de karatê na academia, se você quiser aparecer garanto um bom desconto. — Piscou para mim e senti minhas bochechas corarem por conta do gesto dele. 

— Quem sabe — murmurei e rapidamente mudei de assunto. — Confirmada a presença de vocês amanhã?

— Sim, sim, estaremos lá. — Assentiu. — E meus pais ficaram muito felizes que você aprovou a casa deles para a festa.

— Nossa, é um lugar lindo. — Quando ele me enviou as fotos no dia anterior fiquei apaixonada pela casa dos seus pais, com certeza seria um bom lugar para realizarmos a festa das meninas.

Nos distraímos com o jogo, eu podia não entender muito do esporte, mas sabia o básico e emiti um som de frustração quando Caroline deixou um gol passar. Edward não, ele gritou e incentivou a filha a continuar.

— Você tá indo muito bem, continua! — gritou para ela e bateu palmas. — Vai, Caroline!

Eu bati palmas também e ele sorriu para mim em agradecimento.

— Vamos, Cathy! — gritou quando minha filha ficou com a posse da bola, isso me fez devolver o sorriso para ele.

O time das meninas no treino perdeu, mas as duas não estavam abaladas por isso. Deixaram o campo felizes da vida e antes de seguir com o pai, Caroline disse para mim:

— Obrigada por torcer para mim, tia!

— Como não torcer? Você é ótima! — Afaguei seus cabelos.

— Vamos, querida. Não podemos nos atrasar para o jantar com seus avós e você ainda precisa de um banho.

— Vamos! — ela concordou, os dois se despediram e se afastaram, eu segui com Cathy para meu carro.

— Mamãe, seus sapatos estão sujos.

— Tudo bem, pequena. O importante é que assisti seu jogo e você foi excelente!

06 de Outubro

Eu preparei espaguete e almôndegas para o jantar, Cathy me ajudou e foi um momento maravilhoso ao lado dela. Na hora marcada Edward e a filha chegaram, trazendo com eles um generoso pote de sorvete de baunilha.

— Vocês acertaram no sorvete, é o nosso favorito — falei para Edward, ele estava me ajudando a terminar de arrumar a mesa, enquanto a filha dele a minha estavam no quarto de Cathy brincando um pouco. 

— Carol perguntou para a Cathy o favorito dela — ele contou. — Só não sabia que era o seu também.

— Nossa, eu amo muito — comentei. — Qual o favorito de vocês? — me vi perguntando.

— Carol ama tudo que leva chocolate, eu gosto muito, muito mesmo, de sorvete de menta com chocolate.

— Sério? 

— É. — Ele riu um pouco. — Obcecado e gosto desde que sou criança.

Deixei ele na sala de jantar, o que com certeza o confundiu. Segui até a cozinha e voltei de lá com um pote de sorvete de chocolate com menta em mãos.

— Meu segundo favorito — anunciei.

— Tá brincando? Como você vai do sem graça baunilha para o cheio de sabores de menta com chocolate em um piscar de olhos? — provocou.

— Ei, mais respeito! — exclamei e rimos juntos.

Guardei o pote de sorvete novamente, acabamos com a mesa e chamamos as garotas para jantar. Falamos sobre a festa durante todo o tempo, eu tinha o bloco de notas aberto em meu tablet e anotava todas as ideias. As meninas queriam se fantasiar de bruxas, anotei isso. Elas queriam que tivessem jogos, anotado. Hot-dog para comer, anotei mesmo que não gostasse que Cathy comesse aquilo.

Edward não anotou nada, mas eu lhe enviaria uma cópia de tudo para que ele não ficasse no escuro de sua falta de proatividade. A festa era responsabilidade de nós dois, ele deveria cuidar de 50% dela também.

— Estava tudo maravilhoso, senhorita Swan, muito obrigado — Edward agradeceu enquanto lidava com a louça suja, tirando o excesso na pia e colocando na máquina de lavar. Ele tinha insistido por isso, mas eu estava por perto, enquanto as meninas estavam na sala brincando um pouco antes dos Cullen irem embora.

Pensei sobre ele me chamando daquela forma, e cheguei à conclusão que poderiamos pular aquele tratamento.

— Você pode me chamar só de Isabella — falei, fazendo com que ele me olhasse. — Ou Bella.

— Posso?

— Sim, pode. — Coloquei meus cabelos atrás dos meus ombros. — Só não me chama de Izzy, eu detesto.

— Por quê? 

— Meu primeiro namorado me chamava assim e o apelido só me faz pensar nele.

Edward sorriu, terminou com a louça e falou:

— Ok, não me chama de Eddye, os avós da Carol me chamam assim e me dá calafrios toda vez que escuto, é terrivelmente feio.

— Seus pais adoram te provocar?

— Ah, não, estava me referindo aos avós maternos da Caroline.

— Claro, desculpa.

— Sem problemas. — Se apoiou na bancada da pia, naquela noite estava usando uma calça jeans e uma camiseta preta, cruzou os braços na frente do corpo e falou. — Vou montar a lista de convidados da nossa parte ainda hoje e te envio amanhã, os avós dela serão chamados, mas eles são ricos esnobes, então é bom que saiba disso antes de você os flagrar criticando algo no dia.

— Ok, convivo com ricos esnobes todo dia no trabalho, posso aguentar mais dois. Foram jantar com eles ontem, né? Por isso estava todo de terno no treino das meninas — comentei, sem me conter, talvez estivesse sendo muito invasiva, mas ele respondeu ainda assim.

— Sim, era aniversário de casamento dos dois — Edward contou. — Você tabalha com…

— Sou diretora de marketing na Newton Esportes.

— Conheço bem, compramos deles na academia, ótimo marketing — elogiou.

— Muito obrigada!

— Acho melhor nós irmos logo — comentou ao olhar para o relógio em seu pulso. — Prometo te enviar a lista amanhã.

— Por favor — pedi. — Precisamos disso para pensar nas comidas e bebidas.

Ele prometeu mais uma vez enviar e nós dois seguimos para a sala. Cathy e Caroline reclamaram, queriam brincar por mais tempo, mas não chegaram a fazer birra de fato, o que foi ótimo.

Mais tarde naquela noite, antes de eu deitar para dormir, recebi uma mensagem de Edward.

Edward Cullen: Já aceitou que o sorvete de baunilha é sem graça?

Isabella Swan: Você está louco!

Eu sorri e ainda estava sorrindo quando adormeci.

07 de Outubro

Catherine, na sexta-feira, recebeu convite para uma festa do pijama que aconteceria no sábado, eu não gostei nada disso. Quem convidava tão em cima da hora assim? Mas ela estava implorando tanto para ir, que eu prometi pensar sobre e recorri a Edward, nos últimos dias estava mais próxima dele do que de qualquer outro responsável pelos colegas de classe da minha filha.

