Cidade das Estrelas escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 1
Capítulo único - Cidade das Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Talvez a primeira parte da história pareça apressada, mas não resisti a fazer uma referência à "realidade alternativa" do final do filme.



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Cidade das Estrelas

De Dani Tsubasa

 

Mia não fazia ideia do que a aguardava quando desistiu do engarrafamento no trânsito e desviou para outro lugar da cidade, passando por ruas familiares, e sentindo o coração pulsar tanto por uma saudade feliz quanto por uma dolorosa. Ela nunca deixou de se perguntar o que acontecera com Sebastian, ou onde ele estaria agora, e voltar a essa cidade era como encontrar um fantasma. Pensava que ele deveria saber sobre ela agora, seu rosto estava em muitos lugares. Ou talvez ele a evitasse, embora provavelmente não, não era o estilo dele. Sorriu sem perceber ao pensar isso.

Ela estava na verdade voltando para casa. As coisas tinham dado certo em Paris, e ficara lá por um tempo, antes de seguir para outros trabalhos. Mas a cidade dos anjos, a cidade das estrelas, é que é o lar dos tolos que sonham, e Mia se considerava agora uma das maiores tolas do mundo enquanto vagava por lembranças que acreditou que o tempo levaria de seu coração dolorido. Que tolice...

Estacionou o carro num local levemente movimentado, sem a agitação imensa do centro da cidade, e caminhou sem rumo por alguns minutos, procurando algum lugar interessante para relaxar um pouco antes de voltar para casa e descansar pela primeira noite após finalizar a exaustiva mudança para Los Angeles, onde pretendia manter uma residência fixa agora, mesmo que continuasse viajando de tempos em tempos.

Seus pés a levaram à entrada de um estabelecimento que mexeu com algo em seu coração. Ela não sabia porque, mas mexeu. Parecia ser um tipo de restaurante com música. Ou um clube. Estava distraída o suficiente para não prestar atenção à faixada, e simplesmente entrou, só então realmente enxergando o local, com o belo contraste entre as paredes escuras e as luzes, sendo a primeira luz algo que quase fez seu coração parar ao reconhecer o logo que ela mesma criou, brilhando na abreviação Seb's.

Então o som dos músicos chegou a seus ouvidos, e ela seguiu quase que hipnotizada para sentar num lugar vago entre as várias cadeiras já ocupadas por outros visitantes, agora realmente com o coração acelerado em expectativa.

As notas de jazz, o jazz real, que ela aprendera a amar, terminaram ao som de vivas e aplausos, e mais alguém subiu ao palco. Não um alguém qualquer, ele.

Sebastian elogiou e apresentou os músicos, falando por alguns instantes com a plateia e começando ele mesmo a tocar o piano ali em cima. Ela ouviu e observou toda a performance enquanto seu coração disparava, sua respiração descompassava, e seus olhos ardiam pela saudade. Tinha pensado muitas vezes em como seria um reencontro com Sebastian, mas não acreditou que sentiria isso com tanta força se realmente acontecesse. Eu sempre vou amar você. A frase ecoou em seus pensamentos, e o som a sua volta desapareceu enquanto ela refletia sobre isso. Ela não era uma romântica incondicional como algumas mulheres, mas o encontro deles cinco anos atrás... Aquilo certamente não fora o acaso, e nem fora um relacionamento qualquer.

Novos aplausos e vozes a tiraram de seu transe, e Mia voltou a encarar o palco, congelando seu olhar no par de olhos azuis que agora a encarava com a mesma surpresa. Eles ficaram assim por bastante tempo até Mia se levantar, era melhor sair e pensar agora, mas então se virou para ele e sorriu, não querendo se arrepender de não ter feito contato algum. Sebastian sorriu de volta e acenou, voltando a tocar quando ela foi embora.

