Millennium Odyssey: Réquiem do Último Solstício escrita por Aquele cara lá


Capítulo 21
Agorafobia




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Cirius começa a acordar. Ele solta um bocejo e esfrega seus olhos. "Hah… Até que eu não dormi mal-" - Cirius pula para trás, quando vê que estava dormindo agarrado em uma das caudas de Huli Jing.

"Finalmente acordou-" - Huli Jing diz, sendo interrompida por Cirius.

"O que é que fez comigo, aberração desgraçada ?!" - Cirius pergunta, se checando.

"Estranho você dizer isso. Se bem me lembro, foi você quem decidiu se agarrar à uma de minhas caudas, como se fosse um bebê sentindo conforto no colo de sua mãe." - Huli Jing diz.

"Minha mãe não é uma coisa- É, deixa quieto." - Cirius diz. "Esse não é o ponto aqui ! Some da minha frente !"

"Certo. Eu apenas havia vindo checar como estava o andamento das tarefas que lhe dei. Vejo que conseguiu completá-las." - Huli Jing diz.

"Completar uma ova-" - Cirius diz, se interrompendo, quando vê uma fogueira com peixes assando nela. "Eu… fiz isso ?"

Huli Jing concorda com sua cabeça. "Pescou esses peixes e fez esta fogueira com mestria. Deixou sua mestra orgulhosa."

"Mestra o cacete ! Eu tenho certeza de que isso é armadilha ! Não tinha força pra fazer nada ontem !" - Cirius diz. Ele vai embora.

"É uma pena. Se esforçou tanto para fazer isso, e vai jogar a oportunidade fora." - Huli Jing diz. Ela se senta perto da fogueira e começa a comer alguns peixes.

O estômago de Cirius ronca. "Tch. Droga…" - Ele volta para perto da fogueira empurra Huli Jing. "Se foi eu que fez isso, então é tudo meu !" - Cirius começa a comer os peixes rapidamente.

"Certo. É bom que esteja recuperando suas energias, pois elas serão necessárias para seu próximo teste." - Huli Jing diz.

Cirius engole. "O que você ainda não entendeu ?! Eu não vou fazer nada pra você !"

Huli Jing dá uma leve risada. "Perdão. Creio não ter sido clara o suficiente."

Cirius rapidamente se abaixa.

Huli Jing tira um pouco de sua espada da bainha e a guarda novamente. Algumas árvores do outro lado do rio são cortadas ao meio, e caem. "Eu tenho um próxima teste. E este será o último teste da fase de testes. Caso passe, poderá começar seu treinamento."

Cirius se vira para Huli Jing vagarosamente, com medo. Ele engole outro pedaço de peixe. Luna espirra.

"Saúde." - Èris diz.

"Tudo bem, Luna ?" - Mira pergunta.

"Luna está bem. Luna só sentiu uma sensação ruim." - Luna diz.

"Bom, acho que já descansamos o suficiente, não ?" - Galadriell pergunta.

Èris concorda com sua cabeça. "A senhorita tem razão. Precisamos agir logo."

Momotarō solta um suspiro. "Temo que tenham razão. Não podemos ficar conversando toda hora, sem pensar no que fazer. Além disso, Seiryū está demorando demais. E ele não costuma fazer isso."

"Qual era o plano de vocês ?" - Mira pergunta.

"Na verdade, viemos aqui para investigar a área e organizarmos um plano junto dos Guardiões." - Momotarō diz. "Conseguimos investigar, mas, pelo que vejo, eles não serão capazes de nos ajudar."

"Mas não precisa se preocupar com isso, senhorita Momotarō. Juntos, sei que somos capazes ajudar." - Decker diz.

"Luna concorda com Decker !" - Luna diz, sorrindo.

"Você e o Seiryū conseguiram organizar um plano ?" - Èris pergunta.

"Não muito. Pensamos em algo, mas não revisamos completamente os detalhes." - Momotarō diz.

"Podemos revisar juntos." - Galadriell diz. "Fizemos uma boa quantidade de planos que funcionaram."

"QUASE funcionaram." - Kaito diz.

