Cálice de Fogo escrita por Sak


Capítulo 6
Entre Aulas, Feitiços e Poções


Notas iniciais do capítulo

Olá todo mundo!!!

Mais uma atualização saindo!!!

Muito obrigada a quem favorita e a todos que comentam, vocês não têm ideia do quanto isso me motiva e incentiva, muito obrigada!!!



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No dia seguinte, Sakura e Temari se encontraram com Naruto e Kankurou no salão principal na mesa da Grifinória para o café da manhã. As quatro mesas compridas estavam cobertas de pratos com mingau de aveia, travessas de peixe defumado, jarras de leite, sucos variados, montanhas de torradas e pratos de ovos com bacon.

O teto do Salão Principal estava serenamente azul, raiado de leves farrapos de nuvens, como nos quadrados de céu que se viam pelas janelas de caixilhos.

Enquanto comiam mingau de aveia e ovos com bacon, conversavam…

— Adoro estar no sexto ano. E o melhor é que vamos ter tempo livre este ano. Períodos inteiros para sentar e relaxar – disse Naruto entre uma bocada e outra.

— Vamos precisar desse tempo para estudar, Naruto! – lembrou Sakura.

— É, mas não hoje – respondeu o amigo. – Hoje vai ser moleza pura – levantou a colher que segurava para cima como quem agradece.

Já havia vários alunos ali no salão principal tomando café da manhã quando chegaram, tanto os de Hogwarts quanto os das outras escolas, um punhado deles rodeando Sasuke Uchiha.

Ao término da refeição, eles continuaram sentados aguardando a professora Tsunade descer da mesa dos professores para então a acompanharem até a sala dela. Este ano a distribuição dos horários estava mais complicada do que o normal, porque ela precisava primeiro confirmar que cada aluno tivesse obtido as notas mínimas nos N.O.M.s para continuar as matérias escolhidas nos N.I.E.M.s.

Os N.O.M.s – Níveis Ordinários de Magia – era um teste específico realizado na escola pelos alunos do quinto ano, administrado pela Autoridade de Exames Bruxos. Depois de realizados os testes, os alunos eram direcionados aos N.I.E.M.s – Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia – que seriam aplicados no fim do sétimo ano da escola, tendo assim, dois longos anos para se prepararem até lá.

A pontuação feita pelos estudantes nos N.O.M.s determinava se eles continuariam ou não autorizados a cursar as disciplinas nos anos posteriores, era imprescindível tirar boas notas, já que isso definiria suas futuras carreiras após a formatura.

As notas de aprovação e reprovação eram classificadas em: 

[O] Ótimo (permitia que o aluno continuasse na matéria sem interferência do professor);

[E] Excede Expectativas (geralmente continuava na matéria, mas dependia do professor);

[A] Aceitável (raramente continuava na matéria, mas dependia do professor);

[P] Péssimo (poderia repetir a matéria, mas dependia do professor);

[D] Deplorável (repetia a matéria sem interferência do professor);

[T] Trasgo (nota raramente distribuída, o que significava que o aluno havia feito esforço extra para falhar e deveriam avaliar as razões para tal)

Hogwarts era famosa por ter em seu corpo docente professores sábios e talentosos, cada um especializado em uma matéria específica. A variedade de aulas ministradas na Escola eram separadas em dois conjuntos: o currículo básico com as matérias obrigatórias e as aulas extracurriculares ofertadas a partir do terceiro ano (à exceção de voo com vassouras lecionadas exclusivamente aos alunos do primeiro ano) que eram como uma extensão do que os bruxos fazem para as carreiras que desejavam seguir ao se formar na Escola.

As matérias obrigatórias que faziam parte do Currículo Básico de Hogwarts eram: Feitiços, Poções, Transfiguração, História da Magia, Herbologia, Astronomia e Defesa contra as Artes das Trevas. 

Enquanto que as aulas extracurriculares eram: Trato de Criaturas Mágicas, Runas Antigas, Aritmancia, Adivinhação, Estudos sobre o Mundo Não Mágico e Alquimia.

 

Os horários basicamente se mantiveram os mesmos: tinham de estudar o céu da noite pelo telescópio toda quarta-feira à meia noite e aprender os nomes das diferentes estrelas e os movimentos dos planetas com o professor Asuma na matéria de “Astronomia”. Três vezes por semana iam para as estufas de plantas atrás do castelo para estudar herbologia com o professor Yamato. Às sextas-feiras estudavam “Poções” com a professora Kaguya – ela também era diretora da Corvinal.

