Spotlight: Stronghold escrita por Blue Blur


Capítulo 2
Parte 2




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Já havia algum tempo, desde que gems de Homeworld chegaram à Terra e decidiram fazer daquele planeta rico sua colônia. O principal objetivo delas era usar os recursos e a fertilidade naturais daquele planeta para fazer novas gems. O mecanismo era simples: pegava-se grandes torres, chamadas de “injetores”, que injetavam um líquido estranho na Terra, em uma zona industrial que elas chamavam de “Jardim de Infância”. Tempos depois, uma gem totalmente nova e pronta para atividade sairia de dentro de um buraco. Aquele processo era repetido incontáveis vezes, até que o planeta se tornasse estéril, e então elas transformavam aquilo numa grande metrópole, que servia de base para colonizar outro planeta.

Tinha sido assim por séculos, milênios. Dessa vez, porém, era diferente em dois aspectos: o primeiro envolvia uma facção rebelde separatista, que se autodenominava Crystal Gems. Sua líder, uma quartzo rosa, estava arregimentando desertoras para lutar contra Homeworld. No processo, várias gems estavam sendo perdidas, o que exigia que novas fossem fabricadas mais rápido. O segundo aspecto no qual isso era diferente estava debaixo do nariz das gems... literalmente.

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Os Earthlanders saíram de seu assentamento, e se dividiram em dois grupos: no primeiro, estavam os voadores, liderados pessoalmente por Nightspin. No segundo, os terrestres, que eram liderados por Behemoth. Armas e munições foram distribuídos a todos por Stronghold, bem como alguns explosivos que ele mesmo fizera, por causa de sua experiência que conseguira, ainda que contra sua vontade, em conflitos que ele lutou em Cybertron.

O sinal verde foi dado, e todos os Earthlanders voadores partiram. Suas formas veiculares estavam diferentes: após muito tempo de espionagem diligente, eles haviam roubado para si esquemas de naves das invasoras, e estavam usando aquilo como disfarce. O plano deles era simples: usando aquelas formas como disfarces, eles se infiltrariam na retaguarda de uma esquadrilha inimiga, e de lá, chegariam a uma base delas, por onde começariam o ataque.

Havia uma instalação gem não muito distante, e planos de fazer dela o Jardim de Infância Gama. Os injetores já estavam sendo posicionados. Só era preciso encerrar o planejamento para executar a injeção em si. Uma peridote, responsável pela administração, olhou para o radar quando ele começou a apitar.

— Ei, tem uma mancha enorme vindo pra cá do nordeste – A peridote disse para sua ágata superior.

— Hein? – A ágata se aproximou para ver, e depois a tranquilizou – Ah, relaxe, são só as naves de caça indo para o espaçoporto. A gente só está no caminho delas.

Em outro lugar, numa base das Crystal Gems, havia também, por ironia do destino, outra peridote igualmente alerta. Ela trabalhava no setor de inteligência, interceptando as mensagens de Homeworld. As últimas que ela captou eram um tanto insólitas.

— “Reservatórios de energia... sabotados. Ato de agressão... explícito”. Rose, você precisa ver isso.

A mensagem que aquela peridote havia decodificado era, a ouvidos nus, apenas um amontoado de grunhidos digitalmente modificados. À medida que ela continuava tentando decodificar aquilo, vários Earthlanders em suas formas de veículos terrestres avançavam contra o acampamento.

— Rose, uma peridote interceptou essa mensagem. – Pérola repassou as informações para Rose na sala de guerra. – A mensagem fala em sabotagem de reservatórios de energia, bem como considera isso como um “ato de agressão explícito”.

— Já estamos em guerra com Homeworld há tempos, por que elas gastariam tempo transmitindo mensagens codificadas com informações óbvias? – Bismuto se indagou.

Garnet tirou um tempo para ouvir aqueles estranhos grunhidos digitalizados.

— Isso não é criptografia de Homeworld...

— Então de quem é? – Pérola perguntou.

