Feiticeira Escarlate encontra The Boys escrita por MarcosFLuder


Capítulo 7
O verdadeiro poder


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo postado como prometido. Esse é um capítulo com várias referências, como a uma possível amizade entre Natasha e Wanda, da época em que estavam juntas nos Vingadores, do tipo de relacionamento que havia entre o Capitão Pátria e a personagem Tempesta, na segunda temporada de The Boys. Também tem uma referência a acontecimentos da terceira temporada de The Boys, envolvendo o personagem do Leitinho. Enfim, espero que a história continue agradando a quem estiver lendo.



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CIDADE DE RED RIVER

ESTADO DO COLORADO

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 17



Ela estava naquela posição já tinha quase 2 horas. A posição de meditação ajudava de diversas formas. Servia, por exemplo, como um bom disfarce. Se Maria ou qualquer outra pessoa a visse dessa forma, pensaria nela com uma adepta da prática, um tanto exagerada, mas nada além do que as pessoas comuns entendem como algo normal. Wanda não queria que as pessoas soubessem tudo o que ela era capaz de fazer, ao se colocar nessa posição. Ela sabia muito bem sobre a vigilância que estava sofrendo. O ligeiro treinamento que teve com Natasha Romanoff permitiu que a ex-Vingadora logo localizasse os aparelhos de escuta e filmagem que espalharam pela casa toda. Não havia o que fazer, no entanto, pois era necessário manter a extensão dos seus poderes incógnitos o máximo possível.

Wanda já estava acostumada a ficar naquela posição por muito tempo. Os meses que levou estudando o Darkhold a ajudaram nisso. O que não ajuda em nada é essa vigilância insana que foi imposta sobre ela. De sua parte, não havia ilusões sobre seus “protetores”. Os poucos dias que se passaram lhe permitiu perceber a encarniçada disputa de poder que estava ocorrendo à sua volta. Estava muito claro que queriam usá-la como um peão nessa luta, como a arma definitiva contra o Capitão Pátria. Wanda, por sua vez, só queria encontrar uma forma de voltar para casa. Entretanto, por mais que se esforçasse, por mais que sondasse cada centímetro desse mundo, ela não conseguia se conectar com qualquer resquício de magia que ainda pudesse existir nele. Constatar de maneira definitiva que não havia magia em lugar nenhum foi algo chocante para ela.



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As imagens que via eram um tanto frustrantes, pois nada mostravam do que ele realmente queria ver. Mesmo com a Vought tendo acesso aos mais modernos sistemas de vigilância do país, não encontraram qualquer pista da mulher conhecida como Feiticeira Escarlate. Como se essa frustração pessoal não bastasse, ele ainda tinha que lidar com a irritante ladainha de todos que diziam sobre a inutilidade dessa busca. Hoje foi particularmente difícil resistir a tentação de obliterar algumas pessoas com suas rajadas. Foi preciso muito autocontrole, contentando-se em humilhar Ashley e mais alguns desses palhaços fantasiados que tinha de aguentar.

A frustração que sentia era cada vez maior, cada vez mais difícil de reprimir. Tudo isso fazia com que começasse a se sentir, ele próprio, um palhaço fantasiado, um fantoche dessa mídia nojenta, dessas corporações gananciosas. O pior de tudo era ter de aturar a ingratidão dos muitos insetos com quem era obrigado a conviver. Os números de sua popularidade o deixavam cada vez mais irritado, pois não conseguia ir além dos 35%. Estava tão cansado disso, tão cansado de esconder seus verdadeiros desejos. Tão cansado de só fazer escondido o que queria fazer às vistas de todos.

