Uma armadilha de memórias escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 5
Decisões e Possibilidades




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Depois de alguns segundos perdidos um no outro, Elvis e Priscilla se deram conta de onde estavam, que talvez aquilo não deveria ter acontecido.

—Me desculpe - ele tratou de se retratar rapidamente.

—Não, está tudo bem - ela assegurou - eu só fui pega de surpresa de repente. Eu... Elvis, eu tenho um medo genuíno do que isso pode significar.

—Me diga, por favor, não minta pra mim - ele pediu, esperando uma resposta sincera.

—Eu tenho certeza que eu ainda te amo, mas não sei se voltarmos a ficar juntos agora seria a decisão certa, eu não quero atrapalhar na sua recuperação - Priscilla confessou, um tanto emotiva.

—Não, isso não vai acontecer - ele segurou a mão dela num gesto ousado - você tem sido o motivo de eu me recuperar, eu acabei de dizer, só você me compreende e eu... ficaria honrado e grato se fosse minha esposa novamente, mas eu não quero forçá-la a nada, Cilla, você vai decidir o que quer.

—O que eu quero... - ela suspirou fundo e olhou para ele - é ficar com você de novo, só preciso que esse processo seja um pouquinho mais lento, pra ser menos assustador...

—Como você quiser - Elvis concedeu o que ela queria.

—Tem uma coisa, na verdade, que eu gostaria de perguntar - ela suspirou - você pretende... eu não sei, talvez seja cedo pra perguntar sobre isso...

—Pode dizer o que quiser - ele enfatizou mais uma vez.

—Haveria alguma possibilidade de você voltar aos palcos depois de se recuperar? - ela elaborou a pergunta - e se isso acontecesse, tudo mais que vem com sua fama e apresentações voltaria? Digo, uma rotina alucinada e seus vícios?

—Eu... Cilla, sinceramente não sei se voltaria, mas se voltasse, tudo isso que me fez mal acabaria, eu ao menos tentaria eliminar os excessos e equilibrar a minha vida, ser mais presente pra você, pra Lisa - ele declarou de forma sincera.

—Eu disse que era cedo demais pra pensar, eu não quero te atrapalhar com seu repouso - ela balançou a cabeça, tentando focar os pensamentos - podemos traçar uma meta depois de algum tempo pra isso, está bem assim?

—Me parece que você tem muitas metas, mas eu vou segui-las - mesmo brincando, Elvis falava sério.

—Obrigada - ela acabou rindo das brincadeiras dele, mas ficando séria outra vez - acho melhor eu ir embora, tivemos emoções demais por hoje.

—Eu concordo, você me deu muito o que pensar, mas eu te agradeço - Elvis fez questão de dizer - por me dar uma segunda chance.

—Tudo bem - ela assentiu - se cuida...

—Eu vou, e mande um beijo pra Lisa por mim - ele pediu.

—Claro - Priscilla prometeu com um sorriso.

Antes que pudesse se conter, acabou beijando o rosto dele em despedida, mais um sinal de esperança de que as coisas entre eles poderia ser bem melhores.

Ela chegou em casa finalmente, depois do que pareceu um percurso infinito. Todo o caminho foi trajeto com tempo suficiente para pensar no que tinha ouvido. Voltar a viver com Elvis era algo complexo demais para se pensar com pressa. Ela queria que as coisas fossem como antes, estarem felizes juntos, só não tinha todas as garantias para tal. Tinha apenas a palavra dele como garantia. Seria o suficiente? Conseguiria confiar nele? E quanto aos palcos e a frenética loucura de suas apresentações? Se voltasse para essa vida, ela o perderia outra vez? No meio de todas essas incertezas, a única coisa que sabia era que não queria sofrer outra vez. Era uma decisão difícil para um passo ousado.

E se ela quisesse se arriscar? Se estivesse disposta a apenas vivenciar o momento e não se importar com o futuro? Não, isso não, tinha sido assim da primeira vez, quando se casaram, agora ela pensava melhor nas consequências. Talvez o plano acertado fosse o que respondeu, ir devagar e, se preciso, voltar atrás novamente. Se pensasse que cada visita era um encontro, talvez a dor do passado ficasse para trás e o amor vencesse seus medos. Talvez esse fosse o caminho.

Lisa a tirou de todo aquele furacão de sentimentos, sorrindo e a abraçando.

—Como vai, meu amor? - Priscilla a respondeu, com muito carinho.

—Eu estou bem, você demorou um pouco - Lisa observou - e você está um pouco séria, mamãe, está tudo bem? Alguém te deixou triste?

—Não, eu... - ela suspirou, tentando se concentrar - eu fui ver o papai, na verdade, eu fiquei muito feliz em ver ele e ele até mandou um beijo pra você.

—Mesmo? Tenho muita saudade dele - afirmou a pequena - será que eu poderia ir vê-lo?

—Eu acho que logo você vai poder ver ele, não se preocupe, tá bom? - Priscilla avisou.

—Tudo bem - a menina concordou, esperando que isso acontecesse logo.

Lisa era um bom motivo para reatarem o relacionamento, refletiu Priscilla, aquela garotinha era o tesouro mais precioso dos dois e valia a pena fazer tudo por ela. Sem que Priscilla soubesse, Elvis pensava quase a mesma coisa.

Ele tinha vivido os últimos 30 anos feito um escravo, música era sua paixão, ser um astro o satisfazia, mas toda a manipulação e doar-se a ponto de abandonar o que mais lhe importava era o limite para ele, não sabia se era capaz disso. Por um tempo, era ótimo compartilhar seus talentos com as pessoas, mas valia a pena agradá-los enquanto ele mesmo estava infeliz? Será que agora não havia chegado o momento propício de apenas descansar? Resgatar o Elvis e deixar o rei do rock'n'roll na memória dos fãs apenas?

Quem o amava de verdade queria que ele se cuidasse, Priscilla desejava isso e por ela e por Lisa, decidiu deixar os dias de estrelato para trás.

 


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