P.O.V Da Jade

— Se você não o convidar, eu mesma irei falar para ele! - Tori ameaçou.

— Você não é louca, Vega! - A encarei.

— Duvida? OH, BECK! - Ela gritou fazendo menção de correr para fora do quarto.

Fui mais rápida, pulei em cima dela e nós duas caímos rolando pelo chão acarpetado do seu quarto.

— Não ouse contar para ele, eu não quero ter que arrancar a sua língua. - Avisei.

— Qual é, Jay? Já faz 6 anos que você tá nessa... É só chegar nele e o chamar para sair, simples assim. Agora saia de cima de mim, você é pesada! - Me empurrou.

Eu até hoje nem sei porque virei melhor amiga dessa garota. Somos opostas uma da outra e Victoria Vega me tira do sério.

— Não é tão simples assim não, tenho medo dele rir da minha cara e me dá um fora, seria humilhante demais. - Justifiquei.

— Ele não seria louco, para de ser besta. Você é linda, interessante e inteligente, tem muitos meninos da nossa escola que são loucos por você, bobinha. - Me cutucou.

Ficamos ali sentadas no seu tapete lilás felpudo.

— Só fala isso porque namora o garoto mais legal do colégio e foi fácil você conquistar ele, o Harris já se rastejava aos seus pés desde os 10 anos. Minha situação é diferente. - Falei e ela sorriu.

— Não complique as coisas, acho que todo mundo sabe que você é a fim do meu meio-irmão. - Beck Oliver era filho do seu padrasto.

— Todo mundo, menos ele... - Senti meu rosto arder.

— Então, deixa que eu resolvo isso. - Levantou decidida.

— Não! - Me agarrei às suas pernas compridas.

— Solta, não temos mais 11 anos... Aja como uma garota de 17 anos, meu bem. - Ela queria ir falar com o Oliver.

— Se contar para ele que eu gosto dele, eu nunca mais falo com você! - A soltei e levantei, ficamos cara a cara.

Tori revirou os olhos.

— Sério isso? Desde quando você ficou tão infantil? Credo! - Cruzou os braços.

— Vega, tô falando sério! - Sustentei o seu olhar.

Ela acabou rindo.

— Tá bom, sua chata. Mas você precisa agir logo e tomar alguma atitude, o André tá querendo apresentar uma prima dele para o Beck. - Me alertou.

— É sério? - Fiquei alarmada.

— É sim, e se ficar aí de braços cruzados, a tal de Angela vai fisgar o seu Crush. - Não parecia estar brincando.

— Que merda. - Resmunguei.

— Agora vamos descer e preparar um lanche, depois eu quero arrumar as suas unhas. - Me puxou.

Quando descemos, meu coração logo disparou, Beck estava na sala procurando um canal, ele amava séries e filmes de ação.

— Diga Oi para a Jade, seu mal-educado distraído! - Tori tacou uma almofada nele.

Senti vontade de cavar um buraco e afundar a cabeça.

— Ah, e aí, Jade? Cê tá bem? - Virou para mim e abriu um sorrisinho.

— Sim. - Respondi sorrindo feito uma idiota.

— A Jade quer que você dê uma olhada no celular dela, é que ela baixou um aplicativo que você usa e não sabe mexer nele. Dá uma forcinha para ela enquanto eu preparo lanches para nós! - Me empurrou pra cima dele.

Naquele momento, eu quis esganar a maluca.

— Pode sentar aqui, o que você baixou? - Perguntou sendo prestativo.

— É... - Busquei na mente algum aplicativo que eu havia baixado recentemente. - Baixei um editor de vídeos... - Desbloqueei meu celular e sentei ao seu lado.

Ele chegou mais perto para ver e eu quase desmaiei.

— Oh, esse é ótimo. - Disse quando acessei o aplicativo.

Fingi que não sabia mexer no editor.

A Tori iria me pagar.

— Que tipo de vídeo você gosta de editar? Posso? - Pediu para pegar meu celular.

— Claro. - Por sorte não gaguejei.

— Vídeos curtos... É que eu gosto de postar teasers. - Não era mentira.

— Dahora, tô ligado que cê tem perfil no Horror Station.— Era uma rede social para fãs de terror.

— A Tori te falou? - Aquela línguaruda.

— Não, eu também tenho um perfil lá. - Então, aqui têm várias ferramentas legais para você usar... - Depois não ouvi mais nada.

Eu estava encantada com sua beleza, ele era mais lindo de perto e acabei ficando inebriada com o seu perfume.

— Posso adicionar você no Snapchat? - Perguntou.

— O quê? - Pisquei.

— Se eu posso adicionar você no Snapchat...

— Claro que pode! - Soei animada demais.

Passei o meu user e o adicionei de volta.

— Legal... Você entendeu como se usa o editor ou quer que eu explique com mais detalhes? - Indagou sendo gentil.

— Entendi sim. Muito obrigada. - Agradeci depressa.

Ele devolveu meu celular e eu levantei.

— Vou ajudar a Tori, ela é muito lerda... - Eu fui para a cozinha quase correndo.

— E aí? - A louca sorriu maliciosa.

