Nunca é tarde demais.- Drarry escrita por fox1


Capítulo 5
Lilían Luna Potter.




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   Draco alcançou os portões da propriedade dos Potter para encontrá-los exatamente como da última vez que os vira. O guarda da portaria ligou para a casa e recebeu a mensagem para deixá-lo entrar. Dirigir a longa estrada até a casa era como reviver uma experiência passada.

     Conversou calmamente com Scorp, recusando-se a pensar no que aconteceria em poucos minutos,quando o visse pela primeira vez em doze anos. Gina estaria lá e ela os veria juntos, marido e mulher. A visão da cena doméstica seria a última peça do quebra-cabeça.

    Finalmente, o grande palácio foi avistado, exatamente como ele se recordava, com largos degraus de mármore branco, entre colunas altas e elegantes. Quando o carro se aproximou, um homem idoso apareceu e ficou esperando, um sorriso de boas-vindas no rosto.

    — Sou Professor Albus Dubledore — apresentou-se, apertando-lhe a mão. — Nós nos falamos ao telefone. Serei o anfitrião de vocês enquanto Harry estiver fora.

     Ele não estava lá. O coração de Draco comprimiu-se. Mas isso era bom, disse a si mesmo. Não precisava de distrações. Scorpius e Albus logo se deram bem, o que o deixou feliz.

      — Você ficará no quarto Julio Cesar — explicou Albus. É sempre dado ao convidado de honra.

     Ele quase disse que sabia daquilo. O quarto tinha sido seu quando estivera lá da última vez. O cômodo tinha mudado muito e ele pôde ver que dinheiro fora investido em reformas. Agora parecia mais novo, brilhante e, aos olhos de Draco, menos charmoso.

     Scorpius ficou com o quarto ao lado do seu, o qual era igualmente grandioso e o fez ter acessos de riso.Depois de se lavar e escovar os dentes, Draco bateu à porta dele. Scorp saiu do quarto, olhando em volta do lindo corredor, com suas colunas de mármore e teto alto.

      — Que lugar! — exclamou ele com um assobio de apreciação.

      — É mesmo — concordou Draco. — O que foi, Scorp? — perguntou quando ele se virou abruptamente.

      — Pensei que eu tivesse visto alguém na escada. Ali.

      Eles olharam a tempo de ver o rosto pálido de uma garotinha encarando-os com hostilidade. Então ela desapareceu.

     Draco desceu, pronto para encontrar Ginevra, mas não havia sinal da mulher. Albus os levou para um magnífico salão com janelas altas que davam vista para o gramado, e imediatamente começou a falar sobre as fundações que tinham sido descobertas.Scorp escutou, fazendo perguntas inteligentes, para o orgulho de Draco. Mas então, alguma coisa pareceu distraí-lo e ele escapou.

     — Nós vimos uma garotinha lá em cima — Draco comentou.

      — Deve ser Lilían, a filha de Harry, — Albus suspirou. — Pobre garota.

      — Por que pobre? Ela está com ciúme agora que tem um irmãozinho?

      Albus olhou ao redor e baixou o tom de voz.

      — O divórcio de Harry acabou de ser concretizado. O bebê não era dele e a esposa levou-o para viver com seu amante.

     Draco respirou fundo, o coração disparando.

      — Você quer dizer, Ginevra?

      — Sim, você a conhece?

      — Nós nos conhecemos brevemente muitos anos atrás, mas não mantive contato. Eu não sabia disso. 

     — Como pode imaginar, foi um baque duro para Harry, então nós não falamos sobre isso. Mas achei que você deveria saber da situação.

      — Sim, obrigado — murmurou ele lentamente. — Fico satisfeito que você me avisou.

     — Quando você estiver pronto, iremos ver o local da escavação — disse ele. — Fica aproximadamente um quilômetro e meio daqui.

      — Mal posso esperar.

    Assim que eles viram a descoberta, Draco soube que tinha ido ao lugar certo. Seus sentimentos pessoais não importavam. Aquela era a descoberta do século, e tinha de ser sua. Pelo canto do olho, podia ver Scorp e Lilían. Eles pareciam ter se entendido bem, e a menina estava lhe mostrando as redondezas, apontando lugares de interesse. Após um tempo, eles saíram andando juntos.

     Draco passou o resto do dia com Albus, tornando-se mais convencido de que aquele era realmente o grande lugar perdido do qual Harry falara. No jantar daquela noite, conheceu Mafalda, uma mulher sorridente de meia-idade que cuidava de Lilían. Para o divertimento de Draco, Scorpus jogou seu charme na mulher, e em poucos minutos Mafalda estava encantada.

      — Você e Lilían parecem ter se dado bem — comentou Draco quando subiu a escada com Scorpius mais tarde naquela noite.

      — Ela me contou sobre Príncipe Harry — disse Scorp, franzindo o cenho. — Honestamente, pai, ele é um monstro. Você sabia que a mãe dela foi embora?

      — Sim, Albus me contou.

      — Aparentemente, ele a mandou embora e não deixou Lilían ir com a mãe. Na verdade, ele aprendeu aqui à força, Ela disse que tem muito ódio do pai.

      — Scorp, eu não acredito nisso — murmurou Draco sem hesitar.

