Touches You escrita por lamericana


Capítulo 33
Capítulo 32




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Godric’s Hallow, 09:30 PM, 17/05/2014

Sarah estava sentada no sofá lendo um dos vários livros que Klaus tinha comprado para ela poder entender o mundo bruxo. Estava vestindo apenas um moletom velho dos tempos de faculdade e roupa de baixo. Klaus chegou com uma taça de vinho.

— Acho que você vai gostar desse vinho. É élfico. — a última palavra pareceu chamar a atenção da mulher

— Élfico?!

Ela bebeu quase metade da taça em uma virada, o que assustou um pouco Klaus.

— Ei, você não tem mais vinte anos. Isso sobe rápido, dona Sarah. Mais rápido que vinho normal. — ele reprimiu, tirando a taça da mão dela, enquanto sentava ao seu lado

— E desde quando você acha ruim quando um pouco de álcool sobe em mim, Hoff? — ela provocou

— O vinho não foi um convite para sexo. Você sabe que eu sou um pouco mais direto que isso nos meus convites.

Ela fingiu estar pensando enquanto se aproximava ainda mais do marido.

— Então você recusaria mesmo que eu que chegasse no assunto?

— Não foi isso o que eu disse. E só não acho que estamos na fase ideal pra isso.

— Não somos dois adultos independentes e com duas filhas criadas e adultas? Ou estou falando de outro casal?

Ele revirou os olhos.

— Esqueci que me casei com uma advogada com excelente argumentação. Mas meu irmão, Claire, Anke e Leslie devem vir a qualquer momento.

— Não vão não. Leslie avisou que vai fazer uns trabalhos pra faculdade e Claire vai levar a Anke e o Leon para visitar a mãe dela. Então acho que temos a casa livre para nós dois.

— E você quer usar a casa?

— Da melhor maneira possível, de preferência.

Sarah se aproveitou que o marido tinha baixado a guarda e sentou no seu colo.

— Antes de qualquer coisa, me diga uma coisa.

— O que?

— Saber que eu sou uma Squibb muda muito a nossa vida como casal?

— Sarah, saber que você é uma Squibb muda o nosso relacionamento tanto quanto se você viesse me dizer que é loura. Não muda em absolutamente nada o nosso casamento.

Berlim, 09:35PM, 17/05/2014

— Astrid. Ainda tá acordada? — Miko perguntou, rezando para ter uma resposta positiva

— Diga. — ela respondeu, tentando se acomodar melhor na cama

— Lembra que você tinha contado que tocou fogo na peruca de uma das freiras da sua escola?

— Acho que sim. Porque isso agora? Eu to um pouco cansada, se quer saber.

— Só tava me lembrando disso e queria saber como foi. Mas se você preferir, pode me contar outro dia.

Astrid bufou.

— Vou contar logo, antes que eu me esqueça.

Astrid estava sentada na biblioteca com Ashley, sua irmã e Simone, outra amiga das meninas. Já estavam fazendo as primeiras provas do segundo ano letivo desde que as gêmeas entraram. O quarteto estudava história, mas o estômago de Astrid se revirava de ansiedade por um motivo muito diferente de prova. Esperava que alguém visse o que ela tinha feito e começasse a espalhar os boatos pela escola. Já imaginava quem poderia ser a primeira pessoa a ver aquilo: a velha professora de inglês, irmã Lucy. Ela era a pessoa que mais pegava no seu pé sobre o seu sotaque, principalmente nas primeiras semanas de internato.

Os primeiros risos e cochichos começaram a ser ouvidos na biblioteca. Leslie encarou a irmã, tentando imaginar o que ela tinha aprontado daquela vez. Não demorou muito para a velha professora de inglês entrar furiosa na biblioteca.

— Astrid Sabine Hoff! Venha para a minha sala AGORA! — irmã Lucy quase berrou. O rosto da freira estava vermelho

A garota fingiu inocência.

— O que eu fiz dessa vez, irmã? — perguntou enquanto passava pela freira, saindo da biblioteca e atraindo olhares curiosos das outras alunas

— A senhorita sabe muito bem o que fez.