Isabella Swan: Edward, tudo bem? A Carol vai para a festa da Diana Mallory?

Edward Cullen: Oi, ela vai sim. Os Mallory moram na minha rua.

Isabella Swan: Sério? Você confia neles? Jura que são boas pessoas e posso deixar a Cathy dormir lá?

Edward Cullen: Bom, conheço eles tem alguns anos e nunca a polícia apareceu na porta deles, acho que são mesmo de boa. A Carol já dormiu lá algumas vezes e nunca tivemos problemas. 

Ele falar em polícia me deu uma ideia, mandei mensagem para meu pai e pedi para ele checar se de alguma forma os pais de Diana estavam encrencados com a lei.

Edward Cullen: É a primeira festa do pijama da Cathy?

Isabella Swan: Não, mas eu já conhecia todo mundo em San Diego, aqui é tudo novo e mal conheço essas pessoas.

Edward Cullen: E você mal me conhece e ainda assim topou organizar uma festa comigo.

Isabella Swan: Pois é! Daqui a pouco você vira e fala que não gosta de cachorros.

Edward Cullen: Eu gosto, eles que não gostam de mim. Um pastor alemão já me mordeu.

Isabella Swan: Jura?

Edward Cullen: Juro, bem na minha perna, eu tinha a idade das meninas.

Isabella Swan: Os Mallory tem cachorros?

Edward Cullen: Eles não tem, fica tranquila, sem cães assassinos por lá.

Isabella Swan: Ufa!

Meu pai respondeu, os Mallory estavam limpos.

Isabella Swan: Ok, a Cathy vai para a festa.

Edward Cullen: Espero que ela não tente convencer as outras garotas que o sorvete de baunilha é bom.

Isabella Swan: HAHA muito engraçado!

Edward Cullen: Ei, que tal ir comigo e uns amigos meus para um bar depois que deixarmos as meninas na festa?

Meu corpo petrificou ao ler aquilo, ele estava me chamando para sair? Ok, com seus amigos presentes, mas ainda era uma surpresa. 

Edward Cullen: Assim você pode conhecer outras pessoas de Seattle e mais de mim, vai ter certeza de que não sou um maluco organizando uma festa com você.

Relaxei um pouco pela brincadeira e lhe respondi.

Isabella Swan: Meu pai é policial, ele fez uma checagem do seu nome quando topei o lance da festa.

Edward Cullen: Eu nem tô surpreso por isso.

Isabella Swan: Sou controladora pra caramba, não?

Edward Cullen: É, mas não acho que seja um defeito, é seu jeito de ser. Então, despachar as garotas e ir encher a cara? Primeira rodada por minha conta.

Isabella Swan: Eu topo!

Certo, minha resposta me surpreendeu, mas poderia ser divertido.

08 de Outubro

Foi divertido, muito. Eu precisava disso, sair com adultos que não fossem parentes, e nem com colegas de trabalho para reuniões. Além de Edward estavam lá Rosalie, melhor amiga dele e sua sócia na academia, Emmett o marido dela e Jasper amigo dos três. Os dois últimos eram advogados, mas não do tipo irritantes e Rosalie era intimidadora à primeira vista graças à sua beleza estonteante, mas era um amor de pessoa.

Conversamos sobre tudo, as cidades que morei, meu trabalho. Seattle, os trabalhos deles. Fizemos um ranking das nossas cervejas favoritas, criticamos algumas séries de TV — eles criticaram e eu fui na onda, já que mal tinha tempo de assistir qualquer coisa — e falamos um pouco sobre as crianças também — Emmett e Rosalie tinham um filho de 5 anos, Jasper era solteiro sem crianças —, mas não muito, não foi nosso foco.

E isso também era bom, poder tirar um pouco do peso de ser mãe dos meus ombros por algumas horas. Eu ainda estava preocupada com Cathy dormindo na casa de outras pessoas, mas entendi que merecia me divertir um pouco.

— Valeu pelo convite, foi ótimo — agradeci quando o Uber que estava levando Edward e eu parou na frente da minha casa, morávamos perto o suficiente para conseguirmos dividir um.

— Foi mesmo. Toma um remédio para não amanhecer explodindo de dor de cabeça.

— Sim, com certeza farei isso. Posso pegar Carol e deixá-la na sua casa amanhã, para você não ter que atravessar a rua — sugeri, ele gargalhou.

— Seria ótimo, vou avisar os Mallory que você irá buscá-la. Café da manhã na minha humilde residência? 

— Certo.

— Certo.

— Até amanhã, Edward. — Eu me permiti lhe dar um rápido abraço e saí do carro.

09 de Outubro

A ressaca estava estampada em meu rosto e no de Edward naquela manhã, mas acabamos cedendo a mais um pedido das meninas e depois do café da manhã fomos com elas para o parque. Lá, peguei meu tablet da bolsa e comecei a falar sobre a festa.

— Você anda com esse tablet para todo lado? — ele perguntou, o rosto parcialmente coberto por um boné e óculos escuro.

— Sim, é meu precioso. Preciso dele para organizar minha vida.

— É, você com certeza ama controle. — Não conseguia ver seus olhos, mas ele ficou com o rosto voltado em minha direção por um longo tempo, nós dois em silêncio, até ele falar. — Não quer se demitir da Newton Esportes e virar minha organizadora pessoal? Preciso de alguém assim, nem lembro a última vez que organizei minha pasta de documentos.

— Não fala isso, vai me causar pesadelos — brinquei, ele riu e eu sorri. — Compra um tablet, vai te ajudar.

— Eu comprei e a Carol tomou posse, adora usar para jogar nele. Ela é uma goleira melhor na versão virtual — confidenciou.

— Edward!

— O quê? Ela não tá ouvindo. — Sorriu. — Vamos lá, temos detalhes de uma festa para organizar. Pensei na gente contratar uns atores para se fantasiarem de zumbis para assustar as crianças.

— Nem pensar! — exclamei na hora.

— Seria tão legal!

— Não, eu morro de medo de zumbis.

— Você?

— É, eu. Ia acabar acertando algum pobre ator com golpes de karatê no meio de uma crise de pânico e seríamos processados.

— Ok, sem zumbis e nada de processos.

10 de Outubro

Alice buscou Cathy na escola, eu não estava enrolada no trabalho, mas tinha uma missão. Entrei na academia e logo Edward apareceu para me recepcionar.

— Pronta? — perguntou animado.

— Não — respondi sinceramente. — Mas vamos lá! — exclamei, tentando soar positiva também.