      — Por quê?

      — Bem...

      — Por que não, pai? Você sempre diz que devemos nos ater às evidências. Onde estão as evidências que Lilían está errada?

     Draco não sabia o que dizer, uma vez que não podia contar-lhe que conhecia Harry e que tal atitude não se parecia com ele. E quão bem o conhecera, de qualquer forma.

      — Às vezes, desejo que eu não o tivesse criado para ser tão lógico. — Draco suspirou.

      — Tarde demais agora.

      — Vamos esperar e ouvir a evidência da outra parte — argumentou ele.

      — Certo, pai. Quando ele chegar aqui, você pergunta-lhe o que realmente aconteceu.

     — Vá para cama, Scorp — ordenou ele com firmeza. — E pare de ser tão audacioso.

      Ele deu-lhe um sorriso perverso.

      — É tarde demais para isso, também. — Scorp correu para o quarto antes que ele pudesse pensar em uma resposta.

   No espaço de dois dias, Draco tinha montado uma equipe, todas as pessoas que já haviam trabalhado com ele em outras escavações. Enterrar-se no trabalho era um alívio. Tirava-lhe a mente de Harry e da situação que encontrara. Resistia à imagem que Scorp tinha criado, de um homem tão raivoso que cruelmente penalizava a filha. Todavia, mais do que qualquer um, sabia o quanto ele adorava Gina, e como a partida dela devia tê-lo deixado arrasado. O quanto deveria ter sofrido.

    Mal podia acreditar que Lilían era filha de Gina e Harry, uma vez que a menina não se parecia com nenhum dos dois. O pequeno rostinho não tinha a mesma beleza da mãe, sendo redondo e rechonchudo. Draco, que se lembrava da própria infância, época em que se achava se m graça e comum,simpatizou com a garota.Mas os olhos de Lilían eram inteligentes. Ela se sentava com Scorp e Draco para tomar um lanche e não falava nada, até que, de repente, fazia uma tentativa desajeitada de se aproxima.

      — Scorp me contou sobre a mãe dele — comentou ela um dia. — Ele disse que vocês são divorciados.

      — Sim, somos — respondeu Draco gentilmente.

     — Meus pais estão divorciados.

     — Eu soube.

      — Scorp disse que a mãe sempre liga no celular dele.

      — É verdade. Diversas vezes por semana.

      — Minha mãe me telefona todos os dias — murmurou Lilían em tom de desafio. — Ela me trouxe um celular apenas para nós duas, porque disse que não pode passar o dia sem falar comigo.

     — E uma coisa adorável para se dizer.

     — Às vezes ela chora porque papai não nos deixa ficar juntas. Mas mamãe prometeu que um dia vem me buscar, e então nós vamos fugir para o fim do mundo, onde papai não possa nos achar.

     A voz foi ficando cada vez mais instável enquanto falava, até que foi forçada a parar. Draco a viu se virando para secar as lágrimas, e perguntou-se se a garota estava chorando por causa do pai malvado ou porque sabia que aquilo tudo era uma fantasia.

   Scorpius ouviu a conversa em silêncio, mas observava Lilían com olhos amáveis. Finalmente,chamou a garota, assentindo brevemente para o pai, como se dizendo que falaria dele agora.Ele parece que tem muito mais que dez anos, pensou Draco com um sorriso.O calor parecia aumentar com os dias, e as tardes eram quase insuportáveis.

      — Muito bem, pessoal, hora de um intervalo — anunciou ele —Tirem uma soneca, e voltem quando estiver mais fresco.

     Eles foram para casa, ansiosos por uma sombra. Como geralmente fazia, Draco permaneceu no lugar. Adorava ficar sozinho com o trabalho, sem fazer nada, apenas absorvendo o passado.

    Tirando a terra das roupas, agradeceu que usava uma calça velha com rasgos nas pernas, a qual deixava o ar entrar e esfriar-lhe as pernas. Sobre a calça, usava uma camisa amarrada na cintura e usava uma camiseta branca colada ao tronco. A cabeça estava protegida por um chapéu de lona.Adorava ficar estendido ao sol, embora, com a pele sensível, precisava tomar cuidado para não sofrer queimaduras. Anos de trabalho ao ar livre tinham deixado sua pele levemente bronzeada e os cabelos mais claros devido as mechas platinadas entre o loiro dourado .

    Tirou os sapatos de lona e deitou-se sobre o gramado, os braços abertos, o rosto coberto pelo chapéu. Supôs que parecia um vagabundo, mas não se importou. Aquilo era uma bênção.Começando a cochilar, teve apenas uma vaga consciência de um carro parando por perto. De repente, sentiu alguma coisa sobre si e então se ajoelhando.

      — Vá embora — murmurou. — Eu estou dormindo.

       — Perdão?

      A voz do homem era educada, porém firme, e havia poder na mão que lhe tocou o ombro. Relutantemente, Draco tirou o chapéu do rosto e olhou para cima. No começo, não pôde ver propriamente, devido ao reflexo do sol.

      — Quem é você? — perguntou, irritado por ter sido perturbado.

     Mas soube antes que ele respondesse. Sua visão clareou e o rosto que o olhava com expressão intrigada era um de que jamais se esqueceria.


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