Subia as escadas em direção ao seu apartamento pensando no que Daisy havia dito. Seria realmente tão ruim se deixar apaixonar por seu melhor amigo? Era indiscutível a atração que sentia por Jackson, as inúmeras vezes em que teve vontade de beijá-lo eram a prova por si só. Mas por que estava dando tantos passos para longe dele? Em todos os seus relacionamentos se jogou de cabeça, nunca teve dificuldade de dizer que gostava de alguém, então por que com Jackson era diferente?

Quis rir de sua situação, olhando emburrada para a porta quando percebeu que iria passar mais uma noite longe do Fuller. Sem jantar, conversas banais ou abraços no sofá até a hora de dormir. Talvez se enviasse uma mensagem dizendo para ele voltar... mas aí seria admitir que o que sentia não estava relacionado à rotina. Ela preferia passar mais uma semana com ele longe do que ver aquele sorriso irritantemente convencido no rosto de seu amigo. Ele nunca a deixaria ver o fim disso. Abriu a porta, logo a fechando atrás de si antes de notar o aroma de carne e algo a mais inundando o ambiente. Piscou confusa, girando em seus pés para dar de cara com um Jackson Fuller visivelmente animado apoiado na bancada da cozinha.

Naquele momento se sentiu bem novamente. Um sorriso abriu caminho em seu rosto enquanto observava os olhos brilhantes de seu melhor amigo. Deixou a bolsa deslizar de seu ombro rumo ao chão, mal pensado quando seus passos em direção à ele eram tão rápidos quanto as batidas de seu coração. Em poucos segundos foi envolvida em um abraço forte, o rosto dele enterrado em seu pescoço enquanto a mão dela fazia carinho nos fios castanhos da nuca dele. Inspirou feliz o cheiro amadeirado de seu perfume, rindo quando sentiu um beijo no espaço abaixo de sua orelha, tão suave que a provocou cócegas.

— Ramona...

— Eu sei.

O interrompeu carinhosamente, se afastando um pouco para segurar o rosto dele entre suas mãos. Era hora de jogar a cautela ao vento. Jackson a encarou com tanto carinho que a fez ficar ligeiramente tonta. Nunca tinha notado a forma como ele a olhava, com admiração e algo mais que estava muito receosa para identificar. Acaricou a bochecha dele com o polegar, descendo o carinho para seus lábios e queixo. O Fuller piscou levemente perdido, o olhar descendo para os seus lábios antes de subir para seus olhos em uma pergunta silenciosa que carregou o ambiente de tensão.

Assentiu brevemente, logo tendo seus lábios cobertos pelos dele. Ofegou surpresa com o contato urgente, suas bocas se moldando perfeitamente enquanto se inclinava para aumentar o contato e aprofundar o beijo. As mãos de Jackson apertavam sua cintura, a puxando para mais perto enquanto a girava para ficar de costas para o balcão. Ramona se perdeu no contato, o puxando pela nuca a fim de mudar de ângulo e ter mais dele. As mãos que passeavam por seu corpo deixavam um rastro quente que a provocava inúmeras sensações. Quando o sentiu levanta-la pelas coxas, rodeou a cintura dele com suas pernas, se afastando brevemente para puxar sua blusa pela cabeça. Jackson se encontrava ofegante enquanto encarava a extensão do seu corpo.

— Você é linda. - declarou em um murmúrio beirando a adoração. - Linda de tantas maneiras, Ramona. E eu senti tanto a sua falta que parece surreal.  

Ramona sentiu suas bochechas esquentarem e um sorriso bobo dominar seu rosto. Riu do estado dele, ainda hipnotizado e com um certo receio de tocá-la. Jackson inclinou a cabeça, observando com curiosidade os fios escuros que caíam sobre seus ombros.

— Você cortou o cabelo?

Franziu levemente a testa, puxando alguns fios para a luz, não observando mudança alguma.

— Não. - estreitou os olhos para ele. - Por quê? 

— Por nada. - respondeu rapidamente, tentando voltar a beijá-la.

Ramona o impediu, o empurrando para trás com uma mão quando notou a afinação em sua voz. Jackson era um péssimo mentiroso e sempre seria. Mais um motivo para evitar ligações em família enquanto eles estivessem naquela situação.

