CN Beyond Tales: A Loucura do Macaco escrita por Primus 7


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá, Leitores! Estou aqui com mais uma história One-Shot. Está é uma focada no Macaco Louco, arqui-inimigo das meninas e o vilão principal de Elemento X. Essa é uma história "estudo de personagem" e é contada em formato de anotações. Eu escrevi alguns trechos de forma errada e esquisita de propósito para simular o nascimento da inteligência dele, então não estranhem. Essa história serve tb como "recapitulação/prelúdio" para a história "Geração Y" sequencia de "Elemento X"

Espero que gostem e boa leitura
E não esqueçam de deixar seu feedback.



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assukar 

 

tenperu 

 

tudo qui a di bom

 

ele

 

elemi

 

elememtu

 

elementu X

 

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

 

………………..

Registros de Caco

Dia ????

Demorou muito tempo, mas agora consigo escrever e falar. Ainda não domino todas as palavras, mas estou melhorando. Aprendi observando a escrita de uma senhora que vive escrevendo cartas na rua do lado. O que há acima são as minhas primeiras anotações tentando imitar a escrita dos outros ao meu redor. Levou uns 20 dias, eu acho. Ainda não tenho total noção do que chamam de tempo. Essas palavras que anotei acima estão entre as mais antigas que consegui lembrar. Acho que foram ditas pelo meu pai, o homem do laboratório na qual eu não consigo me lembrar. Não tenho certeza se este homem é realmente meu pai, mas eu consigo sentir que era o meu pai pelo menos. Tenho muitas memórias de alguém me abraçando e me alimentando e elas são muito lindas. 

Estou aprendendo. Não só isso, eu estou pensando e não consigo mais parar. Não sei o que está havendo comigo. O que há de errado comigo? Eu sou diferente? As outras pessoas são diferentes de mim. Eu também tenho dedos como eles, contudo os meus são cheios de pelos e sou mais baixo. Meu corpo é diferente, minha boca, minha pele, tudo. Achava que eu estava doente, mas essas ondas de pensamentos lógicos estão me dizendo que eu não sou como os outros. Eles são seres humanos e acho que sou o que chamam de macaco, sou um animal selvagem. Ou pelo menos deveria ser. 

Hoje choveu muito e teve muitos raios. Antes o barulho dos trovões me apapavoravam. Agora eles não significam nada pra mim. São só reverberações sonoras causadas por descargas elétricas. Não sei como sei disso, mas apenas sei que sei que esse barulho não vai me machucar.  Sinto falta disso. Sinto falta de sentir medo, de ser dominado por ele. Agora, minha mente está se rendendo à lógica. Está se tornando um dependente dela. 

Noite passada vi uma imagem de um macaco no desenho de um  livro para colorir e foi quando esses pensamentos lógicos surgiram e começaram a me dizer que eu não sou como os outros. Eu não gosto disso. Antes tudo parecia bom e certo. Já agora, eu reparo e percebo coisas. Minha casa é tão suja, fedida e molhada. Ela fica em um beco escuro e é formada por caixas e cobertores velhos e imundos um em cima do outro. Ao meu lado vive um humano largado na rua e os que passam chamam ele de “Mendigo”. Às vezes, nós dois brigamos pelo lixo à procura de comida. A presença deste homem humano tem me incomodado muito e não sei o que fazer.

Antes eu não me importava com nada disso. Vejo outros animais como eu eu perambulando por aí, mas nenhum deles pensa. Todo são normais e burros, eu quero continuar ser burro. O mundo parece tão errado e me sinto tão sujo. Minha cabeça dói todos os dias e está inchando. Por que? O que há de errado comigo?

Achei uma mochila com um caderno e outras coisas que os humanos usam para escrever. Por isso estou aqui me distraindo com essa escrita. Quero esquecer essas ideias, quero continuar burro. Quero viver no que chamam de ignorância. Quero ser como os ratos que rastejam sobre minha casa. Quero ser um animal selvagem. 

Alguém faça isso parar….

