Cálice de Fogo escrita por Sak


Capítulo 12
Os Preparativos para o Baile de Inverno


Notas iniciais do capítulo

Olá para todo mundo!!!

Venho com o último capítulo do ano, espero que gostem!!!

Sinto que novembro foi tão caótico que tudo o que eu quero agora é só descansar (e botar minhas séries, animes e doramas em dia)!!!

Então já desejo a todos um feliz Natal, um feliz Ano Novo e boas festas para todos, espero que aproveitem, se divirtam e que descansem…



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O começo de dezembro trouxe chuva e neve granulada à Hogwarts. 

Mesmo cheio de correntes de ar, como costumava ser o castelo no inverno, Naruto se sentia grato pelas lareiras e paredes grossas do castelo todas as vezes que passava pelo navio da Durmstrang no lago, com os ventos fortes jogando as velas negras contra o céu escuro. 

Lhe ocorreu que a carruagem de Beauxbatons provavelmente seria bem fria também, mas ao olhar em direção a carruagem ele reparou que seu padrinho estava mantendo os cavalos de Madame Mei bem abastecidos do uísque que preferiam, os vapores que subiam eram fortes o suficiente para deixar tonta uma classe inteira de Trato das Criaturas Mágicas. 

As barracas de Ilvermorny se mostravam à prova de neve, devido ao chão intacto, mas agora era bem mais claro o que o diretor da escola dos Estados Unidos fazia: pelo menos duas vezes ao longo do dia, o homem, ou alguns de seus alunos, usavam feitiços para espanar a neve que ficava presa ao véu invisível em cima do acampamento como se fosse a tenda de um circo.

A professora Tsunade estava finalizando a aula daquele dia mais cedo do que o habitual.

— Uzumaki! No Sabaku! Prestem atenção! – a voz irritada dela estalou como um chicote pela aula de Transfiguração, os dois garotos levaram um susto e tanto.

Eles já tinham terminado a tarefa dada. O sinal iria tocar em uns dez minutos e Naruto e Kankuro, que andavam travando uma batalha com varinhas falsas da Zonko’s no fundo da sala, ergueram a cabeça de supetão; Kankuro levou um ligeiro, mas pequeno, jato de tinta azul no rosto ao ser pego desprevenido; Naruto por outro lado, ganhou um jato de tinta verde no cabelo.

— Agora que os dois tiveram a bondade de parar com as criancices – disse a professora, lançando um olhar feio aos dois no momento em que a varinha de Naruto se dobrava ao meio como se fosse de borracha e o garoto escondia rapidamente nas vestes; a varinha de Kankuro caiu silenciosamente no chão momentos depois e foi parar embaixo de uma das carteiras nas laterais da sala de aula –, tenho um aviso para dar a todos.

“O Baile de Inverno está se aproximando, é uma tradição do Torneio Tribruxo e uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros. Agora, o baile só será oferecido aos alunos do quarto ano em diante, embora vocês possam convidar um aluno mais novo se assim quiserem...”

Uma garota deixou escapar uma risadinha aguda. Uma aluna ao lado deu-lhe uma cutucada nas costelas com força, o rosto contraindo-se furiosamente enquanto ela, também, lutava para não rir feito boba. As duas viraram a cabeça para olhar Naruto. A professora fingiu não vê-las, o que Naruto achou que era uma nítida injustiça, pois ela havia acabado de chamar a atenção dele e de Kankuro.

— O traje é a rigor – continuou a professora –, e o baile, no Salão Principal, começará às oito horas e terminará à meia-noite, no dia do Solstício. Embora, chegar meia hora antes seria de extrema educação e pontualidade por parte de vocês. Então...

A professora Tsunade olhou deliberadamente para a turma.

— O Baile de Inverno, naturalmente, é uma oportunidade para todos nós… hum... para nos soltarmos – disse ela em tom de desaprovação, como quem não concordava com o que estava dizendo.