— Por que, Fuller? - insistiu, sabia que ele queria falar algo a mais.

Jackson suspirou alto, dando de ombros ao dizer:

— Está menos, só isso.

— Meu cabelo está caindo, não precisa frisar isso. - respondeu quando ele pegou outra mecha entre os dedos.

— Como eu iria adivinhar? Mas talvez você devesse cortar mesmo. - aconselhou, franzindo o nariz quando puxou os dedos e veio dois fios enrolados neles. 

Bufou alto, tentando empurrá-lo pelos ombros para longe.

— E você deveria dar aulas de como acabar com um clima.

— Ei! - a impediu de sair da bancada, rindo enquanto ela o encarava irritada. - Mulher mais incrível do mundo. - declarou, apertando sua cintura. - Minha melhor amiga. - disse, beijando seu ombro e subindo pela lateral do pescoço. - Minha paixão.

Riu quando sentiu cócegas por onde os lábios deles se arrastavam.

— Você é tão...

— Incrível? - indagou, beijando a ponta de seu nariz, sua testa e suas bochechas em seguida.

— Bobo. - sussurrou, sorrindo amplamente antes de puxá-lo novamente para um beijo lento e profundo. - Muito bobo.

— Mas... sou seu bobo. - declarou entre os beijos. - Seu.

Aquela frase era tão clichê, tão brega que ela não conteve o riso. Mas ao mesmo tempo era tão Jackson que chegava a ser confortável.

— Ah, você não vai me escutar dizendo que é meu. - declarou, torcendo o nariz e rindo quando ele começou a se afastar do balcão ainda a segurando. - O que estamos fazendo, Jackson? - perguntou em um murmúrio, o rosto enterrado no pescoço dele.

— Estamos apenas sendo nós, Ramona.  - respondeu suavemente, abrindo a porta do quarto e a deitando na cama. 

— Sem rotina?

— Ah, mas podemos transformar tudo isso em uma ótima rotina. - falou, sorrindo maliciosamente enquanto retirava a própria blusa.

Rindo, o estapeou levemente no braço. Mordendo o lábio enquanto o encarava. O cabelo bagunçado, os lábios inchados, a sombra de uma barba por fazer sendo iluminada pela luz que vinha da rua; Jackson estava... lindo e o sorriso que nunca deixava seu rosto fazia o coração de Ramona esquentar. 

— Até que não discordo.

— Você ainda está duvidando? - indagou em falso choque, pousando o corpo sobre o dela. - Ramona Gibbler, o que preciso fazer para você acreditar que vou ficar?

Não muito. Quis dizer, mas apenas o encarou sem fala por alguns segundos. Tão de perto podia notar o quão castanho eram os olhos dele, em um marrom imensamente profundo que a sugava sem resistência. Se forçou a voltar para o presente, levando uma mão ao rosto de seu amigo, melhor amigo, enquanto falava:

— Eu... não sei. Mas o que tenho certeza é que isso é certo. - garantiu após ver um flash de medo em seus olhos. - Nós dois somos certos. - puxou seu rosto para mais perto, beijando a ponta de seu nariz como ele havia feito com ela mais cedo.

Jackson riu suavemente, uma risada surpresa e encantada.

— Quem pensou que você seria tão romântica?

Revirou os olhos para o tom jocoso.

— Nada vai superar o meu nome como sua beneficiária do seguro.

— Na verdade você não está lá, não possuímos nenhum parentesco para isso. - falou, deixando o peso de seu corpo cair sobre o dela, mas rapidamente os girando para que ela ficasse por cima. - Sinto muito decepcionar você, amor.

Piscou levemente tonta pela mudança rápida de posição, cruzando os braços sobre o peito dele para apoiar o queixo, torceu a boca minimamente ao falar:. 

— Eu vou superar.

— Quem sabe quando nos...

— Não termine essa frase. - o impediu de continuar falando, sabia exatamente para onde estava indo a mente do Fuller e se ele abrisse a boca iria ser um grande desastre. - Estamos indo muito bem agora para você estragar tudo.

Ele retirou a mão dela de sua boca, rindo abertamente da expressão alarmada que Ramona tinha certeza que ainda estava presa em seu rosto.