Por favor faça isso parar!

Dia: 731

Passou-se 3 meses depois das minhas últimas anotações neste caderno. Agora consigo calcular contas matemáticas com uma precisão surpreendente e minha fala e escrita estão perfeitamente desenvolvidas e articuladas. Estou ainda mais inteligente que antes, porém, o raciocínio e a lógica não me causam mais nenhuma aversão. Agora, eu estou feliz por estar longe da ignorância. Claro que ainda tenho perguntas, mas o questionamento é a parte mais natural desta minha jornada atípica. As mudanças já não são apenas mentais, mas físicas. Meus pelos estão ainda mais negros, como basalto, e minha pele está ficando predominantemente esverdeada a cada dia. Isso sem contar a massa encefálica que está crescendo em minha cabeça a ponto de ultrapassar os limites do crânio. Esse processo é doloroso como uma dor de dente, mas aprendi a lidar com essa dor.    

Por conveniência, essa mudança em meu cérebro aumenta minha inteligência e memória e me presenteia com novas imagens e informações que ressurgem em minha mente. Lembro-me agora do nome de meu pai e de quem eu era antes da metamorfose que levou nisso que sou agora. Meu pai chamava-se Professor Charles Drake Utonium, um cientista e um gênio e eu era o sua mascote. Sou um chimpanzé, da espécie Pan troglodytes, da família dos hominídeos e nasci em um país do Oriente chamado Japão até que fui transferido para o zoológico desta cidade. Sofri um grave  acidente que lesionou meu cérebro, mas o Professor Utonium cuidou de mim. Para me salvar, ele me usou como cobaia para seus experimentos com uma substância mutagênica chamada Elemento X. Eu agora entendo o que essa palavra significa. Esse composto foi o que alterou as minhas células e provavelmente é o que me deu essa curiosa maldição ou bênção que é a sabedoria. Não lembro ainda para qual razão Utonium queria usar o Elemento X, só lembro que depois de curar-me ele tentou usá-lo em humanos e acabou causando uma explosão. Eu fugi e foi assim que cheguei até aqui. 

Já que toquei nesse assunto, não vivo mais no beco. Agora, vivo no sótão abandonado de um telhado de um pequeno mercado no subúrbio da cidade. Existe um buraco por onde posso entrar a noite para roubar comida. Há também uma biblioteca na rua de trás onde uma vez por semana, durante a noite, penetro e pego uns livros emprestados. Aprendo tanto. Sócrates, Descartes, Darwin, Nietzsche, Einstein, Maquiavel, Edison, e muitos outros pensadores, filósofos, inventores e cientistas, tornaram-se os meus melhores amigos. Eles expandiram os meus horizontes e me mostraram o que é o mundo. O mundo agora faz sentido para mim, por isso eu agora posso sorrir por ele. 

Ler tantas obras fez despertar uma enorme admiração pela humanidade, o Homo Sapiens Sapiens, o Homem que sabe que sabe. Foram presenteados com essa inteligência e usam-na de tantas formas. Conseguem transcender quaisquer limites, criar tantas coisas apesar de tão pequenos. Homens como Professor Utonium são a quem esse mundo deveria admirar. Aqueles quebram os limites. Ele pode não ser meu pai genético, mas devo minha vida a ele. Agradeço a ele pelo que sou. Obrigado.