Ele tinha insistido para eu ir ter uma aula de karatê em sua academia, eu acabei topando sabe-se lá porquê. Poderia estar em minha casa descansado, mas estava ali pronta para suar e ficar mais cansada.

Depois de eu me trocar, colocando o kimono que consegui no meio da manhã em uma das lojas da empresa, fui me reencontrar com Edward. O dono da academia nunca tinha tido aulas de karatê, mas eu aceitei se ele fosse ter aquela aula comigo, isso ocasionou no Cullen também vestido em kimono e caramba, ele ficava muito bem naquilo.

— Vamos! — Ele esticou a mão para mim, o que me fez paralisar, Edward queria segurar minha mão. — Hum, por aqui. — Percebeu o que quase tinha acontecido, ergueu sua mão e apontou para a direção que deveríamos seguir.

Eu fui, olhando para todo canto menos para ele, evitando que ele visse qualquer que fosse a emoção em meu rosto. Na sala de aula foi impossível continuar não olhando para o dono da academia, ele me apresentou para o professor e eu reencontrei o esporte, enquanto Edward o conhecia pela primeira vez de fato ali.

Nos momentos finais da aula acabei lutando com o professor e foi maravilhoso, me senti cheia de energia e não exausta como imaginei que fosse ficar. No final das contas, voltar a praticar o esporte tinha sido uma excelente ideia.

— Caralho, você é muito boa — Edward elogiou quando terminamos tudo, eu sorri e praticamente saltitei em meus pés como Cathy e Carol faziam. — Sério, excelente! — Ele pigarreou e cruzou os braços na frente do corpo. — Qualquer dia vem me assistir lutando boxe, assim posso provar que sou bom em algo também.

— Quero me matricular!

— No boxe? — perguntou surpreso.

— Não, pelo menos ainda não. — Dei de ombros. — No Karate, ao menos uma vez por semana, será bom extravasar energia.

Edward sorriu, um sorrisinho que para mim exalava safadeza. Mas, ele não disse nada demais, apenas falou que iria se trocar e começar a dar entrada na minha matrícula, me concedendo um bom desconto.

11 de Outubro

Na terça fiquei realmente presa no trabalho até mais tarde, Alice estava de folga e Angela buscou Cathy na escola para mim e a levou para minha casa. Assim que cheguei lá, já depois da hora do jantar, minha filha surgiu diante de mim com um pote vermelho em mãos e sobre a tampa estava grudado um post-it azul.

— Mamãe, o pai da Carol mandou pra você! — anunciou.

Peguei o post-it de cima do pote e li o que estava escrito ali.

“Cookies de chocolate para você comer com aquele seu pavoroso sorvete de baunilha, Bella.

Edward Cullen.”

Sorri e peguei o pote da mão de Cathy, abrindo e vendo os cookies ali. Minha irmã também estava ali perto, me observando atentamente.

— Posso pegar um, mamãe?

— Quer saber? Pode sim. Leva para a cozinha e me espera lá, vamos comer cookies e tomar sorvete.

— Eba! — Catherine comemorou e saiu correndo para a cozinha, eu tirei meus sapatos e os coloquei no armário do corredor de entrada, Angela aproveitou que ficamos sozinhas para perguntar:

— Você tá toda corada por conta dos cookies.

— É alergia.

— Alergia?

— Sim, sou alérgica às suas perguntas!

12 de Outubro

Eu estava lá, assistindo ao treino de futebol de Cathy naquela quarta, daquela vez sentada na arquibancada já que não usava roupas brancas, quando uma senhora alta e ruiva sentou ao meu lado.

— Isabella Swan?

— Você me conhece? — perguntei confusa, ela sorriu, um sorriso que iluminou seus olhos verdes que naquele momento achei serem familiares. — Espera, você é a mãe do Edward?

— A própria, Esme Cullen — se apresentou e esticou uma mão.

— Oi, nossa, bom te conhecer! — exclamei e apertei sua mão. — Tudo bem?

— Tudo ótimo, eu estava do outro lado do campo e te vi, reconheci na hora, você é a cara da Cathy. Ou melhor, ela é sua cara. — Riu um pouco, Edward era bem parecido com ela, até sua risada era idêntica a dela. — Vi fotos da Catherine com a Carol no aniversário da Hannah. Minha neta está tão feliz com a festa que vocês estão organizando.

— Cathy também, acho que elas vão se divertir muito. E sua casa é ótima, sério. Quando crescer quero ter uma tão bonita assim — brinquei, fazendo com que Esme Cullen risse mais.

Nós duas ficamos conversando até o final do treino, ela era simpática, divertida e sabia mais de futebol do que eu. Quando as meninas foram liberadas me despedi de Esme com um abraço, ela saiu levando uma empolgada garotinha de cabelos loiros que tinha defendido todos os gols e eu minha 

pequena que estava implorando por mais sorvete e cookies. 

— Sorvete não, mas posso te dar uns cookies depois do jantar. Antes de ligar meu carro e sair do estacionamento mandei uma mensagem para Edward.

Isabella Swan: Conheci sua mãe, ela é adorável. Você é uma cópia dela.

Edward Cullen: Tá dizendo que sou adorável, senhorita Swan?

Eu corei violentamente ao ler aquilo, mas me vi respondendo algo que só me deixou mais vermelha.

Isabella Swan: Sim, você sabe ser adorável quando quer. O que não inclui os momentos que está criticando meu sorvete favorito.

Edward Cullen: Vou me esforçar para ser mais adorável!

13 de Outubro

Edward abriu a porta da loja para que Cathy, Caroline e eu entrássemos. Tínhamos buscado as meninas na escola e dirigido até o centro da cidade para levarmos elas para experimentarem as fantasias que encomendei, eu estava responsável por isso, Edward por exemplo estava tomando conta de encomendar as comidas e bebidas para a festa.

Estavamos sendo uma boa dupla para organizar tudo, ele não era tão metódico quanto eu, mas seguia meu plano de organização fielmente.

— Do que você vai se fantasiar? — perguntei para ele, enquanto esperávamos as vendedoras buscarem as fantasias.

— Só vou pegar isso e tá ótimo! — Ele tirou um chapéu de caubói de uma das prateleiras da loja e colocou em sua cabeça, mas ficou visivelmente apertado.

— Você é todo grande, ein?

Edward se engasgou e tossiu, eu arregalei os olhos, me dando conta do que tinha falado podia se compreendido de outra forma. Por sorte as meninas estavam distraídas olhando outras fantasias e não prestaram atenção no que falei.

— Não, eu quis dizer que você tem uma cabeça grande. — Edward, ainda tossindo, sorriu um pouco ao escutar eu me enrolar ainda mais. — Para com isso. — Dei um tapinha em seu braço… Grande, forte… Por Deus!

