No fundo dos sonhos - Eddie Munson escrita por CherryBombIllusions


Capítulo 23
Banho




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— Eu vou encher a banheira. - Falo indo em direção ao banheiro, depois de ver Eddie gemendo de dor ao tentar se mover.

— Já disse que não precisa Hazel. 

— Desde quando eu te obedeço seu cabeçudo? - Arqueio a sobrancelha direita em sua direção e sorrio. Eddie me encara contrariado. - Você está se remexendo de dor Ed, a banheira é a melhor opção. Agora fica ali na cama esperando a banheira encher. - Vou até o banheiro, desligando o chuveiro, que liguei a pouco tempo, e começo a encher a banheira com água quente. - Pronto, não vai demorar muito. - Sento-me na beirada da cama, ao seu lado.

— Obrigada pirralha. - Abraça-me lateralmente, envolvendo o cobertor ao nosso redor.

— Só estou fazendo o mínimo Eddie. - Agarro sua cintura levemente, para não machucá-lo ainda mais.

— Você realmente não tem uma música que preste nessa sua coleção. - Diz, depois de alguns minutos, observando a minha coleção que estava bem a nossa frente. Bufo irritada. - Vou te dar uma fita do Black Sabbath, Metallica, Iron Maiden... - Começou a falar vários nomes de bandas, apenas ignoro virando os olhos e indo até o banheiro vendo que a banheira já está cheia.

— Vem logo Eddie, a banheira já encheu.

— ...Você realmente tem que escutar essa banda, eles começaram ano passado e são incríveis! Tem um cabeludão guitarrista, ele é foda pra caralho Haz. - Entra devagar e mancando levemente no banheiro e me encara.

— Eu não faço ideia do que você estava falando. - Nervoso me encara, mas logo em seguida faz uma cara maligna. 

— Vou jogar fora todas as suas fitas da Madonna... E da Cindy Lauper! - Boquiaberta penso em dar um tapa em seu ombro, mas recordo-me dos machucados e abaixo a mão. - Você não pode me bater. - Gargalha e em seguida geme de dor. - Ai caralho, nem rir eu consigo. 

— Nunca parei pra ver como você é irritante Edward. - Aproximo-me.

— Edward é o caral... - Engasga quando coloco minhas mãos no botão da sua calça. - Que merda você está fazendo Williams? - Era possível ver o pânico em seus olhos arregalados.

— Tirando sua calça. - Respondo o óbvio.

— Não estou incapacitado. - Sussurra e desabotoou a jeans preta, deixando a mostra sua cueca cinza por baixo.

— Mas está com dor, quanto menos esforço você fizer melhor vai ser. - Abaixo a jeans até uma altura e ela cai sozinha no chão. - Você não consegue nem se mexer direito Ed... E também não é a primeira vez que te vejo sem roupa. - Pisco em sua direção e seguro a borda da cueca box. Ele arfa.

— Hazel...

— Relaxa garanhão, o único que esta pensando besteira aqui é você. Prometo não olhar. - Não desvio dos seus olhos e seu rosto, Eddie estava tão vermelho que parecia que explodiria. Sorrio. - Ok, então fica com a cueca, mas vou ficar aqui dentro com você.

— Mas que porra Williams, esta com fogo no cu?! - Nervoso ele se livra da calça que estava aos seus pés.

— Eu só estou cuidando de você Ed... É o mínimo que posso fazer, sendo que fui eu que causei isso tudo. - Aponto em sua direção.

A cena poderia ser extremamente excitante: seus cabelos estavam bagunçados, sua respiração falha e ele estava de cueca. Mas tudo isso passou a ser ignorado no momento que passei a perceber todos os hematomas espalhados pelo seu corpo. Respiro fundo e ajeito a banheira, para que ele se acomodasse melhor.

— Haz...

— Não diga que a culpa não foi minha, por que foi Munson. Eu sei disso, ok? - Minha voz embarga com o choro preso na garganta. - Eu que me apaixonei por aquele babaca. Eu que dei alguma esperança para ele. Eu que terminei. Eu que não fiz nada para te ajudar, enquanto você era espancando na minha frente. Foi tudo eu. - Limpo as lágrimas e sento-me na beira da banheira. - Entra logo dentro dessa porra, antes que a água esfrie. - Contrariado ele suspira e segue em minha direção, em seguida acomoda-se dentro da banheira. Verifico se a água continua quente.

