Amor em 7 Atos escrita por Liudi


Capítulo 1
Amor em 7 atos


Notas iniciais do capítulo

Eu estava entediada ouvindo o reputation e já fazia tempo que eu não escrevia sobre eles ai me veio isso. Cada parte é brevemente inspirada por uma música:
I - Getway Car
II - So It Goes...
III - Don’t Blame Me
IV - Dancing With Our Hands Tied
V - Delicate
VI - Dress
VII - King of my heart

Espero que gostem :D



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I — “... No, nothing good starts in a getaway car...”

  O lugar estava luxuoso, como sempre. Após tantos milênios aquilo já não causava mais tanto espanto.

  Prevendo que o tédio seria sua maior companhia naquela noite, Atena se dirigiu ao bar. A deusa precisaria de muita bebida para sobreviver àquilo.

  Em seu caminho passou por rostos conhecidos. Afrodite, Hades e alguns de seus irmãos. Todos exalavam a mesma energia, a de não querer estar ali.

  O dono da festa era Zeus. De tempos em tempo ele e Hera renovavam os votos, geralmente após uma briga catastrófica, e todos eram obrigados a participar. Era patético observar o rei e a rainha dos céus fingindo ser o casal perfeito.

  Apolo e Hermes tinham uma pequena caderneta em mãos enquanto conversavam disfarçadamente rodeados por outros deuses.

  Atena achou aquilo muito suspeito, então foi conferir o que os dois faziam.

    — Têm certeza que aqui é um bom lugar para fazerem seja lá o que estiverem fazendo?

    — Não estamos fazendo nada de mais maninha, apenas conversando. — Apolo disfarçou.

  Tanto Hermes quanto Atena o encararam com as sobrancelhas erguidas. Era inútil tentar enganar a deusa da sabedoria.

    — Eu aposto 200 dracmas que papai faz outra cagada antes de completar duas semanas. — Ares chegou se intrometendo na conversa.

    — Sério isso? — Atena estava incrédula.

  Se um dos noivos descobrisse aquilo, não terminaria nada bem.

    — Lá vem a estraga-prazeres acabar com a diversão alheia. — Ares resmungou meio alto propositalmente.

  A loira nem fez questão de responder. Até mesmo as discussões com Ares estavam monótonas.

  Decidindo que sua bateria social tinha acabado, ela voltou para o bar antes de se dirigir para o lado de fora.

  A noite estava amena com o céu limpo e a lua cheia bem brilhante destacada. Atena respirou fundo, deixando a tranquilidade da noite lhe preencher.

  As luzes brilhantes que vinham da festa lhe permitiam ver tudo ao seu redor.

  Então a deusa se sentou num dos bancos e ficou admirando as flores a sua volta enquanto finalizava sua taça de vinho.

  De repente um barulho lhe chamou atenção. Atena já estava pronta para a luta quando viu quem era.

    — Ah! É você. — Comentou decepcionada quando seus olhos encontraram os do deus dos mares.

    — Também estou feliz em te ver querida sobrinha. — Foi irônico.

  Poseidon usava roubas formais, dessa vez, um terno preto que fez Atena avaliar sua figura com atenção. Quem diria que ele poderia ser tão atraente fora daquelas camisas havaianas horrendas?

  Atena virou o rosto quando viu estar olhando demais, fazendo Poseidon soltar uma risadinha convencida que a deixou corada. Colocando toda a culpa no vinho, ela se concentrou em mudar de assunto.

    — Porque está aqui fora?

    — Pelo mesmo motivo que você. — Afrouxou a gravata que usava. — Eu não queria nem ter vindo. Entre olhar para cara do seu pai e ficar em casa, ficar em casa ganha de lavada. Me admira que você esteja aqui fora, geralmente ele gosta de te exibir como um tesouro. Inclusive é assim que Ares te chama quando você não está por perto, de tesouro.

  Os olhos verdes se arregalaram imediatamente quando ele Percebeu que não deveria ter dito aquilo.

  Atena achou graça da sua reação.