O homem tirou minha mão do braço dele, mas envolveu nossos dedos em um rápido entrelaçar. Entretanto, foi o suficiente para eu sentir sua mão grossa e quente.

Respirei fundo quando ele me soltou, me afastando até a filha dele e a minha. Por sorte não demorou muito mais para as vendedoras aparecerem com as fantasias, eu fui até o provador com Cathy e Edward foi para outro com Carol.

— Amei, amei! — Caroline gritou quando as duas se viram em suas fantasias, elas estavam lindas, as bruxinhas mais fofas do mundo.

— Parecemos gêmeas! — Cathy gritou, ela e Carol deram as mãos e começaram a pular.

— Então, do que você vai se fantasiar? — Edward perguntou para mim.

Olhei para ele, olhos verdes fixos em mim.

— Bruxa, mamãe! — Cathy gritou, escutando a pergunta.

— Sim, sim! — Carol fez coro. — Três bruxas, por favor, tia.

— Só o chapéu, não quero a fantasia completa — anunciei, mas elas acharam o suficiente e me apertaram em um abraço.

14 de Outubro

Cathy e eu fomos jantar na casa dos Cullen na sexta-feira, e depois de comermos os hambúrgueres que Edward fez, ela e Caroline estavam no quarto da loirinha brincando. Eu ajudava o homem a limpar tudo, por mais que ele estivesse tentando me fazer sentar e ficar fora da arrumação.

— Tem certeza de que não tem TOC? — perguntou, mas não em um tom que fizesse parecer que o transtorno era uma ofensa.

— Não, eu fiz testes — contei. — Só sou a filha mais velha de uma mãe desorganizada. — Dei de ombros. 

— Como você bem sabe, sou filho único, então não faço ideia do sentimento. — Terminamos com as louças e ele cutucou meu braço e apontou para um dos bancos junto ao balcão da ilha da cozinha.

Sentei ali e Edward me serviu com mais um pouco de sorvete de baunilha, mesmo que tivéssemos acabado de limpar tudo.

— Valeu — agradeci, não seria doida de recusar sorvete, ainda mais meu favorito. — Posso perguntar algo? — indaguei o observando fazer café na máquina.

— Vai julgar por eu beber café a essa hora? — Sorriu para mim, eu sorri de volta.

— Não, mas você não deveria consumir cafeína agora.

Ele rolou os olhos, mas ainda estava sorrindo. Ficamos em silêncio por um tempo, até Edward perguntar:

— Você quer saber sobre a Irina, não é? 

Irina era a mãe de Caroline, a garotinha tinha citado a mãe durante o jantar, comentando como ela também amava os hambúrgueres do Edward.

— Sim — confirmei. — Mas você não precisa sanar minhas curiosidades, Edward.

— Tá tudo bem — o homem de 39 anos disse, sentando ao meu lado com seu copo de café. — Ela e eu nos conhecemos quando tínhamos uns 27 anos, começamos a morar juntos uns três meses depois, em seguida veio a Carol. Casamos quando Caroline tinha 1 ano, e quando ela tinha acabado de completar 6 Irina descobriu que estava doente, leucemia. Foi muito difícil, você deve imaginar. Ela faleceu uns cinco meses depois de Carol completar 7 anos. Eu era louco por ela. — Deu um sorriso triste. — Era uma esposa, uma arquiteta e uma mãe maravilhosa. Uma das pessoas mais gentis que já conheci.

— Sinto muito, Edward. De verdade.

— Dói menos agora. Carol também está lidando melhor, então acho que estamos evoluindo bem. 

Eu assenti, olhando ao redor, pensando em Irina naquela casa. Não tinha visto fotos dela, mas imaginei uma versão loira, adulta e de grandes olhos azuis como Caroline.

— Ela não morou aqui — Edward falou como se pudesse ler minha mente, voltei a olhá-lo. — Carol e eu mudamos para cá uns cinco meses depois de Irina nos deixar. Era sufocante estar na outra casa sem ela, aí um dia passamos por aqui, vimos a placa de venda e Caroline amou a casa por ser amarela. — Deu um sorriso mais animado do que o anterior. — Ela topou a mudança na hora, foi um bom lugar para recomeçarmos. E sua triste história?

— Não é uma triste história, quero dizer, foi só um divórcio.

— É uma espécie de luto, na minha opnião. Vai, me conta — pediu e eu contei.

Enquanto tomava sorvete e ele se enchia de café. 

15 de Outubro

Eu estava furiosa e gritei para Edward:

— Foi falta!

— Não foi.

— Claro que foi! — teimei e ele riu da minha cara.

Naquele sábado as meninas estavam jogando contra outro time e perdiam. Para completar eu não acreditava que o juíz estava fazendo o trabalho dele direito.

— Você precisa de aulas para entender futebol — falou, estávamos em pé na arquibancada e senti seus dedos brincarem com as pontas dos meus cabelos soltos, isso fez meu corpo arrepiar, mas não me distraiu de gritar em comemoração quando Caroline impediu um gol.

— Carol, você é a melhor! — Bati palmas e assoviei, Edward me imitou, o assovio dele quase me deixou surda, mas estávamos agitados demais para não nos manifestarmos. — Não foi mesmo falta?

— Não foi.

— Puta que pariu — reclamei. — Que jogo difícil!

— Olha só Isabella Swan falando palavrão — provocou.

— Acontece vez ou outra. Posso vaiar o outro time ou vai pegar mal?

— Vai pegar mal, são só crianças.

— Que saco!

16 de Outubro

Angela estava certa, nosso pai estava namorando. E fomos apresentadas de surpresa para a namorada dele no churrasco que ele ofereceu em sua casa no domingo.

A namorada, Sue Clearwater, parecia legal. Era uma cabeleireira, tinha a idade de Charlie e era mãe de dois filhos que não moravam mais em Seattle.

Eu estava observando meu pai e Sue conversando, enquanto Angela e Cathy jogavam xadrez, quando recebi uma mensagem.

Edward Cullen: Entediada também? Que domingo chato!

Sorri, nós dois estávamos cada vez mais próximos e bom, talvez eu pudesse dizer que também tínhamos nos tornado amigos? No mínimo colegas… Não, amigos.

Isabella Swan: Nada entediada, fui pega de surpresa no churrasco da família e conheci minha madrasta nova.

Edward Cullen: Uau, conta mais!

Eu contei. Ele reagiu a cada mensagem como se eu estivesse narrando um filme muito interessante. Era adorável, Edward era adorável.

E meu amigo, apenas isso.