Isso iria acabar logo. As conversas estavam bem adiantadas, os acordos sendo feitos. Logo ele estará no controle de tudo, não apenas da Vought, mas do país todo. Em breve do mundo todo também. Chega de se esconder, chega de buscar a aprovação de todos. Não havia como conseguir isso. O melhor mesmo é contar com o apoio e a admiração que já tem. O restante poderia odiá-lo à vontade, desde que também o temessem. Ele faria isso, garantiria que fosse tão temido quanto odiado. Urgia dentro dele uma vontade de explodir. Um desejo tão longamente reprimido de mostrar a todos sua verdadeira face.

Ao mesmo tempo, ele sabia que aquela mulher era um obstáculo. O poder dela era um desafio ao seu, mesmo que seu desejo aparente seja apenas o de voltar para o mundo de onde veio. Ele até poderia ajudá-la, livrar-se de um adversário perigoso, mas havia também o seu orgulho. Saber que ela poderia derrotá-lo, pior, ter esse temor rondando seus pensamentos, lhe era simplesmente intolerável. Era preciso encontrá-la e derrotá-la, do jeito que fosse possível. Mas sabia também que precisará de ajuda para isso. Ele sorri para si mesmo, ao pensar de onde viria essa ajuda.



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— Como é que alguém consegue ficar nessa posição por tanto tempo? – Francês tem um olhar impressionado em direção a imagem de Wanda na tela.



— Meditação pode ser algo bem relaxante – Annie afirma – você deveria experimentar um dia desses – ela sorri ante o comentário de Kimiko, o sorriso dela acompanhando a linguagem de sinais – com certeza, ele teria muitos benefícios disso.



— Do que vocês duas estão falando? – Francês olha para ambas desconfiado. Annie e Kimiko indicam que não é nada, a cumplicidade estampada no sorriso das duas. Francês resolve não insistir e volta a ver Wanda na tela – quanto tempo ainda vamos esperar até termos uma conversa séria com ela sobre o que o Capitão Pátria está tramando?



— Não temos como forçá-la a nada, Francês – Annie tem uma expressão mais séria ao falar. Ela volta a sua atenção para o que Kimiko diz – o que quer dizer que deveríamos oferecer em vez de pedir?



— Ela está falando sobre o desejo da Feiticeira em voltar para o seu mundo – Kimiko sorri para o Francês, para depois retomar o seu olhar para Annie.



— Nós não temos como ajudá-la nisso, Kimiko – Annie responde.



— Será que não temos mesmo? – é a vez de Francês retrucar – será que não tem nenhuma experiência secreta do governo sobre algo assim rolando por aí?





— Você acha mesmo isso possível, Francês? – Annie pergunta – você, o Bruto e o Leitinho têm mais experiência sobre porões governamentais que eu e a Kimiko. Por acaso existe a chance de o governo estar metido em alguma experiência assim?



— Talvez! E se existir mesmo, não seria o caso de oferecer essa possibilidade para ela?



— Finalmente! - a voz de Wanda, e o seu olhar para uma das câmeras de vigilância, faz com que o trio tome um grande susto, com Francês chegando a sacar a sua arma – depois de tantos dias de vigilância, finalmente vocês dizem algo que realmente me interessa ouvir.



CIDADE DE NOVA YORK

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 3

SEDE DA VOUGHT



Ela desce da mesa onde esteve nos últimos dias sob o olhar atento das pessoas em volta. Seu olhar volta-se para o sujeito que a tocava, o braço decepado junto a seus pés, enquanto o via agonizando. Ela devia matá-lo? O pensamento passou rápido em sua cabeça e foi logo descartado. A morte é tão pouco para tipos assim. Em vez de matá-lo, ela usa o seu poder para cauterizar o braço decepado, acabando com a perda de sangue. O grito dele é terrível, fazendo Wanda esboçar um leve sorriso. Matá-lo está fora de questão, mas a dor que está lhe infligindo é benvinda. Após terminar com o sujeito, ela se volta para os demais na sala, principalmente para o Capitão Pátria, este exibindo o habitual sorriso de sempre.



— Por mim eu o deixaria morrer, mas se você decidiu ser misericordiosa com ele... – há um leve desprezo naquela voz, Wanda consegue notar.