     — Ares está ressentido porque arruinei alguns dos planos dele. Embora eu deva dizer que a imitação dele de Dona Florinda é ótima. Ele deve ter treinado muito.

     — É óbvio que a sabe tudo sabia sobre isso. Você sempre sabe sobre tudo não é?

     — Eu não tenho culpa se ele nem me esperou sair da sala para fazer a gracinha. — Deu de ombros encarando sua taça vazia.

  Um pouco de vinho seria bom, mas a ideia de ter que voltar lá para dentro a desencorajava totalmente.

  Percebendo seu descontentamento, Poseidon procurou a garrafa que trazia consigo.

    — Quer mais?

    — Onde você arranjou essa garrafa?

    — Roubei por aí, para não precisar voltar lá para dentro. Acho que é uma daquelas que se recarrega sozinha.

  Atena apenas ergueu o copo em direção a ele.

  Ao contrário dela, Poseidon não tinha nenhuma taça consigo, a deusa desconfiava que ele vinha tomando no bico da garrafa desde o início.

  Ponderando consigo mesma, considerou que aquele era a forma mais aceitável de trocar saliva com ele. Beberam por um tempo em silêncio, com os ruídos da festa e dos insetos como sinfonia.

  Aquele vinho parecia ser um dos normais levemente enriquecido por Dionísio, com sabor apurado, mas que demorava para de fato embriagar. Tudo estava tranquilo até a bebida começar a fazer efeito. Um calor se espalhou pelo corpo da deusa, indo se alojar em um local muito específico.

  Atena sentiu algo que não sentia com frequência, desejo.

  Poseidon parecia sentir o mesmo já que se remexia desconfortável no banco onde estavam.

    — Eu acho que você roubou o vinho errado.

    — Eu tenho certeza. — O tom de voz dele era grave e profundo, quase um grunhido. Ele estava tentando se controlar do que seus instintos lhe mandavam fazer.

  Ambos ouviram bem quando na semana anterior Afrodite prometeu presentear o casal real com uma garrafa do seu melhor vinho afrodisíaco e parecia a maior ironia do universo que justo Poseidon e Atena fossem os únicos a beberem da garrafa.

  Atena sentia sua pele queimando, implorando para ser tocada.

  Agora eles só tinham duas opções. Ou esperavam o efeito passar, ou faziam o que tinham que fazer.

  Atena cruzou as pernas em desespero. Com a quantidade que ingeriram, esperar passar sozinho seria quase uma tortura.

  Com sua decisão tomada, deusa da sabedoria se levantou.

  Poseidon quase não acreditou quando sentiu os dedos dela deslizando pelo seu rosto, nem quando sentiu o peso dela em seu colo e muito menos quando o hálito dela tocou seu rosto.

  Suas mãos tocaram na cintura dela, lhe segurando no lugar exato e fazendo com que ambos gemessem pelo contato.

    — Você tem certeza? Se começarmos eu não vou parar.

    — Absoluta. — As mãos deslizaram pela nuca dele em um carinho que o fez suspirar. — Que bom então que eu não quero que você pare.

  Tudo que Poseidon fez foi beija-la de forma sedenta e apressada. Os dois corações batiam de forma descompassada para combinar com o ritmo frenético das carícias.

  Quando os dois pararam para tomar fôlego, seus olhos se encontraram e com um acordo os dois sumiram dali.

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II — “You did a number on me but, honestly, baby, who's counting?”

 

  Quando Atena acordou no meio da tarde, sua mente se esqueceu por alguns segundos de onde estava e então todas as lembranças da noite passada vieram de uma vez só.

  Agora ela sabia porque estava nua numa cama que não era sua, enrolada em lençóis que não eram seus.

  Seu corpo estava dolorido e relaxado simultaneamente.

  Ela sabia muito bem o que aconteceu na noite passada e embora não se arrependesse, não que tivesse como, sabia que aquilo não se repetiria outra vez.

  Não podia se repetir.

  Por isso ela levantou com cuidado, Poseidon ainda estava morto para o mundo do seu lado e era melhor assim.