Enquanto isso, a estratégia do time áereo Earthlander deu certo. A esquadrilha de Homeworld passou pelo Jardim de Infância Gama. Metade do grupo de infiltrados continuou seguindo a esquadrilha inimiga, o resto diminuiu a velocidade. O ataque começaria em breve. De longe, uma formiga observava tudo. Uma formiga gigante de metal, uma das espiãs dos Earthlanders, que havia tornado aquilo possível. As gems não sabiam muita coisa sobre a fauna local.

Talon, o irmão de Flashback, tomou a iniciativa. Travando a mira em um injetor, ele disparou um míssil. Duas rubis que estavam realizando a manutenção viram aquilo e, quando perceberam o que era, pularam para longe do injetor, mas foram pegas na explosão do mesmo jeito.

A explosão alertou a peridote que estava decifrando as mensagens. Outras explosões começaram a ecoar pelo jardim de infância à medida que outros injetores começaram a ser alvejados. A Esquadrilha que havia acabado de passar pelo Jardim de Infância foi surpreendida ao ouvir as explosões, e de novo ao perceber que algumas de suas próprias naves estavam efetuando fogo amigo. Logo depois, mais outra explosão veio. Alguém havia bombardeado a torre de transmissão, silenciando as comunicações exteriores.

“Todas aos seus postos de batalha! Todas aos seus postos de batalha! Isso não é um treinamento! O Jardim de Infância está sendo bombardeado!” O alarme local gritava, repetidamente.

No cockpit vazio de Flashback, estava uma imagem digital, onde se lia, em legendas cybertronianas, “casa de máquinas”. A líder das seekers sobrevoou em busca do prédio que era seu alvo. Ao encontra-lo, efetuou um mergulho, travou a mira, e disparou dois mísseis. Impulsionados pela própria aceleração de sua atiradora, os mísseis atravessaram o prédio de alto a baixo, até chegar no subsolo, onde estava o depósito de munição. Quando eles explodiram, houve um terremoto estrondoso, que fez o chão rachar e afundar, criando uma cratera que engoliu tudo num raio de 1,5km ao redor da sala de máquinas. Todo injetor que ainda estivesse de pé, estava sendo bombardeado sem pena.

A esquadrilha de Homeworld que havia acabado de passar pelo Jardim de Infância Gama havia dado meia-volta para ajudar, mas se viu surpreendida por fogo amigo. Os infiltrados haviam começado a fazer sua parte, desnorteando a força de contra-ataque inimiga e causando baixas sérias entre eles.

— Comandante, permissão para transformar e interceptar os caças que estão escapando de volta para a instalação inimiga. – Snowstorm pediu

— Permissão concedida, Snowstorm – Nightspin autorizou.

— Que diabos é aquilo? – Uma nefrita gritou ao ver uma das naves de Homeworld se transformar num robô e abrir fogo contra outras naves.

— Snowstorm acabou de se transformar num alvo. Vamos cobri-la! – Nightspin ordenou, enquanto Snowstorm saltava entre as naves inimigas, derrubando-as a murros, pontapés e disparos de submetralhadora.

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Nós havíamos previsto que isso aconteceria: a esquadrilha que o time aéreo usou como disfarce para chegar à instalação inimiga daria meia-volta ao ouvir o bombardeiro, então começaria o “fogo amigo”. Uma das nossas se transformando geraria confusão e causaria bastante dano, mas também destruiria seu disfarce e faria dela um alvo. Por sorte, sua escolta estaria perto. Cybertronianos que se conhecem conseguem, facilmente, reconhecer uns aos outros mesmo em suas formas veiculares. Para nós, é como diferenciar um carro de uma moto.

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Enquanto isso, longe dali, o time terrestre dos Earthlanders, havia chegado no acampamento das Crystal gems. Após explodir uma das barricadas, eles entraram como raios no acampamento, atirando feito loucos. Os primeiros na ofensiva eram Blackjaguar, Cab, Blitz e Stronghold. Seus formatos mais esportivos faziam deles perfeitos para uma ofensiva mais ágil e veloz.

