As Crônicas de Aethel (II): O Livro das Bruxas escrita por Aldemir94


Capítulo 25
O Segredo de Salazar




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A luz bruxuleante da lua iluminava as copas das árvores daquela floresta primitiva,  as corujas eram ouvidas ao redor dos muros do grande castelo e no pátio, por onde Aethel, Rosa e Trixie caminhavam, já se sentia os efeitos do frio vindo do norte.

A sinistra alcatéia de lobos andava ao redor do rei e de suas amigas; todos seguindo até um arco de pedra decaído, por onde cresciam plantas trepadeiras.

Diante da construção, Aethel dirigiu-se para as meninas:

— Agora devo prosseguir sozinho; por favor, fiquem aqui ou retornem.

Trixie segurou a mão direita do rei e disse, com olhar sério:

— O quê?! Escuta aqui, cara, a gente não vai sair daqui sem você, entendeu a parada? Se você continuar, nós duas vamos atrás de você, sacou?

— Por favor – pediu Rosa – A gente só quer ajudar. Nos deixe ir com você.

— Não sabem o que me pedem – respondeu Aethel – Por favor, retornem.

Como elas recusaram, o imperador continuou seu caminho através do arco arruinado quando, assim que cruzaram uma clareira rodeada de torres caídas e muros desabados, os lobos posicionaram-se na frente das garotas e rosnaram, indicando que elas deveriam ficar onde estavam.

As duas se abraçaram, apavoradas, mas Aethel as tranquilizou:

— Tenham calma, feras da noite – disse o rapaz, com a mão esquerda estendida em direção aos lobos – Trixie, Rosa, chegou a hora de nos separarmos; não prossigam mais, ou estarão em perigo. Adeus.

Naquele momento o coração de Aethel se sentiu solitário e pesado; como se a felicidade houvesse pegado o trem da noite e voltado para sua terra, onde os prados eram verdes e o Sol nascia no horizonte mais belo.

Sentindo fraqueza, o garoto segurou em uma coluna de pedra, conseguindo evitar uma dolorosa queda. Em seguida, fitou os lobos, que pareciam interrogá-lo com seus olhos azuis.

Vidas estavam em jogo e por isso era impossível evitar aqueles momentos tão angustiantes.

Seguindo por mais um pátio de pedra, Aethel desceu por uma escada desgastada, oculta pela vegetação que parecia estar por toda parte naquele lugar.

Seguindo por uma trilha, o rei chegou a um morro rodeado por árvores, onde havia um altar baixo de mármore branco, tão antigo quando o próprio castelo, com inscrições que o imperador não conseguia entender.

Diante dele, Aethel viu o Cavaleiro Verde, sem o capacete: era um homem de aparência nobre, com pele pálida, aparentando estar em seus quarenta e cinquenta anos.

Sua barba e bigodes médios tinham um tom esverdeado e seus olhos profundos eram de um verde tão puro, que um observador desatento poderia confundi-los com um par de esmeraldas.

O cavaleiro vestia sua armadura verde e segurava o capacete nas mãos, mas logo colocou-o em cima de uma pedra e bateu no peitoral com o punho direito, em sinal de respeito ao jovem imperador.

Aethel se curvou, segundo a moda dos ghalaryanos, caminhou até o cavaleiro e pediu que a cerimônia fosse iniciada.

Sacando a espada verde, o cavaleiro a segurou com as duas mãos e aproximou-a do próprio rosto, enquanto conversava com o rei:

— Aethel, sei de meus deveres e reverencio o código sagrado dos cavaleiros de minha antiga ordem, da qual sou hoje o último representante. Porém, meu respeito por você é grande, pois tenho visto teus feitos, desde o dia em que o óleo desceu por seus cabelos; a unção das mais excelentes. Por isso, peço que reconsidere; não são as tuas faltas que trazem o julgamento, mas a dos outros.

— Cavaleiro Verde, prossiga com a cerimônia – pediu Aethel, sentindo-se cada vez mais esgotado.

Sua respiração ofegava e seus músculos doíam, como quando Clarion, a rainha das fadas, o levou para Avalon.