A aula mais chata era “História da Magia” e com o pior professor possível: Orochimaru, ele era diretor de Sonserina e fazia de tudo para cutucar os alunos das outras casas; muitas vezes quem mais perdia pontos eram os alunos da Grifinória por não conseguir suportá-lo.

“Feitiços” era a matéria mais agradável, ensinada pelo professor Obito, que era o diretor da casa de Lufa-Lufa. “Transfiguração” era lecionada pela professora Tsunade, diretora da casa de Grifinória; inteligente e justa, ela era alguém que não deviam aborrecer.

O professor favorito da maioria com certeza era Kakashi, ele ensinava “Defesa contra as Artes das Trevas". Havia ainda “Alquimia” com o professor Guy; “Trato de Criaturas Mágicas” com o professor Jiraya; “Runas Antigas” com a professora Shizune; “Aritmancia” com a professora Rin; “Adivinhação” com a professora Anko; e, por fim, “Estudos do Mundo Não Mágico” com os professores Killer Bee e Kurenai, eles se dividiam para ensinar a matéria de dois pontos de vista: do mundo bruxo por parte dele e não bruxo por parte dela.

Com a grade curricular em mãos, os alunos aprenderam algo já no primeiro ano ainda: a magia era muito mais do que sacudir a varinha e dizer meia dúzia de palavras engraçadas.

Como era de se esperar, Sakura foi prontamente liberada para continuar em todas as matérias, e, tendo seu cronograma cheio, sem demora partiu correndo para assistir ao primeiro período. Os horários de Kankuro exigiram mais tempo para destrinchar.

— Só ela mesma para querer estudar mais justo no ano em que a gente mais pode descansar – Temari balançou a cabeça de um lado para o outro observando as costas da amiga de cabelos cor de rosa ao se afastar.

— Sabe como ela é – Naruto deu de ombros. 

Sabia dos planos que a melhor amiga tinha para a própria carreira e, verdade seja dita, admirava ela por isso.

Mas eles não eram os únicos a observá-la se afastar, assim como na noite anterior, várias cabeças se viraram ao vê-la passar, alguns até com sorrisos bobos no rosto esperando receber ao menos um sorriso cordial da jovem de cabelos cor de rosa.

 

. . . 

 

A rotina diária dos estudantes iniciava às sete e meia com o café da manhã. Durante o café, o correio de corujas chegava com a correspondência. Os sinos tocavam às nove horas, dando início ao período de aulas e à cada hora depois disso para sinalizar o início da próxima aula. Havia quatro períodos de aulas antes do almoço e depois disso uma pausa, antes do início das aulas da tarde, variando de acordo com a cronograma de aulas de cada turma de cada ano.

De acordo com a grade, a turma do sexto ano da Grifinória tinha uma aula dupla de Herbologia com os alunos da Corvinal. Sakura e Naruto deixaram o castelo juntos, atravessaram a horta e caminharam para as estufas, onde as plantas mágicas eram cultivadas. 

Ao se aproximarem das estufas viram o resto da classe em pé, do lado de fora, esperando pelo professor Yamato depois do horário de almoço. Foi uma surpresa perceberem que haviam alguns alunos de Ilvermorny presentes. Beauxbatons e Durmstrang haviam levado apenas alunos do último ano ao que parecia.

O professor Yamato não demorou para chegar e abrir as estufas, dando boas vindas aos alunos visitantes.

Sakura observou o amigo ficar animado ao ver uma garota em uma das mesas e se dirigir para lá a cumprimentando imediatamente. Foi logo atrás e se sentou na mesa ao lado do amigo, a tal garota era Hinata – ela era da Corvinal, um pouco tímida, às vezes avoada, mas muito inteligente – e uma menina de pele marrom e cabelos azuis usando o uniforme de Ilvermorny.

Não era de hoje que Sakura reparava como o amigo ficava animado ao estar perto de Hinata, mas nunca disse nada, apenas o incentivava disfarçadamente. Depois de seu acidente no quarto ano, tinha decidido não se meter com o destino se pudesse evitar.

Hinata era uma garota legal na maioria das vezes, quando não irritava Sakura com suas conversas sem pé nem cabeça especificamente, Sakura jogava Naruto para conversar com a garota quando isso acontecia; ela tinha os cabelos num tom de preto azulado e os olhos perolados, seu irmão gêmeo, de quem Sakura não gostava muito por pertencer a Sonserina, tinha os mesmos olhos, além da irmã mais nova que era da Grifinória. Mas, dos três, Hinata era a única com o tom de cabelo azulado como a noite.