— Não tem nada a ver com misericórdia – ela responde, o olhar ainda voltado para ele, mal notando os demais. Ela repara em si mesma, vendo-se vestida com uma típica bata de hospital.



— Seu uniforme está bem guardado – O capitão Pátria diz – nós até podemos devolvê-lo a você, desde que... – ele se cala ao ver o uniforme de Wanda surgindo magicamente no corpo dela, tomando o lugar da bata que usava.



— O que você ia dizer mesmo? – há um certo constrangimento dele com a pergunta de Wanda, voltando-se para a figura de Patrick.



— Para o seu próprio bem, é melhor eu nunca mais ouvir falar de você outra vez – ele se dirige a Patrick, mas depois volta a sua atenção para Ashley – livre-se desse idiota. É melhor para os dois que ele não esteja mais no prédio na próxima hora – Ashley e outro assistente da doutora Harris conduzem um Patrick ainda em estado de choque para fora. Ele se volta para Wanda – creio que é hora de tentarmos estabelecer algum tipo de acordo.



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— As coisas estão ficando feias lá fora – Leitinho observa uma das câmeras, mostrando a multidão em frente ao prédio da Vought. O clima estava bem tenso no lugar.



— A polícia vai ter trabalho para conter esse pessoal – Bruto avalia – principalmente os fãs do Capitão Pátria – ele se dirige a Leitinho – será que o padrasto da sua filha trouxe a menina para esse tumulto?



— Isso não tem graça, Bruto – ele sai irritado da van que estão usando para fazer a vigilância.



— Não precisava fazer isso, cara – Hughie tenta contemporizar.



— Aposto contigo que ele está ligando para a ex-mulher agora – Bruto mantém o sorriso no rosto – é uma chance para os dois conversarem e se aproximarem de novo.



— Você não fica bem no papel de cupido, Bruto – Hughie sorri mesmo assim. Bruto pega um comunicador.



— Como estão as coisas no ponto de observação de vocês? Algum sinal de atividade da Feiticeira? – é a voz de Annie que responde. Ela e os demais estão no alto de um prédio em frente à Vought.



— Até agora nada de anormal. Ela deve estar num dos laboratórios principais da Vought, que fica no subsolo.



— Mantenham a atenção, qualquer sinal de anormalidade é só me ligar.



— Tudo bem eu... espere – Annie é alertada por Francês e Kimiko – acho que tem alguma coisa acontecendo. Meu deus, o prédio parece que está tremendo.



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Todos no laboratório ficam apavorados, exceto pelas duas figuras em frente uma a outra. Wanda e o Capitão Pátria reiniciaram a luta que tiveram no hospital. Dessa vez ele fez um esforço para agarrar a ex-Vingadora, tentando inutilizá-la, antes esta que pudesse usar o seu poder. Ela o afastou até com certa facilidade. Os demais que estavam no local trataram de fugir. A luta foi mais difícil para Wanda dessa vez. Ela ainda sentia os efeitos do tempo que ficou inconsciente, seus poderes não sendo tão efetivos, com a resistência do Capitão Pátria a eles sendo grande. Este, por sua vez, tentou tirar partido de sua força física, sempre tentando se aproximar dela para poder atingi-la com um de seus potentes socos. Por um momento conseguiu, com Wanda sendo atirada do outro lado do laboratório.

