Em Giudecca Shun/Hades acerta Saori e ela cai próxima as escadas do trono. Nesse momento é visto os cavaleiros de Bronze caídos próximos a uma cachoeira de sangue. Eles sentem o cosmo de Athena e vão despertando um a um.

— Onde estamos? – Pergunta Seiya.

— Já passamos por aqui. É aquela grande queda de cachoeira de sangue que é localizada entre o terceiro vale da sexta prisão e primeiro fosso da sétima prisão. Atravessamos aqui quando conseguimos vencer o Minos. – Revela Shiryu.

Hyoga percebe algo balançando na margem da cachoeira e estranha.

— Mas o que é isso?

Ikki olha fixamente para onde Hyoga apontou.

— Essa é... A corrente de Andrômeda... Enfim a corrente se encontrou com o restante da armadura. Então foi aqui que jogaram a armadura de Andrômeda!

— Deve ter sido o Minos que trouxe para cá quando sequestrou o Shun. Ele não ficou guardando a sexta prisão? – Comenta Seiya.

Ikki encontra as demais partes da armadura de Andrômeda e começa a juntá-la.

— Faz sentido. Após o espectro de Benu deixar essa prisão Pandora deve ter ordenado Minos de vir para cá. De alguma forma a corrente de Andrômeda escutou o chamado de Shun e foi me auxiliar. Shun está vivo mesmo sendo dominado por Hades.

— Então vamos levá-la e voltar para Giudecca. Vamos proteger Athena e trazer Shun de volta! – Diz Hyoga.

Seiya, Shiryu e Ikki concordam. Os quatro atravessam a grande cachoeira de sangue e voltam a adentrar a sétima prisão.

COCYTOS

Wimber volta a sentir o cosmo de Athena. Ele percebe novamente uma movimentação dos cavaleiros de Ouro enterrados no inferno de gelo.

— Eu não tenho mais dúvidas. O cosmo de Athena está fazendo esses cavaleiros despertarem. Já que eles ainda têm vida terei que matá-los definitivamente.

Wimber volta a mirar seu punho. Quando ia atacar, ele vê Aioria abrindo seus olhos.

— O que?

O cosmo quente de Aioria destrói o gelo que prende seu corpo.

— Você está mesmo vivo?

— O cosmo de Athena me atingiu profundamente. Eu, Aioria de Leão, ainda tenho a chama da vida acesa dentro do meu corpo!

Wimber se irrita. Logo ele vê Mu e Milo de pé.

— Não pode ser... Vocês também?

Nesse momento Valentine surge ao lado de Wimber.

— Admito que você estava certo Wimber. Esses cretinos ainda estão vivos. Vamos dar cabo deles. Eu, Valentine de Harpia, a estrela celeste do clamor, um dos guardiões da última prisão faço questão de detê-los.

— E eu Wimber de Morcego, a estrela celeste da premonição que também sou guardião dessa prisão, também não os deixarei ilesos.

Milo toma a frente dos companheiros.

— Ótimo. Dois espectros para sentirem o ferrão do Escorpião.

— Eu também guardo essa prisão e não ficarei parado.

Todos olham em direção ao espectro que se aproxima.

— Pelo visto mais um espectro também guarda essa prisão. – Diz Mu.

— Sim. Eu sou Gregor de Genbu, a estrela celeste do retrocesso. Sofrerão uma pena severa e sentirão que de fato estão no inferno.

Os espectros Valentine, Wimber e Gregor confrontam os cavaleiros de Ouro Mu, Aioria e Milo.

Nesse momento o cosmo de Athena volta a alcançar Kanon na quinta prisão. Ele percebe a reação dos cosmos de Mu, Aioria e Milo. Radamanthys sente que os guardiões da oitava prisão estão agindo. Os dois combatentes confrontam seus punhos, que começam a sangrar. Os dois estão exaustos, mas não recuam.

GIUDECCA

Seiya, Ikki, Shiryu e Hyoga chegam novamente na entrada do Palácio de Hades. Ikki deixa a armadura de Andrômeda bem na frente da porta.

— A princípio é melhor deixá-la aqui. Tenho certeza que ela sentirá o cosmo de Shun.

— Mas Ikki, o Shun está totalmente dominado por Hades. – Lembra Shiryu.

Ikki fecha os olhos e adentra a porta.

— No momento daquele ataque de Hades contra mim eu senti que Shun o fez conter a potência do ataque. O que temos que fazer é Shun despertar totalmente em seu corpo.

Os quatro cavaleiros entram e avistam Shaka caído.

— Shaka! – Grita Seiya.