— Oi – a garota de Ilvermorny se apresentou com um sorriso animado. – Eu sou a Fuu Uton – estendeu a mão para cumprimentá-los.

— Olá – Sakura foi a primeira a retribuir. – Seja bem-vinda a Hogwarts, eu sou a Sakura Haruno.

— Naruto Uzumaki – se apresentou depois da amiga.

— Hinata Hyuuga – por fim.

— Eu queria falar com você desde que te vi – Fuu se virou para Sakura. – Como faz para manter seu cabelo tão grande e saudável pintando assim? As pontas dos meus ficaram tão detonadas que tive que cortar antes de viajar para cá – acariciou o cabelo na altura dos ombros como quem sentisse uma perda.

— Ah – Sakura soltou sem jeito. – Meu cabelo é natural, eu não pinto.

— É sério?! – Fuu exclamou alto o suficiente para atrair a atenção dos alunos das outras mesas. – Tem gente que tem tanta sorte – soltou enquanto se jogava no banquinho.

Foram interrompidos de continuar a conversa pelo professor que iniciou a aula.

— Você já tentou usar alguma poção? – Hinata perguntou para a garota de cabelos azuis um tempo depois.

— Já testei várias delas – a garota respondeu com um brilho nos olhos.

— E essas raízes? – Hinata mostrou

As duas entraram em uma longa conversa sobre raízes e plantas que podiam ajudar na saúde capilar, além de outras substâncias que fizeram Sakura e Naruto trocarem um olhar embasbacado.

— Isso foi…

— Inesperado – Naruto completou a frase quando os dois se dirigiam à próxima aula.

 

. . . 

 

O professor Kakashi não estava em sala quando eles chegaram para a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Seria uma aula dupla entre os alunos da Grifinória e os alunos da Sonserina. Sorte que o professor era querido por todos. Bem, quase todos.

— Ele está atrasado de novo? – Gaara desdenhou enquanto ia se sentar do outro lado da sala, junto a turma da Sonserina. Os alunos só se misturavam quando os professores pediam, caso contrário, cada turma ficava de um lado.

Diferente de Orochimaru, que protegia seus preciosos alunos da Sonserina, Kakashi era justo e tratava a todos igualmente, por mais que já tivesse sido aluno da Grifinória.

Naruto, apesar de adorar a matéria e o professor, dificilmente ficava perto de Sakura nessa aula, dizia que queria evitar de apanhar da amiga. Ninguém gostava de fazer par com ela. Sakura normalmente se sentava sozinha até o azarado do último aluno chegar e não ter escolha a não ser se sentar no lugar vago ao lado dela.

O azarado da vez foi Kiba. O garoto suspirou resignado.

— Pega leve comigo, Sakura – ele pediu humildemente.

Naruto, sentado na mesa em frente a ele, evitou de sorrir. Sua amiga dificilmente pegava leve quando o assunto era estudar e aprender algo novo.

Os alunos já sentados, tiraram das mochilas os livros, penas e pergaminhos, estavam conversando quando o professor finalmente apareceu. Kakashi sorriu vagamente como quem esconde um segredo, com as mãos nos bolsos das calças que usava.

— Boa tarde – cumprimentou os alunos. Todos o cumprimentaram de volta, em uníssono. – Que raro vê-los tão calmos, a maturidade finalmente chegou à vocês?

Sakura e Naruto trocaram um olhar. O que o professor estava aprontando?

— Bem, por favor, guardem seus livros de volta, hoje teremos uma aula prática. Os senhores e as senhoritas só irão precisar de suas varinhas.

Alguns alunos se entreolharam, curiosos, enquanto guardavam os livros.

— Certo, então – o professor aprovou com a cabeça e se moveu até o centro da sala. – Queiram ficar de pé, por favor – assim os alunos fizeram. Kakashi levantou a varinha e sem dizer uma palavra, as mesas e as cadeiras se moveram para o final da sala, se empilhando umas em cima das outras.

Alguns alunos murmuraram admirados.

— Alguém sabe me dizer o que eu acabei de fazer? – o professor perguntou.

A mão de Sakura imediatamente se ergueu no ar.

— Sim, Sakura?

— Um feitiço mudo – ela respondeu.