Dia: 891

Hoje, foi um dia decepcionante. Começou quando fui até a casa do Professor Utonium visando contar toda a minha história a ele. Contudo, fiquei surpreendido por uma surpresa inesperada. Ou melhor, três surpresas. Eu vi ele brincando com três garotinhas de uns oito de idades. Mesmo escondido nos arbustos da casa, eu pude senti-las com os meus instintos. Eram as filhas biológicas deles. Eram tão lindas e adoráveis com aqueles olhos bem grandes e coloridos e o melhor de tudo, elas tinham dons assim como eu. Aproveitei enquanto estavam distraídos e entrei na casa deles. Por conta do meu tamanho mais baixo e minha anatomia de macaco, foi fácil entrar sem fazer barulho. Lá dentro, vi uma casa família feliz, cheia de brinquedos, desenhos de crianças e fotos do Professor e suas filhas. Entrei no laboratório secreto e dei uma olhada nos diários dele. Foi naquele momento que tudo fez sentido. O Professor Utonium me usou de cobaia do Elemento X e o propósito final dele com a tal substância era trazer suas filhas de volta da morte usando ele. Ele o fez e foi bem-sucedido. Durante uma explosão, eu acabei fugindo indo parar nas ruas e o que me levou aos eventos de agora. Tudo fez sentido quando ouvi aquelas gravações. Eu queria tanto dizer a eles quem eu era, queria viver com eles, participar dessa família… Mas… 

Enquanto eu me escondia nos arbustos do quintal, uma das filhas de Utonium, uma que tinha maria-chiquinhas douradas, notou minha presença e começou a chorar e gritar: 

“Um monstro peludo e verde”

Aqueles gritos e lágrimas abriram meus olhos e todo mundo que imaginei e minha mente desabou. Eu fugi no mesmo instante e permaneci escondido nos telhados de uma casa vizinha. Após refletir bem por algumas horas, percebi que por mais que minha cobiça fosse grande, não havia lugar para mim entre os humanos. Foi quando acreditei que talvez eu devesse viver entre os meus iguais, os chimpanzés, para achar a felicidade que eu procurava. Com essa ideia na mente, eu arranquei todas as minhas roupas e fui até o meu primeiro lar, o zoológico de Townsville e me misturei entre os símios antropomorfos que ali viviam. Era sujo, confuso, e nojento aquela casa onde meus parentes primatas viviam, mas eu fui firme e tolerei como um bom selvagem. Tentei ensinar a eles, mostrar soluções inteligentes para pegar frutas e outros problemas da vida simples, mas eles não conseguiam entender-me. Em questão de horas, começaram a jogar pedras e fezes em mim sem nenhuma razão. Nunca fui tão humilhado na vida. No entanto, isso abriu meus olhos uma segunda vez naquele dia. 

Por mais que eu seja inteligente, não sou humano o bastante para viver entre eles e também, não sou primitivo o bastante para viver com os meus semelhantes. Eles agora nem são mais os meus semelhantes. Eu sou uma abominação, um erro da natureza e consigo ver isso agora. Minha condição é uma maldição, por mais que tenha negado isso até agora. Estou condenado a viver sozinho e tudo por culpa desse meu cérebro. 

Ah que saudade sinto da ignorância! Qual é a minha solução? Eu deveria pular de uma ponte por fim em meu sofrimento? Não, não quero fazer isso e talvez nem precise. Acredito que há uma possibilidade de cura e se existe uma mente que pode encontrar essa cura, é certamente a minha. Se eu reverter a minha condição posso ao menos viver entres os meus iguais, ter uma existência feliz. 

Dia: 1256

Hoje completa um ano desde minha última anotação. Não que eu tenha esquecido, até porque, com a minha memória altamente aprimorada, sou incapaz de esquecer de algo. Acontece que tive pouco tempo para desafogar minhas emoções e pensamentos neste caderno. Muita coisa mudou nesse período de transição. Em meio as minhas buscas e pesquisas para uma cura de minha situação atípica, eu acabei encontrando um antigo observatório abandonado onde montei um laboratório e um ler por ali. É bem mais confortável que minhas outras casas, apesar de ainda ser muito solitário. Quase sinto falta daquele mendigo idiota com quem eu brigava para comer. 

Todavia, apesar dos meus esforços todos os dias estudando, calculando e entendendo o tal Elemento X, o que descobri foi uma cura inútil. Elaborei uma fórmula que reverteria os efeitos da substância, mas só se o indivíduo tivesse sido afetado por ela dentro de um intervalo de 12 horas, o que não é o meu caso. Um ano inteiro jogado fora para não ter nada a não ser esperanças vazias. 