— Eu ia dizer quando estivermos estabelecidos. - deixou claro, piscando um olho para ela saber que sim, ele estava mentindo. - O que você pensou que eu iria falar?

— Nada. - resmungou, tentando sair de cima dele, mas sendo impedida quando ele a prendeu pela cintura.

Os olhos de Jackson brilhavam em diversão e ela queria bater nele na mesma intensidade que sentia vontade de beijá-lo. 

— Oh, você já está escutando os sinos da igreja? - cantarolou, rindo quando ela tentou acertar um tapa em sua cabeça. - Ramona Gibbler, me sinto extremamente apaixonado por você agora.

— Não seja idiota. - reclamou, apesar do sorriso que tentava crescer em seu rosto. Resolveu mudar de assunto. - Agora vamos jantar.

A cara de decepção que caiu sobre Jackson a fez tentar segurar a gargalhada que borbulhava em seu peito.

— Mas...

— Você acabou com o clima, cariño. - informou solene, aproveitando o momento de perturbação dele para sair de seu braços. Pegou a camisa do Fuller que estava jogada no chão e a acertou no rosto dele. - Agora eu estou com fome.

Saiu do quarto sem olhar para trás, mal dando um passo para fora quando escutou um resmungo bem humorado que a fez rir alto.

— Você é inacreditável.

Quando escutou os passos apressados atrás dela, soltou uma gargalhada enquanto corria com Jackson em seu encalço. Suas risadas se mesclando pelo pequeno apartamento.

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Franzindo a testa em concentração, Ramona balançava o pé esquerdo enquanto tentava focar toda a sua energia no aquário colorido que fazia parte do escritório de Dina, a gerente do RH. Sabia o motivo de ter sido chamada naquela manhã de sua folga, não existia qualquer outra razão no mundo para que Dina a ligasse pessoalmente, com uma voz extremamente doce, a pedindo para dar uma passada rápida na empresa. Soltou o ar lentamente pela boca, um leve nervosismo tomava seu corpo, sua mente se encontrava preparada há semanas para a eminente demissão. Torceu a boca em desagrado, se iriam expulsá-la dali, podiam ao menos ter alguma consideração e não a deixarem perder um dia de sol raro na cidade.

Jackson estava esperando por ela no saguão, teve que contar sobre seus problemas no trabalho, até porque Dina havia ligado enquanto eles estavam fazendo compras em uma feira perto de seu novo apartamento. O Fuller insistiu que eles precisavam se acostumar com a vizinhança antes da mudança oficial e que o melhor seria iniciar uma exploração. Por Ramona eles teriam passado o dia deitados na cama, aproveitando a companhia do outro e dormindo a vontade. Piscou lentamente quando sentiu outro bocejo a sacudir, nos últimos dias estava imensamente cansada. O trabalho que ainda possuía até a semana passada tinha sido aumentado e nas horas vagas ela estava indo atrás de outras oportunidades, fazendo entrevistas em escolas que talvez só a contratassem no próximo ano.

Cobrindo a boca quando outro bocejou a escapou, observou Dina entrar na sala com um sorriso de desculpas. Tentou retribuir, mas estava sem energia e apenas acenou com a cabeça em reconhecimento. A mulher mais baixa puxou a cadeira acolchoada do outro lado da mesa de metal e sentou-se com uma calma que estava começando a irritar a Gibbler. Dina puxou seus fios escuros em um coque bagunçado, batendo as palmas das mãos enquanto abria um enorme sorriso.

— Ramona Gibbler, é um prazer ter você nessa sala novamente. 

Arqueou uma sobrancelha enquanto inclinava levemente a cabeça em descrença. Teria que dar mais crédito à Dina, ela não vacilou diante de sua expressão.

— Podemos ir direto ao ponto, Dina, por favor?

— Ah, senhorita Gibbler, só estou tentando construir um ambiente mais acolhedor para poder lhe informar a decisão da senhora Levitt. - falou em um tom solene. - Somos uma empresa que presa pelo bem-estar de seus funcionários, tanto os antigos quanto os novos. E espero que possamos conversar calmamente sobre o assunto que a traz aqui nesse sábado.

— Que no caso é a minha demissão, estou certa? - indagou resignada, notando as bochechas de sua ex supervisora se tornarem avermelhadas. - Já estava me preparando para essa decisão há algum tempo, Dina.

