Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves
Letícia agitou suas melenas douradas e entrou na sala com o objeto luminoso em mãos.
Do outro lado, estava o Conde Verdramungo. Seus dedos ossudos estavam cruzados na frente do rosto de pele manchada. Os cabelos grisalhos caíam pelos ombros.
Os olhos eram cavos e a boca rachada. Era um símbolo da Resistência, ele perdera toda a sua família na invasão da Força Aérea da Horda em Alfonsim. Desde esse dia, ele jurou que os faria pagar, não importando o preço pago para isso.
Letícia foi até à sua mesa e se sentou. Ele ainda continuava sendo o comandante-geral.
— Parabenizo-a por trazê-la novamente.
— Não seja hipócrita, nossas diferenças ainda não terminaram...
— Compreendo perfeitamente o motivo de vos continuar a me odiar. Entretanto, vos sabeis que ainda detenho o comando-geral da Real Força Espagíria, e temos nossas pequenas divergências, o que é normal para oposição e a situação, mas foi um grave erro este que cometeste. Mendes sabia muito bem que este magnífico poder não deveria estar longe de nossas mãos.
— Mesmo que queira usá-lo, terá que ter permissão de pelo menos mais três generais...
Ele estendeu os dedos e tomou a pedra rubra das mãos da general-brigadeiro. Letícia se levantou batendo os punhos na mesa. Verdramungo arqueou as sobrancelhas. O semblante da garota era furioso, suas veias saltaram do rosto.
— O Brigadeiro Mendes estava correto, você é só um lunático. Saiba que não foi só você que perdeu alguém nesta maldita guerra, eu também perdi um irmão. Sabe como encontramos o corpo do major Bernardo? Ele estava completamente mutilado, estava horrível. Nem eu mesmo o reconheci...
— Nosso trabalho não é humanizar os monstros, é combater os monstros. Ainda nem vimos o Monstronomicom funcionando.
— Quando encontrarmos os verdadeiros enviados de Flande, ele irá funcionar... agora, permissão para sair?
O conde dispensou-a num gesto vago. Letícia saiu batendo a porta com violência. Verdramungo era reconhecido como alguém sem escrúpulos. Seus planos haviam dado certo até aqui. A ida da urna à Flande tinha sido planejada de modo arriscada pelo brigadeiro Mendes, porém tinha sido necessária.
Agora com o seu poder, nobre artefacto, poderemos mudar o jogo.
Mendes e Verdramungo firmaram um acordo tácito e silencioso. O brigadeiro levaria a caixa até o outro Baronato, e assim resguardaria o artefacto mais poderoso de Alfonsim. O velho nobre ficaria com o comando-geral do exército alfonsino.
A joia que brilhava pulsante como um coração, tinha a aparência de um rubi-sangue. Ela era a chave-mestra do seu plano, a ignição de algo bem maior.
O conde acionou um telemago, e instantaneamente outro oficial fez continência.
— Como anda o desenvolvimento do DEM?
— Nossa operação anda à 95%, não sabemos ao certo quanto ao...
— Basta! Estas a falar demasiadamente, oficial. Se atenha ao que lhe é perguntado.
— Sim, senhor!
— Agora é hora de concluirmos nossa missão. Já temos o que precisamos, a nossa arma antimonstros está completa. Diga aos engenheiros que estou levando a Pedra Filosofal ao nosso laboratório. Ela será o coração do DEM.
Rindo sadicamente, o alquimista encerrou a transmissão pelo telemago. Se levantou e pegou a joia colocando-a no coldre que atravessava o seu peito.
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