"Toda ajuda é bem-vinda." - Momotarō diz. "Aqui estão os detalhes que conseguimos reunir. Nosso inimigo está concentrado em um local: o santuário de Mangetsu. Dentro do santuário, está o Selo da Lua Crescente que a Guardiã Huli Jing colocou para proteger Muramori. O inimigo se consiste em uma horda de Wrath comandada por um único general. General, que deve estar tentando quebrar o selo enquanto falamos."

"Certo. Existe mais alguma entrada para o santuário ?" - Mira pergunta.

"Não. Só existe apenas uma entrada." - Momotarō diz.

"Esquece ataque surpresa, então." - Kaito diz.

"Não me parece que existem muitas opções, neste caso." - Decker diz.

"Luna diz pra batermos em todos os Wrath !" - Luna diz.

"Não sei se a agressividade é a melhor decisão…" - Momotarō diz.

"Mas, ao mesmo tempo, só existe apenas uma entrada. O que significa que não podemos fazer um ataque surpresa." - Èris diz. "Além disso, não sabemos quantos inimigos tem. Apenas sabemos que é uma grande quantidade."

"Por mais que detesto ter de admitir, lutar é a melhor escolha." - Galadriell diz.

"Hmm… Se realmente iremos ter de lutar, pelo menos vamos fazer isso de maneira inteligente." - Momotarō diz. "Seria melhor nos dividirmos em duas equipes. Uma para atacar o general e outra para impedir que os reforços cheguem até a primeira."

"Eu me dou bem com multidões." - Kaito diz.

"Consigo lidar tanto com multidões, quanto com alvos solitários." - Èris diz.

"Luna é boa em bater." - Luna diz.

"Eu prefiro mais as multidões." - Mira diz. "Se eu tivesse de enfrentar alguma coisa dentro do santuário, não ia dar espaço pra fazer muitas coisas."

"Prefiro combates contra uma pessoa só. É mais fácil de me concentrar." - Decker diz.

"Também sou boa em combates físicos contra alvos únicos e multidões." - Galadriell diz.

"Certo." - Momotarō diz. Ela aponta para Kaito, Èris, Mira e Galadriell. "Você, você, você e você. Conseguem distrair a horda o máximo possível para que nós possamos entrar ?"

"Com toda certeza." - Mira diz.

"Não vamos te decepcionar." - Èris diz.

"Não prometo nada." - Kaito diz.

"Vamos nos esforçar para que nenhuma criatura passe por nós." - Galadriell diz.

"Muito obrigada." - Momotarō diz. "Enquanto isso, eu, Decker e a garota loira iremos nos infiltrar no santuário."

"Não vejo problema." - Decker diz.

"Luna é Luna, não garota loira !" - Luna diz, brava.

"Uh… Você tá ligada que é loira, né ?" - Kaito pergunta.

"Luna não sabe o que é isso." - Luna diz.

"Você..." - Kaito diz. Ele solta um suspiro e desiste. "É, isso não me surpreende."

"…Prosseguindo com o plano…" - Momotarō diz, confusa. Ela limpa sua garganta. "Assim que toda a confusão começar, iremos nos infiltrar no santuário, derrotar o general e voltaremos. Quando sairmos, os que ficaram por fora devem nos seguir. Não é necessário derrotar a horda."

"Mas e se eles decidirem atacar novamente ?" - Èris pergunta.

"Não farão. Wrath podem ser muitas coisas, mas não são tão estúpidos assim. Sabem que não têm chances contra alguém que derrotou um de seus líderes." - Momotarō diz.

"Certo." - Galadriell diz. Ela se levanta. "Já que o plano foi decidido, devemos agir de prontidão."

"Concordo. Quanto mais rápido agirmos, mais rápido iremos impedir essa catástrofe." - Decker diz.

Todos se levantam e vão embora.

Momotarō para. Ela se agacha, passa sua mão no chão e sussurra. "Muito obrigada pelo abrigo mais uma vez, amigos. Prometo salvar nossa casa…" - Terminando de dizer isso, ela se levanta e vai embora.

Cirius cai em um rio. Ele submerge e tosse. "Ugh- Droga !"

Huli Jing está sentada no tronco de uma árvore cortada. "Ainda não."