— Recuem, recuem! Reagrupem nos círculos internos! – Rose gritava a ordem a plenos pulmões.

Os círculos internos a que ela se referia era um clarão na parte mais interna da base, equipada com barricadas, canhões e armas mais pesadas, para servirem como último recurso. Depois que os quatro primeiros iniciaram a ofensiva, os mais pesados do grupo, como Marauder, Behemoth e Ursa, começaram a ocupar posições estratégicas e a bombardear a base em pontos estratégicos, para furar as defesas e seguir para os cantos mais internos. Diferentemente da base de Homeworld, a base das Crystal Gems era bem diferente. Em alguns pontos, parecia até um labirinto. A base era estruturada assim propositalmente, para que forças inimigas que atacassem acabassem se separando e, então, fossem repelidas com mais facilidade. O problema era que os Earthlanders estavam a par disso já.

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Guerrilha de trincheira e barricadas. Tanto Autobots quanto Decepticons já estavam acostumados a usar isso várias vezes nos combates em Cybertron: o objetivo é forçar o exército atacante, superior em número, a se fragmentar em vários grupos menores, apenas para serem eliminados um por um pelos defensores, posicionados estrategicamente. Devido a essa nossa experiência, sabíamos perfeitamente como superar aquilo sem problemas: Primeiro, não ataque com uma força muito grande, para não reduzir a mobilidade de seus soldados. Segundo, ataque de forma rápida e devastadora. Use a surpresa ao seu favor para terminar tudo antes que o inimigo entenda o que aconteceu. Terceiro, e mais importante... dê um jeito de conseguir um mapa sobre a estrutura das barricadas e trincheiras inimigas. Saiba todo tipo de defesa que lhe aguarda.

Nosso dever de casa nós fizemos por completo.

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— FOGO!!! – Rose Quartz gritou.

Várias peças de artilharia, bem como arcos e bestas que algumas gems tinham, foram disparados ao mesmo tempo, e sem intervalo. Qualquer força de ataque de Homeworld que estivesse vindo por aquele corredor teria sido estilhaçada na hora. O que veio, porém, foram dois robôs gigantes, Cruxton e Behemoth, usando escudos cybertronianos antimotim, que bloquearam os tiros. Atrás deles, vinham Marauder, Stronghold e Ursa, com fogo supressivo pesado.

— O que são essas coisas? – Bismuto se indagou.

Cruxton e Behemoth, protegidos pelos seus escudos, abriram fogo de cobertura, para reforçar os tiros de seus aliados, que buscavam posições de tiro melhores. Ursa se esgueirou atrás de uma pequena casamata das Crystal Gems, que estava sem telhado, e se transformou em tanque, alternando seu modo de tiro para morteiro.

O fogo de cobertura dos Earthlanders começou a provocar diversas baixas entre as defensoras. Um disparo de morteiro de Ursa destroçou um terço da linha de tiro das Crystal Gems.

— Nós temos que fugir agora, ou vamos ser todas destruídas! – Rose Quartz gritou.

— Não podemos entregar nosso acampamento para esses monstros! Temos muitas feridas e muitos recursos importantes aqui dentro! – Bismuto se opôs.

— Se não fizermos isso, nossa resistência inteira vai ser destruída – Garnet concordou.

O lugar de onde as Crystal Gems estavam atirando tinha uma saída de emergência, que levava a um túnel secreto de escape. Os Earthlanders não sabiam disso, por isso, quando aquele disparo de Ursa atingiu em cheio o lugar onde elas estavam, eles achavam que tinham destruído todas, e saíram para reivindicar o lugar.