— Ele me adicionou no Snap. — Contei.

Ela gritou surtando.

— O que tá rolando aqui? Vocês estão bem? - Beck chegou na cozinha afobado e todo preocupado.

— A coitada se queimou com a sanduicheira. - Menti.

Tori fingiu assoprar os dedos.

— Tá bem, mana? Deixa eu ver? - Eles cresceram juntos e ele era um amor com ela.

— Não foi nada demais, volta para a sala e coloca um filme legal. - Ela o mandou voltar.

— Ele não existe... - Suspirei quando ele já tinha ido embora.

— Ele não é nenhum príncipe encantado, eu nem sei o que tanto vê nele. - Implicou de brincadeira.

— Ah, cala a boca! - Bati no seu braço.

[...]

Oliver28Z on:

"Hey!"

Recebi uma notificação do Snapchat.

Meu coração disparou quando abri o aplicativo e vi que o Oliver estava online.

"Hey!"

Respondi sua mensagem imediatamente.

"Como cê tá"?

"Estou bem e você?"

"Já tem planos para hoje à noite?"

Não acreditei no que acabei de ler.

"Tem maratona de AHS hoje às 20h."

"Então vai ficar em casa assistindo e nem vai me convidar? Eu gosto de AHS."

Oh, meu Deus... Isso tá mesmo acontecendo?

"Você pode vir, será bem-vindo."

"Ou prefere sair comigo? Você escolhe. E se ainda tiver a fim de maratonar AHS, eu chego aí por volta das 19h:50min."

Achei que fosse infartar... Meu coração até falhou duas ou três batidas.

Beck Oliver estava mesmo me chamando para sair?

"Tipo um encontro?"

Merda... Enviei, agora foi.

Senti vontade de roer as unhas, minhas mãos começaram a tremer.

Ele era o único garoto no mundo que me fazia sentir um turbilhões de sentimentos.

"Que horas eu te pego?"

Agora sim vou infartar... Calma, West, respira fundo.

"Às 18h."

Respondi... Chequei as horas e já eram 17h:15min.

Eu pulei da cama, saí do Snap e fui tomar banho.

Ainda bem que eu havia lavado o cabelo no dia anterior.

Nem tive tempo de contar para a Tori, simplesmente me enfiei debaixo do chuveiro usando touca de banho após me despir às pressas.

Será que Beck contou que sairia comigo?

Após o banho rápido, hidratei meu corpo e fui vasculhar meu guarda-roupa que estava uma bagunça.

— Que droga! - Resmunguei.

Eu tinha um encontro e não tinha nenhuma roupa ideal para vestir.

— Merda, merda, merda! - Revirei tudo e joguei as roupas em cima da cama.

Nunca achei que surtaria como as garotas que eu costumava julgar e isto inclui a minha melhor amiga.

Mas eu tinha um encontro com o meu Crush.

Tudo que eu nutria por ele já durava 6 anos.

Me vesti com as melhores roupas que achei, eu estava tão nervosa e ansiosa, fiz uma maquiagem que até ficou aceitável, soltei meu cabelo que caiu ondulado do jeito que eu gostava.

Gostei do resultado após me aprontar.

Chequei as horas novamente.

18h:05min...

Desci a escada quase correndo, meus pais e meu irmão caçula não estavam em casa, tinham ido visitar meus avós paternos em San Diego.

Fiquei na sala quase cavando um buraco de tanto circular enquanto aguardava o Oliver.

— Não acredito... Fui trollada. - Senti vontade de chorar.

Tudo foi uma brincadeira de mau gosto?

Já se passava das 20h da noite, e eu estava ali plantada.

Me assustei com o barulho de buzinas, levantei e corri para abrir a porta, as buzinadas vinham do belo Mustang prateado com listras azuis.

— DESCULPA PELO ATRASO! - Gritou saindo do carro.

Todos os sentimentos ruins que eu sentia uns 5 minutos antes evaporaram...

Estava lindo, todo estiloso, com aquele jeito de Bad Boy, tão sexy.

Fui até ele que mantinha a porta do carro aberta para mim.

— Achei que havia me trollado. - Fui franca com ele.

— Não foi culpa minha, foi culpa do Trovão aqui. - Apontou para o carro.

— Seu carro se chama Trovão? - Ri.

— Nome meio idiota, né? - Passou a mão na nuca sem jeito.

— É bonitinho... - Sorri.

— Vamos? - Chamou.

Adentrei o Mustang, ele fechou a porta e deu a volta indo ocupar o banco de motorista.

Sem elogios.

Ele não devia me achar bonita mesmo...

— Para onde vamos? - Coloquei o cinto de segurança.

— Você escolhe. - Ligou o automóvel.

— Apenas me surpreenda. - Arranquei um sorriso dele.

— Como quiser. - Deu de ombros.

[...]

Universal Studios Hollywood.

Olhei para a entrada do famoso parque temático.

Eu nunca tinha o visitado.

— Vou à bilheteria. - Se afastou e eu apenas fiquei ali encostada no seu Mustang.

Nunca achei que nosso primeiro encontro fosse num parque de diversão... O que era até clichê.