17  de Outubro

Meu dia começou com o despertador não tocando, Cathy e eu já estávamos atrasadas e tudo só piorou quando notamos que a torneira do lavabo no primeiro andar estava vazando e molhando até o corredor.

— Ah não — resmunguei.

— Eita, mamãe — ela murmurou ao meu lado quando se deu conta do que estava acontecendo.

Respirei fundo, pensando no que fazer. Poderia fechar o registro de água da casa e lidar com aquilo depois, mas como faria isso se voltaria para casa só no final da tarde? Precisava chamar logo um encanador, adiaria minhas reuniões da manhã e cuidaria daquilo, mas alguém ainda precisaria levar Cathy para a escola logo. 

— Espera na cozinha, Catherine — pedi e ela foi para lá.

Tirei meu celular da bolsa e liguei para Edward.

— Olá! — ele saudou animado assim que atendeu, sua manhã não deveria estar caótica como a minha.

— Você pode levar a Cathy para a escola? — perguntei de uma vez. Eu sabia que meu pai e minha irmã estavam trabalhando, Alice também estava cuidando de outra criança aquela manhã, ela sempre ficava com um bebê pelas manhãs durante a semana quando Catherine estava na escola.

— Posso sim, literalmente acabei de fechar a porta de casa para levar Caroline. O que aconteceu? Você tá bem? Tá doente? — perguntou preocupado.

— Não, mas acordamos atrasadas e para completar tenho uma torneira vazando, preciso resolver isso.

— Certo, vou buscar a Cathy e te enviar o número do encanador que trabalha para mim.

— Sério, muito obrigada!

— Não por isso, já chego aí.

Pouco tempo depois ele estava realmente na porta da minha casa, animada em ir para a escola com a melhor amiga Cathy correu para o carro de Edward.

— Vou deixar elas e volto pra te ajudar com esse problema.

— Não, Edward…

— Já ligou para o encanador?

— Sim, ele está vindo.

— Ótimo, vou deixar as meninas e venho te dar essa força.

— Não precisa voltar.

— Eu venho — declarou, afagou meu braço por dois segundos e voltou para seu carro.

18 de Outubro

Edward era excelente em biologia, o que foi ótimo para mim quando as meninas tiveram de fazer um trabalho em dupla. Nos reunimos na nossa casa no final do dia, ele ajudando elas, enquanto eu cuidava de mais alguns detalhes da festa de aniversário.

Também pedi pizza para jantarmos, mesmo que fosse só terça-feira. Eu merecia comer algo delicioso e Edward já tinha dito o quanto gostava de pizza, estava devendo para ele um agrado depois de ter me ajudado tanto com o lance da torneira vazando.

— O que vocês vão fazer no domingo? — ele perguntou, depois do trabalho ser concluído, três pizzas serem devidamente finalizadas e duas garotinhas dormirem no meu sofá.

— Não temos planos. E vocês?

— Tava pensando em levar a Carol ao cinema, vamos? Podemos suportar um filme de animação duvidoso de uma hora e meia juntos.

Sorri ao escutar a proposta dele e concordei com um aceno de cabeça.

— Vamos sim.

— Perfeito, combinado!

19 de Outubro

Não consegui ir para o treino de Cathy naquele dia, ficando até mais tarde no trabalho. Alice ligou e perguntou se poderia ir com minha filha para uma lanchonete junto com Carol, Edward e Jasper que estavam os acompanhando, eu concordei e os encontrei lá.

Edward estava perto da porta da lanchonete quando entrei, subindo num palco… Ai meu Deus, era uma lanchonete com karaokê? Meu maior pesadelo!

Eu ficava envergonhada pra caramba vendo gente desafinada cantando, não conseguia disfarçar. E como uma desafinada não cantava em karaokês de forma alguma.

Começou a tocar Hungry Eyes no som do karaokê, uma das canções da trilha sonora de Dirty Dancing. Com o microfone em mãos Edward balançou os braços e a cabeça no ritmo da música, ainda no comecinho da sua performance me viu ali no cantinho do palco e quando cantou estava de olhos fixos nos meus.

I’ve been meaning to tell you. I’ve got this feelin that won’t subside. I look at you and I fantasize. Your mine tonight. Now I've got you in my sights. With these hungry eyes. One look at you and I can't disguise. I've got hungry eyes. I feel the magic between you and I.¹

Ele não era desafinado, cantava bem pra caralho. Mas senti meu rosto ficar vermelho ainda assim. Ele não estava cantando aquela canção pensando em mim, estava? Não, claro que não.

Sorrindo, ele se voltou para o resto do pessoal na lanchonete, puxando um coro. Até a filha dele e a minha estavam cantarolando, mesmo que Cathy não conhecesse a música, talvez Carol sim, o pai dela parecia bem familiarizado com a canção.

Eu fiquei ali parada no canto do palco, até Edward acabar seu show. Ele se aproximou de mim, todo sorridente.

— E aí, vai cantar?

— Nem pensar, vou ocupar minha boca com outra coisa — respondi rapidamente e sem pensar, ele gargalhou.

— Comida, tô falando de comida.

— Claro que sim. Vamos para nossa mesa.

Me guiou até lá, uma mão na base das minhas costas. Foi difícil dormir naquele dia sem lembrar dele cantando, ou de sua mão em mim.

20 de Outubro

Estava no trabalho, em uma dinâmica chata do RH, quando Edward me enviou uma mensagem.

Edward Cullen: As decorações para a festa já chegaram na casa dos meus pais, tudo certo.

Para comprovar enviou foto de tudo.

Isabella Swan: Ai, que bom!

Edward Cullen: Vai para a aula de karatê hoje?

Isabella Swan: Vou sim.

Edward Cullen: Te vejo lá.

Eu deveria ficar tão animada com apenas três palavras? Pois fiquei.

21 de Outubro

No momento que busquei Cathy na escola notei que tinha algo de errado.

— O que aconteceu, pequena? — perguntei preocupada vendo a falta de brilho em seus olhos.

— A Carol se machucou, mamãe — contou.

— Como assim? — Me agachei, ficando mais próxima da sua altura.

— Estávamos na aula de educação física, ela foi pular para defender um gol, caiu e machucou a perna.

— Ai, tadinha!

— Pois é. Tio Edward apareceu e levou ela para o médico. Podemos ir visitar ela, mamãe?

— Calma, vamos ver se ela já está em casa e pode receber visitas, ok?

Cathy concordou e ficou ao meu lado enquanto eu ligava para Edward, ele demorou um pouco para atender, mas atendeu. Sua voz estava cansada, mas me cumprimentou com a educação de sempre.

— Oi, Bella.

— Oi, acabei de ficar sabendo que Carol se machucou, como ela está?

