Um Reino de Monstros Vol. 2 escrita por Caliel Alves


Capítulo 20
Capítulo 5: Semeando ventos - Parte 1




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Cora falara tão entusiasmada e passionalmente que foi impossível para o Quadro Aeroespacial das Almas de Rapina não corresponder com um brado triunfante.

Ela sentira a falta de suas sirenes. Pazuzu ordenara que as tais ficassem com Kuromaru, e usassem sem dó nem piedade a sua conjuração Miasma nos alquimistas. O seu hálito pútrido adormeceria os militares, e tanto os goblins e os orcs fariam a festa.

— Olhem para esses animais, eles não merecem piedade.

— Sim, tenente Cora!

A esfinge que perseguira Index trotou no ar e juntou-se à strix.

— Minha senhora, se me permite perguntar, onde o capitão Pazuzu está? Sua figura é necessária para aterrorizar o inimigo. Acreditamos que o mago chamado “Tell de Lisliboux” esteja com os alfonsinos e usando o tal Monstronomicom.

— Primeiro-sargento Nemeia, preocupe-se com a sua missão. O capitão Pazuzu não pode ficar tão exposto nesse momento, pois, poderia ser um alvo direto da RFE.

Eu acho que ele ficou foi com preguiça de lutar, isso sim.

A esfinge virou-se para o lado da cidade controlada pelos humanos, ela soltou um rugido furioso. O vento agitou as suas melenas cacheadas, o rosto se contorceu.

Ao longe, uma esquadra de dezenas de dirigíveis de guerra despontou na extremidade de Alfonsim. Esses aeróstatos tinham grande capacidade ofensiva e de manobra nas três dimensões, tudo graças às hélices acomodadas embaixo e nas laterais dos dirigíveis.

— Segundo-sargento Xerxes, venha aqui!

Prontamente a criatura alada atendeu o comando de Cora. Ele planou no ar e parou em frente à sua superior.

— Sim, minha senhora.

— Você ainda conseguiria identificar a criatura que estava com o livro?

— Fosfosfosfos, prontamente, senhora.

— Se o vir traga-o até mim, você será bem recompensado por isso.

O grifo com cabeça de abutre soltou mais uma das suas gargalhadas nasaladas.

— Pela glória de Sua Majestade, ATAQUEM!

Um coro de pios trovejou no ar e milhares de monstros avançaram contra os dirigíveis.

***

O general-brigadeiro que estava liderando os aeróstatos acionou um telemago e se comunicou com outro dirigível que vinha logo atrás.

— Brigadeiro Hernandes, diga-me como estão os preparativos para o nosso ataque surpresa? Não cometam nenhum erro ou correremos o risco de permitir um contra-ataque. De acordo com os últimos informes, a Infantaria das Almas de Rapina comandada por Kuromaru avança pelas ruas. O choque contra a nossa tropa secreta se dará em poucos minutos, ao que tudo indica, tudo está saindo como o planejado.

— Afirmativo, general-brigadeiro Osório. O plano de combate da general-brigadeiro Letícia está correndo bem, a nossa munição já foi alterada.

— Entendido, câmbio desligo.

Ao desativar o telemago, o bip encerrou as comunicações. Acionando outro telemago, o alquimista retirou o seu quepe e coçou a cabeça calva, depois o repôs.

Na esfera de cor alaranjada, a imagem em semitons rubros apareceu mostrando dezenas de homens trabalhando na parte da artilharia do aeróstato. Um dos alquimistas fez continência e disse com os olhos faiscando de orgulho pátrio:

— Permissão para, falar senhor?

— Permissão concedida, soldado.

— Acabamos de trocar o nosso último projétil, senhor. As ogivas estão com carga máxima.

— E quanto aos nossos escudos?

— Estão todos em 100% da sua capacidade defensiva.

— Fiquem de olho na tenente Cora. Ela é osso duro de roer. Caso ela e o maldito tengu se juntem, teremos muito trabalho.

Mais uma vez ele encerrou a transmissão. O telemago apagou-se. Ele mirou o horizonte pensativo, a estratégia organizada pela comandante era ousada.

Os dirigíveis em si eram frágeis, por isso, eram instalados escudos mágicos através de magia rúnica. Infelizmente, manter os escudos ativados por tanto tempo consumia muita energia mágica, pois a sua força era alimentada pelos próprios alquimistas.

Entretanto, nesse caso, o campo dos escudos seria expandido, ou melhor, o escudo mágico formaria uma gaiola. Os monstros seriam presos nela.

— Preocupado com algo, general-brigadeiro Osório?

— Não, piloto, ao contrário, me sinto tão bem que até poderia dançar.

Seu otimismo varreu a sala com esperança. No entanto, o militar receava estar errado.

***

— Taxa de sincronização do DEM com a Pedra Filosofal em 78,65%.

— Está demorando mais que o previsto, e quanto ao nosso poder de fogo?

— Armas prontas e equipadas, senhor!

— Ótimo, Floriano.

Num telemago em formato de cubo que flutuava no ar mostrando em seis diferentes ângulos o Deus Ex Machina, o Conde Verdramungo se comunicava com Floriano.

— A energia mágica da Pedra Filosofal está se inserindo nas configurações das magias rúnicas. Os selos estão se autorremodelando, senhor, mesmo assim quer continuar?

— Não se preocupe, Floriano. A Pedra Filosofal é a reconstrução da matéria, e por isso, ela adquire uma energia mágica incomensurável. Podemos dizer que ela é um ser senciente. É natural que um ser senciente adapte o meio em que foi colocado.

O engenheiro-chefe expirou o ar, estava indo longe demais para poder se arrepender. Outros militares estavam a sua volta preparando armas e munições. Após a destruição das Almas de Rapina, eles tentariam um golpe militar e subjugariam Alfonsim. Sentindo algo pesar em seus ombros, o jovem alquimista informou no telemago:

— Se em algum momento o senhor sentir que algo está saindo do controle, comandante Verdramungo, faça uma ejeção imediatamente...

— Parece que você está torcendo pelo fracasso desta operação?

— Não, nunca, senhor, o comandante tem minha total confiança!

— Assim espero.

Um gráfico de barras mostrava o avanço da sincronização. O objetivo era instalar o artefacto como uma fonte de energia ilimitada ao DEM. Quanto mais a porcentagem aumentava, um som metálico e uma vibração energética cobriam a atmosfera. O galpão passou a tremer como se sofresse um terremoto.

Luzes acenderam indicando alerta, e o som apenas aumentou, o telemago explodiu.

Droga, o que foi que eu criei!


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