A mesma garota de antes deu mais risadinhas que nunca, tampando a boca com a mão para abafar o som. Dessa vez Naruto pôde entender qual era a graça: a professora Tsunade não parecia do tipo que se soltava e não tinha jeito de imaginar que algum dia fosse se soltar em nenhum sentido.

— Mas isto não significa – continuou a professora – que vamos relaxar os padrões de comportamento que se espera dos alunos de Hogwarts. Ficarei seriamente aborrecida se, de alguma maneira, um aluno da Grifinória envergonhar a escola.

‘O baile de inverno é uma tradição do torneio tribruxo desde que ele começou, no dia 21 de dezembro, nós e nossos convidados celebramos o Solstício de Inverno, nos reunimos no grande salão para uma noite de diversão bem comportada. Como representantes da escola anfitriã, eu espero que cada um de vocês entre com o pé direito e estou falando sério – ela aumentou o tom de voz ao escutar mais risadinhas de alguns alunos aqui e ali. – Porque o baile de inverno é, antes de mais nada, para dançar – se antes eram risadinhas, agora alguns alunos soltavam gargalhadas e piadinhas entre si. – Silêncio!

‘A casa de Godric Gryffindor tem sido respeitada pelo mundo da magia por quase dez séculos e eu não vou permitir que durante uma única noite vocês manchem nossa reputação e por isso não vou admitir vê-los se comportando como “Babuínos bobocas balbuciando em bando”.

Nagato, que estava um pouco atrás de Kankuro e Naruto, desafiou Yahiko:

— Tenta dizer isso cinco vezes bem rápido – ao que o amigo aceitou o desafio e imediatamente tentou repetir a fala, mas falhando na terceira tentativa.

A professora continuou falando:

— Dançar é deixar o corpo respirar – e fez uma demonstração. – Em cada um de vocês há esse instinto: em alguns, existe um cisne secreto ansioso para desabrochar e alçar voo. E em outros, existe um leão pomposo pronto para se exibir.

— Que analogia mais estranha – Sakura murmurou para Temari e Karui, uma de cada lado seu, do outro lado da sala onde estavam a maioria dos garotos.

— Não é? – Karui concordou, o rosto franzido.

— Alguém se oferece para dançar comigo? – perguntou a professora, olhando diretamente para Naruto.

O loiro olhou em pânico para Kankuro e juntos empurraram Kiba discretamente.

— Senhor Inuzuka, que gentileza a sua – disse a professora.

Kiba sorriu sem graça, mas se virou rapidamente para Naruto e Kankuro e murmurou:

— Vocês me pagam.

— Agora, coloque sua mão direita na minha cintura – orientou a professora.

— Onde? – o garoto perguntou em pânico.

— Na minha cintura – respondeu a professora pacientemente.

Os garotos abafaram as risadas com as mãos.

— Agora estique o braço – o garoto fez, mesmo morrendo de vergonha. A professora balançou a varinha e a música surgiu de uma vitrola que momentos antes ninguém prestava atenção. – E um, dois, três…

— Aí Naruto – Nagato chegou perto do garoto.

O loiro ergueu as sobrancelhas.

— Me ajuda a convidar a Sakura – pediu ele.

— Ah – Naruto ficou sem saber o que dizer, mesmo que tentasse, duvidava que a amiga aceitasse ir com o garoto.

— O que estão fazendo parados aí? – reclamou a professora. – Comecem a dançar.

— Eu posso tentar, mas não prometo nada – disse Naruto antes de se desvencilhar e ir até a melhor amiga.

Sakura encontrou o amigo no meio do caminho e juntos imitaram os passos de dança da professora com Kiba.

— Você e o Kankuro são terríveis – disse a amiga.

— Era ele ou eu – Naruto se defendeu.

Sakura soltou uma risada ao qual Naruto ficou aliviado, a amiga andava estranha nos últimos dias e foi o que disse:

— Tá tudo bem com você? – ele perguntou como quem não quer nada. – Você anda meio estranha.

