Caminhos Distintos escrita por Florrie
Notas iniciais do capítulo
Otto Hightower planeja o casamento do seu filho com Rhaenyra
Sendo um segundo filho, com poucas expectativas de herdar alguma coisa, Otto Hightower aprendeu a ter paciência e aproveitar as oportunidades, foi assim que ele chegou onde estava, no posto de Mão do Rei. Fora fiel e diligente, esperando, até que a maior oportunidade da sua vida se apresentou diante dos seus olhos.
A morte da Rainha Aemma foi uma grande tristeza para o Reino, mas para ele, significava o momento de agir. Ele nunca seria o chefe da Casa Hightower, mas poderia ter o seu sangue em um lugar ainda mais alto, no Trono de Ferro.
Primeiro precisou se assegurar que o Príncipe Daemon fosse desconsiderado como herdeiro e para isso, deu seu total apoio a única filha do Rei, a Princesa Rhaenyra. Otto não acreditava realmente na menina herdando o trono, nem mesmo quando todos os Lordes do Reino vieram dobrar o joelho diante da garota para jurar lealdade. Aquelas promessas seriam asseguradas até que o Rei tivesse um filho homem, um herdeiro apropriado. Quando isso ocorresse, Rhaenyra teria servido ao seu propósito e poderia voltar a ser apenas uma princesa.
Os planos dele, contudo, tão cuidadosamente pensados, encontraram um grande impedimento. A teimosia do Rei. Viserys recebeu sua filha em seus aposentos, conversou com ela, pareceu até se tornar afeiçoado, mas ainda assim, recusava qualquer menção a casamento. Não importava quantos viessem com a sugestão de uma nova esposa, o quanto se implorasse de que esse era a melhor ação para assegurar a paz do reino.
Nada foi capaz de o convencer.
Absolutamente nada.
Em uma noite em que estava se sentindo particularmente frustrado, Otto se viu com uma ousadia que não era do seu feitio.
— Vossa Graça, é o dever de um Rei prover ao trono herdeiros, assegurar a sucessão e a estabilidade.
— Eu tenho uma herdeira, Otto. Uma que você tanto lutou para que eu nomeasse.
— É verdade, mas a princesa Rhaenyra é sua única filha, se algo lhe acontecer…
O olhar de Viserys o calou. O Rei, que sempre fora tão passivo e calmo, tinha fogo queimando em seu olhar.
— Nada acontecerá com Rhaenyra. — Disse. — Ela sentará no trono de ferro depois que eu me for e isso é minha palavra final.
— Mas…
— Se são herdeiros que querem, Rhaenyra os dará. Ela já está em idade de casamento, pretendo trazer o assunto em breve. A princesa fará o seu dever e com seus filhos, a Casa Targaryen estará assegurada, como você e os outros tanto querem.
Otto sentiu as mãos suarem e algo, que parecia desespero, tomar conta dele.
— Mas e Alicent? — Ele não tinha a intenção de trazer o nome da sua filha, mas antes que pudesse se conter, a pergunta saiu da sua boca.
O Rei o olhou confuso.
— O que tem ela?
Ela não o agrada? Dessa vez se conteve. O homem respirou fundo, procurando as palavras certas para continuar:
— Eu sei que têm passado muito tempo juntos. Achei que…
— Alicent tem sido de grande conforto para mim, quase como uma filha. — As palavras de Viserys foram como uma adaga atravessando seu peito. Uma filha? — Ela tem a idade de Rhaenyra, Otto… Certamente não imaginava que…
— Eu devo ter interpretado mal a afeição de minha filha, Vossa Graça. — Apressou-se em responder. Esperando deixar aquele maldito assunto para trás o mais breve possível, a Mão indagou: — Então já pensa no casamento da princesa, Vossa Graça?
Por alguns instantes, pensou que o Rei não aceitaria seu gancho para mudar de assunto, mas então sua expressão se suavizou.
— Sim. O quão mais rápido ela der herdeiros ao trono, mas rápido essas preocupações ficarão para trás.