— Não tenho a menor ideia do que posso ter feito de errado.

— E quem pode ter feito aquela pichação na frente da minha sala, hein, mocinha?

— Que pichação?

— Você sabe do que eu estou falando!

— Outra aluna, talvez?

A cada frase que Astrid falava, a professora ficava mais irada e mais vermelha.

— Não acredito nessa sua mentira deslavada. Foi você quem estava zombando da minha aula com aquela pichação.

— Professora, não posso ser a única aluna que não gosta da aula de inglês nem a única estrangeira que não gosta de ter o sotaque arrancado à força na sua aula. Como a senhora pode afirmar, com tanta certeza, de que fui eu quem fiz aquilo?

— Chega, Hoff! Sua mãe vai ficar sabendo dessa presepada que você armou!

A menina abafou o riso. Uma fumaça começava a tomar conta do corredor.

— Ela só vai ficar sabendo se a sua peruca não lhe queimar. — ela apontou e riu junto com as outras meninas que estavam vendo a cena

— E o que você pichou na parede? — Miko questionou

— “O sotaque chucrute é melhor que o bretão.” Era só pra provocar ela, já que nunca estaria satisfeita enquanto eu não me “limpasse” do sotaque alemão e assumisse o ideal de menina inglesa dela.

— Claramente ela fez um péssimo serviço limpando o seu sotaque.

— Não que eu ache ruim. Ou que você pareça se importar. — Astrid se aconchegou no braço do marido — Mais alguma pergunta sobre as minhas brincadeiras no internato?

— Não. Durma um pouco. Você está cansada e amanhã vou lhe explorar um pouco.

O jovem puxou a garota mais para perto de si.

Assim que percebeu que o sono não viria, Miko tentou se afastar sem atrapalhar o sono da esposa e foi até a sacada do quarto. Ficou olhando a paisagem da cidade à noite, lembrando da primeira — ou será que foi a segunda? — aula de adivinhação.

Miko entra descabelado e vermelho na aula de adivinhação. Tinha se perdido no caminho e, claramente, era o único atrasado.

— Desculpa, professora — ele arfou — Demorei para achar a...

— Eu sei, querido. Já que chegou atrasado, sente-se naquela cadeira. — a professora falava num tom carinhoso e apontou para uma cadeira em frente a uma mesa com toalha rendada branca — Como eu ia dizendo antes do nosso querido Michael entrar na sala, nessa aula, eu vou dar uma introdução à arte da adivinhação.

Ela andou pela sala e o silêncio era enorme. Só parou quando chegou na frente de Michael e, nesse instante, seu olhar e tom de voz mudaram.

— Meu jovem, a flor da Germânia irá encantá-lo como nenhuma outra. Para conquistá-la para todo o sempre, suas raízes terás que mostra-la. Terás o amor, mas não permita que o confronto destroce-o.

— Hã... Professora? — Michael perguntou incerto — A senhora está bem?

A professora demorou a responder.

— Oi? Estou ótima.

— O que a senhora acabou de falar...

— Sim?

— O que quer dizer?

— As aulas serão para estimular o seu terceiro olho interior.

— Na verdade, queria saber o que a senhora falou sobre a flor da Germânia.

— Flor da Germânia? Não sei do que está falando.

— Mas a senhora acabou de profetizar sobre ela. Que eu iria me encantar com a flor da Germânia e que eu vou ter que mostrar as minhas raízes e evitar conflito pra ficar com ela.

— Tem certeza que você está bem, meu rapaz? Você soa um pouco perturbado.

— Acho que vou falar com o professor Flitwick.

O garoto saiu da sala meio perturbado e seguiu pelos corredores a passos largos. Quando chegou na porta do diretor de sua casa, parou e bateu.

— Professor, sou eu, Michael Thompson. Preciso falar com o senhor.

O pequeno professor abriu a porta.

— Algum problema? — perguntou

— Acho que um dos grandes. Não sei nem dizer se é realmente um problema. Estou meio confuso.