Mas não durou muito. Ela até jantou num local próximo e passou cada minuto pensando. Algo parecia puxá-la de volta ao Seb's, parecia que o tempo, aqueles cinco anos, não havia passado. E poucos minutos antes do encerramento da noite, ela estava lá de novo, agora numa das mesas mais distantes e escondidas, vendo o público aplaudir e começar a sair do local. Ela se levantou, pensando no que fazer, mas sem chances de decidir quando Sebastian caminhou até ela e não lhe deu tempo de falar nada. Ela chegou a dizer oi, mas no próximo milésimo de segundo os lábios dele estavam nos seus. Mia suspirou no contato e envolveu os braços em torno dos ombros dele, sentindo-o relaxar e suspirar de volta, agora a abraçando mais firme enquanto se beijavam, mesmo que ainda houvesse pessoas em volta.

Os dois respiraram juntos para recuperar o ar quando se afastaram, e um olhar de Sebastian bastou para que os que estavam indo embora seguissem seu caminho sem prestar atenção aos dois.

— Isso é jeito de abordar uma atriz famosa que acabou de vir conhecer seu clube? – Mia perguntou baixinho, rindo em seguida, e ouvindo-o rir também.

— Tecnicamente é sua segunda vez aqui. E... Eu... Me desculpe. Eu nem sei se você tem alguém. É que nos últimos cinco anos eu sonho com você toda semana, literalmente.

Mia suspirou, não sabendo o que dizer.

— Céus, você tem alguém.

— Não, não tenho. Eu só não esperava nada disso quando resolvi passear pela cidade hoje, e... Não sei onde estamos agora.

— Mia...

— Você usou meu presente – ela sorriu, vendo um lindo sorriso também surgir no rosto dele.

— Foi a única coisa física que você deixou pra mim, e eu gostei. Significava muto pra não usá-lo.

— Obrigada – ela sorriu.

— Bem... Vamos fechar agora. Me desculpe de novo. Você pode ficar e ver como é o fim do expediente se quiser. E pode voltar na hora que desejar. Sempre será uma cliente vip aqui. Nada menos que isso pra uma das maiores atrizes e cantoras de Hollywood.

Mia riu.

— Pare de se desculpar. Eu sempre vou amar você.

Sebastian congelou por um segundo, seus olhos brilharam e ele inspirou fundo.

— Eu também – ele respondeu, sua voz tomada de emoção.

— Eu... Pretendo ficar aqui agora. Ainda vou precisar fazer longas viagens de vez em quando, mas... Agora tenho algo sólido, e me mudei essa semana, eu tenho residência em Los Angeles. Aqui é minha casa de agora em diante. Quem sabe nós... Podemos sair juntos qualquer dia. Talvez...

— Tentar de novo?

Mia assentiu.

— Com calma.

Ela pretendia apenas lhe dar um beijo rápido, mas instantaneamente eles estavam sustentando o contato por mais tempo de novo, como se o tempo nunca tivesse passado e seus corações não tivessem doído tanto e se quebrado no mar de seus sonhos mais loucos. Mia soltou outro suspiro ao sentir o coração dele disparado sob sua mão direita. Sebastian beijou sua têmpora, a abraçando com toda a saudade guardada daqueles cinco anos. Mia deixou seu corpo pesar dentro do abraço, enquanto tentava recuperar as forças e acalmar seu coração, tão acelerado quanto o dele. Ela nunca deixou de amá-lo, mas também nunca pensou que sentiria tudo de novo desse jeito.

— Acho que estamos exatamente onde paramos – Sebastian sussurrou para ela no silêncio do clube, agora vazio, exceto pelos funcionários que podiam ouvir andando na cozinha e no palco – Eu nunca deixei de amar você.

— Nem eu.

Sebastian soltou suavemente, dando-lhe um selinho e segurando sua mão.

— Quer carona pra casa?

— Vim dirigindo, mas obrigada.

— Por favor, volte quando puder. E meu número ainda é o mesmo.

Mia sorriu.

— Eu tô sem trabalho certo por enquanto, embora quase assinando um novo contrato. E o melhor é que as gravações vão ser aqui mesmo, ou em lugares próximos. Vamos poder nos ver bastante.

— Quem sabe mais do que isso até?

Eles tinham meio que agido por impulso desde o começo da noite até aqui, deixando todos os sentimentos reprimidos por cinco anos se esvaírem. Mas estava falando sério agora.