Por um breve momento ele se permitiu um sorriso de vitória. Foi só um breve momento mesmo, pois a mulher de vermelho se levantou. Era possível ver a marca do soco no rosto dela, um feio hematoma, mas que numa pessoa comum seria um grande buraco na cabeça. Isso se sobrasse cabeça. Era impossível para o Capitão Pátria entender como essa mulher ainda estava de pé. A lembrança de Tempesta voltando a surgir em sua mente, como ela era a única que parecia capaz de suportar os seus ataques. Ele esperou para ver o que ela ia fazer. Uma parte dele se regozijou, ao ver que ela, apesar de ter se erguido, realmente sentira o golpe, encostando o corpo junto a uma parede. Seu desejo era continuar a luta, fazê-la se submeter, do mesmo jeito que Tempesta fazia no final, mas a parte racional sabia que devia parar por aqui. Os alarmes soando por todo o prédio indicavam os efeitos desse confronto. Foi um pouco difícil para o seu ego, mas ele decidiu que era hora de usar as medidas de segurança previstas.



— Computador? Coloque esse laboratório em modo Lockdown – nesse mesmo momento o barulho de grandes paredes de metal se erguendo são ouvidos. Antes que Wanda possa fazer algo, ela está presa – é uma gaiola e tanto, não é? – a voz do Capitão Pátria é ouvida por Wanda – foi a doutora Harris quem criou esse sistema de segurança, ainda sob as ordens do antigo CEO da Vought, o Stan Edgard. Eu tenho certeza de que isso tudo era para mim, não é verdade doutora Harris? – uma voz de mulher é ouvida por Wanda, sendo visível o quanto esta estava assustada.



— O senhor Edgar nunca disse a razão...



— Está tudo bem doutora – Wanda tinha certeza de que o Capitão Pátria estava sorrindo para a cientista enquanto falava. Ele volta a se dirigir para Wanda – talvez você precise de um tempo para pensar melhor.



— Pensar melhor sobre o que? – Wanda olha para o local na parede de onde a voz dele estava vindo.



— No que nós dois juntos podemos fazer, é claro – ela tem certeza de que o sorriso do Capitão Pátria se alargou ainda mais – nós somos da mesma espécie, Wanda, mesmo que de mundos diferentes. Pense nisso – ela não houve mais nada.



CIDADE DE NOVA YORK

WANDA MAXIMOFF NO MUNDO DE THE BOYS

DIA 4



— Meu deus que cheiro horrível está aqui – Annie, Francês e Kimiko se acomodam na van.



— O que você esperava? Estamos aqui desde ontem – Bruto responde da forma cínica habitual.



— Alguma declaração da Vought sobre o tremor de ontem? – é o Francês quem pergunta.



— Até agora nada, mas eu não duvido que tenha sido a bruxa tentando escapar – Bruto responde. Ele vê os gestos de Kimiko e olha direto para o Francês – o que ela está dizendo?



— Está perguntando se vamos tentar tirá-la de lá ou não – Francê olha para a jovem – eu não sei se podemos fazer isso Mon Coer.



— O que você acha, Annie? – Hughie olha com aquele mesmo olhar esperançoso que ela adora – nós já entramos lá uma vez para te resgatar. Será que o raio não pode cair no mesmo lugar outra vez?



— Eu não vejo chance de conseguirmos com o Capitão Pátria lá – Annie responde com um ar desanimado.



— E se conseguirmos tirar o Capitão Pátria do prédio por tempo suficiente? – a pergunta de Leitinho deixa Annie intrigada.



— Sem ele talvez funcione, mas como conseguiremos isso?



— Isso loirinha – Bruto fala, enquanto repassa um celular para Hughie – talvez seja parte do trabalho de uma certa deputada que nos procurou.



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Ela já estava assim por várias horas. Em sua posição de lótus, flutuando no ar, olhos fechados, mantendo-se em profunda meditação. Wanda experimentava esvaziar seus pensamentos de qualquer preocupação externa. Num primeiro momento ela tentou sair do lugar, mas as paredes reforçadas suportaram o seu poder. Ela própria sentia que estava muito abaixo do seu normal. Os dias que passou inconsciente, os experimentos que fizeram nela, tudo isso poderia ser a desculpa perfeita para não ter conseguido sair do lugar onde estava presa, mas havia algo mais, ela sabia. Havia algo nesse mundo que tornava sua magia mais fraca, Wanda só não sabia o que podia ser. A ex-Vingadora tinha certeza de que Chthon sabia a resposta, mas ele não quis dizer.