— Está sem dor agora, foi mesmo uma fratura, mas não precisará operar, só usar uma botinha ortopédica e muletas. Não que isso seja pouca coisa. — Suspirou. — Estamos no hospital ainda, ela está terminando de tomar as medicações necessárias para irmos embora.

— Cathy e eu queríamos visitar, mas acho que vocês vão precisar descansar.

— Sim — concordou. — Mas se vocês quiserem aparecer amanhã, sem problemas, sério. Caroline vai adorar ver vocês e eu também. — Sorri ao escutar aquilo. 

— Vamos ir, eu posso fazer o almoço para vocês, que tal?

— Vou te colocar num pedestal se fizer isso por mim.

— Estaremos lá — confirmei. — Se precisar de qualquer coisa é só falar, tá bom? 

— Pode deixar, obrigado por tudo, Bella.

— Não precisa agradecer, vejo vocês amanhã. Manda um beijo para a Carol.

— Pode deixar.

Nos despedimos e expliquei a situação para Cathy, que mesmo querendo ver a amiga logo entendeu que ela e Edward queria um pouco de descanso.

— Posso fazer um cartão de melhoras para a Carol, mãe?

— Claro que pode, vamos parar no supermercado e comprar coisinhas para cozinharmos amanhã para ela e aí você escolhe materiais para fazer um cartão bem bonito.

22 de Outubro

Caroline estava chateada pelo pé quebrado, mas se animou quando viu Cathy. Logo as duas estavam brincando com um joguinho de tabuleiro no quarto da loirinha, enquanto Edward e eu fazíamos o almoço juntos, mesmo que tivesse mandado ele sentar e descansar.

— Melhor não levar a Carol para o cinema amanhã — comentou para mim. — Acho que ela deve ficar aqui com a perna para cima e descansar para conseguir ir para a escola na segunda, não quero que ela perca aulas.

— Sem problemas, podemos ir para o cinema outro dia. É uma pena que ela tenha que ficar usando a bota até mês que vem, mas isso não vai impedi-la de curtir a festa.

— Vocês podem vir amanhã de novo — ele disse. — Se quiserem, claro. Podemos assistir alguns filmes, nos entupir de pipoca e sorvete, compro até de baunilha para você. — Cutucou minhas costelas, fazendo com que eu me arrepiasse e notou isso. — O que foi, senhorita Swan? — questionou, se aproximando mais de mim, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha esquerda. 

— Na-Nada — gaguejei, ele sorriu, olhando para meus lábios.

— Nada? — perguntou.

Eu respirei fundo, Edward afagou meu rosto. Em um momento de loucura quase pedi que ele me beijasse, mas uma garotinha chamando por mim me levou de volta à sanidade.

— Mamãe?

Nos afastamos rapidamente, no instante seguinte Cathy surgiu na cozinha.

— Posso cortar o cabelo da Carol?

23 de Outubro

Carol tinha uma franja, parecida com a de Cathy. Minha filha não cortou o cabelo da amiga, mas a loirinha queria muito o novo corte e o pai dela não viu problema algum nisso. Eu lembrei que tinha uma nova madrasta cabeleireira e ela gentilmente foi até a casa de Edward no domingo de manhã.

Depois que Sue foi embora, ele, as meninas e eu nos reunimos na sala de estar para fazermos nossa sessão de cinema na casa deles. As meninas estavam sentadas juntas em um sofá, enquanto eu estava em outro com Edward, primeiro sentamos bem separados, mas com o passar do filme e a desculpa de dividirmos o balde de pipoca fomos nos aproximando até estarmos com braços e pernas se tocando, até eu não aguentar mais e repousar minha cabeça em seu ombro.

Meu coração disparou, enquanto minha mente surtava. Ele era pai da melhor amiga da minha filha, não queria misturar as coisas e se algo desse errado e as meninas fossem afetadas?

Edward se moveu, pensei que fosse para me afastar, mas foi apenas para colocar seu braço ao redor de mim, fazendo com que minha cabeça repousasse sobre seu peito. Consegui sentir seu coração batendo, forte como o meu também batia.

Eu estava tensa, mas a cada segundo naquele abraço meu corpo ia relaxando.

 24 de Outubro

Eu tinha acabado de receber a notícia quando Edward me mandou uma mensagem.

Edward Cullen: Quer jantar com a Cathy lá em casa amanhã?

Isabella Swan: Não vai dar, o pai dela adiantou a passagem dele e chega aqui amanhã e não mais no dia 30, vamos buscar ele no aeroporto.

Estava feliz por Garrett conseguir passar mais dias em Seattle, Cathy mais animada ainda por ter mais tempo com o pai. Catherine queria até que o pai se hospedasse em nossa casa, mas expliquei que Garrett ficaria num hotel, mas estaria sempre com ela.

Edward Cullen: Ah, entendi.

Apertei meus lábios, refletindo sobre a resposta claramente desanimada de Edward e me julgando por no fundinho estar contente por ele estar com ciúmes. Quer dizer, era isso mesmo?

Nada tinha de fato acontecido entre nós dois, além de uma óbvia aproximação corporal. Mas nada de beijos, ou palavras ditas em voz alta. Eu ainda estava receosa de que qualquer coisa com ele pudesse afetar a amizade das nossas filhas e não saberia dizer o que de fato se passava na cabeça dele.

Suspirei e soltei meu celular, precisava trabalhar.

25 de Outubro

Conhecia Garrett bem o suficiente, se excluísse minha total falta de conhecimento da época que ele surgiu com a ideia do divórcio, para saber que meu ex-marido estava preocupado com algo. Notei no instante que o vi cruzar o portão de desembarque, olhava para mim como se quisesse dizer algo, mas estava segurando suas palavras.

— Tá tudo bem? — perguntei quando ficamos sozinhos por alguns minutos na minha sala de estar, Cathy tinha ido ao banheiro. — Você quer me contar algo?

— Eu? Não, tá tudo ótimo.

Era uma mentira, mas não insisti. Na hora certa ele iria transbordar e falar. 

O celular de Garrett tocou, mas por dois segundos achei que fosse o meu. Não tinha falado com Edward naquele dia e já estava sentindo saudades de conversar com ele.

— Hora de beber água! — meu ex-marido anunciou, e sabia que era o alarme dele para lembrar-se de se manter hidratado. — Vou lá na cozinha pegar água, posso roubar um pouco do sorvete de baunilha?

— Claro — murmurei, era o favorito dele também.

Meu peito se apertou um pouco, lembrando de quando estávamos juntos. Geladeira sempre com sorvete de baunilha, família feliz, pareciamos ter saído de um comercial onde tudo era lindo e perfeito.

— Cadê o papai? — Cathy reapareceu.

— Na cozinha bebendo água.