O sorriso de Mia aumentou, e Sebastian sentiu seu coração pular outra vez com o brilho de seus olhos verdes e seus cabelos ruivos à luz noturna do clube, que pareciam ainda mais encantadores quando ela sorria. A atriz puxou algo da bolsa, e ele a viu escrever no que parecia ser um cartão de visitas, depois guardando a caneta e entregando o pequeno pedaço de papel cartão a ele.

— Vou precisar falar com seus agentes pra acessar você? – Ele brincou.

Mia riu e virou o cartão em suas mãos, deixando-o ver que ela havia escrito outro número de telefone.

— É melhor não perder, e nem deixar ninguém ver. Não quero toda Los Angeles ligando pro meu número pessoal de repente.

Sebastian riu, e começou a se dirigir com ela até a saída do clube, onde os dois puderam sentir juntos a brisa agradável e fria, e ver o quanto as estrelas brilhavam no céu aquela noite, como se saudassem seu reencontro.

— Vejo você de novo em breve?

— Conte com isso. Ou você pode me convidar oficialmente.

— Você é vip aqui, eu já disse, e vou informar cada funcionário e convidado disso.

Mia se esticou para beijar sua bochecha, e sorriu para ele enquanto caminhava pela calçada, acenando em despedida quando finalmente chegou a seu carro, entrou e logo deixou a rua, agora bem mais vazia do que horas atrás.

Sebastian acenou de volta e viu o carro sumir, ficando ali quase que hipnotizado, ainda mal acreditando que essa noite havia sido real.

— Chefe... – ele reconheceu a voz de Ryan, um de seus melhores e mais antigos funcionários, e hoje um de seus melhores amigos, que trabalhava ajudando a gerenciar todas as atividades noturnas do clube – Acho que agora podemos transitar pela área pública do clube e colocar tudo em ordem?

— Podem sim.

— Me desculpe perguntar, mas... ela era...?!

— Sim – Sebastian sorriu, olhando para Ryan e vendo-o cobrir os lábios com as mãos enquanto uma expressão de espanto e surpresa tomava seu rosto.

— Mia Dolan no nosso clube?!! Você a beijou, pensei que...

Sebastian suspirou.

— Entre nós.

— Entendido.

— É uma longa história, Ryan. Talvez um dia eu lhe conte.

— É por isso que ficava tão feliz e ao mesmo tempo tão triste e perturbado quando sabia algo sobre ela?

Sebastian assentiu.

— Às vezes a vida não te deixa escolher tudo que você quer de uma só vez, e te obriga a definir prioridades e pesar muitas coisas muito importantes. Você ainda é muito jovem. E isso pode acontecer com qualquer pessoa um dia, inclusive você. Mas... Às vezes o tempo traz as coisas importantes de volta.

Ryan sorriu.

— Fico feliz por você, chefe.

Sebastian sorriu, dando um tapinha amigável no ombro do rapaz.

— Sabe...? Foi ela quem criou o logo do clube. Quase seis anos atrás.

— Sério?!

— Sim. Eu queria chamar de Frango no Espeto. Ela riu, achou que eu estivesse brincando, e um dia me mostrou exatamente o símbolo que temos hoje desenhado à mão numa folha de papel. Eu guardo o desenho até hoje. E quero informar a você e a todos desde já que de agora em diante ela é uma cliente vip.

— Mas não temos clientes vip – Ryan riu enquanto os dois entravam de novo no clube, onde agora outros funcionários limpavam a área das mesas.

— Agora temos – Sebastian sorriu – Mas é só ela. E isso nada tem a ver com ela ser uma atriz famosa, antes que alguém pergunte.

— Ficou claro pra mim – Ryan sorriu.

******

— Como você conseguiu isso? O Planetário é fechado hoje – Mia questionou enquanto os dois riam e corriam para o local onde poderiam ver as estrelas.

— Eu posso ter convencido a administração de que era uma ocasião muito importante e prometido a uma das suas grandes fãs que trabalha aqui que lhe daria a oportunidade de te conhecer assim que possível.

Mia riu.

— Seb... Não acredito que fez isso! Quem ela é? Tá aqui hoje?

— Eu fiz – ele riu – Até ofereci o dobro do que todos pagam pra entrar em dias de funcionamento normal, mas nos deram a entrada de presente. A moça se chama Danny, ela está aqui hoje, provavelmente tendo um ataque de ansiedade esperando o turno passar e eu dizer que estamos livres.