  A deusa até tentou, porem tudo o que ela conseguia era pensar na noite anterior. Em como a boca de Poseidon tinha gosto de vinho, em como a pele dele era quente ao toque, em como mãos tão ásperas conseguiam ser tão gentis.

  Atena ficou mesmo impressionada com ele.

  As coisas não mudaram muito nos próximos dias, a rotina da deusa da sabedoria ainda se baseava em passar uma quantidade absurda de tempo pensando no deus dos mares. Atena já não sabia mais o que fazer.

  Seus sonhos extremamente vividos não deixavam sua mente ter paz nem dormindo. Ela precisava fazer algo, só não sabia o que.

  Duas semanas depois, a deusa recebeu uma visita surpresa em seu escritório.

  O próprio deus dos mares em pessoa. Poseidon parecia tão aflito quanto ela. O rosto abatido deixava claro que seu sono estava tão prejudicado quanto o dela. Contudo, ainda assim Atena o via belíssimo, mesmo com uma camisa havaiana muito hedionda.

  A deusa o observou se aproximar. Nenhum dos dois disse uma palavra. Não sabiam bem o que dizer para o outro, pois qualquer coisa que se aproximasse de seus verdadeiros sentimentos seria demasiadamente assustadora.

  Ficando cara a cara, seus olhares se encontraram. Olho no olho, cinza no verde.

  Se alguém perguntasse, não saberiam dizer quem tocou o outro primeiro. Seus corpos foram se encaixando, as mãos dele, na cintura dela, as mãos dela, na nuca dele. Os rostos foram se aproximando até o ar que eles respiravam virar um só.

  Quando os lábios se tocaram, todo o tormento sofrido acabou. Tudo além deles foi esquecido. Só existia o ali e o agora.

—-

III — “...Lord, save me, my drug is my baby I'll be using for the rest of my life...”

 

  A coisa entre os dois havia virado um lance casual.

  Embora não falassem sobre sentimentos, os dois gastavam todo o tempo que podiam juntos. Poseidon estava sempre surpreendendo Atena com passeios por lugares lindos e estrategicamente desertos.

  Tudo era feito muito as escondidas, ninguém poderia saber sobre os dois. Embora Poseidon fosse livre por enfim ter se divorciado, Atena ainda tinha as suas amarras. Zeus surtaria se descobrisse que além de ter “quebrado” seu juramento, Atena desfilava para cima e para baixo por aí logo com Poseidon.

  Ah! Se ele soubesse que o que Atena jurou perante o Estige foi nunca se casar sem amor e não virgindade eterna, o surto seria grande. Era muito irônico que logo ele, que não obedecia a nada, exigisse tão forte obediência.

  A deusa da sabedoria esfregou o rosto irritada, aquele havia sido um péssimo dia. Ares tirou o dia para testar sua paciência questionando tudo o que saia da boca dela bem na frente de Zeus.

  Meio zonza de cansaço, Atena só percebeu que apareceu em Atlântida quando chegou a porta do deus dos mares.

  Era tarde, entretanto Poseidon não tinha o costume de dormir cedo. Eles até brincavam às vezes que ela era a padroeira das corujas, mas quem de fato agia como uma era ele.

  Naquela noite ela agradeceu por isso.

  Ao ouvir o toque diferenciado na porta, Poseidon foi correndo atender. O toque era um código entre ele e a deusa da sabedoria, mas o que ela fazia ali a essa hora da noite?

  A hipótese de que os dois tinham algo marcado e ele se esqueceu pesou firme em sua cabeça. Por já ter sido casado uma vez, ele sabia muito bem como uma mulher ficava decepcionada/zangada quando era negligenciada.

  Assim que abriu a porta, ele deu de cara com uma Atena diferente do habitual.

    — Oi! Atena, a gente tinh-

  A loira não o deixou terminar. O corpo dela se aninhou ao dele em um abraço que ele prontamente retribuiu. Poseidon beijou a testa dela ternamente antes de os levar para dentro do quarto e os arrastar até o sofá que ficava no canto.

