— Desembucha, você gosta do Liam não é? - Mal entrei na van e ele já jogou a bomba pra cima de mim.

— Quem disse?

— Seus olhos e como eu já disse minha querida Hazel, te conheço como a palma da minha mão. - Ele se inclina um pouco em minha direção. Suspirei derrotada e apenas assenti. - Desde quando isso? Por que você nunca me contou?!

— Ei, calma ai! Eu fiquei com medo ok? Você e o time de basquete se odeiam em níveis alarmantes e eu não queria colocar caraminholas na sua cabeça, por que...

— O que caralhos é caraminholas Haz? - Eddie ria tanto que mal conseguia respirar. - Sou seu melhor amigo e vou apoiar você, mesmo que seja sua paixonite num mauricinho babaca.

— Ele não é babaca.

— Se você diz... - Ele engata a marcha e saímos em direção a minha casa. - Você vai amanhã no Hellfire?

— Óbvio que sim e apenas pra sua informação, eu não assisto as partidas apenas por que você me dá carona depois, mas sim por que eu gosto. Não entendo absolutamente nada, mas acho divertido de assistir.

— Assim você me enche de orgulho garota.

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— Quer ficar para almoçar? Mamãe fez lasanha hoje. - O olho sugestiva, sabia que era a comida favorita dele e bem... A lasanha de mamãe é fenomenal.

— E eu sou maluco de recusar a lasanha da sua mãe?! Vamos logo. - Ele estaciona a van na frente de casa e seguimos em direção a entrada. Mal entramos e já fomos abalados pelo cheiro de uma boa lasanha caseira, que só minha mãe sabe fazer. - Ah isso é o cheiro do paraíso... - Eddie me abraça de lateral enquanto seguíamos até a cozinha.

— Oi mãe, cheguei. Eddie vai almoçar conosco! - Mamãe amava Eddie, ela amava ainda mais o fato de poder jogar algumas conversinhas sobre a gente namorar.

Ela já esta tentando há dez anos.

E não, ela nunca desistiu.

— Oi querido, quanto tempo! Você parou de vir me visitar. - Mamãe o abraça apertado como sempre faz, apesar de Eddie ser mais alto que ela, o seu abraço podia engolir até o maior dos homens.

— Ficando um pouco ocupado com o clube e os estudos... Sabe como é Tania.

— É bom que esse ano você tome jeito Edward ou eu mesma vou descer o tapa em você!

Eddie e minha mãe tinham uma relação muito boa, não conheço meu pai, ele nos abandonou antes mesmo de eu nascer. Apesar disso eu e mamãe temos uma ótima relação, somos como melhores amigas. Da mesma forma que minha mãe me ama como filha, ela ama Eddie também. Ele perdeu a mãe muito novo (antes de nos conhecermos) para uma overdose e o pai foi preso por tantos crimes que é até impossível de listar, por esse motivo ele mora com o tio desde que nos conhecemos. Eddie e o senhor Wayne tem uma ótima relação e, graças a Deus, ele gosta de mim tanto quanto minha mãe ama Eddie.

— Vão lá guardar suas coisas, o almoço sai em vinte minutos. Juízo nesse quarto. - Ela não resiste a dizer qualquer coisa sobre um possível namoro.

— Mãe! - A repreendo, mas da mesma forma que acontece nos últimos dez anos, a única coisa que ela faz é rir.

— Sua mãe nunca vai desistir de tentar juntar a gente, já estou até acostumado. Juro por Deus, um dia ela ainda vai me jogar em cima de você. - Eddie dizia enquanto ficava olhando minha coleção de fitas de música. - Sério, você não escuta nada que preste.

— Ei, não toca nas minhas fitas. Você sabe que elas são preciosas para mim. - Disse dando um tapa na sua mão, pegando a fita da Kate Bush.

— Enfim minha querida amiga, conte-me mais sobre essa sua paixonite com o mauricinho. - Disse se jogando na minha cama, fiz um sinal para tirar os tênis. Revirando os olhos ele os tira.