O homenzarrão, todavia, insistiu para que o rei reconsiderasse:

— Não vejo faltas em você; porque insistir em algo que pode, facilmente, ser evitado?

Aethel não respondeu, fazendo o cavaleiro lamentar sua atual sorte:

— Não sou culpado pelo que farei – disse o homem de barba verde – Lavo minhas mãos, majestade. 

Olhando com desânimo, o cavaleiro cravou a espada na grama e pegou uma tocha próxima e soprou nas chamas, que adquiriram um tom de azul fantasmagórico.

— Estenda a mão esquerda, imperador dos ghalaryanos – ordenou o Cavaleiro Verde, sendo obedecido.

Neste momento, as chamas da tocha avançaram e queimaram a mão de Aethel, causando-lhe tamanha dor, que ele se ajoelhou; em poucos segundos, estava ferida e chamuscada.

O rapaz olhou para a Lua, lembrando-se de todos os documentos que havia assinado, das valsas, da Excalibur sendo removida da bigorna, na floresta misteriosa de Avalon; estava tudo acabado.

O cavaleiro olhou, penalizado, para o jovem rei, enquanto prosseguia com as palavras da cerimônia sinistra:

— Curve a cabeça, rei dos ghalaryanos – pediu o homem, com olhar vazio – Não haverá sofrimento.

Com a dignidade de um rei, Aethel deu dois passos em direção ao altar de mármore, ajoelhou-se e curvou a cabeça, sem pedir misericórdia ou tremer (fosse de medo ou frio).

O Cavaleiro Verde não podia deixar de se espantar com aquela postura de tamanha nobreza, mas nada podia fazer, além de seguir com o código e acabar com tudo aquilo.

Antes, porém, que desce o golpe fatal, algo paralisou o cavaleiro:

— A lâmina não quer descer, o que trouxe consigo? Alguma mágica poderosa está aqui.

— Tenho um cinto, presenteado por uma criança – Respondeu Aethel.

O cavaleiro pediu o cinto, mas o rei recusou, até que lhe fosse dado algo em troca:

— Se proteger meus amigos, que aguardam meu retorno, poderá levar o cinto de ouro.

— Minha espada os protegerá – prometeu o Cavaleiro Verde – Garantirei que nenhum mal suceda a eles.

Após essas palavras, Aethel entregou o cinto e voltou a curvar a cabeça, segurando uma lágrima, pois a dor em sua mão era indescritível.

Mais uma vez, porém, o guerreiro verde disse que algo o impedia de acertar a lâmina, ao que o rei confirmou as suspeitas do homem:

— Tenho comigo um anel – disse o garoto – Mas não o entregarei.

Após fitar o objeto, o homem de barba verde disse que o garoto podia fazer um segundo pedido:

— Juba ameaça meu império – disse Aethel – Prometa que lutará com meu amigo, Felipe, e o ajudará na batalha.

O guerreiro confirmou, dando sua palavra de honra, e o rei colocou o anel de ouro no bolso.

Terminado essa última pausa, Aethel curvou o pescoço, demonstrando sua imensa coragem, e o Cavaleiro Verde golpeou-o, pondo fim a uma dinastia que remontava o período sumeriano.

Limpando a lâmina no altar, o cavaleiro lamentou o cumprimento da lei, derramando algumas poucas lágrimas pelo rapaz, os lobos uivaram, em sinal de luto e as corujas do castelo ficaram em silêncio.

O Cavaleiro Verde ajeitou o corpo sem vida na grama, com a cabeça virada para o altar, enquanto fazia as orações fúnebres e guardava sua espada.

Apesar do respeito ali demonstrado, nada poderia superar o que acontecia a poucos metros do local, atrás de uma coluna caída, rodeada por arbustos e árvores; três figuras olhavam, atônitos, para toda aquela cena dantesca: Trixie, Rosa e Jake, que desobedeceram as ordenanças finais de Aethel.

Quem mais sofreu foi o dragão ocidental, que rapidamente entendeu quem era o responsável por aquele crime:

— Rosa, a culpa é minha… – disse o garoto, abraçando a moça, enquanto tentava esconder as lágrimas.

Trixie chorava cada vez mais, conforme seus olhos fitavam o amigo executado, iluminado pela luz do luar.