  Atena não disse uma palavra, apenas se aninhou mais no corpo dele. Poseidon era quentinho e muito confortável. Quando o deus começou um carinho na base de seu pescoço, a loira se viu desmontando inteira.

  Intercalando entre toques e beijos suaves, Poseidon mandou embora grande parte da tensão. Atena já não se sentia mais tão cansada, apenas sonolenta.

  A deusa deixou um beijo demorado nos lábios do moreno quando se sentiu mais disposta.

    — Obrigada. — Murmurou Atena com os lábios ainda unidos aos dele.

    — Sempre que precisar. — Os olhos dele pareciam penetrar sua alma, tamanha a intensidade do olhar.

  Atena já havia percebido Poseidon lhe olhando assim outras vezes, mas sempre soterrava seus pensamentos sobre. Ela não queria pensar demais e estragar aquilo que estavam vivendo. Não, ela preferiu ficar ali no aconchego dos braços dele, onde o mundo não poderia alcançá-los.

  Poseidon ficou de bom grado, seu coração pulava no peito de tanto amor. Ele sabia estar irremediavelmente apaixonado por Atena a um tempo, porém não sabia o que fazer com aquele sentimento.

  Ele sabia muito bem que se o proclamasse cedo demais arriscava estragar tudo, mas que também se sufocaria se não o fizesse. Estava com um dilema e não sabia como resolver isso.

  Ironicamente, a pessoa capaz de resolver qualquer dilema era a causadora do maior deles.

  Então ele se pôs a esperar, ou Atena se daria conta da evolução do relacionamento deles e daria o fora, ou ela entenderia tudo e retribuiria.

  O coração do deus dos mares se apertava só de pensar na primeira opção. Ele já não sabia viver sem ter Atena para si. Era a droga mais intoxicante de todas e sempre o fazia querer mais.

  Poseidon se viu mais e mais contando os minutos para estar com Atena e também lamentando quando seu empo juntos acabava.

  A barriga de Atena roncou, despertando ambos os deuses de seus pensamentos.

    — Você comeu algo hoje? — Ele sabia muito bem a mania dela de esquecer de se alimentar.

    — Um pouco no café da manhã. — Atena confessou escondendo o rosto no pescoço dele. O cheiro dele era tão bom que fazia daquele o lugar favorito dela.

    — Será que terei que ir pessoalmente te alimentar para você não esquecer de comer?

    — Talvez. — Atena soltou um risinho.

    — Estou falando sério, mulher.

    — Foi só hoje. Ares não me deu descanso o dia inteiro. Tive uma reunião enorme com ele e com papai e ele estava brabinho porque descartei umas ideias dele, então fez questão de fazer mil e uma perguntas tentando me constranger. Não consigo entender como alguém pode ser tão insuportável.

    — Ele é filho do seu pai, tá aí a explicação.

    — O que você quer dizer com isso? — Atena ergue a cabeça o encarando.

    — Apenas que seu pai é um pentelho. — Poseidon se justificou sorrindo. Não era sua intenção provocar a deusa, mas às vezes saia no automático. Resultado de muitos anos de picuinhas entre os dois. — Vem, farei algo para você comer.

  Sem deixar brechas para o assunto, ele levou os dois para a cozinha. Pela hora o local estava completamente vazio, o que foi perfeito para os dois.

  Atena se sentou na bancada enquanto ele lidava com os ingredientes do Souvlaki. Uma garrafa de vinho aberta estava próxima dos dois. Poseidon intercalava entre goles no vinho e beijos ocasionais em Atena.

  O barulho da carne sendo cozida se misturava à risada de Atena que combinados com o cheiro de comida temperada criava o ambiente perfeito.

  Poseidon observou Atena comer com gosto. O deus segurava o queixo com o braço apoiado na mesa com um enorme sorriso e o olhar para lá de apaixonado. Atena sentia seu estomago revirando da melhor forma cada vez que olhava para ele.

  Agora, olhando com mais atenção, ela via o que estava estampado nos olhos verdes. Mais que isso, ela também enxergava em si mesma a retribuição de todo aquele amor. Como podia a deusa da sabedoria não perceber antes que estava apaixonada?