Cirius nada para fora do rio. Ele espirra. "'Ainda não' uma ova, sua aberração desgraçada ! Isso não é treinamento ! Você tá é tentando me matar !"

"Se fizesse as coisas como digo, já estaríamos na metade de seu treinamento." - Huli Jing diz.

"Vai a merda, sua aberração." - Cirius diz, bravo. Ele começa a tirar sua camiseta, mas para. "Dá pra virar pra lá ? Não tô afim de saber que tem uma aberração me olhando."

"Vá em frente. Não existe nada aí que eu já não tenha visto em outro homem." - Huli Jing diz.

"Tch. Só pode ser brincadeira. Eu não consigo fazer ela virar de jeito nenhum." - Cirius pensa. "Um bom ataque pelas costas é minha chance de matar isso, mas esse troço não se vira. Hmm… Como será que eu consigo fazer ela virar de costas ? Já sei ! Se eu cair dentro do rio e fingir que morri, ela vai chegar perto pra comer meu corpo. Daí, quando chegar bem pertinho, eu dou uma só no peito dela. Ehehehe ! Eu sou um gênio."

"Gostaria de saber o motivo do seu sorriso confiante. Caso não lembre, falhou em quase todas as tarefas que eu lhe dei. Ainda há um longo caminho para percorrer." - Huli Jing diz.

"Eu só tava pensando em como a água desse rio até que é quentinha. Tô afim de nadar mais um pouco." - Cirius diz. Ele pula de volta no rio.

Huli Jing solta um suspiro. "Não é hora de brincadeiras. Caso não se lembre, você é a única salvação de Bastion Spei."

Sem resposta.

"Eu sei que não quer me respeitar, e não me importo com isso. Mas deveria respeitar seus amigos e as pessoas que confiam em você." - Huli Jing diz.

Algumas bolhas começam a aparecer no rio. Elas rapidamente param.

"Cirius ?" - Huli Jing pergunta.

Novamente sem resposta.

"Essa não..." - Huli Jing diz, preocupada. Ela se levanta, corre até o rio e pula nele.

Há uma alga prendendo o pé de Cirius ao rio. Ele está desacordado.

Huli Jing nada até Cirius, o pega com sua boca e começa a puxá-lo para a superfície. Ela o tira do rio e põe Cirius no chão. Huli Jing encosta sua cabeça no peito de Cirius. "A temperatura dele está muito baixa ! Preciso fazer algo ! E rápido ! Pense… Pense… Já sei !" - Ela fica em pé em cima dele e cobre seu corpo com chamas azuis. "Por favor, não morra ! Eu lhe imploro ! Não aguentaria perder mais uma pessoa importante par mim-" - De, repente as chamas desaparecem do corpo de Huli Jing. Ela cospe sangue, cambaleia e cai para trás. Huli Jing vê Yaldabaoth cravada em seu peito. "…P… Por quê... ?"

Cirius se levanta e pega sua espada de volta. "Por quê ? POR QUÊ ?! A desgraça da sua raça destruiu a vida de muitas pessoas ! Destruíram tudo que meus amigos tinham ! Casa… Família… Amigos… Esperanças… Tudo foi destruído por vocês !" - Ele começa a chutar Huli Jing violentamente e furiosamente. "Eu te odeio! ! Eu te odeio ! Eu te odeio ! Eu te odeio ! Eu te odeio, sua aberração desgraçada ! Você e sua racinha de merda nunca deveriam ter existido ! E eu vou fazer questão de que isso aconteça !"

Huli Jing começa a chorar.

Cirius cospe no rosto de Huli Jing. "Vê se para com isso. Lágrimas servem pra demonstrar tristeza. E vocês não sentem nada." - Ele vai embora.

Huli Jing continua chorando, com suas lágrimas escorrendo pelo seu focinho e seu sangue escorrendo para o rio. Ela observa Cirius desaparecer na floresta. "…Perdão... Demiurges... velha… amiga… Não… poderei… cum... prir… no… ss… a... p… r… o… m… e… s… s… a…" - Huli Jing lentamente fecha seus olhos.

