Ana escrita por senhorita


Capítulo 1
Ana


Notas iniciais do capítulo

O texto a seguir pode ter um final diferente para cada um que o ler.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/807073/chapter/1

Ana desceu do ônibus lotado sentindo o peso do mundo em suas costas. 

No ombro trazia a mochila, cheia de sonhos e material da escola na qual havia começado a trabalhar há pouco tempo. Os livros e o caderno pesavam, mas ela pensava que tudo aquilo valia a pena diante do seu sonho de ser professora. 

No rosto trazia o suor e o cansaço que haviam se acumulado ao longo do dia quente. Trazia também a máscara, que há mais de um ano fazia parte da sua rotina diária, medida de segurança que ela não podia se dar ao luxo de abandonar.  

Ana olhou para os dois lados antes de atravessar a rua, sentiu a mochila bater contra as suas costas quando correu para chegar ao outro lado e se apressar para chegar em casa. Já passava das sete horas da noite e ela demoraria mais de 10 minutos para finalmente estar na segurança de seu lar. Ainda teria que ajudar a irmã com as atividades da escola e preparar o almoço do dia seguinte. 

Foi perdida nesses pensamentos que Ana viu a figura se mover maliciosa, iluminada pela meia luz de um poste. No susto causado por aquela forma masculina, ela parou por alguns segundos antes de retomar a caminhada, sentindo, agora, seu coração martelar contra as suas costas. 

O homem desejou boa noite quando ela passou apressada por ele, sua voz saiu rouca e trêmula em uma resposta rápida e desajeitada. Não era comum ter pessoas naquela rua àquela hora. Às 19h as pessoas estavam em casa com suas famílias, as raras exceções eram pessoas como Ana, chegando tarde do trabalho depois de perder o primeiro ônibus. 

A moça não olhou para o homem quando passou por ele. Não notou a roupa que ele usava, desejava apenas que fosse uma pessoa qualquer, esperando um parente qualquer. Mas esse pensamento fugiu quando ela escutou os passos do homem. Ana sabia de histórias sobre mulheres sendo encontradas por desconhecidos, Ela conhecia os sussurros de medo e vergonha compartilhados em segredos por.

A moça não sabia o que esperar de um desconhecido no escuro. Ela não sabia se dali poderia vir uma rosa ou um espinho. Se viria um tapa ou um carinho. Por isso continuou caminhando um pouco mais rápido, sentindo as pernas doerem por causa do esforço e escutando os passos atrás dela. Ele estava muito perto?  Ele poderia alcançá-la com facilidade? Ele poderia puxar o seu cabelo e jogá-la contra o chão? E, caso ele fizesse isso, o que ela poderia fazer?  Gritaria para ser ouvida?  Usaria uma pedra como arma para abrir um machucado na  cabeça dele? 

Ana não sabia. Ana não pensou nisso quando saiu de casa naquela tarde para trabalhar. Ana pensou apenas em sua aula.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ana" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.