Feels Like Home escrita por Viih Slytherin


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Escrevi isso para o primeiro dia da semana Sterek 2022 do tumblr, que começa hoje e vai até dia 31. O tema de hoje é “Me Sinto Em Casa” (Feels Like Home).

Não acho que eu vou escrever para mais algum dia além desse e o de Halloween, no qual eu já estou trabalhando, então aguardem ♥

Eu pessoalmente não gostei dessa capa que fiz às pressas, talvez eu mude algum dia, sei lá.

Espero que gostem.



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Stiles era uma presença quase constante no loft de Derek, e o quase era Derek tentando ser legal. 

Ele entendia as muitas vezes em que isso era necessário, como nas reuniões do bando e durante as sessões de pesquisa, e Derek estava confortável com isso, pois era o que as matilhas fazem: se reúnem na casa do alfa, e sua casa sempre estaria aberta para seus betas. 

A questão era que Stiles se sentia em casa no loft muito mais que qualquer outro membro do bando, às vezes até mais do que o próprio Derek. Começando com o garoto tendo sua própria chave, a qual Derek não sabia de onde viera ou quando ele teve tempo de fazer uma cópia, e com o problema do livre acesso vinham as aparições aleatórias totalmente sem aviso, como nesta manhã de domingo, quando tudo o que Derek queria era dormir até mais tarde. 

Stiles entrar abrindo a grande porta metálica sem acordá-lo dizia algo sobre sua confiança no garoto, já que Derek só veio a despertar realmente quando o cheiro do café chegou ao seu nariz. Abrindo os olhos, o alfa observou a imagem de Stiles segurando uma xícara sentado no seu sofá olhando atentamente a tela de seu notebook, pilhas de livros e cadernos ao seu redor. 

Ele levou alguns momentos para processar a cena, tentando se lembrar se haviam marcado de pesquisar alguma coisa para o bando juntos. 

― Stiles ― Derek chamou, a voz rouca de sono. ― O que diabos está fazendo? 

― Ei Sourwolf ― saudou o garoto alegremente. ― Estou fazendo um trabalho da escola que eu esqueci que era para amanhã. 

Levantando a cabeça do travesseiro para ter uma visão melhor, Derek piscou os olhos, os esfregando com as mãos em seguida. 

― E por que não faz na sua casa? ― Questionou. ― Ou na de Scott? 

― Meu pai pegou os turnos da noite essa semana, e eu não quero atrapalhar o sono dele ― Explicou. ― E Scott saiu com Alisson. 

― E então você decidiu atrapalhar o meu sono? 

― A culpa não é minha se você ainda não reformou os quartos do andar de cima ― Stiles deu de ombros, tomando um gole de seu café. ― E como você dorme debaixo de uma janela desse tamanho? E sem cortinas? Bem, acho que encontrar cortinas grandes assim deve ser difícil. 

Derek voltou a cair no travesseiro, lamentando por ele mesmo ainda não ter terminado as reformas do loft. É claro que a cozinha e o banheiro eram prioridades, mas a privacidade de um quarto que Stiles não invadiria quando bem quisesse tinha seu apelo. 

― E quanto a biblioteca? ― Sugeriu, virando-se de lado. ― Geralmente as pessoas normais estudam lá. 

― Hoje é domingo ― Stiles riu debochado. ― Está tudo fechado. 

Derek suspirou e puxou o cobertor por sobre a cabeça, conformando-se em passar o dia ouvindo os resmungos e exclamações de Stiles como plano de fundo enquanto o garoto raciocinava sozinho. 

 

 

Derek deveria ter notado os sinais, mas lhe era conveniente demais para reclamar. Stiles havia tomado conta oficialmente de sua cozinha. 

Começara com coisas pequenas, como o café, e então alimentos que tinha certeza de não ter comprado começaram a aparecer na geladeira e no seu único armário. Depois foi a vez de potes com refeições prontas para serem aquecidas em seu micro-ondas de segunda mão. Ele deveria se preocupar com o fato de nunca ter visto as coisas entrando lá, ou Stiles as colocando lá, afinal, mas era conveniente demais apenas esquentar o jantar pronto em vez de se obrigar a pedir alguma coisa para que Derek tivesse qualquer motivo para objeção. 