A noite ficou ainda mais fria, mas a temperatura era o que menos importava naqueles momentos de choque…

 

***

 

Enquanto isso, no grande palácio imperial, o 2° cônsul do império, James Salazar, passeava pelos corredores, com um sorriso, enquanto seguia para a sala de audiências.

Ajeitando a roupa azul, com fios de ouro e abotoaduras de igual material, o atual ditador do império admirou a riqueza do magnífico trono de Aethel, que fora ocupado ao longo dos séculos pela dinastia Ryu.

Satisfeito consigo mesmo, James sentou-se no trono e fechou os olhos, esboçando o que faria nos próximos dias:

— Finalmente… acabou – suspirou o cônsul – Agora posso dormir de verdade. Gaius! Temos trabalho a fazer!

 Salazar não precisou esperar muito para um homem de uniforme vermelho e mosquete aparecer, atravessando o salão pela porta principal:

— Meu senhor, estou aqui – disse Gaius, cobrindo os cabelos negros com o quepe vermelho – Por favor, mestre, as coisas correram de acordo com suas palavras?

— Ele morreu, se é o que quer saber – disse Salazar, de forma seca – Agora só  remover do império mais alguns poucos “espinhos na carne”...

— Meu senhor, estou aqui para servi-lo – respondeu Gaius, limpando os olhos azuis com um lenço – Quais são os próximos passos?

 – Ouça bem, meu leal Gaius – disse o cônsul, com um sorriso – O dragão e o garoto fantasma são uma ameaça e podem fazer resistência; leve um grupo de soldados confiáveis e mate os dois.

O soldado fitou seu mestre, com dúvidas:

— Mas senhor – perguntou, preocupado –, eles tem amigos, como aquelas garotas, o que faremos com elas?

— Cuidamos de todos, Gaius; sem testemunhas. – respondeu Salazar – Quanto aos residentes do palácio, não tenho utilidade para eles… não mais. Deverão seguir o caminho de Aethel e sua dinastia trágica.

— E quanto aos monarcas estrangeiros? Aquele tal de Roland e a garota Blair?

— Sem eles seus reinos, Gardênia e Enchancia, cairão na anarquia e ficarão fracos, irmão Gaius – respondeu James – Dessa forma, poderei mover minhas tropas e conquistá-los de assalto.

Após algumas ponderações, Gaius olhou para seu mestre, sentado no trono dourado dos Ryus, colocou a mão direita no queixo e perguntou:

— Juba está ameaçando nossas tropas, meu senhor. Sem o dragão e o garoto fantasma, não teremos problemas?

— As tropas que combatem Juba III são leais a dinastia Ryu, meu irmão cheio de dúvidas… Não importa quem vença; chegaremos com nossos próprios soldados e mataremos o rei dos franco-aramanianos, aquele velho do Felipe e meu velho desafeto, o maldito Atreu. Será fácil convencer a população enlutada e cheia de medo de que a guerra levou nossos irmãos de armas para o céu.

Mais uma vez ajeitando o uniforme, Gaius fitou o mestre, temeroso, logo fazendo mais algumas perguntas:

— Meu senhor… Aethel não tem filhos ou esposa, portanto, o trono está em suas mãos, grande Salazar, mas… tem certeza de que ele morreu? Ouvi que, no passado, o grande Gael, o sombrio, também presumiu a ruína desse garoto e… bem, as crianças cantam hoje o triunfo do rapaz que pegou a Excalibur e…

— Excalibur! Já estava me esquecendo – falou o 2° cônsul – Aethel partiu junto de duas garotas e um menino de casaco ou jaqueta vermelha… o garoto dragão; acabe com eles e me traga os seguintes objetos: a espada de Arthur e o colar dos três magos. Com eles nós seremos imbatíveis e poderemos tomar a Franco-Armânia como se fosse uma vila de camponeses… E não precisa se preocupar, o rei está morto; longa vida ao rei – disse Salazar, levantando-se do trono e colocando a mão direita no peito.

Como o soldado ainda guardava suas dúvidas, o ditador de Ghalary pediu que esse o acompanhasse até seu escritório, onde Salazar preparava uma de suas próximas decisões como novo chefe de Estado.