Fui ingênuo de novo! Não há cura para mim, não há como aliviar meu sofrimento e não há solução que não seja suicídio. Está decidido.

Dia: 1263

Não tive coragem de me matar semana passada. Fiquei na cama vários dias achando que poderia morrer de fome, mas desisti novamente e fui atrás de comida para roubar. No caminho passei na biblioteca onde roubei mais uns livros e encontrei uma temática que me interessou muito: mitologia grega. 

Por pior que seja minha condição, acho que o que preciso agora é talvez um hobbie além de minhas pesquisas. Uma leitura escapista pode me ajudar a esquecer a minha solitária jornada. Acho que o otimismo está querendo voltar à minha mente. Devo deixar? Só o tempo dirá.

Dia: 1801

Passou-se mais de um ano desde minha última anotação. Tentei e tentei e tentei…

E tudo foi em vão! No início do ano passado, consegui uma amostra pequena do Elemento X roubando de um estoque de um caminhão de transporte das Indústrias Hardly. Fiz testes e testes, seguindo todos os passos da ciência até o estoque acabar e nenhuma cura foi encontrada. Porém, os pensamentos suicidas não vieram dessa vez, mesmo diante de outro fracasso sucessivo. 

Indo na contramão de toda a essa jornada miserável e solitária que vivenciei até aqui, minha mente cheia de ideias e reflexões começou hoje a rever minha forma de pensar. Hoje, deitei-me em pleno pôr-do-sol nos telhados do meu observatório e pensei sobre a minha própria capacidade de pensar. Seria ela uma maldição ou uma benção? Essa capacidade de pensar dos humanos até hoje é sempre debatida. Nos mitos gregos, a inteligência do homem veio de um presente roubado por Prometeu. O titã era amigo dos Deuses do Olimpo, mas amava a humanidade e desejava que a mesma tivesse alguns dos privilégios dos quais os deuses tinham. Por isso, ele roubou o fogo das forjas de Hefesto e entregou aos homens e isso os fez se aquecer, se defender e criar coisas a partir dele. Esse tipo de metáfora está presente em vários outros mitos e culturas em todo mundo, sendo outro exemplo mais conhecido ainda, Adão e Eva, que sob influência da serpente contrariam as ordens de Deus comendo o fruto do conhecimento. 

Em ambas as histórias, a inteligência do homem é vista como algo ilegítimo que lhe foram concedidos sob a influência de uma figura trapaceira — sendo no caso, Prometeu e a Serpente — assim abdicando do presente proibido — que no caso é o Fogo e o fruto do conhecimento — desafiando assim sua autoridade divina.

A dádiva da inteligência é um presente ao ser humano, mas essas histórias antigas tentam, simultaneamente, trazer uma justificativa não apenas para sua origem como estabelecer ela como a causa de todo sofrimento pela qual a humanidade passa. Foi ao consumirem o fruto proibido, o pecado original, que Adão e Eva foram expulsos do paraíso e foi por Prometeu ter roubado fogo que o Senhor dos Deuses, Zeus, criou Pandora e sua caixa cheia de males e doenças. 

Quando leio essas histórias eu penso: Por que os Deuses condenaram tanto a inteligência da humanidade? Eles foram feitos à sua imagem e semelhança, eles receberam seus presentes, mas, não podem ter a sua inteligência? 

Saindo das lendas, criou-se na sociedade humana uma curiosa moral de que deveriam existir certos limites sobre até onde ações humanas devem ir. Histórias clássicas como "Frankenstein ou o Prometeu moderno” de Mary Shelley, trabalham com esse conceito. Na obra de Shelley, o jovem gênio, Victor Frankenstein, decide transitar os limites da vida e da morte, gerando vida através da ciência. Eventualmente, sua criatura foge de seu controle e acaba lhe causando a sua ruína. A história enfatiza as falhas de Frankenstein, de como ele não sabe lidar com consequências de ser Deus, mesmo tendo cobiçado tanto a alcançá-lo. É novamente a indignidade do homem pela posse do dádiva que é inteligência e sofrendo por isso. 