Enquanto isso. O grupo está atrás de uma parede meio destruída. Momotarō põe sua cabeça para fora. Há uma grande horda de Wrath perto de um lago com uma estrutura antiga feita de pedra com musgo, vinhas e alguns pedaços quebrados no meio dele.

"Alguma coisa ?" - Mira pergunta.

Momotarō volta para trás da parade. "Continua do mesmo jeito, desde a última vez que fiz uma vigia."

"Só precisamos criar a distração, certo ?" - Èris pergunta.

"Sim. Mas tomem cuidado, por favor. Não preciso de mais casualidades..." - Momotarō diz, triste.

"Somos profissionais. Até parece que um monte de criatura de outra dimensão vai conseguir ganhar da gente." - Kaito diz.

"Você está se ouvindo ?" - Èris pergunta.

"Concordo com a imperatriz Momotarō. Quanto menos casualidades, melhor. Tomem o máximo de cuidado lá dentro." - Galadriell diz.

"Digo o mesmo para todos que ficarão para fora." - Decker diz.

"Teremos, amigo." - Galadriell diz. "Vamos."

Kaito, Mira, Galadriell e Èris se levantam e vão embora.

"Agora é só esperarmos o caos começar e entrarmos no santuário." - Momotarō diz.

Alguns Wrath estão andando por diversos lados, em volta do lago. O grupo aparece, indo na direção deles. Os Wrath começam a se agitar e alertar os outros em volta com grunhidos e gritos.

Kaito põe algumas pedras em uma luva. Ele cria uma marreta. "É aqui que fica a festa de quem não foi convidado pra esse lugar ?" - Kaito corre na direção dos Wrath, levanta a marreta em cima da sua cabeça, pula e bate sua arma no chão com força, criando espinhos que matam os Wrath próximos. "Então eu tô no lugar certo."

Um Wrath grande se aproxima de Kaito e levanta sua mão, preparando um ataque.

Èris rapidamente pula pelas costas de Kaito e corta o grande Wrath ao meio com suas espadas. "Jura ?"

Kaito solta um suspiro. "Esse é o melhor que eu consigo fazer agora, cavaleira. Tô cansado."

"Você acabou de descansar ! E nem foi uma caminhada tão longa assim !" - Èris diz, brava.

"E eu já tô cansado ! Não é incrível isso ?" - Kaito pergunta.

Èris solta um suspiro, nem um pouco surpresa. "Às vezes, eu me pergunto se você realmente existe."

Kaito joga um estilhaço de gelo em um Wrath atrás de Èris, que simultaneamente mata um Wrath atrás dele com suas espadas. Os dois ficam de costas um para o outro.

"Eu sei. É muita perfeição prum homem só." - Kaito diz, confiante.

"Foque em não morrer." - Èris diz.

"Digo o mesmo." - Kaito diz. "Se é uma distração que eles precisam, vamos fazer uma. E das boas !" - Ele põe mais algumas pedras em suas luvas. Kaito levanta sua mão para cima e cria uma explosão de chamas, criando uma cortina de fumaça. Ele joga alguma coisa na cortina de fumaça. "Simbora, cavaleira."

Èris pisa no martelo de Kaito, que joga ela para cima. De repente, vários estilhaços de gelo voam para todos os lados, saindo da fumaça. Esses estilhaços matam diversos Wrath em volta.

Èris cai. "Detesto esse seu sorriso de quando seus planos dão certo."

"Eu amo meu sorriso de quando meus planos dão certo~" - Kaito diz. "E, se isso serviu de alguma coisa…" - Ele procura com seus olhos até que vê Decker, Luna e Momotarō cortando caminho pelos Wrath. "Arregaça, rapaziada."

O grupo chega no lago.

"Por onde Luna e amigos vão passar ?" - Luna pergunta. "É tudo água !"

"Concordo com ela, imperatriz Momotarō. Não parece ter um caminho aparente." - Decker diz.

"Este é mais um dos charmes da minha querida mestra e amiga." - Momotarō diz. "Huli Jing jamais iria nos incapacitar de entrar em seu templo."

"Então tem entrada secreta ?" - Luna pergunta.

"Isso mesmo." - Momotarō diz. Ela caminha até algumas vitórias-régias no lago. "Por aqui." - Momotarō pula em uma vitória-régia. Ela começa a fazer isso, pisando em plantas específicas, até chegar na porta do santuário.