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Nossos ataques eram rápidos, impiedosos e, o mais importante, surpresas. Com o que aprendíamos lutando contra o inimigo, desenvolvíamos armas melhores, projetadas especificamente para lidar com as invasoras. Embora nossas vitórias fossem esmagadoras, o inimigo derrotado tinha uma vantagem enorme que nós não tínhamos: a capacidade de repor suas tropas. Éramos cerca de 100 Earthlanders, mais ou menos, não mais do que 120, disso tenho certeza. Já o inimigo tinha centenas, milhares a seu dispor. Além disso, nosso inimigo aprendia com seus erros e nossos acertos, lenta, mas constantemente. Primeiro, nossos ataques-relâmpago começaram a ficar mais lentos, já que os soldados inimigos ganhavam experiência ao nos enfrentarem. Depois, as primeiras baixas começaram a acontecer. Embora nossas baixas fossem mínimas, os mortos sempre eram alguém próximo. Um amigo... um irmão... uma spark gêmea.

Seja lá em qual projeto as invasoras estivessem trabalhando com tanto afinco, era o responsável pela destruição de nossas preciosas reservas de energon. Sem o energon, morreríamos um por um, lentamente. A paz não era uma opção.

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Em um grande e vasto vale, as forças leais à Homeworld e as forças rebeldes de Rose Quartz se enfrentavam. Ambos os exércitos estavam em um grande impasse, e mobilizando um grande número de soldados. Aquele era um ponto estratégico para ambos os lados: se as rebeldes quebrassem o impasse, elas chegariam a um espaçoporto, onde várias naves – de combate, bombardeio e transporte – estavam posicionadas. Se as leais quebrassem o bloqueio, elas chegariam a uma base das Crystal Gems, uma das poucas bases que ainda tinham uma fonte mágica para regeneração das rebeldes feridas. Dois alvos cruciais, para ambos os exércitos envolvidos. Sem dúvidas, os Earthlanders não ignorariam tal oportunidade de destruí-los, bem como de causar severas baixas nos exércitos das invasoras.

Cinco naves de transportes aterrissaram no lado das tropas leais, que estavam preparando uma nova onda para atacar as rebeldes. Uma por uma, as naves abriram seus compartimentos para liberar as guerreiras quartzo para a batalha. Uma por uma, menos uma.

— Ei, caiam fora daí, suas covardes! Saiam e lutem contra Rose Quartz e as traidoras! – Uma oficial ágata exigiu.

Não houve resposta, então ela começou a esmurrar repetidamente a nave.

“Piloto, está tudo bem aí? Abra logo essa maldita comporta e libere a tripulação!”

A oficial ágata se aproximou para ouvir o que estava acontecendo no interior da nave, então ouviu um barulho estranho (https://www.youtube.com/watch?v=xQB6OYxHaTQ&list=LL&index=93) que a deixou imediatamente alarmada, bem como a visão das placas de blindagem da nave se envergando e ouriçando em ângulos impossíveis. Aquele era Nightspin atacando.

— Alerta, alerta! Um Metal se infiltrou no espaçoporto! – A oficial Ágata começou a gritar.

O ataque dos Earthlanders começou. Nightspin pegou uma metralhadora giratória e começou a destruir tudo em seu caminho: os prédios, as naves ainda no solo, as peças de artilharia e, principalmente, a infantaria inimiga, sempre numa marcha constante, sem parar para ir atrás de nenhum alvo específico. Cybertronianos eram um alvo grande, por isso não podiam se dar ao luxo de ficarem parados, mesmo que o inimigo parecesse estar em franca debandada.

— Aqui é a Nefrita faceta 7L5A, corte 6UL! Tenho um Metal na mira, às 12 horas! Todas as naves, comigo! – Uma das pilotos de Homeworld que estava no ar ordenou à sua escolta.

— Tolas, ainda não aprenderam. – Nightspin disse, sem um pingo de preocupação. Logo em seguida, as seekers se revelaram e começaram a atacar as naves que se direcionavam à Nightspin, forçando-as a quebrar a formação e frustrando o primeiro contra-ataque.