— E o que é um feitiço mudo? – ele perguntou olhando ao redor da turma. 

— É um feitiço que é feito sem que o encantamento seja dito em voz alta – Gaara respondeu do outro lado da sala sem esperar pelo aval do professor.

— E qual a vantagem de um feitiço mudo? – o professor direcionou a pergunta à classe. – Ninguém? – ele sorriu. – Sakura? – ele apontou para a garota que era a única com a mão levantada.

— Um adversário não pode prever que tipo de feitiço o outro vai realizar, o que lhe dá uma fração de segundo de vantagem – a garota respondeu.

— Sim, aqueles que se aperfeiçoam e aprendem a usar a magia sem proferir os encantamentos, passam a contar com o elemento surpresa em sua arte – o professor acenou com a cabeça. – Nem todos os bruxos conseguem fazer isso, é claro. Cinco pontos para a Sonserina – ele apontou para Gaara – e quinze pontos para a Grifinória – apontou para Sakura.

— Mas ela só respondeu duas perguntas – Gaara protestou.

— Sim, mas ela esperou eu dar permissão a ela. Quer que eu tire os cinco pontos que acabou de receber, senhor Gaara? – o bruxo mais velho continuou com o sorriso no rosto quando o aluno em questão cruzou os braços, o rosto ainda continha uma expressão de raiva, mas ele ficou quieto. – Agora, as senhoritas e os senhores vão se dividir em pares. Um parceiro tentará enfeitiçar o outro sem falar. Enquanto que o outro vai tentar repelir o feitiços em igual silêncio. Um aluno da Grifinória contra um aluno da Sonserina – muitos se empertigaram diante a chance do desafio. – Achei que ficariam mais motivados assim, mas vou acrescentar mais um detalhe: vinte pontos para o primeiro aluno que conseguir realizar o feitiço mudo. Podem começar.

Sakura foi direto até Gaara, fazendo todos ao redor prender a respiração.

Gaara pareceu em pânico por um momento, mas zombou da garota quando ela não conseguiu de primeira.

— Acaba com ele – Temari murmurou ao lado de Naruto, indo para Shion, uma aluna da Sonserina que detestava.

Eles já sabiam como executar um Feitiço Escudo. Nenhum deles, porém, jamais realizou qualquer feitiço sem falar. Seguiu-se uma boa dose de enrolação. Muitos alunos simplesmente murmuravam o encantamento em vez de dizê-lo em voz alta e levavam broncas do professor. 

Naruto, que devia enfeitiçar Neji, tinha rosto rubro, os lábios fortemente comprimidos para não cair na tentação de murmurar o encantamento. Kankuro, ao lado do amigo, mantinha a varinha erguida, aguardando, aflito, para repelir um feitiço que provavelmente jamais viria.

Mas como era de esperar, aos dez minutos de aula, Sakura conseguiu lançar um Feitiço Estupefaça contra Gaara que o deixou desnorteado no chão, sem enunciar uma única palavra, um feito que certamente rendeu vinte pontos à Grifinória e uma ida de Gaara a enfermaria.

 

. . . 

 

Alguns dias depois…

 

Após o horário do almoço e um período de descanso, no qual eles não descansaram nada devido a quantidade de deveres que deixaram acumular – exceto por Sakura, já que ela evitava de acumular matérias – a sineta para a aula de poções tocou e juntos, fizeram o trajeto já conhecido em direção às masmorras, para a sala da professora Kaguya.

Tal qual a professora Tsunade, a professora Kaguya não era alguém para se irritar.

Quando chegaram ao corredor, viram que apenas uns quinze alunos haviam continuado no nível de N.I.E.M. Somente quatro alunos da Sonserina: Gaara, Neji, Shion e Kizami, vários da Corvinal, como Hinata, Sai, Shikamaru e Matsuri, enquanto que os alunos da Grifinória se consistiam em Sakura, Naruto, Temari, Kankuro, Tenten e Karui.

— Nenhum aluno da Lufa-Lufa? – Sakura se surpreendeu.

Mas no final do corredor chegou alguns deles, como o monitor do sexto ano, Shino Aburame, acompanhado de alguns alunos de Ilvermorny, como Fuu. Sakura gostava de fazer par com Shino nas rondas, ele era um garoto tranquilo.

— Não fiquem aí – a porta da sala se abriu e por ela chamou a voz da professora. – Entrem, entrem.