O grupo imita os mesmos passos de Momotarō, também chegando no santuário.

"Isso é uma maneira genial de esconder o caminho." - Decker diz.

"O que ia acontecer se Luna pisasse na planta errada ?" - Luna pergunta.

"Você ia cair na água e piranhas iam devorar toda sua carne." - Momotarō diz.

"…Ainda bem que não caímos…" - Decker diz, aliviado.

"Vamos." - Momotarō diz.

O grupo vai até uma porta de pedra.

"Eu não acho que consigo abrir isso…" - Decker diz.

"E não deveria." - Momotarō diz. "Essa porta reage à energia dos Wrath. Assim, só a mestra Huli Jing, eu e os Guardiões conseguimos abri-la." - Ela encosta sua mão em um símbolo de lua crescente na porta.

O símbolo começa a brilhar e a porta lentamente se abre. O grupo entra no santuário, que se fecha, logo em seguida.

Rosaria se aproxima de Vega, com uma caneca de bambu em mãos. Ela põe a caneca na boca de Vega e a ajuda a beber. "O chá ficou bom ?"

"Hah… Uma delícia, Rosaria... Muito obrigada…" - Vega diz, cansada.

Rosaria se senta ao lado de Vega. As duas ficam em silêncio por algum tempo.

"…Me desculpe…" - Rosaria diz.

"Por que está pedindo desculpas… ?" - Vega pergunta.

"Tudo que eu fiz até agora foi só correr…" - Rosaria diz. "Corri quando precisávamos de ajuda… Corri quando o príncipe Claude foi ferido… Corri quando Jyūshima foi invadida… E agora mesmo estou correndo de medo…" - Ela aperta sua calça. "Todas as vezes que alguma coisa acontece, eu só fujo…"

"…Tudo bem… Nem todos precisam ser heróis…" - Vega diz.

"Todos vocês arriscaram suas vidas para fazerem o certo e salvarem quem precisa, enquanto eu sou a única com uma maldição de imortalidade. EU é quem deveria fazer isso. Suas vidas são passageiras e frágeis, a minha é eterna e dolorosa. Se eu perder mais alguém, não sei como vou ficar…" - Rosaria diz.

"…Rosaria…" - Veg diz. Ela desiste. "…Infelizmente, você tem razão... Sua vida é eterna... Não existem consequências ou alguma coisa que valha a pena se apegar... Mas esse realmente tem de ser o fim… ? Eu acho que não... Em vez de pensar no futuro, pense no presente… VIVA o presente… Pensar nas hipóteses que podem acontecer ou poderiam ter acontecido não muda o que realmente aconteceu e está acontecendo… Em vez de observar tanto a paisagem do horizonte, comece a observar mais a paisagem ao redor…"

"Eu sei que você tem razão, doutora. Já me decidi das coisas que queria fazer há um bom tempo." - Rosaria diz. "É por isso que eu preciso te dizer uma coisa… Eu quero-" - Ela é interrompida por uma voz familiar.

"Alguém em casa ? Rosaria ? Vega ?" - A voz familiar pergunta.

Rosaria se anima. "Cirius !" - Ela se levanta e vai embora. Rosaria chega na sala, onde Cirius está sentado, ofegante. "Bem-vindo de volta, irmão !"

"Hah… Hah… Oi… Rosaria." - Cirius diz, ofegante. Ele recupera seu fôlego. "Tinha tanto Wrath assim no caminho… ?"

"Estanho…" - Rosaria diz, confusa. "Bom, isso não importa. O que importa aqui é que você está bem."

"E você também, pelo jeito." - Cirius diz.

"E então ?" - Rosaria pergunta.

"E então... ?" - Cirius pergunta, confuso.

"Como foi seu treino ?" - Rosaria pergunta. "Está se dando bem com a mestra Huli Jing ?"

"Rosaria-" - Cirius diz, sendo interrompido por Rosaria.