Sakura o olhou surpresa, mas sabia que não devia ficar, Naruto era o seu melhor amigo afinal.

— Só ando confusa – ela deu de ombros.

— Problemas?

— Fui convidada para o baile – confidenciou ela em voz baixa.

— Mas já? – Naruto se surpreendeu. – Tão rápido?

— É, mas… – ela hesitou. – Eu fiz a maior confusão, não sei se o convite ainda está de pé – ela deu de ombros, um tanto murcha.

— Tenta falar com quem quer que seja, se for alguém legal, acho que vai entender – apesar de Naruto mesmo não entender muito bem.

Sakura olhou admirada para o amigo.

— Tem razão – ela abriu um sorriso mínimo. – Obrigada.

— De nada – ele sorriu de volta, girando a amiga pelo salão. – Só toma cuidado com o Nagato – avisou.

— Por que? – Sakura fez uma careta.

— Ele quer te convidar e…

— Uzumaki? – a voz da professora foi ouvida em suas costas, interrompendo a conversa dos dois. – Uma palavrinha em particular, por favor – disse a bruxa mais velha antes de sair da sala.

— Me deseje sorte – Naruto suspirou para a amiga antes de seguir a professora, achando que levaria bronca pela luta de varinhas com Kankuro mais cedo.

— Uzumaki, preciso orientá-lo quanto aos campeões e seus pares…

— Que pares? – Naruto perguntou em pânico.

A professora parou no meio do corredor e se virou, olhando desconfiada para o garoto, como se achasse que ele estava querendo ser engraçado.

— Os pares para o Baile de Inverno, Uzumaki – explicou ela com frieza. – Os pares de dança que abrirão o grande salão em comemoração ao Solstício de Inverno.

As entranhas de Naruto pareceram se enroscar e murchar.

— E todo mundo vai ver?

— Mas é claro – ela afirmou, uma nota mais alta na voz, demonstrando a impaciência.

Ele sentiu que estava corando. Uma coisa era dançar por diversão com amigos, outra bem diferente era abrir um salão de festas com todo mundo olhando para ele. Era embaraçoso só de pensar.

— Eu não vou dançar – disse depressa.

— Ah, vai dançar sim, senhor – discordou a professora irritada. – É o que estou lhe dizendo. Tradicionalmente os campeões abrem o baile com os seus pares. É a tradição – reforçou com firmeza. – Você é um dos campeões de Hogwarts e vai fazer o que se espera de você como representante de sua escola. Portanto providencie um par, Uzumaki.

— Mas… eu... não...

— Você me ouviu, Uzumaki – disse ela, em tom de quem encerra a conversa.

 

. . . 

 

Os próximos dias foram de grande furdunço por toda Hogwarts. Aqui e ali viam-se alunos convidando uns aos outros para o baile que se tornava mais próximo a cada dia.

Há uma semana, Naruto teria dito que arranjar um par para dançar era moleza se comparado a enfrentar um Rabo Córneo húngaro. Mas agora que havia cumprido aquela tarefa e se confrontava com a perspectiva de convidar alguém para o baile, ele achou que preferia enfrentar mais uma rodada com o dragão.

A situação seria mais tranquila se Sakura aceitasse ser seu par, só que a melhor amiga havia respondido que não sem pestanejar, segundo a garota, ela não iria com ele pelo mesmo motivo que os dois não entravam juntos no Café Madame Puddifoot. 

Naruto não ligaria se boatos que os dois estivessem namorando surgissem de novo, ele não queria ter que convidar ninguém, mas a amiga continuou a responder que não com veemência. Ele imaginou se tudo tinha dado certo com a pessoa que convidou a amiga, mas a garota de cabelos rosa não dava nenhuma pista.