Existe essa moral na sociedade humana de que não se deve brincar de Deus, não se deve se igualar a ele, não se deve mudar a natureza e que certas coisas sempre serão como são. Quanto mais penso sobre isso, mais eu percebo o quanto essa moral é uma mentira e a própria humanidade é a prova disso. Ora, não é da natureza do homem voar, mas ele constrói máquinas voadoras que alcançam velocidades muito maiores que qualquer animal existente. Ora, não é da natureza do homem ir ao espaço, mas ele constrói naves, sondas e trajes que o ajudam a ir até lá. As doenças que existem no mundo são partes da natureza, parte da evolução e da seleção natural e mesmo assim, existem médicos, existem remédios, existem tratamentos, existem pesquisas para lidar com essas doenças. Ninguém condena o médico por salvar vidas, mesmo que sua profissão contradiz o propósito de separar os mais aptos dos menos aptos. Graças a sua inteligência, o ser humano consegue fazer qualquer coisa e não vai parar até transcender todos os limites, pois isso é parte de quem o ser humano é. Aqueles que tem dádiva da inteligência estão livres de quaisquer limites e moralidades e podem fazer absolutamente tudo. Talvez, esta seja a razão pela qual os Deuses odeiam tanto que a humanidade receba tal presente. A partir do momento onde os homens têm a dádiva da inteligência, os Deuses perdem o seu propósito. Se todos fossem igualmente poderosos, então, Deus não seria Deus, seria apenas comum e não haveria mais ninguém para venerá-lo.

Está claro agora! Eu finalmente percebi que eu não estou doente, eu estou curado! Graças ao elemento X, eu pude transcender os limites da minha espécie, superando até mesmo os limites humanos. Eu evoluí e estou mais próximo dos Deuses agora. Imagina se todos no mundo inteiro, seja homem, animal ou vegetal, fossem libertos assim como eu. Não viveríamos mais submissos à natureza, nós seríamos ela. Nós seríamos nossos próprios Deuses. É isso! Esse é o meu objetivo, minha nova missão. Vou fazer toda a vida desse mundo evoluir para além do que a natureza os permite serem. Darei poderes a todos aqui e farei de todos os habitantes deste mundo os seus próprios deuses! Chega de dor, chega de solidão, chega autopiedade, chega de limitações morais e chega de Deuses!

Dia: 2103

Após meses de planejamento, finalmente meu plano está totalmente calculado. Sei exatamente todos os componentes que preciso para criar a minha máquina que irá trazer um novo mundo liberto das amarras da natureza. Entretanto, apesar de meu objetivo estar tão perto, ainda estou muito distante de realizá-lo. Os três componentes que preciso estão espalhados pelo mundo totalmente longe do meu alcance. Contudo, hoje apareceu-me uma nova variável que pode solucionar o meu problema. Eu segui uma das filhas de Utonium, Docinho,  sem que ela soubesse e descobri que a garota morena, de forma sorrateira e esperta, vai secretamente a um clube de lutas clandestinas onde ela usa seus poderes para derrotar inúmeros adversários e ganhar algum dinheiro com isso. 

 

Interessante…

 

Parece que nem mesmo as filhas de Utonium conseguem esconder que são de um estágio evolutivo além da natureza. Elas não conseguem não usar esses poderes porque fazem parte delas. Durante várias noites, eu vi Docinho lutando e ela é magnífica, uma verdadeira lutadora. Ela cresceu muito desde a última vez que a vi, deve ter uns 14 anos agora. Está se tornando uma mulher à medida que cresce, seus poderes crescem com ela e ficam mais difíceis de esconder também. Talvez, eu possa usar as forças dela e de suas irmãs para o meu plano. Sinto ser só uma questão de tempo até ocorrer uma oportunidade para fazê-las se juntar a mim.