A voz da professora estava animada. Era sempre assim no começo de cada ano letivo, até ela reparar nos alunos que tinham dificuldade e ficasse zangada, como ela mesma gostava de ressaltar, com um toque de drama exagerado “Um único erro e vocês podem se matar”.

A masmorra estava, como sempre, impregnada de vapores e odores estranhos. Sakura e Naruto aspiraram, interessados, ao passar por grandes caldeirões borbulhantes. Escolheram a mais próxima a um caldeirão dourado que exalava um dos aromas mais fascinantes que já sentiram na vida e se sentaram com Temari e Kankuro, como sempre.

De um lado Shikamaru e Sai se sentaram com alguns outros alunos, Shikamaru ao lado de Temari. Enquanto que Karui e Tenten se sentaram com Hinata e Fuu de Ilvermorny do outro lado. Os quatro alunos da Sonserina ocuparam juntos uma única mesa. 

O cheiro no caldeirão dourado era tão delicioso que Naruto foi arrebatado por um grande contentamento, respirava muito lento e profundamente a fumaça que se elevava da poção, parecendo o satisfazer como se fosse uma bebida. Sorriu para Sakura à sua frente, ao que a amiga retribuiu o sorriso igualmente.

— Muito bem – começou a professora –, apanhem as balanças e os kits de poções e não esqueçam o manual de “Estudos avançados no preparo de poções”. Quero que saibam que o meu nível de exigência será maior do que qualquer coisa que já tenham presenciado em minhas aulas e, por mais que eu tenha ficado satisfeita com suas notas, eu exijo nada menos do que excelência – os avisou. Alguns alunos de Ilvermorny estudaram o peito, como se aceitassem o desafio. – Preparei algumas poções para vocês verem, são o tipo de coisa que deverão ser capazes de fazer ao fim dos N.I.E.M.s. Já devem ter ouvido falar de algumas, ainda que não saibam prepará-las. Alguém pode me dizer qual é esta aqui?

A professora indicou o caldeirão mais próximo à mesa da Sonserina. Naruto levantou ligeiramente da cadeira e viu algo que lhe pareceu água pura em ebulição.

A mão bem treinada de Sakura subiu antes de qualquer outra; a professora apontou para ela.

— É Veritaserum, uma poção sem cor nem odor que força quem a bebe a dizer a verdade – respondeu Sakura.

— Muito bem! – elogiou a professora. – Agora – continuou, apontando para o caldeirão mais próximo da mesa da Corvinal –, essa outra é bem conhecida... e também apareceu em alguns folhetos do Ministério ultimamente... quem sabe...?

A mão de Sakura foi novamente a mais rápida.

— Diga – a professora apontou para ela quando ninguém mais ergueu a mão.

— É a Poção Polissuco.

— Excelente! Agora, esta outra aqui... ninguém mais? Sim, minha cara? – interrompeu-se Kaguya, parecendo ligeiramente tonta ao ver a mão de Sakura perfurar mais uma vez o ar.

— É a Amortentia!

— De fato. Parece quase tolice perguntar – comentou a professora muito impressionada, mesmo não querendo demonstrar –, mas presumo que você saiba que efeito produz, não? – a desafiou.

— É a poção de amor mais poderosa do mundo! – respondeu a garota.

— Certo! E você a reconheceu, presumo, pelo brilho perolado?

— E pelo vapor subindo em espirais características – respondeu Sakura animada –, e dizem que tem um cheiro diferente para cada um de nós, de acordo com o que nos atrai.

— Você devia ter ido para a minha casa, senhorita Haruno – a professora lamentou. Não era a primeira vez que a professora comentava isso em aula, ou fora dela, e provavelmente não seria a última. – Quinze pontos merecidos para a Grifinória.

Alguns alunos de Ilvermorny se espicharam para dar uma boa olhada na aluna de cabelos cor de rosa, impressionados com ela. Os alunos de Sonserina fizeram careta. Gaara murmurou algo no ouvido de Shion que soltou uma risadinha. 

— A Amortentia na realidade não gera o amor, é claro – a professora continuou lecionando. – É impossível reproduzir ou imitar o amor. Não, a poção apenas causa uma forte paixonite ou obsessão. Provavelmente é a poção mais poderosa e perigosa nesta sala. Ah, sim – confirmou solenemente com a cabeça para Gaara e Kizame, que riam descrentes. – Quando vocês tiverem visto tanto da vida quanto eu, não subestimarão o poder do amor obsessivo… E agora, está na hora de começarmos a trabalhar.