— É visível, Ramona. - comentou delicada, o sorriso educado dando lugar a um condescendente. - Mas vamos para a parte burocrática, não quero prendê-la ainda mais.  

— Agradeço sua consideração. - tentou impedir seu tom de soar sarcástico, se Dina percebeu, fingiu muito bem.

A mulher sorriu para ela antes de começar a digitar no computador enquanto falava sobre seus direitos e como se daria seu desligamento da empresa. Ramona concordou em alguns pontos e discutou quando lhe foi informado o valor de sua remuneração. Ela trabalhou muito, ficando até tarde em muitos dias apenas para ajudar sua antiga chefe. Ela fazia tudo porque gostava de seu trabalho e se sentia reconhecida, mas pelo visto era apenas aparentemente e quando saiu da sala, bufou indignada em alto e bom som para Dina escutar. Revirou os olhos quando escutou a risadinha dela, caminhando apressada em direção ao saguão após fechar a porta com o máximo de cuidado que fingia ter.

— Nos veremos amanhã?

Continuou andando quando escutou a voz irritante ao passar por um corredor. Infelizmente, como sempre acontecia, Liam não se distanciou e continuou a segui-la.

— Só para informar, agora que não trabalho aqui, posso muito bem denunciar você por assédio.

— Caramba, Ramona. O que eu já disse sobre essa palavra?

Sorriu satisfeita ao ver o quanto ele estava desconfortável, olhando ao redor como se a qualquer momento alguém fosse aparecer. Ele sabia muito bem que ela não pensaria duas vezes em seguir em frente com uma denúncia, afinal, seu emprego não estava mais em risco. O deu as costas quando ficou claro o quão covarde Liam era. Aquele cara nunca a enfrentaria no meio do corredor, ele esperaria ela estar sozinha em uma sala para tentar aterroriza-la. Era um idiota e a Gibbler tinha certeza de que ele iria ter o que merecia quando a hora chegasse. Esperava e torcia fervorosamente para que sim.

De cabeça erguida, se despediu de alguns colegas que encontrou pelo caminho. Sorrindo despreocupada para as perguntas sobre o que iria fazer agora que estava desempregada, "Tirar um tempo para me conhecer" era a sua resposta padrão, e tentar impedir as caretas de impaciência para aqueles que diziam que sentiam muito por sua perda. Ela havia sido despedida não perdido a chance da sua vida. Se desvencilhou deles o mais rapidamente possível, praticamente correndo para longe quando viu seus colegas mais inconvenientes aparecerem. Aquela empresa estava com muitos funcionários para o próprio bem.

— Então, como foi?

Deu de ombros para a pergunta de Jackson quando chegou ao saguão, cantarolando satisfeita quando sentiu os braços dele rodea-la. Apoiou o queixo no ombro do Fuller, fechando os olhos enquanto o abraçava mais forte. O contato fez as batidas aceleradas de seu coração darem um descanso, inclinou a cabeça para que estivesse apoiada à dele. Inspirou fundo o suave cheiro do shampoo que ele havia usado para lavar o cabelo naquela manhã, uma mistura de jasmim com coco comprovando que Jackson havia sim misturado o seu shampoo caro com o dele. O apertou mais forte mais uma vez antes de solta-lo, abrindo um pequeno espaço entre eles que não aumentou por conta do Fuller não ter soltado a sua cintura.

— Tudo bem?

Sorriu levemente ao notar a preocupação nos olhos castanhos. Assentiu mais uma vez antes de beijá-lo suavemente nos lábios, não queria falar sobre... tudo o que estava em sua mente naquele momento, não queria chorar no saguão de seu antigo emprego. Então, respirou fundo, endireitou os ombros e separou seu corpo do dele.

— Vamos tomar sorvete. - decidiu, pegando sua mão e entrelaçando seus dedos antes de começar a puxá-lo para a saída.

— Tudo bem. - Jackson concordou enquanto saíam do estúdio, mas logo a girou para o lado contrário ao qual ela os estava levando. - Mas primeiro temos que escolher uma televisão. Não vou morar em outro lugar que não dê para jogar videogame.

— Certo, mas eu quero uma cafeteira nova. A nossa está fazendo um café com gosto de meia velha.