Cruzando alguns corredores e subindo um lance de escadas, os dois chegaram no lugar desejado, mas James andou até uma estante de livros, onde puxou um volume de “Aritmética Avançada – Vol. II” e revelou uma passagem secreta atrás da parede.

Enquanto subiam para um corredor empoeirado, Salazar contava para Gaius o quanto havia demorado para descobrir as passagens secretas do palácio:

— Foram construídas por segurança – disse o ditador – Acredito que o medo de um cerco ao palácio fosse grande demais para que os imperadores o ignorassem. Esse túnel nos levará a um depósito abandonado. Não sei se Antônio conhecia as passagens secretas, mas tenho suspeitas quanto à imperatriz Sophia.

— Porque? – perguntou Gaius, enquanto tirava uma teia de aranha do ombro.

— Ela era esperta e não gostava das aulas de etiqueta ghalaryana, por isso costuma se esgueirar pelo palácio, às vezes desaparecendo por horas. 

Após uma breve caminhada, os dois chegaram a um depósito com mais poeira, onde havia estantes de livros velhos, caixas com artilharia, mosquetes, quadros e algumas bugigangas indeterminadas.

Após acender um candeeiro, Salazar mostrou um livro com páginas marcadas:

— Leia com atenção a seguinte página – disse o ditador, abrindo o objeto – “a morte aguarda ao que levantar a mão contra aquele que exerce o sagrado direito de audiência imperial”. De acordo com o livro, existe a possibilidade de uma alma caridosa tomar o lugar do infrator e sofrer a pena que, naturalmente, depende do tipo da afronta.

— Por isso chamou o Cavaleiro Verde para uma audiência e o deixou entrar com um lobo feroz? – perguntou Gaius – Certamente vossa excelência esperava que algo acontecesse durante o encontro entre os dois, não é mesmo?

— Eu tinha um dispositivo mecânico que deveria disparar contra o cavaleiro, assim que ele abaixasse a guarda, mas aquela idiota da Nealie acabou me sendo muito útil. Também devemos agradecer aos senhores Long e Fenton, por colaborarem tão bem para o nosso plano.

Gaius ainda tinha suas ressalvas quanto a toda aquela operação; ele era um oficial a serviço do império, não um simples traidor em confabulações, porém, sua fé em Salazar era tamanha que o homem cegava-se ante aquela trama sinistra.

Olhando o recinto, o soldado encontrou uma pintura completamente empoeirada, onde se via um menino de uniforme azul com dragonas, uma faixa branca que ia do ombro esquerdo ao lado direito da cintura, cinto com fivela de ouro e um espadim guardado na bainha.

O quadro estava sujo pela poeira, mas ainda eram visíveis os olhos castanhos, cabelos de igual cor e bochechas rosadas.

Era a primeira vez que Gaius via a pessoa retratada, de modo que perguntou, curioso, a identidade do menino, logo tendo a resposta:

— Ah, sim, nem percebi a pintura – disse James – Esse é o príncipe Nikolas em pintura oficial. Como os revolucionários destruíram quase todas as pinturas de Antônio, Sophia e do garoto, você não as vê penduradas em todas as salas do palácio. Na verdade, talvez esse seja o último retrato que restou do príncipe executado.

— Muito sinistro… – respondeu o oficial – Ainda não consigo acreditar que o senhor tenha feito aquilo com Antônio…

— E porque não? Ele era fraco, assim como a maioria dos imperadores da casa Ryu. Sabe, não foi difícil inflar aqueles imbecis republicanos ou sabotar o governo do imperador; queime alguns cilos, pague mercenários para bloquearem redes de abastecimento, plante provas contra senadores e os acuse de corrupção, desmoralizando assim o governo e, como já deve ter percebido, terá uma revolução nas mãos. Claro, às vezes precisamos criar conflitos infantis nas fronteiras, como enviar tropas para muralhas em desuso, em clara ameaça a Estados estrangeiros, subornar militares traidores e instigar a população miserável contra o governante…

— Não sente remorso nenhum? O senhor já tinha tanto poder; ainda não entendo a razão de querer tanto destruir a dinastia Ryu.