— Professora, a senhora não nos disse o que tem neste aqui –  lembrou Fuu, apontando para um pequeno caldeirão preto em cima da mesa de Kaguya. A poção espirrava vivamente para todo o lado; era cor de ouro derretido e dela saltavam enormes gotas como peixinhos à superfície, embora nem uma só partícula se sobressaísse do caldeirão.

— Oh! – exclamou novamente a professora, não como se tivesse esquecido a poção, mas esperou como quem esperasse pela pergunta apenas para produzir um efeito teatral. – Sim. Aquela. Bem, aquela ali, senhoras e senhores, é uma poçãozinha curiosa chamada Felix Felicis. Suponho – e ela se voltou sorrindo para Sakura, que deixou escapar uma exclamação audível – que a senhorita saiba o que faz a Felix Felicis, srta. Haruno?

— É sorte líquida – respondeu Sakura excitada. – Faz a pessoa ter sorte!

A classe inteira pareceu sentar mais aprumada.

— Correto, mais dez pontos para a Grifinória. É uma poçãozinha engraçada a Felix Felicis – explicou Kaguya. – Dificílima de fazer e catastrófica se errarmos. Contudo, se a prepararmos corretamente, como no caso, vocês irão descobrir que os seus esforços serão recompensados... pelo menos até passar o efeito.

— Por que as pessoas não a bebem o tempo todo, senhora? – perguntou Shion ágil.

— Porque ingerir em excesso causa tonteiras, irresponsabilidade e perigoso excesso de confiança. Além disso, a Felix Felicis é uma substância proibida nas competições oficiais, como eventos esportivos, por exemplo, exames e eleições. Tudo que é bom demais, sabe... extremamente tóxica em quantidade. Mas tomada com parcimônia e muito ocasionalmente – a professora ponderou.

— A senhora já a experimentou? – perguntou Hinata muito interessada. 

— Duas vezes na vida. Duas colheres de sopa ao café da manhã. Dois dias perfeitos – ela deixou o olhar se perder na distância sonhadoramente. Se estava representando ou não, o efeito que causava era bom. Deixou todos ávidos para experimentar.

A professora pediu para que eles pegassem os livros e iniciassem a poção de uma determinada página, a aula correu sem grandes empecilhos além de pequenos erros aqui e ali…

— Que cheiro você sentiu vindo da Armontentia? – Sakura perguntou para o amigo assim que teve chance.

— Alguma planta da aula de herbologia, menta e torta de caramelo – o amigo respondeu prontamente. – E você?

— Pinho, pergaminho e alguma coisa que eu tenho certeza que senti na Copa Mundial de Quadribol, mas eu não consigo identificar o que é – a garota respondeu pensativa.

Depois da aula de poções, Sakura e Naruto tinham uma aula de Estudo do Mundo Não Mágico e comunicaram aos amigos, já que estes agora teriam um período livre, que não seria tão livre já que ainda havia deveres a fazer.

— Para que você vai fazer essa matéria? – Temari perguntou indignada. – Você nasceu lá! Seus pais são não bruxos! Você já sabe tudo o que precisa saber sobre o mundo não mágico!

— Temari, é importante para os bruxos terem uma compreensão da comunidade não mágica, especialmente se forem trabalhar perto deles, como no Ministério da Magia – Sakura respondeu sem se abalar. – E, mesmo vivendo boa parte da minha vida no mundo não mágico, há muito para saber.

— Como o que? – a garota exclamou alto, perto do salão principal.

— Como matemática, história, política, literatura, arte, música – respondeu a garota simplesmente. – Além disso, vou ter mais tempo para estudar essa matéria neste ano, do que no próximo.

— E você vai fazer essa matéria por que? – Temari se virou para Naruto. – Porque eu não pretendo ir para o mundo não mágico a menos que a Sakura ou a Karui me convidem. Tudo o que eu precisar saber, elas vão me informar – disse resoluta.

— Eu quero ser auror – o loiro deu de ombros.

— Ah é, tinha esquecido disso – a amiga se acalmou.

A sala de aula de Estudos do Mundo Não Mágico ficava no quinto andar e foi para lá que Sakura e Naruto rumaram com pressa.

No corredor, Naruto tropeçou, Sakura parou para ajudá-lo e viu o que o fez oscilar: Sasuke Uchiha, a garota se controlou para não revirar os olhos e manteve a postura polida.