— Que adorável – Mia sorriu – Mas o que viemos fazer aqui?

Antes que Sebastian respondesse, as luzes se apagaram e a visão esplêndida das estrelas surgiu sobre eles, a luz branca dando um ar mágico ao ambiente.

— Eu adoro Magia ao Luar— Sebastian falou outra vez.

Mia tinha ficado surpresa da primeira vez que ele disse isso, por saber que ele assistiu. Na ocasião os dois também estavam aqui vendo as estrelas, mas num dia de funcionamento normal, e com várias pessoas em volta. Era um dos filmes que ela havia protagonizado naqueles cinco anos longe.

— Eu também. É um filme fofo. Que nem essa noite.

Sebastian suspirou com um sorriso. Ele parecia um mar de calma por fora, como quase sempre, mas Mia sabia reconhecer quando estava nervoso.

— Tá tudo bem?

Os olhos azuis a encararam cheios de ternura e ele segurou sua mão, derrubando seu temor de que ele estivesse infeliz com alguma coisa, e deixando-a soltar o suspiro que estava segurando.

— Quer casar comigo?

Mia arregalou os olhos.

— O que? – Ela perguntou num fio de voz, sem soltar a mão dele.

Sebastian sorriu.

— Faz três anos que você voltou, e deu certo, nós estamos bem. Sobrevivemos a todas as viagens que você fez. Conseguimos nos ajustar. E eu queria te perguntar isso há meses, mas não queria que parecesse que perguntei só porque você ganhou um monte de Oscars numa só noite, então preferi esperar um pouco.

Mia respirou fundo e sorriu, seus olhos começando a se inundar de emoção.

— Não foram todos só pra mim – ela riu.

— Ah, você entendeu. Eu quero fazer isso direito – Sebastian falou, se ajoelhando a sua frente, ainda segurando a mão dela, e puxou uma caixa de veludo com dois anéis do bolso.

Mia tomava respirações profundas, tentando evitar um colapso de surpresa e emoção.

— Mia Dolan, em nome de tudo que vivemos juntos, de todas as vezes que nossos corações quebraram tentando permanecer juntos, em nome do jazz, da arte, de todos os nossos sonhos, dessas estrelas sobre nossas cabeças e daquela promessa que fizemos sentamos naquele banco tantos anos atrás... Você quer casar comigo?

Mia soltou um suspiro de felicidade, choro e contentamento, puxando-o para se levantar e olhá-lo nos olhos.

— Eu quero sim!

— Sim?!

— Sim! – Ela sorriu quando ele a abraçou e girou com ela enquanto os dois riam e ele a devolvia ao chão para beijá-la e os dois poderem colocar os anéis dourados no dedo um do outro.

— Agora começa a parte chata em que os paparazzi vão descobrir que somos noivos e tentar destruir nosso relacionamento na mídia? – Ele brincou.

Mia riu, segurando ambas as mãos dele nas suas, a bela vista das estrelas quase esquecida.

— Nós quisemos isso, agora temos que lidar com todas as consequências absurdas de um casamento entre artistas.

Sebastian concordou.

— Nós sabemos como isso é, especialmente agora que você me conta como tudo funciona. Vamos ficar firmes. Nós somos nós, e só isso.

— Você me orgulha dizendo isso – ela sorriu – Eu quero celebrar isso com você.

Sebastian sorriu, pegando o celular e discando o número de Ryan.

— Ryan, só liguei pra confirmar que o clube tá nas suas mãos hoje. Não faz besteira.

Mia ouviu o jovem rir do outro lado da linha e confirmar.

******

— Eu nunca tinha vindo aqui à noite. Que lindo! – Levi falou enquanto corria à frente dos pais, que vinham logo atrás dele, de mãos dadas e sorrindo.

Os olhos azuis do menino louro de 12 anos olharam maravilhados para as luzes que começavam a se acender na cidade diante deles. Ele ainda estava usando o traje elegante que vestira para fazer a peça teatral na escola mais cedo, com tema jazz.

