Touches You escrita por lamericana


Capítulo 13
Capítulo 12




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Londres, 12:30PM, 23/12/2010

— Astrid, você não disse que os seus pais eram separados? — Miko perguntou

— E são. É uma longa história.

— Eu tenho tempo.

Os dois jovens iam andando alguns passos atrás dos pais de Astrid, que estavam parecendo que voltaram aos tempos de Munique. Astrid respirou fundo antes de responder.

— Minha mãe apareceu na casa do meu pai querendo me ver. Meu pai começou a explicar que ele não iria sair na neve só pra me pegar na tua casa e a minha mãe ver que eu estou bem. Parece que a minha mãe meio que começou uma discussão entre os dois e o meu pai ficou irritado e mostrou pra ela a legislação bruxa. Ela percebeu que o meu pai tinha omitido o fato de ser bruxo pra proteger ela. Meu pai acabou contando que estou indo pra Hogwarts. Ela pediu perdão pro meu pai por ter chutado ele pra fora de casa ter separado a gente.

— Pelo visto eles se acertaram muito bem.

— E, pelo visto, isso significa que eu não vou mais precisar decidir, na frente de um juiz com quem eu vou ficar. Não sei como a Leslie vai reagir. Ela saiu daqui de Londres meio que com raiva do meu pai.

— Raiva pelo que?

— Ele disse que tinha a possibilidade dele brigar na justiça pela minha guarda e a dela. Ela gritou com ele alguma coisa sobre ele não ter o direito de fazer isso e ironizou sobre o fato de Hogwarts só chamar a gente agora.

— Asta, Miko! — Sarah chamou — Acelerem o passo! Quero mostrar uma coisa pra vocês antes de almoçar.

Astrid e Miko se apressaram e viram o que Sarah queria mostrar. Na base da escadaria de um museu tinha uma placa de bronze, que, por pouco, não estava coberta pela neve. A placa tinha o desenho de um casal e, olhando mais atentamente, se via que o casal dançava abraçado e os dois mantinham o sorriso estampado no rosto.

— Sua mãe não pode ver o casal realmente dançando. — Klaus sussurrou pra Astrid — Mas ela gosta dessa placa mesmo assim.

Astrid abriu um sorriso. Miko passou o braço por cima dos ombros da namorada e apertou num meio abraço. O grupo continuou andando.

— Miko, o que você acha de comida italiana? — Sarah perguntou

— Não vou dizer que sou dos maiores fãs, mas não recuso um prato, não senhora.

— Menino, eu não sou velha o suficiente pra ser chamada de senhora. Pode me chamar de Sarah. E você tem sugestão de lugar pra gente almoçar?

— Tem um restaurante de comida árabe perto de onde a minha mãe trabalha e não é muito longe daqui. O preço é até bom pra quantidade de comida que eles servem.

— Todos de acordo?

Klaus e Astrid assentiram, surpresos com o bom humor de Sarah. Miko foi guiando o grupo até o restaurante. O quarteto foi bem recebido e logo conseguiram uma mesa.

— Aceitam uma sugestão? — perguntou o garçom, entregando os cardápios a Klaus e a Sarah.

— Acho que sim. — Klaus respondeu

O garçom mostrou no cardápio o prato do dia e todos concordaram em pedi-lo. Conversaram sobre todos os tipos de assunto, desde o que estava acontecendo em Hogwarts até sobre a família de Miko.

— Meus tios e primos por parte de mãe vêm quase todos os anos pra comprar coisas pra revender lá na Arábia — Miko contou — Apesar de eu achar que eles realmente vêm pra ver a minha mãe e a gente mais do que pra comprar coisa.

— Arábia? — Sarah perguntou

— É. A minha mãe ainda mantém algumas tradições da família dela, mas já se adaptou a muita coisa.

— Por isso que ela não come bacon? — Astrid perguntou

— Astrid! — Sarah a repreendeu

— Não tem problema. É por isso mesmo que a minha mãe não come bacon. E tem mais um monte de coisa que ela não mudou. Por exemplo, se você estender a mão esquerda pra ela, ela não vai apertar. Nem adianta esperar. Mas ela já não interrompe um atendimento no trabalho pra fazer as preces.

O quarteto foi conversando alegremente durante o almoço. Parecia que o tempo em que Klaus e Sarah estiveram separados não tivesse acontecido. Os dois realmente haviam decidido perdoar um ao outro.