Flitwick abriu passagem para o menino.

— A professora de adivinhação me deu uma profecia e eu to começando a entrar em pânico.

— Bem, tem um tempo que Cecile não faz uma profecia. Mas se quiser, posso lhe ajudar a decifrar.

Michael repetiu exatamente as palavras que ouviu da professora de adivinhação. Ao ouvir, Flitwick coçou o queixo.

— A flor pode ser uma menina. Germânia, claramente é a Alemanha. Pelo que consigo entender, você vai se encantar com uma alemã. Se essa profecia estiver certa, como eu acho que está, para ficar com ela, você vai ter que mostrar as suas origens. — começou a desenvolver o professor — Mãe, pai, avós, talvez até as Arábias e a Rússia, se for necessário. Já conhece alguma alemã?

— Conheço não, senhor. O mais próximo de alemães que eu conheço são os próprios ingleses.

— Então não se preocupe. Você ainda vai conhecer.

— Como o senhor tem tanta certeza disso?

— As profecias de Cecile Greia têm a tendência a se concretizarem. Se elas vêm com um aviso, é bom você ouvir.

Ao lembrar do desespero que sentiu aos 13 anos só de saber que ia ficar alucinado com uma alemã que nem conhecia ainda, teve um pouco de vontade de rir. Parecia que tinha sido há tanto tempo, mas também um dia desses!

Naquele período ainda se irritava ao ser chamado de menino do deserto e morria de medo de ficar com alguma detenção irreparável no histórico. Hoje, seu maior medo era de que Astrid sumisse de sua vida sem dar pistas ou formas de encontrá-la. E ainda nem a tinha levado para conhecer toda a sua família! Quando esse pensamento invadiu sua mente, juntando com a profecia que tinha ouvido cinco anos antes, começou a se desesperar.

Como se sentisse o receio se formar no marido, Astrid se remexeu na cama, procurando por ele.

— Miko, vem dormir. — ela reclamou ainda meio grogue, caminhando meio cambaleante em direção a ele. Estava enrolada no lençol quando sentou ao lado dele na sacada.

— Tava pensando numa coisa aqui. Você consegue espichar a sua folga no banco?

— Não sei. As coisas lá são meio loucas. Porquê?

— Eu queria te levar pra conhecer Moscou. Nunca estive lá, pra ser sincero. Mas como meus avós, meu pai e meu tio moraram lá por um bom tempo, acho que eu deveria ir. E eu não queria ir só.

— Pode ser. Acho que isso ainda dá pra se enquadrar em reunião de família. Mas eu não sei nem começar com o russo. Não falo uma palavra sequer.

— Isso não vai ser um problema, eu garanto. — Miko prometeu, dando um beijo na sua cabeça

— Essa história está me cheirando a plano maligno, Michael.

— Não tem nada de maligno nessa história. Eu só quero conhecer o lugar onde meu pai nasceu e, por algum acaso, quero levar a minha esposa comigo.

— Acho bom que você não esteja me fazendo de idiota só porque eu estou morrendo de sono.

— Ah, claro. Porque a minha vida é te fazer de idiota. Eu te amo, menina chucrute.

Os dois ficaram em silêncio.

— Mas porque essa ideia assim, do nada? — Astrid questionou

— Você vai me achar meio idiota se eu te explicar.

— Conta, por favor.

— Quando comecei a ter aula de adivinhação, a professora soltou uma profecia pra mim que falava sobre uma flor da Germânia e sobre como eu tinha que mostrar as minhas raízes e evitar confronto pra ficar com ela. Aí eu me lembrei que eu só te apresentei aos meus pais e alguns primos, mas nada além disso.

— E você acha que a flor da Germânia sou eu?

— Que a sua irmã nunca me ouça, mas você é a alemã mais bonita que eu conheci na vida. E, sinceramente, acho que você se encaixa muito bem na profecia.

Astrid deixou um beijo na bochecha do marido antes de se levantar.

— Vamos dormir? Você tá precisando tanto quanto eu.


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