Ele não se surpreendeu quando, em uma tarde, Stiles entrou carregando um grande saco de comprar exalando o cheiro de alimentos frescos. Derek somente desviou seus olhos do livro que lia sentado no sofá, arqueando uma sobrancelha para o garoto em questionamento. 

― Preciso usar o seu fogão ― Stiles falou. ― O lá de casa tem alguma coisa errada com ele, e eu preciso levar o jantar do pai na delegacia antes que ele tente pedir alguma coisa gordurosa que entope veias totalmente fora das recomendações médicas. 

“Preciso usar”, Derek reparou, e não “posso usar?”. 

O alfa deu de ombros, então retomou sua leitura. Talvez ele estivesse dando liberdade demais para Stiles, mas era difícil se sentir mal com isso quando sua casa era tomada pelo cheiro maravilhoso de comida caseira. Derek dificilmente cozinhava quando simplesmente pedir pelo telefone era mais fácil, e quando o fazia, nunca era algo mais do que algumas panquecas ou ovos com bacon para o café. Se ele estava ficando mal acostumado com as marmitas que Stiles lhe deixara, isso era assunto dele. 

Seu estômago roncava quase audível o suficiente para o garoto humano ouvir a cada nova onda de cheiro que chegava através da sala, e Derek estava tentado a ir oferecer sua ajuda somente para ver se conseguiria algo para beliscar, mas foi salvo de tal artimanha quando Stiles o chamou para jantar. 

― Coloque os pratos na mesa ― Stiles falou de seu lugar ao fogão. ― Quero comer antes de ir levar o jantar para o pai. 

Derek não discutiu, apenas colocou um par de pratos e talheres na pequena mesa de quatro lugares, esperando o garoto terminar o que quer que estivesse fazendo. 

― O cheiro está bom ― falou, atraindo a atenção de Stiles, que sorriu. ― O que é? 

― Frango e legumes cozidos no vapor ― respondeu. ― E tem refrigerante na geladeira. 

Derek não se lembrava de ter comprado qualquer refrigerante, mas de fato havia agora uma pilha de latas na prateleira de cima. Ele deveria dar seu cartão de crédito para Stiles se ele fosse continuar comprando coisas para a casa sem falar nada. 

Derek não sabia que legumes podiam ficar melhores quando cozidos ao vapor, mas imaginava que quando ele deixava cozinhar demais e eles ficavam moles poderia ser um fator a se considerar no quesito sabor e textura. O frango estava excelente também, e quando Derek soltou uma exclamação de agrado bem como um elogio verbal, Stiles corou de prazer, escondendo o sorriso com uma garfada de comida. 

Depois que terminaram, Derek recolheu os pratos e os lavou enquanto Stiles dividia as sobras em potes individuais, não passando despercebido que metade deles ficara na sua geladeira. 

 

 

Derek torceu o nariz para o cheiro insuportável que exalava de Stiles, quase fazendo seu estômago revirar. 

O humano desta vez havia sido vítima de sua própria teimosia, tendo insistido em servir de isca viva para o trasgo que estava causando problemas na cidade e acabara sendo coberto pelas tripas do monstro quando o bando finalmente conseguiu dar um fim nele, segundos antes que ele pudesse de fato alcançar Stiles. 

Agora o garoto estava extremamente de mal humor e fedorento, sentindo-se nauseado mesmo depois de ter vomitado todo o conteúdo de seu estômago. 

Mas o pior de tudo para Derek é que Stiles havia vindo de carona consigo, o que significava que teria de voltar no Camaro, já que ninguém mais do bando estava disposto a acolher o jovem imundo, e seria crueldade demais deixá-lo voltar a pé tarde da noite. Portanto tudo o que Derek poderia fazer como o bom alfa que tentava ser era baixar todos os vidros e prender a respiração durante todo o trajeto até seu loft, onde ficara o jipe. 

Ao chegar lá, Stiles subiu ao seu lado em silêncio, e mais uma vez Derek lamentou silenciosamente estar confinado em um espaço fechado com o garoto. Deveria ter pegado as escadas. 