— Não foi sua culpa. - Sussurra. Bufo alto pronta para meu discurso, mas ele me interrompe. - Foi apenas uma consequência Haz, deixei um bilhete no armário dele e parece que o mauricinho é bem vingativo. - Sorri com escarnio.

— O que você escreveu nesse bilhete? - O encaro assustada e nervosa ao mesmo tempo.

— Nada demais... Só pra ele te deixar em paz e.... - Balbucia alguma coisa que eu não entendo.

— E o que mais? Fala para fora caralho.

— E que você não está interessada mais nele, por que você já tem alguém. - Fala baixo desviando o olhar. Arfo baixo, sentindo o gelo em minha barriga. - Aparentemente ele reconhece minha letra ou apenas ligou os fatos aos atos.

— Realmente a sua letra é horrorosa, definitivamente um garrancho. - Levanto-me da beira e começo a tirar a blusa e a calça, ficando apenas de sutiã e calcinha. Escuto Eddie arquejar.

— O que você está fazendo? - Pergunta exasperado.

— Tomando banho com você. - Entro na banheira, ficando sentava a sua frente, com as pernas encolhidas. Usava um conjunto branco, sem bojo. Com a água, possivelmente estava tudo transparente. - Esta bem quentinha. - Pego um elástico de cabelo qualquer e faço um coque frouxo, impedindo que meus cabelos toquem na água. - Você dizia Edward? 

— Não me chama de Edward, mas que caralho garota. - Bufa encostando-se no fundo da banheira, sorrindo nego com a cabeça pegando o sabonete liquido. - Não me diga que você vai me dar banho como se eu fosse um bebê. 

— Exatamente. - Afirmo ficando de joelhos e me aproximo, acomodo-me com o joelho direito entre sua pernas e o esquerdo encostado na lateral da banheira, ficando de frente para ele, que respirava fundo. - Você já me via nua e tocou nos meus peitos Eddie, isso aqui é o de menos. - Dou de ombros.

Meu corpo estava em chamas.

— Seus peitos são muito bonitos. - Elogia sorrindo e dou-lhe um tapa. Faz uma careta e geme de dor.

— Não vou me desculpar por isso, você mereceu.

— Não posso ficar em silêncio quando digo verdades. - Caio numa gargalhada inesperada. Eddie também começa a rir e sinto um quentinho dentro do meu peito. - Sua mãe não vai achar, no mínimo, estranho essa situação aqui? Daqui a pouco ela chega do trabalho. 

— Ela está de plantão hoje. - Dou de ombros enquanto limpo seu pescoço delicadamente, ele faz uma careta. - Confortável? - Sorrio maligna, ele nega com a cabeça e sorri.

— Lembra quando costumávamos tomar banho juntos, nessa mesma banheira?

— Você ainda não tinha trinta metros de altura naquela época.

— E você ainda tem o mesmo tamanho. - Abre um sorriso largo. - Na maioria dos lugares.

— Cala a boca Edward, quer outro tapa? Meu joelho esta num lugar bem propenso para bater. - Ergo a sobrancelha o desafiando, ele ergue as mãos em forma de rendição. Mas logo desiste com uma expressão de dor.

— Puta que pariu, tudo dói. - Sussurra de olhos fechados e controlando a respiração.

Tentava controlar a minha também, mas com certeza por outros motivos.

— Ainda bem que os meninos apareceram... - Procuro respirar fundo, lembrando com muita facilidade do nosso último beijo. - Vou levar um chocolate para eles.

— Só de você existir já é o suficiente para aqueles manés, eles te idolatram.

— Tanto quanto você? - Sorrio.

— Um pouco menos talvez... - Pensativo encara-me sorrindo alegre. - Mas é claro que minhas guitarras em primeiro lugar. - Rio negando com a cabeça, continuando a esfregar com a mão seus ombros, tentando ao máximo me concentrar naquela região e não nos olhos castanhos que me encaram.

Falho miseravelmente.