Todo mundo do quarto ano para cima parecia estar obcecado pelo baile. Naruto não sabia quem era pior: se os garotos ou as garotas e era espantoso a quantidade de alunos que Hogwarts de repente parecia abrigar; ele nunca reparou muito bem nisso. Muitos davam risadinhas e cochichavam pelos corredores, riam alto quando outros alunos passavam, comparavam informações, sobre o que iam usar na noite do baile, quem havia convidado quem, quem havia sido rejeitado...

— Por que é que todo mundo anda tanto em grupinhos? – Naruto reclamou para Kankuro um dia, quando um grupo de garotas passou, rindo e olhando para eles. – Como é que eu vou encontrar alguém sozinho e convidar?

— Relaxa, você é o campeão, não vai ter nenhuma dificuldade em convidar alguém – disse Kankuro. – Além do mais, você acabou de derrotar um dragão, o pessoal vai fazer fila para ir com você.

Não muito tempo depois, Naruto percebeu que o amigo tinha razão.

Uma terceiranista da Lufa-Lufa, com quem Naruto jamais havia falado na vida, o convidou para ir ao baile com ela, logo no dia seguinte. Ele ficou tão surpreso que respondeu “não” antes mesmo de parar para refletir sobre o convite. A garota se afastou parecendo bem magoada e o loiro teve que aturar as piadas de Kankuro e Kiba sobre ela durante toda a aula de História da Magia. No dia seguinte, mais dois alunos o convidaram, um do quarto ano e uma do quinto ano, que pareceu ser capaz de nocauteá-lo depois que ele recusou.

Naruto pensou em pedir ajuda ao padrinho, mas ficou muito envergonhado. Foi Kankuro quem perguntou ao término de uma aula como quem não queria nada:

— Você vai ao baile, professor Jiraya?

— É claro que vou, um evento desses não acontece sempre – respondeu ele concordando. – Vai ser legal, acho. Você vai abrir o baile, não é, Naruto? Quem é que você vai levar?

— Por enquanto ninguém – respondeu o garoto, sentindo que estava corando.

Jiraya não insistiu no assunto.

 

. . .

 

A última semana do trimestre foi se aproximando cada vez mais animada à medida que os dias passavam. Corriam boatos sobre o Baile de Inverno por todo lado, embora Naruto não acreditasse nem na metade – por exemplo, que Hiruzen havia comprado oitocentos barris de quentão da Madame do Cabeça de Javali. Mas parecia ser verdade que ele contratara as Esquisitonas como banda. Exatamente quem ou o quê eram as Esquisitonas, Sakura não sabia, pois não tinha muito acesso à rádio bruxa, mas deduzia, pela excitação gerada nos estudantes que haviam crescido ouvindo a RRB (Rede Radiofônica dos Bruxos), que eram um famoso grupo musical.

Alguns professores, como o professor Obito de Feitiços, desistiram de tentar ensinar aos garotos alguma coisa quando suas cabecinhas estavam tão visivelmente longe dali; ele os deixou fazerem jogos durante a aula de quarta-feira e passou a maior parte do tempo conversando com Naruto sobre maneiras de aperfeiçoar o Feitiço Convocatório que ele usou durante a primeira tarefa do Torneio Tribruxo. 

Outros professores não foram tão generosos. Tsunade e Kakashi, por exemplo, fizeram os garotos estudarem e a praticarem até o último segundo de aula.

Mas a cereja do bolo era o professor Orochimaru. Nada poderia jamais desviar o professor de dar suas aulas de história. Era espantoso como o professor conseguia fazer até as revoltas mais sangrentas e encarniçadas parecerem tão tediosas às vezes. Contemplando a turma com um ar malvado, informou a todos de que aplicaria um teste na última aula do trimestre.

— Perverso é o que ele é – disse Kiba, com amargura, àquela noite na sala comunal da Grifinória. – Dar um teste no último dia. Estragar o finalzinho do trimestre com um monte de revisões.

O que surpreendeu a todos os que estavam lá, o garoto era um dos poucos que defendia que estudar era preciso.

— Você convidou alguém – percebeu Kankuro.