Ele esperava que Stiles somente pegasse suas chaves e fosse para casa se limpar, mas não se surpreendeu totalmente quando o garoto fez seu caminho silencioso para o banheiro, seguido pelo som do chuveiro. 

Stiles gastou seu tempo sem pressa enquanto limpava as tripas do trasgo de sua pele e cabelo, e nesse meio tempo Derek aproveitou para agendar uma limpeza pesada completa em seu pobre carro agora fedorento. 

Quase uma hora depois, o alfa se perguntava quanta água quente ainda restava para sustentar o banho do garoto quando este saiu com uma toalha enrolada na cintura e a pele vermelha de tanto esfregar. O sorrisinho em seu rosto denunciava o quanto se sentia melhor depois de limpo. 

― Boas notícias ― Stiles começou ―, o fedor se foi e não há mais nenhum excremento ou partes de monstro em mim. 

Derek cheirou o ar de sua posição acomodado na cama, e não sentiu nada vindo do garoto além do aroma de seu sabonete e shampoo. 

― Más notícias ― continuou o menino. ― Vou ter que botar fogo na minha roupa suja, aquilo está além da salvação. 

Andando despreocupadamente pela sala, Stiles parou junto a cômoda de Derek, abrindo a gaveta como se lhe pertencesse, revirando seu conteúdo até retirar de lá uma camiseta de mangas compridas e uma calça com cordões ajustáveis. 

Tão próximo como estava, Derek podia quase sentir o calor febril do corpo alheio escaldado pelo banho, e ver nitidamente as gotas de água que escorriam de seu cabelo molhado para descer por suas costas cobertas de pintas e ocasionais cicatrizes, e se Derek tivesse um pouco menos de auto controle ele teria esticado a mão e tocado o contorno de uma delas, mas se conteve ao perceber como estava encarando o menino. 

― Pode se virar pra lá, por favor? ― Stiles perguntou com as bochechas se avermelhando. ― Eu não estou a fim de dar um show particular de traseiro pálido a menos que seja necessário. 

Ignorando suas próprias bochechas quentes, Derek se virou completamente para o lado oposto, dando privacidade ao menino para vestir as roupas, somente agora se dando conta da intimidade da situação. Stiles chegava e sem dizer nada não só tomava banho em sua casa como também pegava suas roupas sem pedir ou mesmo hesitar. Desde quando ele havia se tornado tão familiar? 

Usando seus itens de higiene e agora vestindo suas roupas, Stiles inconscientemente se cobria pelo cheiro de Derek, e o alfa tentava ativamente ignorar seu lobo praticamente ronronando em seu peito em contentamento. 

Após recolher suas roupas sujas em um saco de lixo, Stiles saiu com apenas um “boa noite”. 

 

 

A próxima vez que Stiles acabava em problemas por causa do sobrenatural não havia sido culpa sua, realmente. 

Derek definitivamente não deveria ter comentado com o garoto que havia um bando de unicórnios de passagem pela reserva, ele devia ter previsto que a curiosidade sempre vencia o pouco de bom senso que Stiles tinha. 

O garoto havia tentado se aproximar do grupo de seres, certamente sua virgindade contribuindo para ele ter conseguido chegar perto o suficiente para assustar os bichos. Eles eram criaturas com preferência pela pureza, mas a ira de quando eram perturbados se sobressaía, e foi assim que Stiles se viu sendo perseguido pelo bando furioso. 

Ele conseguiu correr o suficiente para tropeçar em uma raiz exposta e torcer o tornozelo, tendo que engolir a dor enquanto lutava para subir em uma árvore tentando não ser morto pelos chifres ou dentes assustadores das criaturas que deveriam ser apenas lindas e mágicas. 

Seu coração batia como se fosse pular de seu peito e lágrimas rolavam por suas bochechas, tanto de dor pelo tornozelo ferido quanto pelo medo de cair e ser empalado em chifres espirais. 

Pescando de seu bolso com a mão trêmula seu celular, Stiles agradeceu silenciosamente ele ter sinal, não tardando em ligar para a única pessoa que certamente o atenderia naquela hora da noite. 

― Stiles. 