A mente de Otto começou a trabalhar mais uma vez. Quando uma porta se fecha, outra se abre. Nenhum homem chegava onde ele chegou sem a habilidade de se adaptar rapidamente às situações. Sua filha não seria Rainha, aquilo tinha ficado bastante claro.
Mas ele tinha um filho. Jovem, bonito e recém feito cavaleiro.
— Vossa Graça já tem um nome em mente?
— Confesso que não. Eu estou considerando deixar que Rhaenyra escolha o marido que desejar. Espero que ela tenha um casamento tão feliz quanto o que eu tive. — Disse o Rei. — Sei que não é uma escolha muito comum, mas ela será Rainha, a primeira de seu nome. Acho que podemos começar novas tradições… Diga-me Otto, acha que estou cometendo um erro?
O homem sorriu.
— Não, Vossa Graça. — Falou. — Você está certo. É hora de começar novas tradições.
A amizade de Alicent e Rhaenyra acabou servindo perfeitamente aos seus planos. Ele a mandou junto com a princesa na sua tour para encontrar pretendentes com um comando simples, faça com que ela perca o encanto por todos eles, a guie para a escolha certa.
E assim sua filha o fez. No fim da primeira metade da tour, quando Rhaenyra retornou a Fortaleza Vermelha, Gwayne a esperava, com o pretexto de ver sua irmã. Otto observou satisfeito a princesa trocar sorrisos e gracejos com seu filho. Cada vez mais, o rapaz se tornava uma companhia tão frequente quanto Alicent para a jovem princesa.
Sua filha, por vezes, parecia sentir-se mal.
— Vocês serão irmãs caso ela escolha Gwayne. — Dizia ele. — E você não acha que seu irmão daria um ótimo consorte?
— Sim, é claro…
— A princesa está cercada por pessoas que vão querer tirar proveito dela, minha filha. Você a está protegendo.
E de certa forma, suas palavras eram verdadeiras. Havia todo tipo de homem atrás de Rhaenyra, a maior parte indignos da posição que receberiam. O pior deles, é claro, foi Daemon Targaryen. Era claro o encanto que Rhaenyra tinha pelo tio e Otto não deixaria aquele homem estragar seus planos.
De jeito nenhum.
Mas em uma ironia do destino, foi o próprio príncipe que deu a Otto a oportunidade perfeita. Quando Daemon voltou da guerra nos Degraus, ele tentou tirar a princesa do castelo. Talvez tivesse sido bem sucedido se não fosse sua filha, que agora servia de companheira de cama para a princesa — uma sugestão do próprio Otto. Quando teve seu plano frustrado, o príncipe pediu pela mão da sobrinha ao próprio Viserys, que como resposta, o exilou novamente.
Isso apenas serviu para que o Rei sentisse mais urgência em casar a filha e Otto estava atrás da porta quando a discussão ocorreu. Rhaenyra e o pai brigavam sobre a questão, sobre a demora da princesa. E então, no meio da discussão, todo o seu trabalho duro finalmente rendeu frutos.
Poucos dias depois, no Pequeno Conselho, foi dito que a princesa tinha feito a sua escolha e o nome do seu filho foi anunciado como o futuro marido de Rhaenyra.
E antes do fim da estação, eles estavam casados.
Otto quem sugeriu que o nome do primeiro bebê fosse Aegon. Ele o pegou no braços e experimentou o nome. Aegon Hightower, pensou consigo mesmo, apesar de que, aquele Aegon seria Targaryen. Como ele e, consequentemente, seu filho, não tinham nada para herdar, Otto acatou a decisão de que os filhos de Rhaenyra tomariam o sobrenome Targaryen.
Ainda assim, o homem o chamava de Hightower quando ninguém estava olhando.
Aegon, nome de Rei.
Aegon que nascera com os olhos violeta e o cabelo platinado. Aegon que tinha sangue Hightower.