— Está? - perguntou confuso. - Eu não uso ela já tem um tempo.

— Está horrível. - sentiu um gosto horrível na boca ao lembrar. 

— Tentou vender para a senhora dos gatos no fim do corredor? Ela adora comprar coisas velhas.

— Eu não vou vender uma cafeteria que não presta, Jackson. Ela pode me processar por causa disso e não tenho dinheiro pra pagar nem um burrito quem dirá uma multa.

— Ela não sente gosto de nada, qualquer coisa é só falar que é um produto importado.

— Vejo que os anos com a Rocki fizeram efeito. - declarou enquanto ele ria. - Mas mudando de assunto, você falou com o Max?

Jackson suspirou alto, apertando a mão dela enquanto desciam os degraus da praça que ficava na esquina do estúdio. 

— Ele não me diz o que está acontecendo, mas é algo sério porque da última vez que eu liguei ele estava escutando as mesmas músicas tristes dos anos 90 de sempre. - informou, bufando em um claro carinho que a fez sorrir. - Aquela velha alma.

— E a DJ?

— Mamãe diz que ele não fala nada, ela até pediu pra gente dar uma passada lá esse fim de ano pro dia de Ação de graças. Eu disse que não. - garantiu rápido, rindo quando ela parou de balançar a cabeça em negação.

— Eu amo eles, mas aqui está tudo muito...

— Doido?

— Eu ia dizer complicado, mas está mesmo uma loucura.

— Já falou que foi demitida pra alguém? Passando de assalariada para desempregada?

— Sutileza não é mesmo o seu forte. - resmungou, o empurrando com o ombro quando ele riu. - E não, ninguém de casa sabe e nem vai saber.

— Minha boca é um túmulo. - afirmou, fechando a boca com um gesto de um zíper imaginário.

Estreitou os olhos em ameaça enquanto passava para caminhar à frente dele.

— É bom mesmo porque se não ela não vai mais encostar na minha. 

— Que mulher malvada.

Riu alto quando ele a abraçou por trás, beijando seu pescoço enquanto saíam do parque.

— Agora vamos, temos muito o que fazer se quisermos estar na nova casa ainda hoje. 

Entrelaçou novamente suas mãos quando caminharam em direção à uma estação de metrô. Jackson sorriu animado quando passaram em frente a uma loja de brinquedos, comentando distraído:

— Falta pouco agora, apenas alguns eletrodomésticos e novas colchas de cama.

Revirou os olhos quando o sentiu puxá-la em direção à loja, o puxando mais forte para voltar a caminhar para frente. Eles não iriam comprar outro avião de brinquedo. O último se encontrava preso no alto de uma árvore do parque e havia custado um pedaço de um rim.

— Sua mãe enviou uma coleção nova no outro dia. - a lembrou.

Concordou com um movimento de cabeça, eram dois conjuntos lindos e macios que seriam ótimos para as suas longas sonecas.

— Para uma cama de casal, agora temos duas, amor.

Sorriu irônica ao usar o apelido. Jackson estava insistindo que ela também deveria usar nomes carinhosos para se referir à ele. A lista proposta pelo Fuller era no mínimo desconcertante e possuía nomes que Ramona Gibbler nunca iria pronunciar em voz alta. Foi puxada de volta pela gargalhada dele.

— Você fala como se fôssemos usar a do quarto de hóspedes.

— Argh, não deixe o Max escutar você falando isso. - pediu, torcendo o nariz ao lembrar das provocações de seu amigo. - Ele já reivindicou aquele quarto... e desde quando temos uma quarto compartilhado?

— Alerta de spoiler, já faz quase dois meses, querida. - declarou rindo, apertando o nariz franzido dela.

Ramona o estapeou na mão, resolvendo não prolongar o assunto já que Jackson estava certo. Mas ela não tinha nada com que discordar, adorava dormir e acordar ao lado do seu melhor amigo. Deixou toda a situação em que estavam um pouco melhor, principalmente quando estava a um ponto de se desesperar por não ter um retorno positivo em suas entrevistas. Soltando um suave suspiro, resolveu se deixar ser puxada para uma loja de eletrônicos que Jackson encontrou pelo caminho. Ocupar sua mente por algumas horas a livraria do surto que esperava que não aparecesse tão cedo.