Veio o resmungo do outro lado da linha, e o garoto suspirou aliviado. 

― Derek eu preciso de ajuda ― ele falou com dificuldade. ― Unicórnios são criaturas do mal, por que você não me disse? 

― Me diga que esse som não são os unicórnios? ― Derek implorou. ― Merda, Stiles, eu falei para você não ir lá. 

― Você poderia ter dito “não vá, eles comem garotinhos inocentes” em vez de simplesmente dizer, “tem unicórnios na reserva, não vá lá”. 

― Droga, Stiles ― o alfa praguejou mais uma vez. ― Se eu disse pra não ir, não era pra ter ido. 

― Você pode vir me buscar antes que eu seja morto e possivelmente devorado e pisoteado? ― Stiles pediu, e o medo em sua voz era notável mesmo através da ligação. ― Por favor? 

― Estou indo ― Derek respondeu. ― Tente não irritar ainda mais eles enquanto eu não chego. 

Não foi preciso de muito para afugentar os unicórnios quando Derek chegou minutos depois, tendo cruzado todo o caminho muito acima da velocidade permitida, e bastou apenas seu melhor rugido alfa e as criaturas debandavam para o lado oposto. 

Stiles choramingou aliviado, quase caindo da árvore quando seu agarre vacilou, emocionado por finalmente conseguir ajuda. 

― Você consegue descer? ― Derek perguntou ao parar debaixo da árvore. ― Está ferido? 

― Torci meu tornozelo ― respondeu Stiles, avaliando sua descida. ― Mas acho que consigo descer. 

Tomando cuidado para não colocar pressão sobre o ferimento, Stiles tentou voltar aos galhos mais baixos, mas não chegou nem na metade quando por impulso usou o pé machucado, o que resultou em sua queda pelo resto do caminho, o que teria sido muito doloroso se Derek não tivesse sido rápido o suficiente para pegá-lo. 

― Você está bem? ― Derek perguntou preocupado. ― Acha que consegue andar até o carro? 

― Provavelmente não ― murmurou o garoto, lutando para não chorar de dor. ― Não acho que esteja quebrado, mas dói pra caralho. 

Stiles não esperava ser ajustado até estar sendo carregado em posição de noiva por Derek, nem o lobisomem sugando sua dor, mas estava infinitamente grato por ambos. 

― Não acho prudente você dirigir com o pé machucado ― Derek falou ao chegar onde estacionara o Camaro ao lado do jipe. ― Então eu te levo pra casa e amanhã eu venho buscar seu carro. 

Stiles não discutiu esse fato, mas insistiu que não queria ir para casa daquele jeito, machucado e sujo, pois não queria ter de inventar alguma mentira sobre sua situação para seu pai, então Derek o levou ao loft sem discutir. 

Mais uma vez ele carregou Stiles em seus braços, menos preocupado pela vida do garoto, mas nervoso com a gravidade da torção de seu tornozelo. Quando entraram, ele ia largar o menino no sofá, mas Stiles protestou que o estofado duro não ajudaria seu corpo dolorido de estar preso a uma árvore por uma eternidade, então Derek revirou os olhos e o deixou se acomodar na cama. 

Stiles ajustou o travesseiro e puxou o cobertor de sob seu corpo, para então tirar os tênis e avaliar o estrago. A região do tornozelo estava avermelhada e um tanto inchada, mas realmente não parecia quebrado, porém um exame médico deveria ser feito, e Stiles concordou com isso quando Derek sugeriu. 

E quando Derek foi buscar gelo para ajudar com o inchaço, ao voltar da cozinha o que ele encontrou foi Stiles dormindo com as cobertas puxadas a meio caminho de seu corpo, acomodado de mal jeito contra seu travesseiro. 

Ele ponderou o que faria, pois uma coisa era permitir que Stiles fizesse o que queria em sua casa, e outra bem diferente era ele passar a noite em sua cama. Ele não poderia levar o menino daquele jeito para casa, e meio que era culpa dele o ferimento por ter superestimado o bom senso do garoto, então apenas o deixou onde estava, voltando para a cozinha jogar fora o gelo. 