— Minha mãe quer que vocês apareçam pra jantar lá em casa algum dia. — Miko falou

— Jantar? — Klaus perguntou

— É, jantar. Minha mãe sempre tem dessas ideias. Ela disse que quer conhecer melhor a família da Astrid.

— Pode ficar por mais um tempinho em Londres, Sarah?

— A Leslie e o Max estão sozinhos em Manchester. Eles teriam que vir também. — Sarah respondeu

— Eles podem ficar lá em casa. Acho que Ivan não iria se importar com Max ficando lá em casa.

— Quem é Ivan?

— Meu pai. — Miko falou por Klaus — E acho que ele não se importa. A Astrid tá lá em casa. Seria meio injusto, sei lá...

— Ah, sim. Que besteira minha. Klaus mencionou isso.

Godric’s Hollow, 03:00PM, 23/12/2010

— James, pra onde você tá me levando? — Lily perguntou, tentando tirar a mão do menino de diante dos seus olhos.

— Calma, cara Lily. Prometo que você vai gostar. Só mais um passo pra frente e pronto.

James tirou a mão da frente dos olhos de Lily e ela viu dois bonecos de neve meio mal feitos que tinha escrito “Lily e James” em uma plaquinha de madeira no chão.

— Não sou muito bom em fazer essas coisas do jeito Muggle, mas tentei fazer o melhor que pude — se desculpou James.

— Isso seria a gente? — Lily perguntou

— Tá tão difícil assim de perceber?

— Não tanto, já que tem a plaquinha. Mas ficou legal.

— De verdade?

— De verdade. Gostei.

— James, Lily! Tem lanche aqui pra vocês! — gritou a mãe de James

— A gente já vai, mãe! Só um segundinho.

— Obrigada, James. De verdade.

James deu um selinho na namorada antes de puxá-la de volta pra dentro de casa.

Londres, 04:00PM, 23/12/2010

— E quando é que você volta? — Klaus perguntou. Ele estava com Sarah na estação de King’s Cross, esperando o trem com destino a Manchester ser anunciando.

— Provavelmente amanhã. Vai ser meio complicado falar com a Leslie, mas vou dar um jeito. Ela ainda está com raiva de você. E a culpa é minha por ter enchido a cabeça dela de besteira.

— Sarah — Klaus levantou o rosto da ex-mulher — Eu já te desculpei, sinceramente. Se você quiser, quando vocês chegarem de Manchester, eu posso ter uma conversa com a Leslie e esclarecer as coisas pra ela.

— Hansi, muito obrigada.

— Pelo que você tá agradecendo?

— Pelo seu perdão, por você estar disposto a ajudar as meninas... Essas coisas.

— Sarah, eu sou o pai delas, lembra? Tenho a obrigação de cuidar delas. E quanto a te perdoar, eu já tinha feito isso há muito tempo, só você não percebeu. Por mim, você voltava a morar comigo hoje, mas não dá. Temos as meninas.

— Certo, as meninas. Então podemos ir com calma. Eu ainda tenho meu emprego em Manchester. Não posso largar tudo, apesar de querer.

— Mas eu posso ajudar. A não ser que você tenha mudado de ramo.

— Não, eu não mudei de ramo. Continuo no escritório do MacReady.

— Então vai ser mais fácil ainda. Consigo com o Leon alguns militares que precisam de uma advogada e voi là.

Começou a ser anunciado no sistema de autofalantes o embarque no trem para Manchester.

— Assim que eu chegar eu ligo. — Sarah prometeu

— Assim espero, dona Sarah.

— E eu espero que algum dia você perca seu sotaque alemão.

— Não acha que está um pouco velhinha pra reclamar do meu sotaque, não? E você não parecia se incomodar com isso quando casou comigo.

— Posso nem brincar mais com você?

Sarah ficou na ponta dos pés e deixou um selinho nos lábios do ex-marido antes de embarcar no trem. Seria uma viagem longa, mesmo sendo um pouco mais do que duas horas e meia. Pareceria longa por não estar com Klaus, agora que se reconciliaram e que ela poderia tirar o peso enorme das costas. Pela primeira vez em cinco anos poderia deixar a carranca de lado, poderia simplesmente não se preocupar com o fato de que fora traída, afinal não foi em momento nenhum.

