Uma armadilha de memórias escrita por AndyWBlackstorn


Capítulo 23
Estruturas de defesa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807204/chapter/23

Lisa escondeu o pai no próprio carro, levando-o para um lugar seguro, deixando Graceland trancada para trás. Mesmo assim, o que as pessoas queriam era respostas e não sairiam dali sem elas. Longe dos curiosos, Billy e Jerry os encontraram mais tarde, avisando que passaram a última hora recusando chamadas desconhecidas e outras que atenderam, perguntando sobre o que tinham a declarar sobre as últimas notícias.

—Não tem jeito, quanto mais fugir, pior vai ser, Elvis, vamos ter que dar uma declaração, você vai ter que dar uma declaração - Jerry olhou para seu velho amigo, lamentando ter que usar sua sinceridade.

—Eu não apareço na mídia há anos, eu me esquivava de perguntas polêmicas, que tipo de declaração eu devo dar numa situação dessas? - ele levantou as perguntas, cada vez mais aflito - querem mesmo ouvir um mentiroso? Vão se sentir traídos? Vão querer me matar? 

—Talvez não chegue a tanto - Priscilla conseguiu murmurar, depois de um longo tempo calada.

—O pior que pode acontecer é te xingarem na internet - Lisa tentou ser mais prática.

—Pode ser que te processem por falsidade ideológica - Billy trouxe a questão - isso sim que me preocupa.

—Muito bem, são ideias demais, precisamos de algo mais concreto - Elvis pediu, tentando deixar o choque para trás.

—Talvez alguém de fora possa fazer algo por nós - Lisa cogitou até ter uma ideia mais clara e certeira - vou ligar para a Vanessa nos encontrar agora, um advogado deve saber o que fazer.

—Está bem, me parece algo sensato no momento, podemos começar com isso - o pai dela concordou, começando a se sentir esgotado, mesmo tendo a consciência de que coisas piores ainda estavam por vir.

Com certa paciência, esperaram que Vanessa chegasse até ali. A advogada tinha ouvido falar das notícias bombásticas, mas trabalhando para as Presleys durante os últimos anos, estava disposta a acreditar que Lisa e Priscilla poderiam esclarecer tudo calmamente. 

—Obrigada por ter vindo - Lisa a cumprimentou com certa pressa - precisamos conversar.

—Imagino que isso tenha a ver com as notícias sobre o seu pai, imagino que seja mais um caso de teoria da conspiração, não é mesmo, Lisa? - a advogada deduziu, mas vendo que havia pessoas mais alarmadas na casa, ela acabou duvidando disso.

—Dessa vez, não se trata disso - a filha do alvo acabou suspirando - o que acontece, Vanessa, durante todos esses anos é que, realmente, nós o escondemos e fingimos a morte do meu pai.

Vanessa escutou aquilo se sentindo atordoada, como se tivesse sido atingida por um objeto inesperado, mas conseguiu recuperar o fôlego, reparando logo em seguida no velho homem alto, com o olhar contido, porém desesperado. Era como uma lembrança embaçada, mas dava para ver um resquício do icônico rei do rock sobre ele.

—Elvis Presley? - a advogada balbuciou, o observando de longe - é realmente você? Digo, o senhor?

—Eu sou, eu lamento minha esposa e minha filha não terem contado para você, mas não as culpe, eu pedi para elas não contarem, tem sido um segredo de família até hoje, isso até esse tal jornalista ter nos desmascarado - ele disse de forma amarga - eu peço humildemente que você nos ajude.

—Eu... tentarei fazer o meu melhor, senhor - ela engoliu em seco, achando melhor começar a trabalhar no caso o quanto antes - acredito que não seja um caso para você se defender, ou muito menos processá-lo, temos que pensar um jeito apenas de limpar sua imagem, montar uma declaração oficial que seja convincente à mídia, e à justiça, caso seja necessário.

—Acha mesmo que a polícia ou o governo vão querer me prender? Essa possibilidade é real? - Elvis logo confessou seus medos, o que realmente estava o preocupando no momento.

—É uma possibilidade, sr. Presley, mas prometo fazer o meu melhor para defendê-lo - A advogada se comprometeu.

—Você disse sobre limpar a imagem, pensei numa declaração pública, vinda da nossa parte antes que qualquer um nos contate - Jerry avisou.

—Sim, é uma boa ideia como ponto de partida, se tivermos a palavra primeiro, nós mesmos vamos selecionar o que queremos falar - Vanessa desenvolveu a ideia - o senhor teria que se justificar, explicar de forma convincente porque se escondeu.

—Eu... - Elvis deu um longo e inesperado suspiro, se sentindo pressionado repentinamente - me desculpe, é difícil pra mim pôr em palavras assim, do nada... eu também lembrei do que eu senti na época em que decidi isso, eu... 

—Está tudo bem, sr. Presley, tome o tempo que precisar - Vanessa foi compreensiva - finja que está falando com um amigo.

—Está bem, vou tentar de novo... - ele respirou fundo - o meu talento sempre foi usado pra lucro, fosse pra mim, fosse para o Coronel, mas com certeza para o Coronel, eu fazia shows constantemente nos últimos anos, eu ficava exausto, me dopavam para dormir e para acordar, até que eu vi... eu senti na própria pele que nada mais daquilo valia a pena, minha saúde não podia pagar esse preço, eu não poderia continuar machucando as pessoas que eu amava e eu resolvi dar um basta, só que eu não era qualquer um, eu era o maior artista da época, eu tinha que sumir de forma eficaz, para me deixarem em paz, só se eu fosse um homem morto, por isso eu fiz tudo isso, pra viver em paz com a minha família, era só o que eu queria...

Não conseguindo segurar mais, Elvis se permitiu chorar, não conseguindo mais suportar as últimas horas de estresse e preocupação.

Lisa foi a primeira a lhe oferecer um abraço, preocupada com o estado dele, sentindo-o trêmulo dentro de seus braços.

Ver o homem tão alto e forte apesar da idade naquele estado deixou Vanessa comovida.

—Não se preocupe, senhor - ela se pronunciou naquele cenário emotivo, usando seu melhor tom de compreensão - eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudá-lo, eu vou montar um roteiro baseado no que me disse, nós mesmos vamos abrir a coletiva de imprensa, assim que estiver pronto.

—Obrigado por tudo - Elvis conseguiu encarar a advogada.

—Não se preocupe, as coisas vão dar certo, farei o meu melhor para isso - Vanessa tratou de garantir outra vez.

Assim, ela deixou o local, dando espaço para a família e iniciando um plano de ação imediatamente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Deixo aqui nas notas meu pesar pela perda da Lisa Marie, simplesmente não dá pra acreditar. Que ela encontre paz e que Deus conforte a família.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Uma armadilha de memórias" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.