Dia: 2163

O plano está sendo posto em prática. Dias atrás, as filhas de Utonium se expuseram ao resto do mundo. Durante uma briga infantil entre Florzinha e Docinho, várias propriedades foram destruídas e se criou uma grande confusão em cima dos Utonium. Agora, elas estão sendo caçadas por todos policiais da cidade e o Professor Utonium está preso. Essa foi a oportunidade de ouro para eu me apresentar a elas. Levei elas até o meu observatório secreto e dei comida e um lugar para dormirem. Não lhes contei meu plano original, disse a elas que estou criando uma máquina que pode curar os seus poderes e anomalias do Elemento X. Devo admitir que não gostei de ter mentido para elas, mas não vi escolha já que ainda veem esses poderes como uma maldição. Acho que estou me apegando a essas três menininhas adolescentes. Sinto que temos uma conexão, como se fossemos irmãos. De fato, somos. Ambos são frutos da mente genial de Utonium e sua substância misteriosa Elemento X. Às três descobriram hoje que o mundo odeia os que são diferentes, já passei por tudo isso elas passaram. Quando meu mundo for criado elas terão vidas melhores, pois elas serão o novo normal. Até lá, eu vou sorrateiramente lhes mostrar do que elas são capazes e assim elas perceberão o quão poderosas e importantes elas são. Logo, aprenderam amar a ser o que são. 

Dia: 2166

Finalmente, meu plano está quase completo! Com ajuda das meninas, eu consegui obter as três partes da minha máquina e ainda o Elemento X extra que precisava. Usei um pouco de Elemento X para enfim atingir meu potencial definitivo. Agora estou bem mais alto, meu cérebro cresceu 2 vezes e estou forte, muito forte. Consigo mover coisas com a mente agora e até entrar nas mentes das pessoas. Nunca fui tão poderoso. No entanto,  isso teve um preço. Durante o roubo do Elemento X, as meninas de alguma forma perceberam minhas segundas intenções com elas. Tentei me explicar e mostrar meu ponto de vista e mesmo assim, elas me desafiaram. Elas não conseguem apreciar o que receberam, não entendem o que se tornaram e se recusam a ver. Uma pena. Tive que machucá-las e me odeio por isso. Eu as amo genuinamente. Conhecê-las me fez ainda mais entender a importância do que estou realizando não apenas para elas, mas para o mundo todo. Não deixarei que elas fiquem presas a essa mentalidade de acreditar que são meras aberrações. No novo mundo que criarei, elas serão amadas pelo que são. Não terão nunca mais que se esconder. Elas serão deusas!

Estou nesse momento fazendo preparativos para um "test-drive" da minha máquina. Calculei todas as etapas do meu plano e precisarei de… como eu posso dizer… reforços. Convoquei todos os maiores criminosos da cidade em uma reunião falsa. Eles serão os primeiros a receber o presente dos deuses. Não darei poderes a eles apenas pelo teste da máquina, mas também, a ascensão deles irá servir muito bem de distração para qualquer um que tente me deter enquanto estiver finalizando a minha máquina. Vidas serão perdidas nesse processo, mas um visionário verdadeiro pensa além da moralidade. Essa será a única oportunidade que a humanidade e todos os que vivem na Terra têm de serem algo a mais, algo maior. E as vidas de alguns humanos é um preço a se pagar para atingir esse novo normal. O mundo anterior deve queimar para que um novo renasça das cinzas. 

Entretanto…

Apesar de ter calculado quase todas as variáveis possíveis, existe uma variável possível que tem incomodado: as meninas. Elas são as únicas deste mundo com poder para me deter. Sei que sou superior a elas, mas mesmo assim é uma possibilidade. Um verdadeiro cientista considera todas as possibilidades possíveis e tem sempre planos de emergência. Já sei! Se elas provarem serem fortes o bastante para me derrotar e me impedir de realizar meu plano, só haveria uma coisa no mundo para derrotá-las: elas mesmas. Mas, como eu faria isso? Dado o tempo que tenho e recursos que eu tenho… é impossível. Além disso, como eu faço elas? O que faz delas serem o que são? Do que são feitas? Espera! Eu sei! É isso! Eu não tenho que refazê-las, eu tenho que subverte-las! Eu não tenho que fazer muita coisa a não ser plantar as sementes certas e deixar a natureza do homem fazer o resto por mim. Isso! É um plano secundário perfeito. Vou criar a antítese perfeita das meninas e a melhor parte é que não terei que fazer nada a não ser fazer uma visitinha a um velho amigo da família Utonium, Dick Hardly.