O apanhador estava acompanhado dos mesmos garotos da outra vez, conversando entre si.

Sakura somente acenou com a cabeça para eles em forma de educação, o Uchiha foi o único a retribuir, mesmo que o de cabelos platinados tenha sorrido da mesma maneira que da outra vez sendo acompanhado pelo ruivo. Mesmo não querendo, ouviu uma parte da conversa deles e sentiu o corpo eriçar, tendo a certeza de que estavam falando dela, mesmo que não entendesse uma única palavra em búlgaro. Às vezes odiava seu dom de adivinhação.

— Queria entender o que estão falando – Naruto murmurou, espichando os pescoço para trás, enquanto subiam as escadas.

— Quer parar de olhar? – ela soltou irritada. – Anda logo, ou vamos nos atrasar.

 

. . . 

 

As semanas seguiram assim, entre aulas e pausas para descanso, parecia haver um único assunto nas conversas, onde quer que fossem: o Torneio Tribruxo. Todos estavam animados. Os boatos voavam de um aluno para outro como uma coruja entregando cartas: quem ia tentar ser o campeão de Hogwarts, o que o torneio exigia, em que os alunos de Ilvermorny, Beauxbatons e Durmstrang se diferenciavam deles…

Mas ainda havia um assunto que incomodava mais Sakura.

— Eles não são ridículos? – a garota de cabelos rosa soltou em uma tarde enquanto estavam estudando na biblioteca. – Isso aqui não é lugar para formar um clube do Uchiha, cadê alguém para pedir silêncio quando a gente precisa?

— Você não gosta mesmo dele – Naruto comentou.

Não era de hoje que o loiro vinha notando a cara amarrada da amiga em direção ao jogador famoso.

— Meu problema não é ele, nem conheço ele – ela negou prontamente. – Meu problema são os fãs dele – lançou um olhar enviesado para o grupinho em questão.

Onde o Uchiha ia, um grupo ia atrás, conversando, cochichando e soltando risadinhas. Sakura ficava muito irritada quando isso acontecia justamente na biblioteca, aquele era um local para estudar, o que significava silêncio e paz para ela.

— Vocês não vão acreditar! – Temari se largou com raiva em uma cadeira ao lado de Sakura, espalhando livros pela mesa. Kankuro se sentou de frente para ela, ao lado de Naruto. – Sabe o que o babaca do meu irmão disse?

Sakura e Naruto trocaram um olhar, a amiga só podia estar falando de Gaara, o que não era nenhuma surpresa para os dois. Temari então narrou o acontecido…

— Então ele acha que a Durmstrang é melhor do que Hogwarts, é? – Sakura se zangou.

— Que traíra – resmungou Naruto, igualmente irritado.

— Eu gostaria que ele tivesse ido para lá, aí não teríamos que aturá-lo – bufou Kakuro.

— Durmstrang tem uma péssima reputação. Segundo aquele livro “Uma Avaliação da Educação em Magia na Europa”, a escola deles enfatiza as Artes das Trevas – contou Sakura.

— Acho que eu já ouvi falar nisso – Kankuro concordou vagamente. – Mas onde fica? Em que país?

— Ora, ninguém sabe, não é mesmo? – respondeu Sakura, erguendo as sobrancelhas.

— Por que não? – Kankuro se espantou.

— Porque, tradicionalmente, há uma forte rivalidade entre as escolas de magia. Principalmente as da Europa. Durmstrang e Beauxbatons gostam de esconder onde ficam para ninguém poder roubar os segredos deles – explicou Sakura, simplesmente.

— Corta essa – Temari riu. – Essas escolas devem ter mais ou menos o mesmo tamanho de Hogwarts, como é que alguém vai esconder um castelo do tamanho desses?

— Mas Hogwarts é escondida – respondeu Sakura surpresa –, todo mundo sabe disso.

Os amigos se entreolharam e negaram com a cabeça.

— Bom, pelo menos todo mundo que leu “Hogwarts, uma história” – ela acrescentou.

— Então é só você – apontou Naruto. – Mas continua: como é que se esconde um lugar como Hogwarts? – perguntou verdadeiramente curioso.

— Encantando ele – explicou Sakura, dando de ombros –, se um não mágico olhar tudo o que ele irá ver é uma velha ruína com um letreiro na entrada escrito: PERIGO, NÃO ENTRE, ARRISCADO.