Durante a viagem inteira encarou a janela, tentando formular alguma maneira de dizer a Leslie que iriam para Londres e que, num futuro talvez próximo, estariam se mudando, em definitivo, para lá. Mil desculpas surgiram em sua mente: dizer que iria ser transferida para um escritório novo em Londres, ou que precisariam passar um tempo na cidade com um cliente ou parente distante... Por fim decidiu que contaria a verdade. Seria complicado dar os detalhes jurídicos da coisa toda e os da reconciliação.

Chegando em sua casa em Manchester, Sarah viu uma cena que não esperava ver. Leslie estava aos amassos com Max.

— Leslie? — foi tudo o que Sarah conseguiu falar, ainda em estado de choque.

Os adolescentes se separaram rapidamente e ficaram constrangidos com a situação.

— Oi, mãe. — Leslie falou num fiapo de voz e com o rosto queimando.

Sarah se sentou na mesa de centro olhando para a filha.

— Escritório. Agora. Me espere lá. — Sarah falou.

Leslie obedeceu de cabeça baixa e Max olhou petrificado para Sarah. Seu medo era claro.

— Não vou fazer nada com você. Fique calmo. — Sarah falou, vendo o terror nos olhos do menino.

Max se ajeitou no sofá, tentando esconder uma ereção com uma das almofadas.

— Eu conversei com Klaus, pai das meninas, e ele vai conversar com os seus pais pra que você possa passar o Natal em Londres com a gente.

— Tá certo. Sem problema nenhum. A senhora não está com raiva de mim?

— Raiva? Pelo que?

— Pela cena...

— Não, não estou com raiva. Só não esperava que fosse acontecer tão cedo. Pode ficar tranquilo. Não vou virar um monstro.

Sarah se levantou e foi pro escritório. Leslie estava sentada em uma das cadeiras e mexia nas mãos, nervosa.

— A gente vai pra Londres ficar com o seu pai nas festas de fim de ano. — Sarah falou sem rodeios

— Hã? Não vou pra Londres pra ficar com ele.

— Você tem duas escolhas. Ficar sozinha, sem dinheiro e sem comida aqui em Manchester ou ir pra Londres comigo pra passar o Natal com seu pai. Não vou ficar aqui em Manchester para as festas de fim de ano.

— A Astrid sabe dessa palhaçada?

— Ela vai passar o Natal e o Ano Novo com os Thompson e já tá sabendo sim.

— Mãe, porque isso? Você não suporta olhar pra cara do papai e eu ainda não engoli a conversa que ele me soltou em julho.

— Leslie, tem muita coisa acontecendo, tá certo? Hoje eu passei o dia com seu pai, sua irmã e o namorado dela. — Sarah se sentou na cadeira que estava na frente da filha — Seu pai me mostrou um livro constitucional do mundo bruxo e isso me explicou muita coisa. Klaus não me traiu como eu imaginei desde o começo. Ele estava cumprindo leis que o impediam de falar pra mim sobre magia.

— Isso não quer dizer nada, mãe. Ele se casou com você e devia, no mínimo, te contar sobre isso.

— Você sabia que a punição dele seria ser expulso da comunidade bruxa e eu, você e a sua irmã teríamos que ter a memória apagada?

Leslie ficou boquiaberta.

— Não, eu não sabia. Eu achava que ele estava sendo ridículo com toda aquela história de que ele do nada conseguiu se reestruturar lá em Londres.

— Filha, por todo esse tempo eu estive errada. Separei você e sua irmã do seu pai por um motivo idiota e agora eu me arrependo muito. Por favor, entenda que o motivo pelo qual eu me separei do seu pai foi completamente ridículo e que ele já me perdoou. Muito provavelmente, ano que vem a gente vai se mudar pra Londres pra morar com seu pai.

— Eu não quero morar com ele.

— Vamos fazer o seguinte? Um passo de cada vez. Primeiro o Natal e o Ano Novo com seu pai e com seu Onkel Leon. Depois a gente pensa na mudança.

— Tá certo.

— E, também queria que, tanto você quanto Astrid fossem com calma. Eu e o seu pai fizemos as pazes, mas não estamos namorando de novo nem nada. Voltamos a ser amigos, só isso. Então, nada de espalhar aos quatro ventos que eu voltei com o seu pai. Estamos entendidas?

— Sim.


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