Ah, a brisa leve das manhãs calorosas!

Verão havia se tornado a estação favorita de Peeta Mellark desde o ensino fundamental, afinal, foi nessa época em que conheceu Katniss Everdeen. Não que isso mudasse em algo na vida dele, a garota não se importava com nada e nem ninguém – exceto a irmã mais nova, Primrose.

— Deveria se aproximar dela, cara— Finnick repetia, dia após dia – você tem que ter alguma atitude.

A realidade é que Peeta não conseguia deixar a timidez de lado para se aproximar de Katniss.

Numa tarde de outono, enquanto o rapaz ouvia o farfalhar das folhas enquanto caminhava, percebeu Katniss debaixo de uma belíssima sycamore maple lendo um livro qualquer. As palavras de Finnick ecoaram na mente de Mellark. Com um longo suspiro, caminhou em passos lentos e as pernas bambas até a garota.

— Ei, que livro está lendo? – Peeta soltou de supetão para a garota. Se sentiu estúpido.

— Estou lendo Orgulho e Preconceito, conhece? – Everdeen respondeu soltando um mínimo sorriso.

Peeta engoliu em seco se sentindo um completo idiota. O coração batia tão forte que parecia chegar aos ouvidos. Era como se o mundo escutasse as batidas do coração dele. 

Desse dia em diante, Katniss e Peeta foram se aproximando cada vez mais. Todo mundo percebia a paixão que emanava dos olhos do garoto, menos ela – ou se percebia, não mencionava. Com o passar dos anos a aproximação deu lugar a uma grande amizade, que em algum momento, passou para algo a mais.  

Como e quando tiveram uma aproximação nesse nível? Nem Mellark saberia responder. Apenas aconteceu e era o suficiente para fazer o mundo dele parar de girar, mesmo que Katniss se sentisse atraída por Gale Hawthorne, um colega qualquer da faculdade.

— Você ’tá sendo idiota, mano. Por que continuar obcecado por alguém que nem gosta de você? — Cato Brown implicava com Peeta sempre que o via com Katniss – Você só vai se machucar.

E assim, Mellark estragava amizades e se distanciava de todos que o pediam para se afastar de Everdeen. O que ele sentia era bom e não se importava de ser apenas o otário que preenchia a mente dela, assim como uma arte qualquer pendurada no museu do Louvre.

— No que você tanto pensa? – Katniss ronronou se enroscando nos braços de Peeta. 

— Apenas no quanto eu gosto de ouvir você cantar – Mellark respondeu sorrindo de lado, observando os olhos cinzentos.

Peeta amava o fato de que, mesmo após tantos anos, ela continuava a usar a trança lateral no cabelo. Isso o fazia se sentir como criança novamente. 

Katniss dizia amar observar o pôr do sol ao lado dele e isso era o suprassumo para o coração do rapaz se encher com aquele sentimento que o movia a seguir em frente, mesmo com o inferno que a vida poderia ser.

Eles brigavam, óbvio que brigavam! E no fim, se entendiam de forma rápida – tão rápida como o nascer do sol. Ela é impulsiva e ele calmo. Eram diferentes demais.

Eles eram como Yin e Yang.

Água e fogo.

Mar e areia.

Sombra e luz.

Sol e luar.

E mesmo com tantas diferenças, Peeta não conseguia viver sem Katniss.

Everdeen tinha um fogo dentro de si e Mellark apenas pedia aos céus para que não saísse queimado.