  Assim que terminou de comer, Atena se levantou puxando Poseidon com ela. Seus dedos se enroscaram na gola da camisa dele e ela o puxou para si, unindo seus lábios com fervor.

    — Se eu soubesse que seria agradecido assim já teria cozinhado mais vezes para você. — Sorriu brincalhão.

    — Não foi só pela comida. — Atena sorria também.

    — Então foi por mais o quê?

    — Porque eu te amo.

  Atena observou Poseidon ficar mudo. Seu cérebro parecia estar se reiniciando, e então ele sorriu mais brilhante que o sol do meio-dia. Atena se viu ainda mais derretida por ele.

  Poseidon gargalhava de alegria beijando todo o rosto da deusa.

    — Você não tem ideia do quanto eu queria ouvir isso. Eu também te amo linda, e muito.

  Ao contrário do esperado, os dois apenas dormiram naquela noite, afinal Atena ainda precisava descansar. E se na manhã seguinte a primeira refeição deles não foi o café-da-manhã, ninguém reclamou.

—-

IV — “...You said there was nothing in the world that could stop it I had a bad feeling...”

  As coisas entre os dois estavam cada dia, melhores. O casal se viu florescendo em meio de tanto amor.

  Se baseando nos relacionamentos dos outros imortais (exceto Perséfone e Hades) Atena não achou possível haver tanto amor e companheirismo em uma relação. Poseidon era um romântico inveterado, sua convivência constante estava “contaminando” Atena. A deusa se viu retribuindo a altura cada ato de carinho que Poseidon lhe demonstrava.

  Era meio que automático, ela precisava demonstrar-lhe o quanto o amava.

  Ainda assim, o instinto de Atena lhe dizia ter algo fora do lugar. Ela tentou ignorar, com medo de que aquela cautela a fizesse estragar tudo, porém seu instinto logo se fez verdadeiro.

  Poseidon deu uma passada rápida no Olimpo naquele dia apenas para ver como ela estava. Era para ser um gesto inocente e afetuoso, mas uma coisa levou a outra e quando os dois viram, Zeus estava na porta berrando descontrolado por pegar os dois no maior amasso.

  Atena se viu dividida, de um lado Zeus gritava barbaridades lhe puxando por braço enquanto Poseidon a puxava pelo outro braço e rebatia o que era dito pelo irmão.

  A briga teria ficado feia se alguém não tivesse chamado Hades, o deus do submundo interviu e deu um fim naquela bagunça.

  Atena tirou Poseidon o mais rápido possível de lá, desesperada com o que seu pai poderia fazer.

  Naquela noite os dois se amaram com um quê de despedida, tudo ainda era muito incerto, menos que os dois teriam que se separar por uns tempos.

—-

V — “...My reputation's never been worse...”

  Atena achou que depois de umas semanas a poeira baixaria e deixariam de falar daquilo, mas não foi o que aconteceu. Aonde quer que ela fosse haviam sussurros sobre aquilo.

  Muitos julgavam a deusa por desfazer seu “voto”, outros por ser com Poseidon, a maioria nem sequer sabia da verdade, apenas se aproveitava para fazer fofoca. As pessoas gostavam muito de falar da vida alheia mesmo sem ter conhecimento de todos os detalhes.

  Mas afinal, o que tinham todos eles a ver com o que ela sentia pelo deus dos mares?

  Nada do que eles falavam ou sentiam era da conta de mais ninguém além deles. Nem mesmo Zeus.

  Acima de toda a tristeza sentida estava a raiva, Zeus ameaçou iniciar uma guerra contra Poseidon por puro capricho.

  Atena jamais faria Poseidon escolher entre ela e seu reino, então o que lhe restava era tentar abafar aquele sentimento e seguir em frente, infelizmente era muito mais fácil falar do que fazer.

  Amar Poseidon se mostrou uma mistura de sentimentos que a levavam a euforia total e agora sem ele por perto era como se seu corpo passasse por um processo extremo de desintoxicação.

