The Devil Inside escrita por WriterM


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Isso aqui é quase um surto. Há um tempo, numa noite qualquer, eu estava me sentindo horrível, então fiz o que faço de melhor e escrevi.

De qualquer maneira, desejo-lhes uma ótima leitura e espero que gostem.



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Escondido no breu soturno de um quarto qualquer havia um menino. Na escuridão nada podia ver;  o silêncio pairava, mais frio que o inverno nortenho, fazendo a sua respiração soar muito mais alta do que de fato era e os próprios pensamentos gritarem. O menino só podia ouvi-los, impotente, revoltado, frustrado por saber que diziam a verdade. E ele também sentia, lá dentro no fundo do peito, o coração ser agarrado, pressionado; garras sombrias perfurando o músculo e vertendo sangue quente. Desconfortável demais. Assustador demais. Não queria sentir, mas sentia, e sabia que encontraria o responsável pelo sentimento se ousasse olhar para dentro de si. Ele estava consigo, gostasse disso ou não. O garoto odiava.

Rangeu os dentes e bufou, frustração transformada em raiva, e depois, em ódio. Fechou os olhos para o externo; abriu para o interno, para as portas do próprio inferno, e lá encontrou o parasita maldito que recusava-se a deixá-lo em paz. Um verme repugnante sempre à espreita, perto mesmo quando pensava estar só. No fim, nunca estava realmente sozinho no escuro. Ninguém nunca está.

Junto do menino havia um demônio.

Com ele já convivia há tanto tempo que quase perdera o medo, mas encarar aqueles olhos e sorriso vermelhos nunca deixava de ser um pesadelo. O demônio era feio, sujo. E fazia parte dele, agarrado à sua carne; não queria sair. O menino tinha lágrimas nos olhos quando olhou para ele. Por que eu deixei você nascer? Arrependia-se amargamente por ter dado vida àquele monstro. Agora, temia ser incapaz de matá-lo.

O demônio gargalhou, um som terrível; voz gutural, rouca e irritantemente zombeteira. O menino sentia a vergonha  juntar-se à ira. Quantas vezes passara por aquilo? Quantas vezes tentara vencê-lo? Vencer a si mesmo, a sua versão imatura e estúpida? E quantas vezes havia fracassado? Quantas vezes? Já estava cansado de sentir-se assim. Às vezes, só queria desistir. Se se levantava apenas para voltar a cair, então, existia de fato algum sentido em continuar tentando? No fundo, bem no fundo, num canto remoto de sua mente, a razão segredava-lhe: sim. Havia sentido – mesmo que de vez em quando fosse difícil acreditar – e o menino não permitia-se dobrar os joelhos para a própria criação.

A coisa aproximou-se dele, uma cobra venenosa rastejando nas trevas; sorrindo maliciosamente com todos os seus dentes triangulares, fazendo-o parecer o mais horroroso e malvado tubarão do mundo. Ficou tão perto que o menino pôde sentir o seu hálito nojento, um odor pútrido de luxúria e pecado. Fechou as mãos com tanta força que elas doeram; franziu o cenho, inconformado. Reconhecer alguma semelhança sua naquela face horrenda o enojava, contudo, não podia ser evitado. O demônio nascera dele, era, de certa forma, parte do seu ser. Talvez por isso fosse tão difícil fazê-lo sumir, mas precisava o fazer. Aquele monstro era a sombra que esgueirava-se sob os seus pés; as correntes negras que o prendiam ao chão e impediam-no de seguir em frente, de subir, de chegar onde queria estar. Não podia deixá-lo viver.

O demônio sussurrou, tão próximo que fez o seu sangue gelar: Você não consegue. Nunca vai se livrar de mim.

Não consegue. Não consegue.

Foi quando o menino explodiu. Eu consigo sim, trovejou de volta. O demônio apenas riu com desdém e retrucou: Já ouvi essa história antes. Várias e várias vezes. Você é fraco, moleque. Não vai conseguir.

EU VOU SIM! Só havia tal certeza e mais nada. Levasse o tempo que fosse. Caísse quantas vezes tivesse que cair. O menino estava convicto de que se livraria do demônio, porque não havia espaço para ele dentro do homem que queria ser. Sem pensar em nada, gritou. Gritou para si próprio e para o demônio, para que todos o ouvissem e para que ninguém o fizesse.

O monstro retraiu, rosnou, surpreso e enfurecido, e gritou em resposta. O menino vacilou e sentiu as pernas tremerem, mas resistiu ao desejo de recuar. E então gritou mais alto, um grito misturado com rugido que expressava toda a sua força de vontade, seu desejo efervescente de dar um basta naquela história. Sentia-se exausto, cansado até os ossos, mas perdurava, impulsionado por cada pequeno fragmento de determinação em seu âmago. O demônio tornou a urrar. Afincado, o jovem rapaz devolveu na mesma medida; e assim ficaram, até o tempo parecer uma reles miragem, um conceito vago que não estava ali de verdade.

Eu vou conseguir, eu vou conseguir, eu vou conseguir, eu vou conseguir, eu vou...

O demônio macabro não ia fugir, nem facilitar; desejava ali ficar e a vida do menino roubar. Mas independente do que queria, resistência encontraria. O monstro pode até lutar, resistir e rosnar; mas o menino, sozinho e pequenino, há de fazer o demônio acabar.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem. Até a próxima! xD



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