Aegon que um dia se sentaria no Trono de Ferro.
Foi ele quem levou a notícia da morte do Rei. Era tarde da noite e a princesa estava em seus aposentos com Gwayne. Os dois já em suas roupas de dormir, com os dois caçulas, Gaemon e Viserys, esparramados na cama. Os dois meninos viviam escapulindo para os aposentos da mãe e apesar de Otto ter tentado por um fim naquele costume, Rhaenyra sempre os recebia. Os dois tinham pequenos dragões de madeiras em suas mãozinhas, réplicas de seus próprios dragões, Tyraxes e Tempestade.
O homem deu uma última olhada nas crianças — queria a certeza que estavam dormindo — para então dar a notícia.
A princesa chorou e Gwayne, como o bom marido que tentava ser, a consolou. Otto lhes deu alguns momentos de privacidade para então comunicar que o Pequeno Conselho seria reunido de maneira imediata.
A viu ir até a cama e depositar um beijo na cabeça de cada menino. Gaemon, que se parecia mais Hightower do que Targaryen, com seus cachos castanhos-avermelhados e olhos castanhos, e Viserys, que tinha se tornado um favorito do Rei em seus últimos momentos.
Otto se viu impaciente enquanto guiava a nova Rainha e seu filho pelos corredores escuros da Fortaleza. Aquele era um momento importante, um momento que definiria tudo.
A primeira Rainha Targaryen a sentar no trono.
E ele fora a mão que os guiou até este momento.
A nova Rainha usava a coroa do pai e de pé, no fosso do dragão, ela foi aclamada pela multidão. Ela vestia as cores dos Targaryen, mas em seus pescoço, estava o colar de esmeralda, um presente de Gwayne, escolhido por Alicent. Os dois estavam lá, Gwayne de pé, logo atrás da esposa, o novo Rei Consorte, alto e orgulhoso. Alicent ainda mais atrás, perto dos príncipes e princesas, servindo como a tia amorosa que sempre foi.
Seus netos estavam de pé, em uma fileira por ordem de nascimento. Aegon primeiro, seguido por Visenya e Aemond, então Jaehaerys, Heleana, passando por Daeron e Aerys, e então chegando até os caçulas, Gaemon e Viserys.
Sua filha agora teria um papel ainda maior na vida das crianças. Com Rhaenyra ocupada em suas novas funções, alguém teria que se encarregar de guiar a educação dos mais novos e quem melhor do que alguém da sua própria casa?
Otto sorriu.
As coisas seguiam o rumo certo.
— Você aceitará se manter no seu cargo, Lorde Otto? — A nova Rainha o perguntou pouco antes de iniciar sua primeira reunião no Pequeno Conselho.
O homem sorriu e se curvou, tendo a graça de fingir surpresa.
— Será minha honra servi-la como servi ao seu pai.
Os príncipes Aegon e Jaehaerys estavam presentes. Enquanto o segundo parecia genuinamente feliz, o mais velho apenas desviou o olhar para a janela, provavelmente desejando estar em qualquer outro lugar, talvez nos céus, voando junto com sua irmã Visenya. O sorriso de Otto quase vacilou.
Ainda há trabalho a se fazer, pensou sombrio. Agora teria que se dedicar a transformar Aegon em um herdeiro tão digno quanto Jaehaerys e Aemond eram. Os Deuses poderiam ter feito um dos outros o mais velho, pensou com certa amargura. Jaehearys que não tinha herdado muito da aparência Targaryen, mas era tudo o que se podia esperar de um príncipe e Aemond, o melhor espadachim dentre todos os irmãos, diligente e esforçado.
Ou mesmo Daeron ou Aerys… Ou as meninas, mas não, haviam colocado um bêbado que parecia querer fugir de todas as responsabilidades que a sua posição exigia.
— Ótimo, Lorde Otto. Teremos muito trabalho em nossas mãos.
Sim, concordou mentalmente, ainda olhando para o primogênito da Rainha.
Muito trabalho de fato.
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