Sebastian quase conseguia se ver de novo em seu filho nesse momento, e mais uma de tantas vezes imaginou seu futuro, se ele conheceria e se apaixonaria por alguém em algum momento e lugar mágico da cidade, como fora com ele e Mia. Quando fitou sua esposa, ela olhou do filho para ele, também sorrindo, e provavelmente compartilhando de seus devaneios.

— Não é? Eu disse algo parecido a seu pai na primeira vez em que viemos aqui pela manhã. Tínhamos saído de uma festa. Foi uma noite meio conturbada e doida, mas inesquecível e emocionante.

— Vinham muito aqui?

— Sim – Sebastian respondeu – Até hoje.

— Então é pra cá que vocês vêm quando me deixam com vovó e vovô?

— Não só aqui, mas sim – Mia respondeu quando os três se sentaram – Dancei com seu pai aqui naquela noite.

— Fazem festas nessa rua?

— Não – Mia riu – Só... Dançamos. Sozinhos. Como dois loucos.

Levi riu juntos com os pais.

— Nunca deixe de fazer uma coisa quando você quer, a menos que isso possa machucar alguém – Sebastian lhe disse – Mas se realmente quiser isso, converse com a pessoa, e encontrem o melhor caminho.

O menino assentiu.

— Vocês gostaram mesmo? – Perguntou, se referindo à apresentação na escola.

— Claro, querido! Se continuar desse jeito, vai tomar o posto do seu pai no clube.

— Ou da sua mãe no cinema.

Levi riu com alegria.

— Ainda não sei o que fazer.

— Você não precisa saber agora, ainda tem tempo pra descobrir – Sebastian falou.

— Viva tudo da melhor forma que você puder, pense sobre cada coisa que te emocionar, e não terá dúvidas quando crescer.

Levi sorriu, e algo diferente brilhou em seus olhos.

— Vocês sempre falam que tiveram uma história difícil, e linda. Mas nunca me contaram direito. Só sei pedaços.

— Seu dia de sorte, estamos no lugar perfeito. Não é onde tudo começou, mas foi aqui que tudo aconteceu – Sebastian disse.

— Depois daquela noite... Eu percebi que sentia algo diferente de qualquer coisa antes – Mia disse ao filho – Aqueles dias foram tão lindos e tão difíceis... É uma história pra os tolos que sonham loucamente. Foram eles que criaram toda a arte que nos emociona até hoje. Do mesmo jeito que bagunçam nossas cabeças, também curam corações doloridos e quebrados, mesmo quando têm alguma coisa doendo dentro de si mesmos.

— Não sei se tô entendendo.

Sebastian sorriu, sabendo exatamente do que a esposa estava falando.

— Já vamos chegar lá – ele disse ao filho – Era uma vez...

— Ah, qual é pai!

Os três gargalharam juntos.

— Indo direito ao ponto agora, uma vez eu decidi jantar em algum lugar na cidade, na véspera de natal, e quando eu entrei no restaurante, seu pai tava sendo demitido pelo chefe rabugento do lugar depois de ter tocado uma sequência linda e incrível de jazz.

— Por que ele te demitiu?

— Por que queria que eu só tocasse canções de natal, mas não consegui me segurar. Naquela época o jazz tava em decadência, as pessoas nem sabiam mais o que era jazz de verdade, o jazz tava morrendo, e eu não queria que isso acontecesse. Então eu fiquei lá parado tentando processar o que tinha acontecido quando sua mãe veio na minha direção.

A noite chegou enquanto eles contavam sua história a Levi, vendo seus olhos azuis se emocionarem ao conhecer a histórias das canções que ele os ouvia murmurar para ele desde bebê. A vida de um casal de artistas seria sempre agitada e um pouco conturbada, mas essa noite eles conseguiram ser apenas um casal comum passeando e se divertindo com seu filho, e lhe contanto histórias do passado, apenas três tolos sonhadores na cidade das estrelas.


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Notas finais do capítulo

Por curiosidade, Levi significa "união". Revirei a internet e minha mente em busca de um nome com significado ligado à arte, mas não achei nenhum. O mais próximo era Baird, que dizem ser o nome de alguém com talento musical, mas tinha muitas divergências sobre isso nas pesquisas, e não achei que combinava.


Morri de fofura com essa última foto! *----*



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