—Oh, Érik, meu caro doce Érik. Não torture-me, anjo, com um pedido à mais se quer. Pare de sonhar, meu amor; porquê aceito ser sua esposa...

Cristine então, com suas delicadas mãozinhas, segurou o rosto desmascarado do Anjo da Música, olhando para ele com o olhar meigo que o pobre infeliz Érik nunca ao menos sonhou em ter um dia, mas assim foi. Cristine, nossa pequena e misericordiosa, nossa apaixonante Cristine, osculou a testa daquele que nas sombras chorava emocionado, logo após, num selo de amor eterno para com o Fantasma da Opera, beijou-lhe os lábios umedecidos de sonhos lúdicos e esperançosos, por fim, consagrou seu matrimônio com o homem, não mais com o Anjo ou com o Fantasma, agora, exprimia que seu compromisso era com aquele cujo no peito batia um coração, como ato de consumação romântica, Cristine beijou a face daquele que a penumbra não mais esconderia, beijou ela o próprio Érik, aonde mais exprimia a sua existência. O pobre rapaz demonstrou misericórdia e aversão de si próprio perante a amada, mas essa não o deixou se afastar, trazendo-o para junto de seu colo rúbeo de senhorita:

—Meu pobre rapaz, sou Cristine, sua serva, amante e eterna aluna. Não tema aquilo que por tanto sonhou: alguém que lhe ama. Eu te amo, oh Fantasma de meu coração- nisso ela se separou do aconchego conjugal, olhou para o fundo de seus olhos de deformidade, acariciou-lhe os temores e voltou para a profundidade das estrelas da alma-, mas nesta noite me casarei com tudo aquilo que lhe tange o ser, o gênio e o homem. Eu te amo, Érik, e prometo seguir-lhe os passos mais insignificante até os drásticos, da mesma forma que honrarei teu nome, que logo mais será também meu. Oh, Érik, nunca me amei tanto sabendo que logo mais serei uma parte do homem que amo. Você, meu querido- finalizou, assim, osculando suas duas faces e os sagrados portais da alma; vermelhos carne.

—Já é, minha Cristine. Você, amada mulher, sempre foi e será a melhor parte do mostro e a única do Anjo. Minha máscara tem seu rosto, seu canto: a minha voz.

Num abraço nupcial, de fusão da alma se torna nítido que o ponto sem volta nunca sequer houve uma, não por mais, o destino, em metálica tinta, já tinha traçado a maior história de amor de todos os tempos: Cristine e aquele que é o seu espelho.