O estresse e o medo deviam ter esgotado as energias de Stiles, que nem se moveu quando Derek pousou seu pé machucado em uma almofada, ou quando ele o moveu em uma posição deitada mais confortável, nem mesmo quando o homem deitou-se ao seu lado com cuidado, não demorando para dormir também. 

 

 

A presença constante de Stiles já era algo que Derek havia se acostumado. Parecia que o jovem sempre estava lá. Ia e voltava quando queria, tinha livre acesso a cozinha e qualquer outro cômodo, e desde o incidente dos unicórnios, vez ou outra até mesmo cochilava na cama de Derek, e por isso o loft cheirava como se não apenas o alfa morasse lá, mas como se fosse também a casa de Stiles. Mas geralmente o garoto fazia tudo isso quando o próprio Derek estava em casa, e na maioria delas eles sequer interagiam, ocupados em seus próprios assuntos, apenas aproveitando a companhia silenciosa. 

E foi por isso que Derek se surpreendeu ao chegar em casa em uma tarde para encontrar Stiles jogado sozinho em seu sofá, várias embalagens de doces pelo chão e uma tigela de pipoca pela metade sobre sua barriga, enquanto um filme qualquer passava na televisão. 

O garoto costumava vir quando queria trabalhar em alguma coisa sem atrapalhar seu pai, ou em algo que seu pai não podia saber, vinha para pesquisar com Derek ou somente para ter um pouco de companhia pacífica e silenciosa, mas nunca antes para assistir sozinho. Derek imaginava que isso ele poderia fazer na própria casa, e foi por isso que estranhou encontrá-lo lá. 

― Ei Der ― cumprimentou o garoto, movendo-se para se pôr sentado no sofá. 

― Está tudo bem? ― O alfa perguntou cauteloso, aproximando-se. ― Você precisa parar de invadir desse jeito. 

E mesmo Derek sabia que o aviso era totalmente em vão, ignorado tantas vezes antes que ele só o dizia por costume. 

Stiles deu de ombros e se levantou indo em direção à cozinha, voltando logo depois com duas latas de refrigerante, dando uma a Derek. 

Voltando a se acomodar no sofá, Derek sentou-se junto a ele, talvez mais próximo do que deveria, mas nenhum dos dois comentou nada sobre isso. 

― Você realmente se sente em casa ― Derek comentou, sem conseguir se conter. 

E não soou como uma acusação, apenas como a constatação de um fato que nem de longe era desagradável. 

― Eu gosto de estar aqui ― Stiles deu de ombros, olhando para a TV. ― A minha casa sempre está tão vazia com meu pai trabalhando mais do que seria considerado saudável. 

Derek assentiu em silêncio, mesmo que o garoto não pudesse ver, porque ele entendia. Sua casa também ficava vazia demais depois que se acostumara com a presença constante de Stiles, e ficar sozinho lá às vezes podia ser esmagador. 

― E quando ele está lá ― Stiles continuou ―, é difícil olhar pra ele sem poder dizer os motivos pelos quais eu às vezes chego em casa cheio de machucados ou com as roupas rasgadas. Ou contar que o mundo é bem mais do que os olhos podem ver. E ele sabe que algo está errado, ele sempre sabe, não é à toa que ele é o xerife. Mas como contar uma coisa dessas sem arriscar que isso o fará enfartar de vez? 

Derek se manteve em silêncio, apenas passando um braço sobre os ombros de Stiles para confortá-lo, feliz em não ser rejeitado quando o menino acomodou-se melhor contra seu corpo. 

― E eu também gosto de ficar aqui porque eu gosto de estar com você ― Stiles falou, arriscando um olhar tímido para Derek. ― Eu gosto mesmo que seja para ficar em silêncio enquanto você lê. 

― Também gosto de quando você está aqui ― Derek confessou, olhando para Stiles. ― O loft parece menos vazio com você tagarelando sozinho ou revirando a cozinha. 

Stiles riu soprado por um momento, apreciando o lindo sorriso pequeno de Derek, que deixava em evidência seus dentinhos de coelho. Muito se falava sobre o físico invejável de Derek, ou sobre o ar de bad boy que ele exalava, mas para Stiles ele nunca ficava tão bonito quanto quando sorria de verdade. 