  Era difícil seguir em frente quando tudo a sua volta lhe lembrava ele.

  Ainda assim Atena seguiu firme, mesmo machucada e com a saudade lhe corroendo por dentro. Não deixaria que a vissem no seu pior momento. Então ela disfarçava, fingiria estar bem até que realmente estivesse.

  O Conselho Olimpiano do equinócio de primavera se aproximava, fazendo com que a deusa tentasse ao máximo se preparar para ver Poseidon outra vez.

  De nada adiantou. No momento em que ela colocou os olhos sobre ele, suas mãos suaram frio e tremeram. O cheiro de maresia tão característico deixou seu coração apertado e Atena teve que desviar o olhar ou se lançaria nos braços dele ali mesmo.

  Ela passou o resto da reunião tentando não olhar na direção dele e falhando miseravelmente. Poseidon não estava muito melhor, seus olhos vagueavam sempre para a deusa, completamente sedentos de saudades e até mesmo Zeus compenetrado em todo o seu falatório podia perceber aquilo.

  O deus dos raios observou como a filha passou a reunião toda olhando de esguelha e sonhadoramente para seu irmão. Usualmente era difícil que alguém além de Atena realmente prestasse atenção no que ele dizia, mas agora nem mesmo ela lhe direcionava alguma atenção.

  Tanto Atena quanto Poseidon pareciam miseráveis sem o outro de uma forma tão nítida que Zeus chegou até a sentir remorso.

—-

VI — “...Only bought this dress so you could take it off...”

 

  Quando Atena ergueu os olhos e viu Zeus parado na porta de seu escritório, um pequeno déjà vu aconteceu. Ela se lembrou do fatídico dia, fazendo seu estomago se apertar por um momento.

  Assim que o deus abriu a boca, com um pedido de desculpas e um encorajamento para ela consertar as coisas entre ela e Poseidon, Atena até chegou a se beliscar só para verificar que não estava dormindo.

  Felizmente aquilo era real, muito real.

  Tudo o que ela precisava fazer agora era encontrar o amor de sua vida e ser feliz pelo resto de seu tempo, juntos.

  Querendo fazer surpresa, Atena mandou uma convocação formal para o deus dos mares. O papel dizia nada de mais, apenas que ele deveria comparecer ao Olimpo e que tipo de traje ele deveria vestir.

  Apesar de ter várias coisas contra as camisas havaianas, ela já tinha se acostumado com elas, entretanto ela não perderia a oportunidade de ver Poseidon de terno outra vez, não quando sua bunda ficava tão bem valorizada na calça social.

  A deusa contou os minutos para o reencontro. Estava inquieta como nunca, seu corpo clamava para ter Poseidon para si outra vez.

  Quando o momento chegou, Atena se deliciou ao ver a surpresa no olhar dele.

  A deusa explicou tudo a ele e não pôde não sorrir com a felicidade estampada de forma tão clara nas feições do deus dos mares, tamanha felicidade se equiparava a um mortal que venceu na loteria.

  Existia todo um planejamento que foi por água a baixo no momento em que eles chegaram a seu templo.

  Poseidon lhe examinava com uma cara que deixava claro que o jantar era a última de suas preocupações. O que ele via em sua frente era muito mais interessante.

  Atena estava linda. Seu vestido vermelho era todo rendado e ia até os joelhos. O modelo era mais justo na parte de cima, deixando seu busto em evidência no decote em V discreto.

     — Gostou do vestido?

     — Você está perfeita nele.

     — Ah! Que pena! Porque comprei esse vestido só para você tirar.

  A boca dele ficou seca, seu sangue pulsava forte correndo todo para a virilha.

     — Melhor não desperdiçarmos seus planos, então. — Ele se aproximou dela colando seus corpos, queria que ela sentisse o que ela fazia consigo.

  Poseidon iniciou uma trilha de beijos delicados que foi do pescoço da loira até o colo, incendiando-a por completo.

  Atena segurou firme os cabelos da nuca dele, suspirando de prazer. Como havia sentido falta daquilo.