Caderno Novo - Dia: 2701

Perdi o caderno original. Ele provavelmente foi confiscado quando fui preso.  Minha última anotação foi há uns 20 meses, um pouco mais de um ano e meio. 

Minhas inseguranças estavam certas. Eu fui derrotado pelas meninas. Devo dizer que não esperava por isso, pois tinha total certeza que meu plano original seria invicto. Todavia, não permaneço aflito. Meu mundo ideal não foi destruído, apenas adiado por um tempo. Por sorte, ainda tenho aquela carta na manga. Fui jogado em uma prisão secreta na Antártica, especificamente criada para trancar os grandes erros do mundo, assim como eu. Levou meses de manipulação psicológica, mas consegui um novo caderno para manter as minhas anotações como uma “cortesia” que recebi de um dos guardas militares dessa pocilga pelo meu “bom comportamento”. O tal caderno está mais para um bloco de anotações velho e pequeno, porém ele é adequado para a tarefa.

Apesar da minha falha, eu deixei a minha marca no mundo. Os jornais me deram o nome de “Macaco Louco”. Um nome ofensivo, mas que acabei abraçando. Eu não me escondo mais! Eu sou um Deus e eu abraço orgulhosamente a minha essência aberrante! É  loucura aceitar o que você é? É loucura um homem buscar pelo melhor da humanidade? É loucura desejar se equiparar a deuses? Então, eu serei O MACACO LOUCO. Pois, eu, O MACACO LOUCO, sou um DEUS, e Deuses não se escondem. 

 

Eles acham que venceram. Acham que podem me trancar nesse fim do mundo e me fazer de rato de laboratório. Acham que esses meses nesse purgatório irão me fazer sucumbir a insanidade? Talvez uma mente inferior sucumbisse, mas, Macaco Louco, não! Jamais! Macaco Louco é evoluído. Estou além da insanidade, pois, eu, Macaco Louco, sou um Deus. Eu sou mais! Enquanto escrevo essas palavras, eu já bolei mais de trezentas formas de escapar desta prisão equivocadamente chamada de “inescapável”. Eu não os coloco em prática, pois eu, Macaco Louco, espero pelo momento em que minhas sementes da desordem finalmente germinarão e este momento está quase chegando. Consigo até mesmo sentir enquanto escrevo essas palavras neste caderno. Dick Hardly está em algum lugar do mundo finalizando essa minha criação: a antítese definitiva das Meninas Superpoderosas; os meus agentes do caos; os meus garotos desordeiros e eles três irão quebrá-las em pedaços em todos os sentidos. 

 

Meu maior erro foi sentir compaixão por elas. Eu fui ingênuo acreditar que havia algo entre nós. Que apesar das desavenças, éramos como irmãos, éramos uma família que cuidava um do outro. E ainda assim, elas me traíram! Escolheram viver e proteger o mundo que sempre as odiará ao invés de viver comigo no mundo onde elas seriam o novo normal. Então, elas serão punidas pela sua imbecilidade. Muito em breve, irei mostrar a elas o pior do mundo que elas escolheram, vou destruir tudo o que elas acreditam ser o que é certo e no final, eu me banharei no sangue delas. Quando finalmente elas estiverem fora do caminho, eu, Macaco Louco, enfim poderei trazer o fogo dos deuses aos homens e fazer deles iguais aos Deuses ao lado dos meus generais leais, os meus Desordeiros. E as grandes heroínas, as Meninas Superpoderosas, serão reduzidas a uma manchinha da grandiosa história do brilhante e genial MACACO LOUCO.

 


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