A segunda parte do ataque foi feito pelos Earthlanders-veículos, pela retaguarda das linhas das Crystal Gems. Era um movimento de pinça, onde eles forçariam, pela retaguarda, as forças de Homeworld e as Crystal Gems umas contra as outras. As Crystal Gems que se debandaram da força principal foram alvejadas pelos veículos que lideravam o ataque, e tiveram as pedras estilhaçadas pelos pneus deles. Após usarem uma colina como rampa, eles saltaram no ar e se transformaram.

— Stronghold, já foram treze! – Behemoth declarou.

— Eu peguei vinte e cinco! – Stronghold respondeu.

— QUÊ??? De jeito nenhum um Autobot vai me superar! – Behemoth resmungou.

— Chega de conversa! Vamos avançar! Não deixem pedra sobre pedra no acampamento inimigo! – Blackjaguar gritou, enquanto o resto do grupo avançava.

O ataque continuou, com gems tanto rebeldes quanto leais se dispersando pelo lugar e a batalha lentamente descambando para uma pancadaria de bar em larga escala. No meio da correria e da bagunça, Stronghold avistou a mesma quartzo rosa de antes, que liderava as rebeldes, junto de uma pérola e uma gem estranha de três olhos. Stronghold apontou a arma para ela, mas antes que pudesse disparar, um mangual gigante voou e o atingiu entre os olhos, fazendo-o cambalear para trás e ganhando tempo para as três escaparem.

Enquanto Stronghold ainda estava aturdido pela pancada, um borrão cor de âmbar, com três rostos, um chifre na testa de cada rosto, e olhos de esclera negra pulou em cima dele, agarrando-o pela cintura, rolando colina abaixo. Depois de receber outro soco na cara, Stronghold se levantou e revidou com um soco dele mesmo, enterrando a falange do dedo médio num dos olhos da oponente. Stronghold nem teve tempo de observar o que é que estava atacando-o, ele só sabia de uma coisa:

— Combiner inimigo! Alerta, há combiners inimigos no campo de batalha!

Enquanto recuava estrategicamente para trás de uma espada fincada no chão (que, acredite ou não, era maior que ele), sua adversária apareceu, tentando acertar mais dois golpes de mangual, sem sucesso. No terceiro, Stronghold conseguiu agarrar o braço dela e cortá-lo fora com uma lâmina que saiu de seu antebraço direito, depois deu um mata-leão nela e enfiou a lâmina no pescoço. Faísca e fumaça pressurizada saíram da “ferida” da gigante inimiga, que se fragmentou em duas gems menores. Stronghold esmagou uma com um pé, a outra ele capturou com um cabo que ele disparou de seu pulso, como uma teia do Homem-Aranha, a arremessou para cima e a destruiu com uma rajada curta de seu fuzil cybertroniano.

“Combiners inimigos. À medida que enfrentamos as invasoras repetidas vezes, descobrimos que, assim como nós fazíamos em tempos idos, muitas delas tinham a capacidade de combinar corpos e mentes em uma forma maior e mais forte. Eram a arma mais perigosa que elas tinham para usar contra nós, e mesmo que eu já possuísse equipamento feito sob medida para enfrenta-las e separá-las, cada aparição delas causava baixas em nossos números.”

Um Earthlander havia engatado combate com outra fusão gem, que tinha quatro braços. O Earthlander sacou, de suas mãos, um par de serras giratórias, que ele usou para manter distância dos quatro braços da oponente, desferindo vários cortes no ar, que impediam que ela se aproximasse sem se ferir. Depois de receber alguns cortes, a fusão deu dois passos para trás e regurgitou uma substância que parecia lava, que derreteu as armas, os braços, o rosto e parte do peitoral do Earthlander, fazendo-o emitir um som estridente de bug e estática, que se parecia com um grito robótico. Depois, ela meteu a mão dentro do peitoral do Earthlander e arrancou, de lá de dentro, algo que parecia um reator. Depois disso, ele caiu morto no chão.