"Você não sabe o quão feliz a mestra está. Ela sempre quis ver você, desde que conheceu a mamãe. Até aprendeu a cozinhar melhor e costurar só para fazer comida e roupas para você, quando se conhecessem." - Rosaria diz. "A mestra pode não lidar bem com emoções, já que, tecnicamente, ninguém ensinou ela a fazer isso, mas ela se importa com os próximos. Mesmo que não pareça. O que é engraçado, porque eu pensei que ela iria pular de alegria, quando visse você. Eu queria ter uma madrasta que nem ela também."

Cirius fica em choque, ao ouvir isso. Ele põe suas mãos nos ombros de Rosaria e olha profundamente nos olhos dela. "O que foi que você disse… ?"

"Ela não te contou… ?" - Rosaria pergunta. "Opa... Surpresa, ehehehe... A mamãe era a melhor amiga da mestra Huli Jing. Tão amiga, que ela deixou a mestra ser sua madrinha. Até prometeu que faria de tudo para cuidar de você e garantir que você fosse forte o suficiente para se proteger. Eu fico até um pouco triste de conversar sobre isso pelas costas dela, mas a mestra Huli Jing passou por um grande momento de depressão na vida dela, quando o primeiro aluno e todos os amigos dela morreram. Mas isso mudou, quando eu voltei e contei sobre você e suas aventuras. A mestra ouvia cada um das histórias que eu contava sobre você ansiosamente. Ela realmente se preocupa com você, sabe."

As mãos de Cirius começam a tremer e ele sussurra. "…Isso não é verdade…"

"Tudo bem com você-" - Rosaria diz, sendo interrompida quando Cirius empurra ela, fazendo Rosaria cair no chão.

"Isso é mentira !" - Cirius diz, bravo.

"Ugh… Isso doeu..." - Rosaria diz. "Qual o problema, Cirius !? Alguma coisa errada !?"

Cirius põe suas mãos em sua cabeça e começa a cambalear para todos os lados. "Eu… Eu sou um monstro… ! O que eu sou… ? O que eu fiz… ? O QUE FOI QUE EU FIZ… ?!" - Ele começa a chorar. Cirius olha para suas mãos. Elas estão encharcadas com sangue. "N-Não foi minha culpa ! E-Eu não fiz nada de errado !" - Ele tenta limpar suas mãos em sua camiseta, mas acaba manchando ela. Cirius tenta se limpar desesperadamente e acaba sujando todo seu corpo com sangue. Ele cai para trás, senta em posição fetal e começa a se balançar. "Eu não fiz nada de errado… ! Eu não fiz nada de errado... ! Eu não fiz nada de errado… !"

"Cirius ! Cirius, tudo bem com você !? Do que está falando !?" - Rosaria pergunta, assustada e preocupada.

Cirius olha em volta. As paredes do local estão escorrendo sangue e há vários olhos macabros olhando fixamente para ele. Ele olha para a frente e não vê mais Rosaria, mas sim, uma silhueta humana completamente negra, com o peito arrebentado, as costelas para fora e dois sorrisos macabros no lugar de olhos. Essa criatura começa a caminhar na direção de Cirius.

Rosaria caminha na direção de Cirius, que começa a se arrastar para trás com seus braços. "Cirius, por favor, sou eu, sua irmã. Estou preocupada com você."

"P-Para trás, t-troço nojento !" - Cirius diz, amedrontado. Ele se levanta e pega Yaldabaoth. "E-E-Eu não tenho medo de você !"

A criatura cria uma foice negra do ar. Cirius corre na direção dela e a ataca.

Rosaria está se defendendo de Cirius com uma foice feita de sangue. "Ugh… ! Cirius ! Cirius, acorde ! Sou eu ! Por favor-" - Ela fraqueja.

Cirius aproveita essa oportunidade e enfia Yaldabaoth na barriga da criatura. Ele faz isso mais algumas vezes, até que a criatura cai no chão, imóvel. "E-Eu disse que não tinha medo de você ! A-Agora devolve a Rosaria e a Vega !" - Cirius começa a procurar algo pelo local. "R-Rosaria ! Vega ! Cadê vocês !? Aquela coisa já foi embora ! E esse lugar tá me deixando nervoso !"

Rosaria está caída no chão, com sangue escorrendo pela sua boca e por um buraco na barriga dela. Há um grande poça de sangue no chão.


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