— Haz... - Me chama baixo e sinto meu estomago na boca e o famoso gelar em meu abdome.

Levo meus olhos até seu rosto, próximo ao meu, e eu não consigo pensar e muito menos respirar. O calor que emana da água me faz ficar zonza e minha cabeça girar, mas não de uma forma desagradável. Por que, na verdade, eu estou bem. Mais do que bem. Não é a mesma sensação do alto da montanha russa, o momento que antecede a queda, aquela mesma sensação, quase inevitável, de alguns dias atrás, o momento que quase selamos o acordo.

Então, tomando uma atitude fecho o espaço entre nossos lábios e beijo-o, com seu peito molhado pressionado contra o meu, escorregadio, quente e delicioso. Escuto um arfar surpreso dele e imediatamente levo minhas mãos ensaboadas até seu rosto, segurando de forma delicada por conta dos machucados. Eddie leva a mão até meu cabelo preso frouxamente e me puxa para mais perto, mordendo meu lábio inferior. Sinto um calafrio através do meu corpo, apesar do calor da água.

Única coisa que passa em minha mente é mais, mais, mais. Preciso de mais desse homem. Quero ficar o mais perto possível dele, para me tornar parte de Eddie e queimarmos juntos como duas partículas atômicas.

Quando sem querer movo meu joelho esquerdo e acabo escorregando, apoiando-me em seu abdome. Ele urra de dor.

— Ai meu Deus! - Afasto-me rapidamente preocupada. - Me desculpa, me desculpa, me desculpa. - Desesperada encosto do outro lado da banheira o encarando.

— Acho que já deu de banho por hoje. - Declara de olhos fechados massageando a região machucada. Confirmo com a cabeça, mesmo sabendo que ele não veria, e saio da banheira primeiro.

Ótimo, primeira vez que resolvo tomar uma atitude e eu fodo tudo. Parabéns Williams.

Girando o olhos pego uma tolha qualquer no armário que há ali, e ajudo Eddie a sair da banheira. Curvado levemente, ele gemia a cada movimento. Nada é tão ruim, que eu não possa piorar.

— Que ir pro hospital? 

— O cu que eu vou pra hospital Hazel. Só preciso me secar. - Ajeita a postura pegando a toalha que estico em sua direção.

— Quer ajuda? - Aproximo-me e ele nega imediatamente, paro no meio do caminho o encarando triste.

— Sinceramente Haz, eu já estou excitado o suficiente. - Engasgo surpresa com a sua fala. - E também sua... Sua r-roupa está totalmente transparente. - Ele evita me olhar, desviando para a parede. - Meu Deus... - Escuto seu sussurro.

— Ah... Hm... - Não sei o que dizer e muito menos o que fazer. - Então eu vou lá para o quarto, me secar e trocar de roupa. - Aponto em direção a porta. - Mas vou deixar aberta, caso aconteça alguma coisa. - Eddie passa a mão pelo cabelo levemente molhado e balança a cabeça, espalhando algumas gotículas de água em todas as direções.

— Hazel...

— Teu cu Edward. - Me encarava bravo. - Ainda estou cuidando de você, suas roupas estão ali. - Aponto para o montinho em cima da pia. - A porta vai ficar aberta e se você precisar de ajuda me chame. Só não coloque a camisa, ainda preciso passar a pomada nos hematomas. - Saio do banheiro indo em direção ao meu guarda roupa.

Respiro fundo tentando recobrar meu consciente. Olho para a montanha de roupas ali e pego a primeira que eu vejo: minha calça de moletom vermelha e a camisa do Queen. Devolvo-a para o guarda roupa, recordando-me a última vez que a usei. Na caótica noite do acordo. Balanço a cabeça pegando outra camisa, dentre várias, que tenho de Eddie e as uso para dormir. Escolho uma do Iron Maiden.

— Está tudo bem ai? - Grito perto da porta, mas sem olhar. Escuto uma afirmação sua e suspiro aliviada. - Eu vou lá em baixo pegar a maleta e já volto. - Aviso e sigo em direção ao andar de baixo.

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— Ai, ai. Ai caralho! - Eddie mexia-se como uma criança enquanto eu passava a pomada nos hematomas.

— Se você não parar quieto eu vou te bater mais que o Liam.