Ursa viu aquilo e ficou furiosa, saiu correndo na direção da fusão que destruiu o Earthlander com as serras giratórias na mão. A fusão cuspiu outro jato de lava, mas Ursa se esquivou e sacou de seu ombro direito uma metralhadora giratória. Antes que ela pudesse disparar, porém, uma outra fusão pulou, literalmente de debaixo da terra, nas costas de Ursa. A fusão, que tinha uma aparência de uma lagartixa antropomórfica, começou a arranhar Ursa toda e conseguiu arrancar a metralhadora giratória que ela tinha. Stronghold já estava a caminho para ajudar a companheira, quando a fusão de quatro braços viu ele e partiu para cima dele. A reação de Stronghold foi cravar as duas lâminas de seus antebraços nas axilas superiores da inimiga e meter uma cabeçada no rosto dela. A fusão, com os dois braços superiores feridos, tentou meter um gancho com o braço inferior direito, do qual Stronghold se esquivou e acertou um cruzado de esquerda nas costas dela (onde estava uma das pedras).

— Vira pó, seu caco de vidro nojento! – Stronghold rosnou enquanto acertava um Clothesline de direita na oponente.

Enquanto ela estava desequilibrada, Stronghold conseguiu subir nela e enfiar uma de suas lâminas entre seus olhos, enquanto puxou o fuzil e atirou na outra que ainda estava em cima de Ursa, dando-lhe tempo para agarrá-la e arremessa-la para longe.

— Ursa, temos que reagrupar com os outros! – Stronghold gritou.

Ursa viu uma coisa que Stronghold não viu, o que a fez agarrar o amigo e o jogar para trás: a fusão-lagartixa de antes saiu de debaixo da terra de novo, e ia pular em Stronghold se não fosse a intervenção de Ursa. Com a vantagem do elemento surpresa, a atacante enfiou um dardo na altura das “costelas” de Ursa, fazendo vazar Energon e faísca, o que a fez gritar de dor.

“Você matou minha amiga, seu desgraçado!” Foi o que Stronghold ouviu antes que outra gem, com aparência de leão, pulasse nele, quando ele estava indo ajudar Ursa.

Stronghold e seus aliados estavam lentamente sendo subjugados, até que algumas gems, que ainda estavam separadas, conseguiram chegar a uma peça de artilharia operacional e dispará-la contra Stronghold três vezes, despedaçando toda a blindagem peitoral que ele tinha. Uma terceira fusão, que portava um arco, disparou uma flecha em Stronghold, mas acabou atingindo um outro Earthlander que se jogou na frente. Antes que ele se permitisse sentir o ferimento em seu peito, ele ainda deu dois passos e cortou fora a cabeça e o busto da atiradora, num corte diagonal, com um machado de batalha.

O salvador de Stronghold era Behemoth.

Behemoth caiu de joelhos no chão, perdendo energon pela boca e pelo ferimento no peito.

— Behemoth! – Stronghold correu para socorrer o amigo.

Behemoth olhou nos olhos de Stronghold, com a face se contorcendo em dor, mas ainda conseguiu se esforçar para sorrir pela última vez.

— Q-Q-Quarenta... e duas... Stronghold... mais um Autobot salvo. Parece que esse é meu recorde final.... Quero ver você f-f-fazer melhor...

A spark de Behemoth se apagou enquanto ele ainda estava nos braços de Stronghold, e perto dali, ele ouviu uma granada explodindo, engolindo no raio de sua explosão tanto Ursa quanto a gem que ele estava enfrentando. Stronghold estava sozinho, sem reforços, e com cinco, seis fusões gems correndo com tudo na direção dele.

“Elas são a extinção” Stronghold começou a lembrar de um discurso que Nightspin fez tempos atrás “Brutais, imparáveis e inescrupulosas. Mas vocês? Vocês serão piores!”

— Esmigalhar e estilhaçar... ATÉ O FIM!!! – Foi a última coisa que Stronghold gritou antes de partir para cima delas.