Seiya e Shiryu levantam Shaka, que novamente sente uma energia muito poderosa vinda de trás do trono de Hades.

— Mas o que é isso? Essa energia está nos arrastando... Argh... – Diz Hyoga.

— Essa energia pertence à Hypnos, o deus do sono!— Revela Shaka.

Seiya, Ikki, Shiryu e Hyoga são tomados de uma imensa sonolência. Shaka volta a criar sua esfera de energia e grita pelos cavaleiros.

— Não se deixem dominar por essa sonolência. Athena não me permitiu atacar Hades no corpo de Shun alertando que apenas Shun iria se ferir. Então temos que fazer Hades deixar o corpo de Shun. Talvez a melhor forma seja despertar totalmente Shun dentro de seu corpo. Ikki, acredito que o seu golpe fantasma de Fênix deva ser a melhor forma de conseguirmos.

— O golpe fantasma pode se tornar... Fatal para o Shun. – Comenta Ikki.

— Não há tempo para medirmos consequências. Temos que expulsar Hades do corpo de Shun se queremos que Athena vença essa guerra Santa. – Responde o cavaleiro de Virgem.

Seiya toma a frente e se aproxima de Saori e Shun/Hades que estão confrontando seus cosmos. Mesmo ferida Athena se defende da ação de Hades e foi com o despertar desse cosmo que ela despertou novamente os cavaleiros que estavam sem consciência.

— Saori está ferida... Hades no corpo de Shun pode matá-la por ela não querer atacar, apenas se defender. Shiryu, Hyoga vamos distraí-lo para que Ikki consiga lançar seu golpe fantasma!

Shiryu e Hyoga concordam. Eles saltam ao lado de Saori, que está sangrando.

— Basta Hades. Você não irá matar Athena enquanto estamos aqui presentes. – Diz Hyoga.

Shun/Hades olha com desdém para Hyoga. Ele se vira e senta em seu trono.

— Pois bem. Darei o fim que vocês tanto querem. Morrerão ao lado de Athena.

Pandora tenta deter os cavaleiros de Bronze de se aproximarem de Hades, mas a energia emitida por Shaka também a deixa sem ação. Shaka começa a sangrar para deter a ação de Hypnos.

— Se os espectros mais poderosos estivessem aqui... Evitaria o Imperador Hades ter que usar de sua energia. É uma ousadia desses cavaleiros enfrentarem um deus.

Enquanto Pandora lamenta, Shiryu reforça as palavras de Hyoga.

— Nós estamos aqui Hades e não permitiremos que você faça algo contra Athena. De alguma forma deteremos você, te expulsaremos do corpo de Shun e salvaremos Athena e o planeta!

— Tarde demais para tentarem salvar a Terra. O Grande Eclipse já está sendo consumado, não há mais nada que vocês possam fazer. Essa batalha já terminou.— Responde Shun/Hades com tranquilidade.

— Grande Eclipse? – Questiona Seiya.

Shun/Hades repete o que Thanatos havia dito anteriormente para Saori. Os cavaleiros se assustam.

— Não podemos deixar a Terra ser tomada pela escuridão! – Grita Seiya.

Saori se levanta nesse momento mesmo ferida. Ela encara Shun/Hades e queima seu cosmo.

— Shun, por favor, desperte. Eu imploro, pare o Grande Eclipse.

Pandora se irrita ao escutar a deusa chamando novamente pelo cavaleiro que era receptáculo de Hades.

— Parem de chamá-lo assim. Será que vocês não entendem que estão diante do Imperador Hades?

Ikki vira de costas a Shun/Hades e olha com raiva para Pandora. Ele vai se aproximando dela a olhando fixamente e ela sem sua lança, que está em posse de Shun/Hades, recua.

— Não adianta você se irritar, seu irmão não existe mais, ali está apenas o Imperador Hades.

Ikki fica diante de Pandora e fecha os olhos.

— Enquanto estive no oitavo fosso da sétima prisão tive muitas lembranças. Além de escutar alguns espectros que passavam para vigiar a prisão falando sobre sua missão de representante de Hades, Pandora. Saiba que você é uma tola, foi uma marionete nas mãos de Hades e de seus deuses subordinados.

— Não fale bobagens. O Imperador Hades é meu irmão! E o seu irmão era apenas o homem que nasceu com a missão de ser tomado pelo Imperador no futuro. Agora que eles se fundiram são apenas um ser!

— “Golpe fantasma de Fênix.”

O golpe de Ikki trava Pandora. Ela arregala os olhos e fica paralisada.