Ela tratou de deixar esses pensamentos de lado. Sua mente precisava ser esvaziada de qualquer preocupação externa para vagar livre, tentar se conectar com a sua magia, tornando-se uma só em pensamento. Wanda tratou de se acalmar. Ela precisava deixar de lado qualquer tensão, precisava se concentrar, encontrar um ponto em que pudesse focar o seu poder. A ex-Vingadora conseguia sentir que todo esse tempo de meditação já tinha eliminado de seu corpo, os efeitos do que fora feito com ela enquanto estava inconsciente. Ao menos isso. Agora, era preciso concentrar-se em tudo o que aprendeu sobre seus poderes, em tudo o que era capaz de fazer com eles.

Sua mente estava vazia de pensamentos agora. Ela ignorava todo o ambiente ao seu redor. Todo o seu esforço agora visava se concentrar na sua magia, integrá-la ao ambiente até então hostil. Hostil era o termo certo, com certeza. Desde que chegou a esse mundo, Wanda notou a dificuldade que tinha em conectar sua magia ao ambiente. A dificuldade que sentiu para conter a explosão assim que chegou foi muito estranha. Ela não era mais uma novata como em Lagos, e sua capacidade de controlar uma explosão já era muito avançada. Foi muito estranho ela ter sido afetada daquele jeito, indo parar inconsciente num hospital por conta disso. A própria luta contra o Capitão Pátria trouxe-lhe ainda mais desgaste, e não apenas pelo fato de ainda ter usado o seu poder para proteger quem estava em volta durante o confronto.

Ela precisava entender o que havia nesse mundo que afetava a sua magia. Entender isso era fundamental para que pudesse encontrar uma forma de voltar. Nada disso, entretanto, seria possível presa nesse lugar. Wanda precisava escapar. As horas de meditação não foram gastas apenas para recuperar suas forças. A ex-vingadora também considerou suas opções. A ideia de juntar forças com o Capitão Pátria foi descartada no segundo seguinte que foi cogitada. Ele era praticamente transparente para Wanda. O ego visivelmente frágil, somada a arrogância e um caráter psicopata, só enfatizava o perigo que seus poderes podiam representar. Ela precisava escapar desse lugar, mas não seria pela força bruta que conseguiria. Entretanto, todo o tempo que passou isolada, depois de deixar Westview, voltou à sua mente neste instante, quando ela pensou sobre a sua dedicação em aprender magia com aquele livro.

A leitura do Darkhold se mostrou um instrumento de corrupção para Wanda. Todos os seus desejos não realizados, as frustrações, ressentimentos e perdas acumuladas, sendo amplificadas pelo poder corruptor daquele livro. Apesar disso, foi também foi um instrumento de grande aprendizagem para ela. A ex-Vingadora aprendeu que a prática da magia incorria em grandes riscos. Essa mesma prática também exigia coragem, disciplina, dedicação e muito talento. Além de tudo isso, havia também o desejo de sempre se superar, de não ter medo de ir além dos limites. Wanda sabia que estava diante desse desafio agora. Na situação em que se encontrava, não poderia ter medo de correr grandes riscos. Ela abriu os olhos e deixou a posição em que se encontrava a horas. Pondo-se de pé, ela simplesmente esperou.



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— Vadia dos infernos – Bruto reage, ao ver pela expressão de Hughie, que não terão a ajuda de Victória.



— Ela não vai ajudar, não é mesmo? – era uma pergunta retórica da parte de Annie – talvez seja melhor assim. Eu ainda não confio nela, ainda mais numa missão tão arriscada como essa.



— E como vamos fazer isso com o Capitão Pátria lá? – Hughie é quem pergunta.