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Aquela batalha, como todas as outras, chegou ao seu fim. O sol banhava agora os restos de seus combatentes, fossem de metal ou cristal. Só o que restava agora eram armas e peças de armadura gigante espalhadas por todo o vale, junto com joias quebradas e carcaças de aço e titânio cobertas por musgo, trepadeiras e ferrugem. Subitamente, o silêncio começou a ser quebrado pelo som de metal vibrando e rangendo. Os restos mortais de um cybertroniano que estava sentado começaram a se remexer de forma débil, até perderem o equilíbrio e cair de bruços sobre a grama. Os olhos se acenderam com um fraco brilho azulado, e ele voltou a se levantar, agora se apoiando sobre os braços, que agora eram finas e frágeis armações de metal, sem o revestimento blindado comum de sua raça. Ele olhou ao redor e, ao contemplar o estado ainda mais deplorável de seus irmãos, cobriu o rosto (ou o que tinha restado dele) com suas mãos, tomado de angústia e agonia.

Num relance, ele olhou para sua frente, e viu um monstro estranho, parecido com um lobo, que estava fuçando um dispositivo cybertroniano. Com muito esforço, aquele sobrevivente ergueu sua mão e pegou o dispositivo. Ao toma-lo em sua mão, o dispositivo se acionou sozinho, mostrando fotos digitalizadas de vários Earthlanders: Blitz, Cab, Ursa, Nightspin, Flashback, Snowstorm, Marauder, Cruxton...

...Behemoth...

Q-Q-Quarenta... e duas... Stronghold... mais um Autobot salvo. Parece que esse é meu recorde final.... Quero ver você f-f-fazer melhor...” As últimas palavras dele.

Stronghold guardou o dispositivo, e começou a se levantar lentamente. Metal novo re-esculpindo seu corpo decadente com nova blindagem e revestimento. Havia uma espada gigante fincada na Terra, que ele usou como apoio para ficar completamente de pé enquanto terminava de se regenerar. Encarando os monstros ao seu redor, que rosnavam para ele como caçadores, ele puxou a espada do chão e se colocou em guarda.

— Até o fim... – Stronghold disse, se lembrando do discurso de Nightspin.

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O fim não veio no final daquela batalha... e nem veio pelas mãos das feras que me cercaram. Eu sempre imaginei que, no fim, eu acabaria cercado por invasoras me desmantelando vivo, enquanto eu estilhaçava o máximo possível delas antes que minha spark se apagasse. Eu imaginava que o meu fim seria o fim de um herói de guerra, de um mártir, mas não foi isso que aconteceu.

O meu fim foi o fim de um sobrevivente, forçado a vagar eternamente, destituído de qualquer noção de glória ou vitória. Forçado a vagar pela terra que eu lutei para proteger, sabendo que eu era o último de pé, e sabendo que ninguém saberia da nossa história. Eu vi a raça humana prosperar: vi o surgimento de vilas, vi essas vilas virarem cidades. Vi os grandes navios movidos a vela embarcando e desembarcando, com todo tipo de carga. Vi eles desenvolverem suas primeiras armas de fogo, e também suas primeiras máquinas a vapor. Eu mesmo me disfarcei como uma delas, para continuar viajando escondido entre eles.

Entre minhas viagens, também busquei tempo para tentar contatar sobreviventes...

— Aqui é Stronghold, transmitindo para a frequência dos Earthlanders e para todas as frequências Autobots.

...mas ninguém respondeu.

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Quando você é um ser cuja idade está na casa dos seis dígitos, um ano, cem anos ou mesmo mil anos não têm muita diferença entre um e outro, mas para uma espécie jovem, como a humana, isso significa muita coisa, e Stronghold descobriu isso de uma forma bem impactante: enquanto caminhava por um vale, puxando um cargueiro em sua forma robótica, ele ouviu o som de um veículo humano se aproximando. Imediatamente, se escondeu para não ser visto. O veículo passou em alta velocidade pela estrada, mas Stronghold ainda assim conseguiu vê-lo e escaneá-lo, e se surpreendeu com o que viu: aquele veículo parecia muito com sua antiga forma veicular cybertroniana. Uma versão primitiva, é verdade, mas ei, cavalo dado não se olha os dentes.