— Então, Durmstrang também vai parecer uma ruína a um estranho? – perguntou Kankuro.

— Talvez – Sakura deu de ombros –, ou talvez tenha feitiços como os do estádio da Copa Mundial contra não mágicos e para impedir que bruxos estrangeiros possam encontrá-lo, devem ter tornado impossível de se mapear – tamborilou os dedos na mesa.

— Como? – Temari perguntou surpresa.

— Bem, a gente pode enfeitiçar um prédio para torná-lo impossível a pessoa localizar em um mapa, não pode?

— Se você diz que pode – a amiga murmurou.

— Mas acho que Durmstrang deve ficar em algum lugar bem ao norte – disse Sakura pensativa. – Algum lugar bem frio já que as capas de peles fazem parte dos uniformes de lá.

— Ah, é sempre uma aula com você – Temari agradeceu.

— Pense nas possibilidades, mana – disse Kankuro sonhador para a irmã. – Teria sido fácil, fácil empurrar o Gaara de uma geleira e fazer parecer um acidente, pena que ele seja o favorito da nossa mãe…

— O precioso filhinho monitor – Temari revirou os olhos.

Sakura balançou a cabeça de um lado para o outro, mesmo achando a ideia tentadora.

— Sabe o que eu descobri? – Temari mudou de assunto. – A gente não vai ter quadribol esse ano porque a Durmstrang vai usar nosso estádio como campo de treinamento – disse aborrecida.

— Faz sentido – concordou Sakura. – Eles são guerreiros, não se esquecem – deu de ombros ao olhar irritado da amiga.

— Foi melhor assim Temari – Naruto concordou com Sakura. – Imagina só a gente jogando na frente do Sasuke Uchiha? Íamos pagar mico, isso sim – balançou a cabeça de um lado para o outro se arrepiando só de pensar.

— Você só fala isso porque você é o apanhador – Temari o provocou, mas suspirou por fim. – Vou sentir falta de voar – soltou por fim, apoiando a cabeça na mesa. – Ainda mais esse ano, era perfeito para praticar.

Os três sabiam que assim que se formasse ela tentaria entrar nas “Harpias de Holyhead”, o time de quadribol exclusivamente feminino que jogava na Liga Britânica e Irlandesa de Quadribol. A equipe tinha sido fundada em 1203, se tornando a mais antiga da liga a ainda estar ativa.

— E por falar nele… – Temari murmurou. – Sabe, tô começando a não gostar dele também.

— Tem alguém que não gosta do Sasuke Uchiha? – Kankuro perguntou alarmado.

— A Sakura – Temari e Naruto responderam em uníssono.

Sakura suspirou irritada.

— Quantas vezes eu tenho que dizer que meu problema não é ele e sim os fãs dele?

Temari e Naruto só trocaram um olhar de quem não acreditava.

A garota de cabelos rosa tratou de se acalmar e voltar a estudar, mas era difícil se concentrar com os burburinhos aqui e ali, principalmente vindo do grupinho em questão. Sakura levantou a cabeça e direcionou um olhar irritado em direção ao famoso jogador.

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? espero que sim!!!

Me digam o quê estão achando, suas opiniões, perguntas, dúvidas, críticas, sugestões, eu vou adorar saber

Um pequeno desabafo: eu sinto que escrevo, escrevo e escrevo e ainda assim tô no começo da história? Como isso é possível??? Quanto tempo eu vou demorar pra terminar essa história???

Enfim, adivinhem que ficou doente de novo? Pois é, mas graças que é só uma gripe (ñ tenho ideia se é covid, pois ñ fiz teste nenhum, só irei se eu parar de sentir o cheiro ou o sabor das coisas, por enquanto tô com garganta inflamada e uma tosse que só falta meu pulmão sair junto, horrível!!!)

Minha indicação de leitura da vez é “A Garota que bebeu a lua”, li faz pouco tempo e é uma leitura bem gostosinha, infantojuvenil e rapidinha de ler…

PS: tô pensando em mudar a capa da fanfic, eu tinha feito duas opções, mas outra parecia que dava muitos spoilers, mas agora eu acho que não?

Enfim 2.0, tô com muito sono (2h da manhã!!!)…

PS2: vcs vão gostar de saber que o próximo capítulo já está quase pronto (se tudo der certo, sai em julho) e q eu já iniciei o capítulo 8 (q se também der tudo certo, sai em agosto)

Bem, por enquanto é isso, beijinhos e até o próximo capítulo



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