Kiba imediatamente ficou corado e recebeu vaias do pessoal.

— Quem foi?

— Não é da conta de ninguém! – o garoto saiu do salão comunal pela passagem do quadro.

— Ah cara, até o Kiba já tem um par e eu não – reclamou Kankuro se jogando na poltrona que antes estava o garoto.

— Ainda não arranjaram um par? – Yahiko escutou os garotos conversando, Nagato ao lado dele.

— Não – respondeu Naruto com desânimo.

— Então é melhor andarem depressa, companheiros, ou todos os alunos legais vão estar ocupados – disse Yahiko. – É fácil, querem ver? – Naruto e Kankuro trocaram um olhar e deram de ombro. – Konan! – ele gritou assustando a todos no salão. – Quer ir ao baile comigo, meu amor? 

Konan revirou os olhos, mas um sorrisinho surgiu nos lábios dela.

— Sim!

— E o posto de casal mais brega de Hogwarts vai para… – Kankuro zoou.

— Não vale! – refutou Naruto. – Ela é sua namorada!

— Então aprendam comigo – disse Nagato indo em direção a uma Sakura ocupada com três livros e um pergaminho em mãos. – Sakura? – a garota levantou a cabeça de supetão e piscou algumas vezes, como se só agora percebesse que o salão comunal estava cheio. Ela checou o relógio de pulso e se surpreendeu com o horário, estava quase na hora de dormir.

— Precisa de alguma coisa? – ela perguntou a ele.

— Sim, preciso que vá ao baile comigo – disse o garoto. O salão inteiro ficou em silêncio. – Você vai ao baile comigo? – o garoto pressionou.

Sakura olhou em volta em busca de ajuda. Naruto deu de ombros.

— Não – respondeu a garota. Todos que estavam presentes resfolegaram. – Eu já vou com alguém – acrescentou ela, para não deixar a situação mais embaraçosa do que já estava.

— Quem foi que te convidou? – Nagato perguntou indignado sem acreditar.

— Você não precisa saber – ela recolheu todo o material e disse: – Boa noite a todos.

— Nossa, essa doeu em mim – disse Kankuro baixinho ao lado de Naruto para que ninguém mais ouvisse.

— Você disse que ia me ajudar! – Nagato se voltou para Naruto.

— Eu não prometi nada! – o garoto se defendeu.

— Podia ter pelo menos me dito que ela já ia com alguém! – Nagato acusou.

— Ela não me contou! – revidou Naruto. – Além do mais você já devia saber que ela não iria com você! – defendeu a melhor amiga.

— O que é que você quer dizer com isso? – Nagato se enfureceu.

— Okay, podem ir parando – interviu Yahiko. – Hora de ir dormir – e puxou o amigo.

Kankuro soltou um assobio baixo.

— Cara, isso foi muito...

— Pois é – concordou Naruto.

Não demorou muito para que toda Hogwarts soubesse que o mais novo rejeitado da vez tinha sido Nagato. Aliás, o garoto não foi o único a receber uma negativa por parte de Sakura. A garota de cabelos cor de rosa tinha se tornado bastante popular entre os alunos.

 

. . .

 

O Natal estava se aproximando. 

Jiraya, sozinho, já tinha feito a entrega das habituais doze árvores de Natal para o Salão Principal: guirlandas de azevinho e franjas metálicas enfeitavam os balaústres das escadas, velas perpétuas brilhavam por dentro dos elmos das armaduras e a intervalos grandes ramos de visgos pendiam do teto, nos corredores. Grupos de alunos convergiam para baixo dos ramos de visgos quando Naruto passava, o que causava engarrafamento nas passagens, mas, por sorte, seus frequentes passeios noturnos junto a sua capa da invisibilidade tinham lhe dado um conhecimento excepcional dos atalhos secretos do castelo e faziam com que pudesse, sem muita dificuldade, navegar entre as aulas por rotas em que não havia visgos.