— O que acha de tentarmos a Mallory? – Leitinho se dirige a Bruto – eu concordo com a Annie sobre não confiar na Victória. Além disso, temos que pensar no depois, caso consigamos tirar a tal Feiticeira daquele lugar. Onde iremos escondê-la, por exemplo?



— Oh meu deus! Olhem só para isso – o grito de Hughie chama a atenção de todos, que se voltam para a tela, onde um fato extraordinário está sendo mostrado.



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O Capitão Pátria ficou observando-a durante mais de 10 minutos. A mulher mantinha aquela posição desde então, apenas parada, esperando. Ela não dizia nada, não demonstrava qualquer traço de ansiedade, raiva ou nervosismo. Apenas ficava ali, parada, olhando para a parede de metal. Será que finalmente ela estava disposta a colaborar? A simples conjectura o fez sorrir para si mesmo. Ele ainda ignorava todas as pessoas em volta, todas elas esperando para saber o que iria fazer. Patéticos, todos eles. Foi então que se ergueu, cheio de confiança, vendo o quanto isso afetava todos ao seu redor, ganhando ainda mais confiança por conta disso. Um sinal silencioso foi dado a doutora Harris, que passou a ordem para um dos assistentes do laboratório. Uma parte da muralha de aço foi removida e a visão da mulher conhecida como Feiticeira Escarlate apareceu para todos ali. Apenas uma parede de vidro a separava de todos. O Capitão Pátria foi até ela.



— Você está pronta para conversar? – ele perguntou.



— Conversar sobre o que? – Wanda lhe devolveu a pergunta. Ela viu o sorriso dele se alargar, um brilho maníaco no olhar. A ex-Vingadora já sabia o que ele ia dizer sem nem ter a leitura de mentes entre os seus poderes.



— Sobre nós dois, é claro – ele responde, a euforia visível em seu rosto – sobre tudo o que podemos fazer juntos com nossos poderes.



— Não tenho o menor interesse em me envolver nas querelas do seu mundo – Wanda foi bem enfática – tudo o que me interessa é voltar para o lugar de onde vim.



— Você não percebe que somos da mesma espécie Wanda? – ele aponta para os demais na sala – vê essas criaturas insignificantes? Eu e você podemos matá-las a hora que quisermos, porque temos o poder para isso. Juntos seremos deuses nesse mundo.



— Você é tão patético – o sorriso dele morreu no rosto assim que Wanda começou a falar – se acha um deus porque é capaz de matar pessoas com facilidade. Qualquer idiota pode fazer isso se tiver os recursos para tal. Isso não faz de ninguém um deus. Acredite, eu sei disso por experiência própria. Você fala em poder. Deixe-me te mostrar o que realmente é poder.



O tempo pareceu parar naquele momento. Mesmo o Capitão Pátria ficou sem reação. Wanda apenas ergueu uma das mãos. Um gesto lento e suave, não dando nenhum sinal de que representava um real perigo. Ela aproximou a mão da parede de vidro que a separava dos demais naquele lugar. Não houve pressa. A mão dela tocou o vidro e ficou ali por uns breves segundos. Todos olhavam sem entender a razão desse gesto. Apesar disso, estavam tão concentrados que ninguém notou quando um dos assistentes da doutora Harris começou a filmar discretamente tudo o que se passava naquele laboratório. Foi então que aconteceu. A parede de vidro ganhou um aspecto disforme, parecendo a ponto de derreter. Todos ali reagiram em choque quando viram a mão e depois a maior parte do braço de Wanda desaparecer na parede de vidro. Ela própria deu dois passos à frente. Todos ainda estavam paralisados com o que tinham visto, com a parede de vidro voltando ao normal, enquanto a mulher conhecida como Feiticeira Escarlate simplesmente desaparecia.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 7 postado. Hoje eu pretendo revisar o capítulo 8 e já trabalhar no capítulo 14. No próximo domingo estou me comprometendo a postar o capítulo 8. Aguardem.