— Vou dizer o que Eddie? Eu gosto dele, isso já não é suficiente? - Por que caralhos estou com tanta vergonha de compartilhar isso com ele?

— Desde quando? 

— Há quatro anos... - Murmuro apenas pra mim, na esperança dele não ter escutado.

Eddie coloca a mão no coração como se estivesse levando um facada e finge desmaio deitado na cama. Ele sempre foi o palhaço nessa amizade e ele sabe disso. Por essa e outras que amo esse cabeludo maluco.

— Você tem essa paixonite há quatro anos e nunca resolveu me contar? Meu coração esta destroçado, totalmente destroçado Williams. - Ainda jogado na cama como se tivesse "morrido" com a facada no coração. - Pensei que fossemos amigos.

— E somos, mas toda garota tem seus segredos. - Me sentei perto dele, fazendo carinho na sua cabeça, como sempre faço. Que aliás, sou a única que pode tocar nessa cabeleira.

— E pretende dar o primeiro passo com ele ou... - Deixou a frase no ar me encarando, o empurrei pro lado me deitando no espaço vazio que sobrou na minha cama minúscula.

— Com primeiro passo, você quis dizer oq exatamente? - Perguntou olhando para o teto, assim como ele. Sinto ele dando de ombros.

— Você entendeu Haz.

— Sexo?

— Eu ia dizer se você que vai chamar ele pra sair ou vai esperar ele chegar em você, mas sexo também vale. - Rindo baixinho, dou um tapa na sua coxa. - Um pouco mais pro lado e você me deixaria estéril.

— Todo dia me pergunto por que somos amigos.

— Por que eu sou incrível, essa é a reposta óbvia. - Fala como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, realmente ele não estava errado.

— Mas voltando ao assunto, acho que vou chamar ele pra sair. Não vai ser muito cara de pau, certo? - Ele nega com a cabeça. - Eddie! - Grito assustada com o que se passa na minha mente.

— E se ele quiser transar comigo? - Levanto e começo a andar de um lado a outro no quarto, Eddie senta na cama me encarando confuso.

— E qual é o problema disso? É só sexo. - Paro de andar e o encaro carrancuda.

Homens são burros pra caralho.

— Você diz isso por que é homem, pra você é fácil. Não sente dor, pra dizer o mínimo. - Ele rola os olhos.

— Você é muito exagerada. - Levanta da cama e me segura pelos ombros suavemente. - Você precisa relaxar, vai dar tudo certo. Se ele quiser sexo e você também, essa parte é bem importante, vocês vão fazer e vai ser divertido.

— Mas ele já tem experiência Ed e eu tenho absolutamente zero conhecimento. Nada. Nadinha. Zerada. Eu mal beijei nos últimos meses, na verdade lembro quando foi a última vez que beijei alguém. - Comecei a me desesperar novamente. Ele só respira fundo e me olha carinhosamente.

E começa a me chocalhar violentamente.

Espera, o que?!

— Você precisa parar de ser doida!

— E você precisa parar de me chocalhar ou então vou cortar teu pinto fora! - Imediatamente ele para e me deixa respirar em paz. Só consigo enxergar meu quarto rodando, vou matar esse garoto. - Ok, suponhamos que seja mágico e incrível...

— Ai você vai ter experiência da coisa, não é difícil. E, aliás, seu último beijo foi a quatro meses atrás, com aquele cara que trabalha com o Steve e a Robin. - Ele me solta a volta a se sentar na beira da minha cama.

— Sinceramente, queria esquecer da existência desse beijo. - Um arrepio passa pela minha espinha, só de lembrar o momento. Uma ideia se apossou na minha mente. - Mas e se...

— Ah não, lá vamos nós.

— E se... Eu for atrás de alguém que eu confio muito e perder minha virgindade com ele e então, assim vou me sentir preparada para tudo o que preciso encarar com o Liam. - Digo o encarando orgulhosa, do que (para mim) é um ótimo plano. Eddie me encara sorrindo sem mostrar os dentes.

— Absolutamente não.