Mas eu não me importava, eu só queria curtir a companhia dele.

Ele retornou com nossos ingressos e um rolo de Tickets personalizados que davam acesso às atrações.

— Vamos nessa! - Passou um dos braços ao meu redor.

A minha ficha ainda não tinha caído.

Eu estava ali literalmente nos braços do meu Crush de infância.

Fiquei pasma quando entramos no parque... Era a coisa mais impressionante.

— Gosta de The Simpsons? - Perguntou.

— Um pouco... - Fui sincera.

— Quer visitar Springfield? - Indagou sorrindo.

— Claro. - Concordei.

Havia muitas atrações divertidas e incríveis.

Fomos ao famoso centro de Springfield desfrutar dos cenários e ele me puxou para tirar selfies.

Tori com certeza iria surtar.

Sua mão direita pousou na minha cintura, ele juntou nossos rostos.

— Sorria. - Pediu.

Naquele instante olhei para ele e devo ter saído nas fotos babando feito uma idiota admirando a sua beleza.

[...]

— Minions idiotas! - Caiu na gargalhada.

— Não acredito que você fez aquilo... - Ofeguei e nos abaixamos.

Era para ter sido apenas uma foto com os anões fantasiados de Minions.

Estávamos nos escondendo dos baixinhos raivosos.

Depois que saímos de Springfield, fomos ver o mundo dos Minions e o Oliver aprontou uma com aquelas criaturinhas que eram anões trabalhando no parque.

— Mas foi engraçado, né? - Estávamos atrás de uma tenda onde vendia bichinhos de pelúcia.

Ele havia assustado os Minions colocando um áudio de dinossauro feroz no último volume do celular.

Os anões ficaram bravos e correram atrás de nós nos xingando.

O parque fechava às 22h.

— Tá com fome? - Levantou e estendeu as mãos, aceitei levantando com sua ajuda.

Ele me levou para tomar sorvete e comer cachorro-quente, ali vendia pipoca doce e todo tipo de guloseima personalizada com formato de personagens.

Oliver comprou pirulitos do Gru.

Nunca achei que ele fosse tão divertido.

— Aí o André ficou preso na Roda-Gigante com a Tori quando o brinquedo parou de funcionar do nada, eles ficaram 3 horas ali até os técnicos consertarem, por isso que ela tem pavor de Roda-Gigante até hoje. - Contou algo que eu não sabia.

— Nossa! - Exclamei surpresa.

— O André fez xixi nas calças. - Riu.

Sua risada era mesmo contagiante.

Ri também imaginando o sufoco que minha amiga e o namorado enfrentaram.

— Mas então... Por quê aceitou sair comigo? - Mudou de assunto.

Desviei o olhar, envergonhada.

— Eu que te pergunto... Por quê me chamou para sair? - Tomei coragem e indaguei.

— Porque... Porque... Porque... - Não sabia o que responder.

— Foi a sua irmã, né? - Só podia ter sido a Tori. - Ela te pagou ou te chantageou? - Questionei.

— O quê? Não! Eu sou a fim de você já faz um tempão e decidi tomar coragem... Achei até que iria levar um fora, fiquei surpreso quando topou vir nesse encontro. - Confessou em disparada.

— Quê? - Fiquei completamente chocada. - Você gosta de mim? - Quase gritei.

— Sério que você nunca percebeu? - Vi que ele ficou sem jeito.

— Não... - Como eu ia saber? - Você é o meu Crush desde os meus 11 anos. - Admiti.

— Uou! - Arregalou os olhos.

— Achei que nunca me notaria, como nunca percebeu que eu gostava de você? - O encarei mesmo estando com vergonha.

— Não sei... Mas eu também gosto de você. Te acho muito linda e interessante. Você é o tipo de garota inesquecível, nunca passa despercebida, tem personalidade e claro, tem os olhos mais lindos do mundo. - Me elogiou.

Eu queria gritar e dar pulinhos, me segurei e o dei meu melhor sorriso.

— Obrigada. - Agradeci.

— Posso te beijar agora? - Se aproximou.

— Achei que nunca pediria. - Rimos.

Beck me puxou pela cintura e tomou meus lábios num beijo calmo e eu amoleci em seus braços.

Eu nunca havia sido beijada daquela forma.

Foi bom demais.

Quando paramos o beijo, vimos as luzes do parque se apagando.

Tudo se silenciou.

— 22h:05min... - Checou as horas.

O parque fechava às 22h em ponto.

Nem vimos as horas passarem.

— Estamos presos aqui. - Olhei ao nosso redor.

— Calma, você está comigo e vai ficar tudo bem, Crush. - Beijou minha testa.

— O que a gente faz agora? - Seus braços estavam ao meu redor.

— Vamos explorar o resto do parque. - Se afastou para poder pegar minha mão e nós fomos nos aventurar no USH mesmo correndo riscos de sermos pegos.

A gente só precisava driblar os seguranças do parque.

Daríamos um jeito de sair depois.

Eu não esperava que meu Crush retribuísse o Crush em mim, é lógico que amei saber daquilo.