― Acho que nunca te agradeci pela comida que deixa pronta na geladeira ― mencionou Derek. ― Você está sempre cuidando de tudo e todos, e eu nunca disse o quanto eu sou grato. 

― Eu gosto de cuidar ― Stiles falou. ― Acho que essa deve ser minha linguagem de amor, afinal. 

O menino deu de ombros, mas parou por um instante ao perceber o que havia dito. Tentando escapar do olhar do alfa, ele tomou um gole de seu refrigerante, enquanto Derek largava o seu intocado sobre a mesa de centro. 

― Eu acho que eu deveria ir ― Stiles falou quebrando o silêncio, fazendo menção a se levantar. ― Desculpa ficar bagunçando sua casa. 

Derek segurou seu pulso, impedindo que o garoto se levantasse, mas não forte o suficiente para que Stiles não conseguisse sair se realmente quisesse. Ele olhou nos olhos castanhos de corça por um momento, captando o nervosismo que eles transmitiam. 

― Eu não me importo ― Derek começou, e ao ver a confusão na face alheia continuou: ― Quero dizer, não me importo com você bagunçando minha casa. 

Stiles ainda parecia confuso, e Derek podia ouvir seu coração batendo rápido e forte. 

― No começo eu meio que me sentia desconfortável quando você ia e vinha sem dizer nada ― falou, soltando levemente sua mão do pulso alheio e a deslizando até que estivesse segurando a mão de Stiles. ― Principalmente quando me acordava cedo demais. Mas eu meio que me acostumei com isso. 

Stiles riu soprado por um momento, olhando nos olhos verdes que lhe encaravam com seriedade. 

― Mesmo quando eu durmo na sua cama? ― O menino perguntou. ― Ou roubo suas roupas? 

― Principalmente quando você faz isso ― Derek murmurou mais baixo, levando sua mão livre ao rosto a sua frente. ― Meu lobo nunca fica tão contente como quando você está coberto pelo meu cheiro. 

Stiles sentiu sua respiração prender em seu peito e sua pele arrepiar com o tom de voz do alfa, juntamente com a mão suave que segurava seu rosto. 

― Você se tornou tão familiar que eu nem percebi o quanto você parecia simplesmente pertencer ao lugar ― se aproximando mais, Derek pegou a lata de refrigerante aberta da mão de Stiles, a largando de qualquer jeito junto a sua na mesinha. ― Nem percebi quando me apaixonei por isso, por você. 

Stiles sentia como se seu coração fosse pular para fora do peito quando ele fechou a distância que restava entre sua boca e a de Derek, enfiando os dedos por seu cabelo macio enquanto aprofundava o beijo. E se Stiles sentia-se em casa no loft de Derek, enquanto estava em seus braços era como se tivesse nascido para pertencer ali. 

 

+1. 

Quando Derek acordou na manhã seguinte não foi com sua casa sendo invadida por Stiles, nem com a sensação de vazio que o garoto sempre deixava para trás, mas foi com o calor e conforto de ter seu garoto em seus braços ainda dormindo suavemente, cercado pelo cheiro misturado dos dois. 

Derek nunca havia sentido que o loft industrial era realmente um lar, nem mesmo o apartamento que dividia com Laura antes de voltarem a Beacon Hills. Desde o incêndio, não conseguia se sentir pertencente a nada por mais que tentasse, e os fantasmas do passado constantemente o assombrando com culpa e luto não permitiam que se acomodasse e seguisse em frente. 

Não até Stiles. O garoto que aos poucos foi se apossando de sua casa e coração, e se lar é onde o coração está, então o lar de Derek era agora Stiles, e ele nunca se sentiu tão em casa. 

Enfiando o nariz no pescoço do garoto em seus braços, Derek o abraçou mais forte, sorrindo ao ouvir a risadinha sonolenta em resposta, embalando-o para o sono mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam ♥ eu sempre quis escrever um 5+1 coisas ♥ amo essa modalidade de fanfic.

Lembrando que eu sempre posto minhas fanfics no Ao3, Spirit, Nyah! E Wattpad.



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