Expressão escrita por elda


Capítulo 1
único




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Talvez a década de 80 fora a década mais libertina e expressiva do século XX. A que teve mais meninos sensíveis deixando o lar conservador em troca de serem eles mesmos.

Meninos que se pintavam, furtavam lojas de grife, cantavam e beijavam outros meninos.

As meninas também beijavam outras meninas.

Assim como também meninos beijavam meninas e meninos.

Se expressar não era só prazeroso, mas era um jeito de dizer a sociedade de que você existia e emitia uma luz de cerrar os olhos. Uma luz tão forte e brilhante, que girava pairando na cabeça de muitos jovens como um globo espelhado de uma boate.

A expressão se misturava a exibição e não fazia mal, o que eles tinham mesmo que fazer era mostrar aos outros como tinham direito de se expressar e riam daqueles que os chamavam de depravados, coisa do diabo.

Gostavam da ideia do diabo ser uma travesti, Lúcifer com suas seis asas, tinha seios assim como também um pênis. Fizeram até um baile com esse tema uma vez.

"Lúcifer era perfeito, sábio, belo e formoso, de vívido resplendor e reluzente."

Exatamente como eles.

E era nesse êxtase, onde todos perdiam a vergonha na cara, e tocavam o corpo do outro com um júbilo dominando o fundo de suas almas que Sanji se juntava a pista e dançava. Seu sonho era ser um profissional e trazer Donna Summer numa escola de dança bem démodé, que estaria ainda presa no classicismo do O Lago dos Cines.

O passado se foi, o que importa era o agora. O presente não era somente Donna Summer, mas como também era a felicidade enquanto estivesse ali. Sofria muito se olhasse pra trás, mas quando dançava junto com suas irmãs, o passado perdia o valor e o futuro virava o desejo de continuar vivendo.

Sanji sentiu um peso no ombro, olhou pra trás e se encontrou com o rapaz que se relacionava esporadicamente.

— Marimo?

Seu nome era Zoro, mas Sanji o chamava de marimo por causa de seus cabelos verdes. E Zoro o chamava de sobrancelhas por conta de suas sobrancelhas serem enroladas.

Eles saíram da casa de dança e sob a luz de um poste, Sanji percebeu que Zoro tinha um machucado perto do olho esquerdo.

— O que é isso? — Perguntou preocupado e passou a tatear o galo.

Zoro grunhiu com a dor que sentia e afastou as mãos pálidas do loiro. — Foi o sacrifício que ganhei por tomar uma decisão. — Alisou os braços, sentia frio. — Bora procurar um lugar mais quente.

Sanji não entendia nada, mas seguiu o marimo até um Mc Donalds ali perto e que estava aberto.

Eles se sentaram numa mesa perto da vitrine e Zoro agradeceu que o ar não estava ligado.

— Por que não veio agasalhado? O inverno está chegando.

Zoro não respondeu Sanji, olhava as opções sobre o balcão dos empregados. — Temos que consumir algo se ficarmos aqui.

— Tô liso.

— Eu também.

Sanji revirou os olhos. — Tá, pede a opção nº 2. — Murmurou aborrecido por Zoro ser um pé rapado. — Não gastaria o pouco que tenho se tivesse trazido um casaco. E qual é desse machucado?

— Eu saí às pressas de casa. — Levantou-se da mesa e fez o pedido, deixando um Sanji ainda mais confuso. Será que o machucado tinha algo a ver?

Depois de 10 minutos estava de volta a mesa e trouxe o hambúrguer de Sanji.

— Vai me dizer por que se machucou?

— Meu pai me bateu. — Disse e Sanji teve que parar a trajetória de levar o hambúrguer para boca com o fim de dar a primeira mordida.

— O quê?! O que houve?

Zoro pegou uma de suas batatas e mordeu, um brilho diferente tomou os seus olhos castanhos. — Agora é sério, sobrancelhas.

— O que é? Por que não responde claramente? Eu odeio mistérios.

— Estou dizendo sobre nós dois.

— Nós dois?

— Finalmente contei a minha família que sou gay, meu pai me bateu, mas não importa. — Ele disse e notou Sanji perdendo a cor da pele conforme lhe bombardeava com informações. — Quero algo sério com você.

Sanji respirou fundo e balançou as mãos. — Pera aí, você quer algo sério?!

Zoro acenou com a cabeça que sim, enquanto os olhos de Sanji piscavam em confusão. — Não está feliz?

— Feliz? Estou muito! Mas como sabia que eu queria que nossa relação fosse mais séria?

— Eu senti.

— Ham? Tão simples assim? — Sanji parou e cobriu o rosto com as mãos. — Admitir que é gay e ainda apanhar do pai... você saiu às pressas por que abandonou o seu lar?

— Sim.

— Marimo estúpido! Fez isso pra me deixar feliz?

— Sobrancelhas, quero andar de mãos dadas com você, fiz isso por mim na verdade. Quero ser um exibido.

Sanji não conseguiu, soltou uma gargalhada. Diferente dele, Zoro era uma pessoa bem reservada.

— Ok, você pode vir morar comigo.


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