— Tenha bons sonhos. – Diz Ikki com deboche e virando de costas olhando na direção dos demais cavaleiros e de Athena que estão diante de Shun/Hades.

Pandora começa a ter lembranças de sua infância. Ela se lembrou de quando residia em um castelo na Alemanha chamado castelo Heinstein, que pertencia a uma família muito rica e conhecida. O castelo ficava em um lugar cercado por um belo lago e possuia uma boa quantidade de vegetação. Era a família de Pandora que na época era apenas uma criança pequena. A mãe de Pandora estava grávida. A casa tinha muitos empregados e eles viviam em um enorme luxo. Um dia Pandora pediu permissão para seu pai ir brincar com seu cachorro na rua. O pai dela permitiu, mas só enquanto não escurecia. A menina brincou na frente do castelo com seu cachorro. O cachorro saiu correndo e ela correu atrás. O cachorro latiu para uma isolada cabana que tinha no fim do jardim da entrada do castelo. A menina sentiu uma sensação estranha. O cadeado na cabana se quebrou. Ela curiosa resolveu entrar no local com seu cachorro. O local era um pouco escuro, e em cima de uma mesa tinha uma pequena caixa.

— Que caixa é essa? Está escrito algo aqui, mas não é no nosso idioma... – Estranhou Pandora.

Pandora abriu a caixa. O que estava escrito na caixa era Athena em grego, ou seja, a caixa possuía um selo de Athena. Duas cosmo energias saíram de dentro da caixa, que na realidade era um pequeno baú. A pequena Pandora ficou com medo.

— “Muito obrigado por nos soltar Pandora. Nossas almas estavam aprisionadas por mais de 200 anos”.— Dizia uma das escuras almas.

— Mas quem são vocês? – Perguntou a menina trêmula de medo.

— “Eu sou Hypnos, deus do sono”.

— “E eu sou Thanatos, deus da morte”.

Pandora deu um grito assustada. Os dois deuses gêmeos subordinados de Hades tentaram tranquilizar Pandora.

— “Escute Pandora, em breve a alma de sua majestade Hades renascerá como seu irmão. Assim que sua mãe der a luz o Imperador das trevas estará de volta a Terra. Você precisa proteger a alma de Hades até o momento adequado”.— Disse a alma de Hypnos.

— Que momento? – A menina estava sem reação.

— “Os 108 espectros irão ressuscitar mais tarde. Nesse momento Hades irá iniciar sua última guerra Santa. Você irá comandá-los e até lá irá proteger sua majestade. Em troca disso você ganhará a vida eterna”.— Disse Thanatos.

Pandora se sentiu diferente. Foi como se ela fosse possuída e a partir daí viveu em transe. Cuidar de Hades agora seria sua missão. De uma forma e de outra, ele era seu “irmão”.

Três meses depois a mãe de Pandora deu a luz. Ela morreu no parto. Inexplicavelmente, um a um que morava naquele castelo foram morrendo de causas não descobertas, sobrando apenas Pandora.  A vegetação do local também morreu assim como quem se aproximava. O lugar foi dito como amaldiçoado e foi demarcado pelo governo local. Na realidade Hades já tinha demarcado seu território.

Pandora se desesperou e quando foi ao berço de seu irmão não viu nenhum bebê. Apenas um universo que se via na manta do bebê. Thanatos apareceu para ela.

— “Não se assuste Pandora. A alma de Hades nasce separada do corpo. O corpo de Hades não pode nascer aqui onde é seu castelo. Nessa geração, o corpo receptáculo de Hades nasceu no Japão e é um órfão. Te guiarei até lá Pandora. Faça isso, e você só terá boas recompensas. Quando Hades dominar o mundo ele o transformará em um paraíso, em que todos os seus habitantes ganhará vida eterna”.

Pandora em transe aceitou imediatamente. Foi quando ela foi guiada até Ikki e Shun.

Após ter essas lembranças começa a escorrer sangue pelo nariz de Pandora. Ela desmaia. Nesse momento Shaka envolve sua energia ao redor de Shun/Hades com a intenção de despertar Shun de dentro do corpo. Hypnos percebe a ação de Shaka e enfim se pronuncia.

— “Se eu continuar confrontando minha energia com a desse cavaleiro teimoso eu vou acabar destruindo todo o Palácio do Imperador Hades e podendo ferir seu receptáculo. Então darei um último golpe para detê-lo e regressarei aos Elísios.”

Hypnos ataca Shaka, que em posição de lótus resiste o quanto consegue até ir ao chão. A energia do deus do sono não é mais sentida em Giudecca.