— Okay. — Ela sentou em meu colo e me abraçou. — Tô tão feliz, mamãe.

— Muito bom ouvir isso, minha pequena.

E era mesmo, me lembrou de que não precisávamos mais ser a família do comercial para sermos felizes.

26 de Outubro

Ainda estava no trabalho quando recebi uma mensagem de Edward.

Edward Cullen: Conheci o Garrett, na saída da escola das garotas.

Eu não sabia o que responder, mas ele enviou outra mensagem.

Edward Cullen: Quer vir jantar aqui em casa amanhã? Cathy disse que o pai dela vai levar ela para o cinema no mesmo horário.

Não foi preciso muito para responder daquela vez.

Isabella Swan: Sim, podemos ir juntos da academia depois da aula de karatê?

Edward Cullen: Pode contar com isso.

27 de Outubro

Estar na casa de Edward, com ele e Caroline sem minha filha fazia com que ficasse morrendo de saudades de Cathy. No entanto, sabia que ela estava bem com o pai e aproveitando ao máximo seu tempo com ele, enquanto isso eu poderia mimar outra garotinha.

— Obrigada, tia — Carol agradeceu quando terminei de pentear seus cabelos e fazer uma trança.

— De nada, querida. —  Sorri para ela.

— Tia, eu tava falando com a Cathy hoje e tivemos uma ideia.

— Jura? Qual?

— O que vocês estão aprontando? — Edward retornou à sala depois de ir lavar a louça do jantar, já tínhamos até comido a sobremesa, mas eu não estava com pressa de ir embora e eles não pareciam querer se livrar de mim logo.

— Papai, Cathy e eu tivemos uma ideia.

— Me conta — ele pediu.

— E se eu fosse uma múmia no Halloween?

— Espera, você não quer mais ser uma bruxa? — perguntei.

— Não, quero ser uma múmia.

— Querida, sua fantasia já até foi comprada — Edward disse em um suspiro. — É muito tarde para mudar.

— Papai, sei que não tenho um gesso como quando o tio Jazz quebrou a perna dele, mas a gente pode me enfaixar toda. Eu quero muito, muito, muito ser uma múmia agora.

Edward respirou fundo e olhou para mim, provavelmente esperando que eu o ajudasse a persuadir sua filha a esquecer a ideia de troca de fantasias. No entanto, apesar de não ter mais ela e Cathy com fantasias iguais, o que dava toda aquela fofura para ambas, Carol estava mesmo querendo ser uma múmia e era aniversário dela.

— Traidora! — Edward exclamou, percebendo qual era meu lado naquela batalha, também cutucou meu joelho.

— Foi mal — murmurei, mas estava sorrindo.

— Ok, Carol — ele cedeu. — Você pode ser uma múmia.

— Eba! — ela comemorou.

— Eu falo com o pessoal da loja para devolver a fantasia de bruxa dela — falei para o Cullen. — E vejo se eles tem algo para garotinhas múmia.

— Vai ser muito legal. — Caroline ainda estava extravasando animação.

Mais tarde, quando voltei para casa e contei para minha filha sobre Carol realmente trocar sua fantasia, a pequena ficou extremamente feliz por sua amiga também.

28 de Outubro

Eu estava trabalhando um pouco, com meu fiel tablet, na cozinha de casa, quando Garrett apareceu lá. 

— Ela dormiu? — perguntei, uma vez que ele tinha ido fazer nossa filha dormir. O olhei rapidamente, mas logo voltei minha atenção para o tablet.

— Já sim.

O ouvi suspirar alto e falar:

— Bella, antes de eu voltar para o hotel, preciso te contar algo.

Era isso, finalmente ele tinha transbordado e iria me contar o que estava escondendo. Bloqueei a tela do tablet e foquei meus olhos em Garrett, ele se apoiou do outro lado do balcão da cozinha e sussurrou:

— Estou apaixonado por alguém e acho justo que você seja a primeira a saber.

Franzi o cenho, extremamente confusa. Garrett já tinha namorado depois do nosso divórcio, e nunca fui a primeira a saber, por que daquela vez deveria ser diferente?

— Por quê?

— Porque é alguém que você conhece.

— Ah — murmurei. — Quem? — perguntei.

— Kate Martin.

— Kate uma das minhas amigas de San Diego?

A expressão de culpa tomou conta do rosto dele, eu estava meio chocada.

— Ela acabou indo no bar semanas atrás, nos aproximamos, mensagens, ligações e… Nos beijamos dois dias antes de eu vir para cá.

Assenti, ainda digerindo aquilo. Kate não era minha melhor amiga, mesmo quando morava em San Diego não nos encontrávamos frequentemente, mas ainda assim era uma amiga, conheci ela no meu antigo trabalho e a mulher esteve presente inclusive no meu casamento.

Era bem confuso ver que Garrett estava apaixonado por ela. Muito estressante que Kate não teve coragem de me mandar uma mensagem para contar sobre.

— Bella — ele continuou. — Eu estou apaixonado por ela, mas sei que a situação toda pode ficar muito estranha entre todos nós e se isso for te fazer mal juro que não fico mais com a Kate. Você é a mãe da minha filha, é uma pessoa extremamente importante para mim. Não iria trazer para mais perto da gente alguém que possa te incomodar.

— Garrett, vai para o hotel — pedi. — Está ficando tarde, eu vou terminar de trabalhar e dormir. Depois a gente conversa sobre isso, pode ser?

— Claro, qualquer coisa me liga?

— Tchau, Garrett.

29 de Outubro

Edward e eu estávamos na rua, resolvendo mais algumas coisinhas para a festa, naquela manhã. Cathy estava tendo jogo, com Garrett a acompanhando. Caroline, afastada do futebol por conta do pé machucado, estava com Rosalie e Emmett.

— Tudo bem? Você está muito quieta — Edward comentou quando deixamos uma loja de doces.

— Garrett tá apaixonado por uma amiga minha — desabafei, recebendo um olhar chocado do Cullen.

— Tá falando sério?

— Tô sim.

— Que merda, quer dizer, é meio estranho, né?

— Muito. — Suspirei.

Voltamos ao silêncio, até entrarmos em seu carro e ele perguntar:

— Você ainda gosta dele?

— O quê?

— Do seu ex — sussurrou, seus olhos verdes fixos nos meus. — Ainda gosta dele?

— Não — respondi sinceramente. — Só é estranho que ele tenha se apaixonado por uma amiga minha.

— Às vezes a gente não escolhe por quem se apaixona, né? — Desviou o olhar e começou a dirigir.

