Uma armadilha de memórias escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 7
Ideia Maluca




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Ao retornar da casa de repouso, Priscilla já estava mais acostumada com a ideia absurda que Elvis tinha inventado, a questão agora era torná-la tão crível de maneira que ninguém desconfiasse da verdade. Principalmente gente como quem a aguardava no hall do seu prédio.

—Sra. Presley, não esqueci da resposta que me deve - Tom Parker a abordou de repente, a fazendo se sobressaltar, mas ela se recompôs rapidamente, sabendo da importância de manter uma postura firme à frente dele.

—Boa tarde pro senhor, Coronel - ela rebateu sem cortesia nenhuma - eu não devo nada ao senhor, ficou claro em nossa última reunião que você não pode e não vai falar com Elvis até que ele decida fazer isso.

—Como ele vai fazer isso se nem ao menos posso conversar com ele? Vocês continuam se recusando a me dizer onde ele está, usam leis inventadas pra me impedir, mas eu também tenho os meus meios - ele acabou ameaçando.

—Não vai conseguir nada comigo, eu já te disse, e pretendo continuar assim - Priscilla disse com raiva - se me dá licença eu tenho mais o que fazer, então tenha um bom dia.

Ela deu as costas para ele, sem querer se desgastar mais em nenhuma discussão. Mas o que o Coronel disse causou um efeito de medo nela. Tinha que ser mais esperta e agir logo. Por precaução, Priscilla observou até o momento em que ele tinha deixado o prédio. Mais que depressa, pegou o carro e deu algumas voltas, encontrando um orelhão aleatório.

—Alô, sou eu, eu preciso que me encontre lá onde sabe, é urgente, no horário de sempre - foi a mensagem que passou enquanto ligava para Jerry e Billy.

Os dois já estavam acostumados àquela linguagem de código desde que levaram Elvis para a reabilitação, então logo entenderam do que se tratava. No dia seguinte, estavam os dois reunidos na casa de repouso com ele e Priscilla, esperando saber sobre o que se tratava tudo aquilo.

—Muito bem, rapazes, eu chamei vocês aqui porque eu e a Priscilla tomamos uma decisão importante - ele começou o assunto, de forma muito séria.

—Certo, vocês parecem ter voltado, o que é ótimo, mas eu não vejo como isso seria motivo o suficiente pra nos trazer aqui debaixo de tanto segredo - o primo de Elvis levantou a questão.

—É algo muito mais sério, não é? - Jerry já compreendeu de uma maneira melhor - só conta o que querem fazer.

—Na verdade, Elvis teve a ideia e eu... não sei se acho uma ideia boa, mas acabei concordo e vamos colocá-la em prática - Priscilla esclareceu.

—O que seria então? - Schilling perguntou outra vez.

—Vamos fingir minha morte - Elvis declarou sem muitos mais floreios - eu me tornei um tipo de pessoa que só deixariam em paz se estivesse morto, então, é isso que vamos fazer.

—Espera aí, E. P., isso é um absurdo, como é que a gente ia fazer isso? E fazer isso de um jeito convincente pra ter certeza que vai dar certo como você quer - Billy levantou os paradigmas do plano - além de ser claramente um crime, a gente não pode ir preso!

—Foi pra isso que chamei vocês aqui, pra pensarmos nisso juntos, e vocês me ajudarem com os detalhes, pra que tudo seja tão bem feito que ninguém nunca nos pegue, como a peça do século - Presley elaborou mais um pouco - eu estou escondido aqui, com sucesso, vamos repetir a dose mais uma vez, com um plano mais forte.

—Tá, mas isso é completamente diferente do que te levar pra casa de repouso - Jerry pôs os fatos à mostra, de forma prática - quanto tempo pretende fazer isso?

—Tempo o suficiente pra que esqueçam de mim, talvez eu nem apareça mais na mídia, e isso vai ser bom - Elvis insistiu em seus motivos - tudo que eu quero agora é uma vida calma e comum, preciso que me ajudem nisso, por favor.

—Tudo bem, tudo bem, tudo bem - Jerry respirou fundo, passando a mão pelo rosto - vamos pôr isso num papel, pra ficar mais claro.

O próprio Elvis providenciou o que ele precisava e assim, seu velho amigo começou a esboçar alguma coisa. A iniciativa "Burrows" começava a dar seus primeiros sinais de vida.

—Tudo bem, pra começar teríamos que pensar numa forma convincente de como você morreria - Billy palpitou, com os braços cruzados.

—Não sei, eu posso... ter um ataque do coração, ou overdose por causa dos remédios... - Elvis citou, pensando no que seria plausível.

—Em que lugar você morreria? Não pode ser no meio da rua, teríamos que montar uma verdadeira produção de Hollywood pra convencer as pessoas disso - Jerry perguntou e opinou.

—Encontrado em casa, enquanto estivesse se preparando pro próximo show - Priscilla sugeriu quietamente - eu pensei que isso aconteceria de verdade algumas vezes...

—Sinto muito por isso, Cilla... - seu ex marido fez questão de dizer, ela esboçou um pequeno sorriso em resposta.

—Certo, então seria convincente - Jerry concordou - quanto ao funeral? As pessoas vão querer ver seu rosto e acreditar que é você ali.

—Podemos usar um boneco por uma hora e depois fechar o caixão - Elvis trouxe a solução outra vez.

—E o corpo em si? Vamos ter que arrumar um corpo real - Priscilla levantou a questão.

—Bem, eu posso encontrar alguém com o amigo de um amigo que trabalha no necrotério - Billy deu de ombros - enterramos uma pessoa não identificada e é isso.

—Tá, essa é a farsa, mas e depois? Pra onde você vai, Elvis? Te conhecem no mundo todo! - Jerry apontou o problema daquilo claramente.

—Mas eu nunca pisei em outro lugar a não ser aqui e na Alemanha - ele deu de ombros - eu saio do país, com um disfarce, claro, e posso morar na América do Sul por um tempo, me parece remoto o suficiente.

—Precisa ser mais específico - ela pediu.

—Eu não sei, Argentina, talvez - ele sugeriu, meio incerto.

—Argentina, então - Jerry concordou - você parte no dia do anúncio da morte, sem deixar nenhum vestígio pra trás.

—Me parece um belo de um plano! - Elvis acabou rindo, na euforia de sentir a realidade de colocar seu plano em prática, como tudo aquilo estava ficando cada vez mais sério agora.

—Fechamos nisso, então? - Jerry questionou todos ali, rezando para que eles tivessem certeza do que estavam fazendo.

—Tenho, é isso que eu quero - seu amigo declarou com convicção, olhando para Priscilla em busca de apoio.

—Vamos nessa - ela acabou concordando, também esperando que toda aquela loucura desse certo e que no fim das contas, fosse para o bem de Elvis.


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