  Ela sentiu sua corrente de pensamentos ser interrompida quando finalmente seus lábios se encontraram. O beijo era faminto. Os dois precisavam muito daquilo, precisavam matar aquela saudade, juntos.

  Atena sentia arrepios por onde as mãos de Poseidon deslizavam e logo seu desejo foi realizado. Com mãos muito habilidosas, Poseidon abriu o zíper, fazendo a peça cair de uma vez no chão.

  A visão que ele teve do que lhe aguardava por baixo do vestido até o fez parar. A lingerie que combinava com o vestido nada deixava para a imaginação. O tecido vermelho rendado e minúsculo, na parte de cima, deixava em evidência os mamilos endurecidos.

  Poseidon se desfez do sutiã primeiro. Trilhou outra vez com beijos o caminho do pescoço ao colo, deixando Atena cada vez mais arrepiada em antecipação ao que aconteceria.

  Atena gemeu pornograficamente quando os lábios quentes do deus tocaram o mamilo de um dos seios enquanto a mão áspera brincava com o outro. A cacofonia de gemidos foi interrompida no momento em que Poseidon acertou um tapão em uma das nádegas descobertas pela calcinha fio dental.

    — Deuses! — Atena gritou perdida em prazer.

    — Deus — Corrigiu Poseidon a deitando na cama — O melhor deles, todinho para você.

  Atena o puxou pela gravata para cima de si, reatando o beijo. Suas mãos se ocupavam em despi-lo para igualar as coisas.

  Passaram a noite matando a saudades de cada detalhe de seus corpos, prometendo que não deixariam nada nem ninguém separá-los outra vez.

—-

VII— “...And all at once, you are the one I have been waiting for King of my heart, body and soul, woah...”

 

  Na manhã seguinte, Atena foi desperta pelo carinho em seu cabelo. Ao se lembrar de todo o ocorrido da noite passada, um sorriso sincero brotou em seus lábios.

  A noite anterior foi a melhor que ela teve em muito tempo, não só pelo sexo. Em todo esse tempo separada de Poseidon, uma das partes que mais fazia falta era dormir abraçadinha a ele.

  Seu sono era melhor com ele, tudo era melhor com ele.

    — Bom dia, meu amor. — Poseidon disse bem próximo ao seu ouvido.

    — Bom dia querido. — Bocejou enquanto se espreguiçava.

    — Dormiu bem?

    — Muito melhor que bem. Sempre durmo melhor quando estou com você. — A deusa confessou mesmo que soubesse que ele jamais a deixaria esquecer disso.

    — Também durmo muito melhor com você. — Poseidon beijou carinhosamente sua testa e depois seus lábios.

    — Eu senti tanto sua falta. — Atena se apoiou no peito dele para poder olhar diretamente em seus olhos.

  Não era à-toa que diziam que os olhos eram o espelho da alma. Ali, olhando para os olhos verdes, ela viu um amor de forma tão pura que se viu transbordando com o mesmo sentimento. Sentiu que poderia lidar com aquele sentimento pelo resto de sua eternidade facilmente.

    — Por favor, nunca mais me deixe. — Poseidon pediu de todo o coração.

    — Eu não irei. — Atena prometeu.

  Os dois se beijaram outra vez, começou como algo terno e ingênuo, então toda a paixão se ascendeu. De repente, a noite passada não foi o suficiente.

    — Precisamos comer algo. Nós nem tocamos no jantar ontem à noite. — Poseidon tentou ser racional.

    — Eu consigo facilmente pensar em algo para você comer. — Atena sorriu maliciosa, dando continuidade as carícias.

    — Uau, nunca pensei que trocaríamos de lugar assim. — Os dois riram daquilo. — Acho que te estraguei.

    — Bem que dizem que você é o que você come.

    — Mulher, eu não sei de onde está vindo isso, mas eu amei. Continue.

  Poseidon sorriu feliz se sentindo o homem mais feliz do mundo, pois Atena tinha lhe confiado seu corpo, seu coração e sua alma, poderia ele querer mais?


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?
Me contem nos comentários :D



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