Stronghold levou sua carga para seu esconderijo, depois voltou àquela estrada e seguiu na direção que viu o veículo seguir mais cedo. O trajeto o levou para uma cidade desenvolvida, diferente das outras cidades que ele havia visto antes: ali, os prédios eram de aço e vidro, e bem altos. No meio do caminho, ele achou uma concessionária. Lá, havia vários carros novos e seminovos à venda, e várias pessoas passavam lá diariamente para comprar carros. Stronghold esperou pela noite, até que a concessionária fechasse, então se misturou entre os carros lá, apenas para ver o que aconteceria. No dia seguinte, um simpático casal passou por lá, o viu e resolveu compra-lo.

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Maheswaran, esse era o nome deles. Era um homem e uma mulher, de pele escura. Confesso que eu não sabia que humanos eram fabricados em diferentes cores. Eu passei a viver com eles, como seu veículo pessoal, por algum tempo. Às vezes eu até falava com eles, embora eles pensassem que eu era apenas um tipo de inteligência artificial. As coisas foram boas entre nós, só boas mesmo... até que aconteceu uma coisa.

Com o passar do tempo, o corpo da Maheswaran mulher começou a inchar, ficar inchando lentamente, até que a barriga dela ficou enorme. Eu não sabia o que era aquilo, imaginava que devia ser algum tipo de doença humana, talvez um parasita, e ficava temeroso que aquilo pudesse mata-la e depois vir atrás de mim. Até que um dia o Maheswaran homem veio comigo, com ela se contorcendo de dor, e me dirigiu o mais rápido que pôde para um hospital humano (eu dei uma mãozinha também sem que ele percebesse, do contrário ele teria batido umas três vezes e pego uns dois sinais vermelhos).

Passou-se uma quantidade considerável de tempo, pelo menos para os padrões humanos. Depois de dois ciclos solares, eles saíram do hospital e voltaram, mas não sozinhos. Foi aí que eu aprendi uma coisa nova sobre humanos: eles não são fabricados só em cores diferentes, mas também em tamanhos diferentes, bem menores, iguais aos minicons, porém... mais frágeis. Não sei porque, mas é assim.

O nome daquela pequena humana era “Connie”.

Quando eu despertei sozinho naquele novo mundo, sozinho, eu senti que meus companheiros caídos tinham tido mais sorte por estarem agora unidos à Matriz. Agora eu vejo que, na verdade, eu fui o mais privilegiado de todos: eu vi uma civilização nascer, vi ela crescer, e agora, me tornei eu mesmo parte dela. Em Cybertron, para meus irmãos, eu era um ferramenteiro. Aqui, na Terra, para essas pequenas criaturas, eu serei sua sentinela, seu titã protetor escondido entre eles. Ainda restam alguns daqueles monstros de cristal soltos por aí, mas eu vou caçá-los e eliminá-los um por um.

Farei isso pelo legado que meus companheiros Earthlanders deixaram

Farei isso pelo que esse casal que me adquiriu significa para mim

E farei isso por tudo o que a pequena Connie um dia pode se tornar.

Eu sou Stronghold, e se houver mais algum Earthlander sobrevivente na Terra, quero que você saiba: tudo o que fizemos valeu a pena. Tudo vale a pena quando sua spark não é pequena.


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Notas finais do capítulo

Foi divertido escrever essa shortfic, principalmente por causa das lutas estilo "Mechas VS Kaijus". Um ótimo intervalo entre minhas idas e vindas, trabalhando em projetos mais complexos. O site aqui tá meio parado, então entendo se o pessoal não comentar aqui. Talvez eu devesse tentar publicar em outro site também para ver se consigo visibilidade.

Quis encerrar essa segunda parte seguindo a tradição dos filmes, que se encerravam com aqueles discursos do Optimus Prime. Fossem os filmes bons ou ruins, os discursos no final dos filmes e mais o CGI eram sempre excelentes.



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