Os Sentinelas do Portal 13 escrita por Lord Iraferre


Capítulo 2
Episódio 01 – O Novato Parte 2




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Episódio 01 – O Novato Parte 2 – Luz, Varinhas e Ação

O primeiro sinal de que algo estava errado naquela manhã nebulosa de uma sexta feira, foi o fato de o motorista do caminhão estar discutindo com a pessoa a seu lado enquanto atravessava o vale em direção aos sentinelas. O segundo sinal foi o fato do caminhão ter parado apenas alguns centímetros de distância de Agnis. E o terceiro sinal um pouco menos perceptível, era o fato do caminhão em questão estar mais de setenta anos fora de moda.

Em um dia normal Agnis notaria todas essas coisas, mas aquele não era um dia comum, após passar a noite sem dormir direito, um único pensamento sondava a mente de Agnis "talvez eu devesse pedir demissão". Por esse motivo Agnis se aproximou da janela do motorista sem pressentir o perigo que estava correndo.

— Bom dia, senhor. — disse Agnis para o motorista, enquanto preparava a pena para escrever na prancheta que carregava em suas mãos.

— Bom dia, minha cara senhora. — disse o motorista tirando o boné e limpando a sua careca suada com um lenço.

— Senhorita. — disse Agnis em mono tom verificando as horas em seu relógio de bolso.

— Senhorita? — disse o motorista sem acreditar no que ouviu.

Alguns passos atrás de Agnis, Striker deu um sorrisinho para Tonton.

— São bruxos? — disse Agnis ignorando a pergunta do motorista.

— Sim. — disse o motorista se recompondo com um sorriso que mostrava todos os dentes. — Gostaríamos de usar o portal.

— Estão carregando alguma mercadoria?

— Livros... Uma leva completa da versão atualizada de Hogwarts Uma História, só que em francês e alemão.

— Objetivo e Destino?

— Estamos indo para a França, onde iremos realizar uma das entregas, depois iremos para — o motorista olhou para algo que havia escrito em sua mão. — Bélgica, Alemanha e uma última parada na Suécia — quando pronunciou o último país o homem ao lado do motorista lhe deu uma cotovelada. — Quero dizer, Suíça.

— Tem os documentos necessários? — disse Agnis tirando os olhos da prancheta pela primeira vez, o motorista pegou os papéis da mão de seu parceiro que parecia muito nervoso e entregou para Agnis.

Agnis deu uma rápida olhada pela papelada e disse:

— Podem sair do caminhão, por gentileza?

— Alguma coisa errada?

— Não. — disse Agnis e lançou um suave sorriso para o motorista. — Esse é um procedimento padrão e um de meus companheiros precisa verificar a mercadoria.

O motorista se virou para a pessoa a seu lado e disse:

— Mostre para ele a mercadoria, rápido. — ele se virou para Agnis e deu um sorriso trêmulo. — Sabe o que é? Estamos com presa.

Em seguida eles saíram do caminhão. O motorista era um homem magro e tinha uma lustrosa careca que ele tentava cobrir com um boné sujo. Seu rosto era muito estranho o que ele tinha de testa lhe faltava em queixo, e ele tinha muita testa, e quando sorria dava a impressão que sua barbicha vinha diretamente de seus dentes.

Tonton acompanhou o outro homem em direção a traseira do caminhão, ao contrário do motorista o carona era tão gordo que precisou de três tentativas para conseguir entrar no baú do caminhão.

— É uma bela manhã... — disse o motorista novamente limpando a careca com um pano. Depois se voltou para a frente do caminhão e abriu o capô. — Deixe-me verificar o motor, tenho ouvido um ruído estranho vindo da rebimboca da parafuseta.

No baú do caminhão Tonton se curvou para conseguir avançar, a varinha em sua mão iluminando o caminho a sua frente. Havia como previsto vários livros ao seu redor, e não parecia haver nenhum encantamento neles, quando se virou para sair do caminhão seu grande pé acertou o que parecia ser um fundo falso no chão do caminhão. O homem que o acompanhava engoliu em seco. Tonton se abaixou ainda mais e abriu um compartimento secreto que continha entre alguns itens banais algo que parecia ser uma agenda.

Durante toda a sua vida, jamais passou pela cabeça de Tonton que seu falecido bisavô haveria de salva-lo. Quando abriu o diário em suas mãos Tonton acabou engatilhando uma maldição que teria apagado instantaneamente a consciência de uma pessoa comum, mas o fato de Tonton ser 12,5% gigante permitiu que ele resistisse a maldição por tempo suficiente para soltar um urro que fez o caminhão inteiro estremecer.

Ao ouvir o barulho na traseira do caminhão o motorista se virou para Agnis com a varinha na mão, apenas os anos de experiencia como Auror permitiram que Agnis por reflexo conseguisse se defender do jato azul que foi lançado em sua direção, mesmo assim ela foi jogada para trás levantando uma nuvem de poeira enquanto batia suas costas no chão.

Striker sacou sua varinha rapidamente, mas o careca já havia desaparatado antes que pudesse ter soltado algum feitiço. Sendo assim Striker correu para verificar se Agnis estava bem.

— Vá ver Tonton! — Agnis conseguiu dizer entredentes, quando tentou respirar uma lágrimas escorreram de seus olhos involuntariamente.

Striker correu para a traseira e conseguiu pegar o homem gordo enquanto ele tentava descer do caminhão.

***

Cinco minutos depois Tonton havia recobrado a consciência, o gordo estava algemado com um olho rojo, Striker com uma varinha confiscada em sua mão e uma Agnis ainda mais irritada do que antes havia se recomposto o suficiente para voltar para a Alfandega.

— Eu sabia que devia ter completado o curso de aparatação. — disse o gordo, enquanto eles cambaleavam em direção a alfândega.

            O grupo estava zonzo e irritado demais para perceber que havia um carro verde estacionado na frente do lugar.

Aos olhos de um trouxa a Alfândega do Portal 13 parecia apenas mais uma casa senhorial na paisagem bucólica do norte da Inglaterra, mas ao abrir as grandes portas de mogno se percebia logo de cara que o interior da casa de pedra era maior do que o lado de fora. Não era apenas maior, mas também não tinha nenhuma semelhança com o interior de uma casa senhorial.

— Striker leve o prisioneiro para a cela três. — disse Agnis. — E Tonton, vá para a enfermaria, mas deixe o diário com Dinamite, eu preciso dar uma palavrinha com o Capitão.

Agnis foi na direção oposta de seus companheiros e ignorou o olhar de seus outros companheiros no caminho enquanto se dirigia para a secretaria, decidida.

— Vocês não tinham que dizer os meus direitos ou alguma coisa do tipo? — disse o homem gordo tentando resistir o avanço enquanto atravessavam o salão.

— Você tem o direito de abrir a sua boca e contar tudo antes que a gente te encha de porrada! — disse Striker furioso seu cabelo todo bagunçado.

Era isso, iria pedir demissão, estava sempre à espera de ação e o dia que a monotonia era quebrada por um evento importante ela havia sido pega desprevenida. "Está ficando mole Agnis, está perdendo o jeito" ela murmurou ao subir os degraus de mármore.

— Vou falar com o capitão. — disse Agnis para Inkwood, a secretária.

— Me desculpe Nes, mas tenho ordens para não deixar ninguém entrar sala do Capitão Hawthorn — disse Inkwood quase se levantando para impedir que Agnis abrisse a porta.

— Por que não? — disse Agnis com a mão na maçaneta.

— O Capitão Hawthorn está ocupado. — disse a secretária ajeitando seus óculos.

— Com quem?

— Um novo sentinela.


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