— Mas está doendo. Ai porra!

— Se você parar de se mexer, vai doer menos! - Bufo irritada. - Pronto terminei, finalmente.

— Finalmente digo eu, sua brutamontes. - Chocada eu jogo o travesseiro no seu rosto.

— Ingrato rabugento.

— Mas que você ama. - Sorri colocando a camisa no corpo. Reviro os olhos irritada.

— Vou ver se tem algo para comer. - Desço as escadas indo até a cozinha, pegando algumas besteiras como batatinha, salgadinhos e refrigerante. Não estava afim de cozinhar e já estava tarde. Subo as escadas novamente, encontrando Eddie sentado na cama, com as costas na cabeceira. - Fome? 

— Muita. - Sento-me ao seu lado e começamos a comer. 

— Sobre o que aconteceu no banheiro... Você não vai fugir não é? Como da última vez. - Respiro fundo evitando encará-lo.

— Não e, na última vez, eu não fugi. 

— Então você sair correndo de mim e entrando na sua casa foi o quê? - Pergunta sarcástico, mas sua voz tinha um tom risonho. 

— Foi autodefesa.

— Garota maluca.

— Mas que você ama. - Repito sua frase de alguns minutos antes. Sorrio em sua direção, percebo ele fazer uma feição que não pude desvendar, mas logo ele volta ao normal. - Não vou fugir Eddie.

— Então pode me beijar de novo? - Sorri safado. - Não vou falar que não gostei, por que como já disse: apenas trabalho com a verdade.

— Está muito assanhadinho para meu gosto Munson. - Bebo um gole do refrigerante e limpo a garganta. - E Cecília, como ela está? - Tento mudar de assunto.

— Do nada garota... - Fala confuso, por ter mudado de assunto tão abruptamente.

— Desculpa se lembrei que você beija a boca dela também. - Falo irritada prestando atenção no salgadinho em meu colo. Percebo seu silêncio e o encaro, ele sorria alegre. - Você esta com o sorriso do Coringa de novo.

— E você está com ciúme. - Sorria confiante. - Meu Deus, você está com ciúme de Cecília.

— Você disse que tinham terminado.

— E terminamos.

— Então por que apareceram no meu encontro com Liam? - Viro meu corpo em sua direção.

— Ah, é por que ela qu... - Para de falar, arregala os olhos e pigarreia. - Ela queria comer pizza e acabei a encontrando no meio do caminho. E pensei "hm, por que não?". É isso. - Da de ombros. Arqueio a sobrancelha em sua direção, desconfiada.

— Sei... O sexo deve ser muito bom. - Falo com escárnio. Quem olhasse de fora conseguiria ver o veneno escorrendo pela lateral da minha boca. Ele ri desacreditado.

— Você realmente esta com ciúmes.

— Da para parar? Você sabe que eu sempre tenho ciúmes! - Irritada junto o lixo que sobrou em cima da cama, levanto-me jogando tudo na lixeira do quarto. Viro-me em sua direção e ele sorria abertamente.

— Sim, mas antes a gente não tinha se beijado. - Cruza os braços ainda com o maldito sorriso no rosto. Pego uma almofada na cadeira da escrivaninha e jogo com força em sua direção. - Ok, não está mais aqui quem falou! - Levanta os braços se rendendo. - Mas que você está com ciúme, você está.

— Cala a boca e vamos dormir Edward! - Esbravejo e deito-me irritada, consigo escutar sua risadinha. Desligo a luz do abajur e fico de costas para ele.

— Você vai pro colégio amanhã? - Escuto sua voz em meio a escuridão.

— Sim e você não.

— Como assim eu não?! - Viro-me e frente para ele. Não enxergo absolutamente nada.

— Você está machucado e precisa descansar. - Falo firme, escuto seu bufar.

— Eu não sou um bebê. - Sussurra irritado.

— Mas é o meu bebê. - Sorrio, sabendo que ele não me enxergaria. Escuto sua risada baixa e em seguida sinto sua mão em minha cintura. Aproximo-me mais dele, ajeitando para dormir, tentando não tocar muito nos hematomas.

— Boa noite pirralha.

— Boa noite Ed.

 


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