Naruto precisava da ajuda da melhor amiga e sabia que só havia um lugar onde ela pudesse estar naquele horário vago: a biblioteca. Qual não foi sua surpresa ao vê-la na companhia de dois garotos da Durmstrang que estavam sempre com o Uchiha: o ruivo e o platinado.

O platinado, que estava sentado em frente a garota de cabelos rosa, bateu na mesa com a palma da mão fazendo Sakura piscar e se afastar parecendo assustada, o ruivo, que estava de pé atrás do garoto, colocou a mão no ombro do garoto platinado dizendo algo.

Naruto se aproximou pronto para intervir e ajudar a amiga se precisasse, mas o platinado se levantou e acenou concordando com o que quer o ruivo dizia; então os dois acenaram para Sakura e se afastaram.

— Tudo bem? – Naruto perguntou assustando a amiga. – Eles andam te enchendo?

— Você devia se preocupar mais consigo mesmo – avisou a amiga.

— É que eu percebi que eles sempre…

— Naruto – ela o interrompeu. – Eu tô bem, não se preocupa – disse o olhando nos olhos.

O garoto prestou a devida atenção: a amiga parecia mais tranquila do que estava em dias, ele olhou rapidamente em direção a onde os garotos da outra escola haviam ido e se voltou para Sakura novamente, uma ideia se formando na cabeça, será que um deles havia…?

— Então, seu par pro baile…? – deduziu.

— Tudo resolvido – ela respondeu com um sorriso mínimo. – E você? Já encontrou um par pro baile? – perguntou enquanto folheava um livro.

— Não – o garoto suspirou deixando o corpo se esparramar na cadeira em que sentava.

— É sério que você não consegue pensar em ninguém para ir ao baile com você? – Sakura perguntou exasperada. – Alguém legal ou que foi gentil com você quando ninguém mais foi? Principalmente na época da entrevista no Profeta Diário?

Naruto quebrou a cabeça tentando pensar em alguém. A imagem da pessoa que queria de fato convidar veio a mente, é claro, mas…

— É que tá todo mundo levando o baile como se fosse um encontro – apontou ele.

— Então tem alguém que você quer convidar – percebeu a amiga.

Naruto suspirou, mas concordou com um aceno.

— O baile não tem que ser um encontro se você não quiser – disse Sakura. – Olha, eu não queria te alarmar, mas você tem que se cuidar – avisou a amiga.

Naruto sentiu os pelos do corpo se arrepiarem.

— Com o quê? – ele perguntou, se endireitando na cadeira. – Teve outra sensação?

— Não – ela negou com um aceno de cabeça. – Eu entrei no banheiro pouco antes de vir para cá e acho que tinha umas doze garotas lá, inclusive aquela do quinto ano que você recusou o pedido para o baile, elas estavam discutindo meios de dar a você uma poção do amor – Naruto arregalou os olhos, alarmado. – Parece que todas têm esperança de fazer você levá-las ao baile e todas parecem ter comprado ou feito poções de amor por conta própria que, lamento dizer, provavelmente devem funcionar…

— Por que você não as confiscou? – quis saber Naruto. Parecia extraordinário que a amiga como monitora e defensora do regulamento pudesse tê-lo abandonado nesse momento crítico.

— Elas não tinham levado as poções para o banheiro – respondeu ela com desdém. – Estavam apenas discutindo táticas. E, caso não se lembre, diferentes poções requerem diferentes antídotos, se eu fosse você convidaria alguém para acompanhá-lo, isto faria as outras pararem de pensar que têm chance. O baile é em menos de uma semana – o lembrou.

— Eu sei – murmurou Naruto, resignado.

— Bem, de todo jeito, tenha cuidado com o que beber ou comer, porque aquelas garotas não pareciam estar brincando – disse Sakura séria. – Você deve se apressar e convidar alguém. Agora, vamos almoçar?

Naruto concordou e juntos foram caminhando em direção ao salão principal.