30 de Outubro

Como todo mundo iria trabalhar na segunda-feira, uma força tarefa foi montada na casa dos pais de Edward no domingo para decorar cada cantinho para a festa. Até Garrett estava lá, meio envergonhado e deslocado, mas eu estava mais preocupada em paparicar o gatinho de Esme e do pai de Edward.

— Eu vou roubar o Nemo para mim — falei para Edward, com o gato em meu colo. — Aliás, por que ele tem nome de um peixe?

— Ele já veio com esse nome do abrigo. — Se inclinou para beijar Nemo, que se esfregou todo em seu irmão mais velho, Esme fez questão de dizer que o gato era como o segundo filho que ela não teve. — Você é o gatinho mais peixe do mundo, não é? — Edward roubou Nemo dos meus braços e fiz cara feia.

— Vou já arranjar um cachorro para te morder, Cullen — provoquei.

— Não seja cruel, senhorita Swan. — Devolveu Nemo para mim. — Vou pegar mais morcegos para pendurarmos nessa sala. — Saiu, cruzando com Garrett na porta, meu ex se aproximou de mim e comentou:

— Ele parece legal.

— Ele é, o gatinho mais fofo do mundo.

Garrett riu.

— Eu tava falando do Edward.

— Sim, ele é maravilhoso — declarei.

— E você gosta dele, tô certo?

Não respondi, me senti sendo pega fazendo algo que não deveria.

— E ele mal tira os olhos de você.

— Garrett…

— Quero que seja feliz, Bella. Que encontre um cara legal. E que o cara seja bom para a Cathy também. — Ele sentou ao meu lado.

— Tá falando isso para eu falar que estou de boa com você se envolvendo com a Kate?

— Não, você tem direito de estar chateada por isso.

Ficamos quietos por um tempo, até Nemo me deixou e foi achar algo melhor para fazer. Edward voltou para a sala, indo pendurar os morcegos de plástico no teto, evitando olhar na direção que eu estava com Garrett.

— Você pode investir em sua paixão pela Kate — sussurrei para meu ex, me coloquei de pé e fui ajudar Edward com os morcegos.

31 de Outubro

Eu estava muito feliz, a festa estava perfeita e as aniversariantes se divertindo como nunca. Estavam tão empolgadas, que tínhamos até que supervisionar Carol de perto para que ela não acabasse exagerando muito e machucasse ainda mais seu pé.

— Elas estão muito felizes — Edward falou quando Cathy e Carol se afastaram, depois de conversarmos com elas para que a loirinha não ficasse pulando.

— Pra caramba. — Eu sorri, ainda olhando para as duas.

A casa estava cheia, os amigos de escola das duas, os responsáveis por esses, minha família, a de Edward, os amigos dele, alguns colegas meus de trabalho, Alice, Garrett e os avós maternos de Carol. Edward estava certo sobre eles, eram ricos esnobes, mas pareciam amar muito a neta e trataram minha filha bem quando conheceram Cathy.

— Isabella — Edward falou meu nome, fazendo com que olhasse para seu rosto. O Cullen tinha comprado um chapéu de caubói que coubesse em sua cabeça, o resto do seu visual eram roupas pretas como as minhas, mas eu tinha um chapéu de bruxa, na cor roxa em minha cabeça. — Vem comigo? 

Esticou sua mão para mim, eu respirei fundo e deixei nossas mãos se encontrarem. Ele me tirou da sala que estávamos, me levando para a despensa na cozinha, nervosa, perguntei:

— Tá pretendendo me matar com molho de tomate, Cullen?

— Já chegamos à conclusão que sou confiável. — Ele não soltou minha mão em instante algum, mas voltou sua atenção para as prateleiras da despensa até achar algo.

Quando se voltou para mim, todo sorridente, estava segurando um ramo de visco entre seus dedos. Eu sorri, ainda que meu coração estivesse louco dentro do meu peito.

— Eu amo o Halloween — falou. — É meu dia favorito do ano, mas também sou doido pelo Natal e acho as tradições maravilhosas. Como beijar sob o visco. — Esticou a mão que segurava o visco, o mantendo sobre nossas cabeças.

Sabia exatamente o que ele queria e tinha planejado escondendo o ramo ali, soltei sua mão, mas só para segurar no rosto dele e enfim beijá-lo, sob o visco, como a tradição e meu coração mandavam. Edward me segurou pela cintura, unindo nossos corpos.

Ainda estávamos nos beijando quando a porta foi abruptamente aberta.

— Eu sabia! — Era Caroline, nos afastamos e vimos ela e Cathy. A bruxinha e a múmia sorriam, como se tivessem acabado de receber o melhor presente do mundo.

— Carol… — Edward começou, nos soltamos na hora.

— Vamos ser irmãs! — Cathy comemorou.

— E iremos morar juntas! — Carol fez coro.

— Podemos usar vestidos iguais no casamento deles…

— Opa, opa, calma lá — intervi. — Foi só um beijo que viram, não sejam apressadas.

— Mas se vocês quiserem podem começar a pensar nos vestidos que irão usar — Edward falou brincando, eu dei uma cotovelada nele, que riu de mim. — Garotas, é brincadeira, tá? Bella tem razão, foi só um beijo.

— Ok, beijem de novo. — Carol deu de ombros e fechou a porta.

— Eu amo o Halloween! — Ouvi Cathy dizer lá de fora.

Edward voltou a me segurar entre seus braços fortes, eu repousei o rosto em seu peito. Ansiosa, preocupada, sentindo o controle escapar das minhas mãos.

As meninas estavam sonhando com um futuro perfeito, mas e se eu não pudesse organizar ele em minhas planilhas? E se quatro pessoas saíssem machucadas?

— Ei — ele sussurrou em meu ouvido. — É Halloween, noite de doces ou travessuras, não é hora para preocupações. É o melhor dia das nossas vidas por ser aniversário das meninas, vamos apenas aproveitar, sem pegar seu tablet para planejar cada passo que daremos.

Isso me fez sorrir, ele já parecia me conhecer muito bem.

—Vamos, beije seu caubói, senhorita bruxa Swan.

Eu gargalhei e conseguimos escutar as meninas de novo.

— A mamãe tá muito feliz.

— Mal vejo a hora de morarmos todos juntos, Cathy.

Edward afagou meu rosto, me distraindo das tais preocupações. E nos beijamos, na noite mais perfeita do ano, era dia de comemorações. 


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Notas finais do capítulo

¹Eu tenho tentado dizer-lhe. Tenho um sentimento que não consigo esconder. Eu olho pra você e fantasio. Que você é minha essa noite. Agora eu tenho você na minha mira. Com esses olhos famintos. Um olhar pra você e não consigo disfarçar. Eu tenho olhos famintos. Eu sinto a mágica entre você e eu.

Beijos!
Lola Royal.
31.10.22



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