Sentando-se em uma caixa, Salazar olhou para seu fiel Gaius, garantindo que tudo era para o bem do povo, apesar da crueza com a qual seus planos eram executados:

— Entendo seus pontos, amigo Gaius. Mas existe muito mais do que uma dinastia milenar de imperadores em jogo; estamos falando do destino de nosso império e de inúmeros outros mundos. Pelas minhas mãos, haverá ordem e poderemos prosseguir com inúmeros outros projetos, como esse que tenho em minhas mãos – e Salazar entregou a Gaius o esboço de uma lei.

— Merlin não concordará com isso, meu senhor James.

— Merlin respeita as leis, além do mais, com o colar mágico poderei dar um jeito nele e em seus dois amiguinhos, Gael e Min. Entenda, meu leal servo, enquanto “elas” continuarem a caminhar livremente, nossa posição nunca estará assegurada.

Gaius olhou o papel, preocupado com o que aconteceria caso toda a trama de Salazar fracassasse, mas não criaria caso quanto às ordens de seu mestre.

James era um homem paciente e cordial, mas também tinha um lado neroniano, capaz dos atos mais inacreditáveis. E Gaius já havia testemunhado a faceta sombria só 2° cônsul inúmeras vezes através de ordens ou atos pessoais: Salazar ordenou a queima do trigo, financiou a campanha de Cláudio e, pessoalmente, pôs veneno na bebida da rainha Amira…

E ninguém desconfiou de nada, nem o próprio Merlin.

O 2° consulo não era homem dado a descuidos e imprudências, mas a um maquiavelismo admirável, capaz de tudo na concretização de seus objetivos.

Salazar era tão estratégico, que dava a entender ser ele a comandar os exércitos de Ghalary e Franco-Armânia, e não Juba e Felipe.

“Meus inimigos cuidam de minhas tropas” ria o ditador, enquanto distraía-se com uma velha biografia de Assurbanipal.

Gaius pegou aquele papel uma segunda vez e, assombrado, analisou o documento que, embora breve, trazia a força de alguém que estava no topo do mundo:

 

Por ordem de Sua Excelência, James Salazar, ditador perpétuo do império ghalaryano e futuro imperador, fica decretado que todo aquele(a) que exercer as artes mágicas, seja por meios próprios ou de outrem, serão considerados(as) traidores do império e inimigos do Estado.

Por meio da abertura dos sagrados tribunais especializados, os que forem acusados dos crimes citados, serão julgados com severidade e, caso condenados, sofrerão a pena capital por meio da fogueira.

 

James Salazar, 2° cônsul; ditador perpétuo; imperador por direito próprio; supremo pontífice.

(Ano da Ascensão).

 

Não havia mais o que pensar, além da conclusão óbvia:

— Juba deseja Ghalary, Nealie deseja o Trono de Cristal e alguém, acima deles, deseja o mundo inteiro – disse Gaius, tremendo –, meu senhor, James Salazar, que os controla, como a marionetes.

De repente, o cônsul levantou-se e ordenou que so servo reunisse seu destacamento:

— Amanhã, no início da sessão do senado, entraremos com os soldados e prenderemos prenderemos alguns senadores, a começar por aquele tolo do Túlio… Sempre odiei esse homem, foi graças a ele que a revolução fracassou e precisei esperar vinte anos para desfrutar meu momento de glória. Esses homens estúpidos precisam ser silenciados! Na prática, isso significará um golpe de Estado, mas sem as tropas de Felipe ou qualquer unidade fiel a Aethel na cidade, aqueles ignorantes terão que se esconder em suas togas, como menininhos assustados… Amanhã, meu irmão Gaius, testemunharemos um novo começo: o nascimento de um império forte, puro e livre de toda essa imundícia impura e baderneira.

Fazendo uma pausa, James olhou para a chama do candeeiro e, como se perdido em seus mais profundos sonhos, disse:

— Não será mal livrar o mundo das feiticeiras… Não era isso que o divino Aethel, nosso amo e senhor do mundo, desejava fazer? Façamos isso em honra ao último imperador Ryu.

Tendo dito isso, Salazar e Gaius se retiraram, levando consigo o papel com a lei e o candeeiro, cujo óleo já estava para acabar…


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