O que ele não tinha dito a melhor amiga é quem queria convidar, mas… Não tinha certeza. Seus sentimentos andavam confusos nos últimos tempos e temia perder a amizade… A mão de Sakura bateu em seu peito o impedindo de continuar o trajeto e Naruto deu um passo para trás cambaleando com a força da amiga, alguma coisa com um líquido gosmento passou voando e batendo na parede.

Naruto colocou as mãos na cabeça.

— Caramba, isso ia acertar minha cabeça – reclamou ao perceber.

Reducto! – soltou Sakura. O que quer que fosse o objeto e o líquido, foram ambos destruídos pelo feitiço. Um grupo de alunos soltou gritos de indignação. – Sonserininhos, tinha que ser – a amiga desdenhou.

— Você não tem o direito de destruir as coisas dos outros – reclamou Gaara.

— E você não tem o direito de jogar coisas nos outros – revidou Sakura. – O que era aquilo, afinal? Uma poção em que fracassou?

— Chega! – Karin interviu. – Naruto parece estar bem, então aconselho aos dois que continuem seu caminho. E você Gaara, sugiro que se comporte melhor e que dê o exemplo, caso contrário não garantirá seu posto como monitor no ano que vem.

— Bem que eu ia gostar de ver ele perder o posto de monitor – murmurou Naruto para a amiga. 

Sakura soltou um riso baixo de escárnio.

— Do que iria adiantar? Algum dos amigos dele é que ia herdar o lugar, o que seria só trocar seis por meia dúzia.

— Eu não entendi nada do que você disse, mas só de imaginar a cara dele ao perder o posto de monitor… – Naruto se deixou sonhar esticando os braços e dando uma meia volta, mas enquanto Sakura sentava na mesa da Grifinória, o garoto foi atingido por uma torta de caramelo bem em cheio no peito.

Todos ao redor ficaram em silêncio.

— Minha torta – choramingou Hinata.

Naruto controlou o riso. Só ela mesma para se preocupar mais com a comida…

— É, foi mal – disse o garoto. – Eu acabei com a sua torta inteira – ele pegou um pedaço grudado no uniforme e colocou na boca. – Foi você quem fez? Tá uma delícia.

Hinata se aproximou, tentando tirar o excesso da torta dele. Ela tinha uma planta entre a orelha e o cabelo e parecia mascar algo com a boca.

Foi então que Naruto sentiu… 

Torta de caramelo… 

Menta… 

E uma planta da aula de Herbologia…

Os alunos já tinham voltado aos seus próprios afazeres quando ouviram Naruto dizer:

— Hinata?

— Sim? – a garota ergueu o olhar para ele. 

— Quer ir ao baile comigo?

 

Continua…

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? espero que sim!!!

Dúvidas? Perguntas? Sugestões? Opiniões? Me digam que estão achando, vou adorar saber

Vão adorar saber que, de acordo com o meu planejamento, o próximo capítulo é o Yule Ball, ou seja, VEM BASTANTE SASUSAKU EM 2024!!! (Tenho até vergonha, faz mais de um ano q eu tô escrevendo a fic e até agora só tivemos um interação entre o casal, mas assim, nem acho digna de mencionar. Aliás: alguém tem teorias sobre essa confusão que a Sakura falou para o Naruto ou sobre o platinado e o ruivo falando com a nossa rosada na biblioteca?)

Minha recomendação de leitura para esse mês e fim de ano é “Carry On” da Rainbow Rowell
Alguém já leu? Completamente inspirado em Harry Potter, mas com temática LGBTQIA+ (se eu me lembro bem, é como se fosse o shipp do Harry com o Draco), eu li já tem alguns anos e eu me lembro de ter amado, inclusive tem 2 continuações que eu ainda não li, mas que estão na minha lista (a interminável lista kkkk)
E eu lembro que eu amava que os feitiços eram super engraçados

Enfim, por enquanto é isso, beijinhos e até o próximo capítulo no ano que vem



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