CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 8
A Profecia




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Primavera de 1997.

Tornado, Rosa Vermelha e Inquisidor, os novos amigos de Nevoeiro, o levam para conhecer as demais dependências da Escola Brasil X, o seu segundo lar nos últimos meses. Os subterrâneos do metrô de São Paulo eram amplos e quilométricos com diversas galerias que interligavam ruas, avenidas e bairros. Com o passar das décadas a EBX foi "recrutando" diversas galerias subterrâneas a fim de evoluir na edificação de uma escola (mesmo que à margem da sociedade vigente). Basco se impressionara com tamanha tecnologia e extensão da EBX pelos túneis desativados do metrô paulista. Lucius contou que a construção de todo o local em tempo record foi possível graças as ações do mutante nativo americano chamado Forge, enviado pelo Professor Xavier para auxiliar à EBX! Este X-MEN era um mutante com poderes sobre a engenharia intuitiva, capaz de inventar ou recriar qualquer aparelho eletrônico em poucas horas. Os novos aliados mostram a Basco um pouco da história dos lendários CelleXty presente em documentos e registros antigos da Biblioteca da escola! Esse era o nome da equipe em que Basco ingressou! Na biblioteca haviam livros dos mais diversos estilos e autores. Da botânica à física nuclear, do catolicismo ortodoxo às artes místicas, porém, algumas obras eram bem específicas. Descreviam a História da EBX, bem como a História dos Mutantes no Brasil.

A Biblioteca era pequena, preenchendo cerca de 200 metros dos corredores de uma linha há décadas desativada do metrô, mas isso não tirava a sua diversidade! Segundo Inquisidor, deveria haver, pelo menos, cerca de 50 mil títulos naquelas prateleiras. Sua favorita eram as que contavam histórias antigas sobre os CelleXty! Histórias de um passado remoto oriundo ainda em alto mar à bordo das primeiras caravelas que aqui atracavam (ou naufragavam). Lucius ficou responsável de acompanhar Khassan neste pequeno tour literário, porém, tentava manter certa distância de Basco após descobrir que o rapaz mantinha a crença nas artes místicas. O clérigo era terminantemente contra tais práticas. Esse sentimento de aversão não passou desapercebido por Basco que, como um perfeito cavalheiro, mantinha a descrição, contudo sentia a indiferença do "amigo". 

Apesar de um bom acervo, Basco acreditava que precisava se aprofundar na magia arcana após o ataque vindo do Limbo, porém, Alex também era totalmente contra o uso das artes místicas e culpava a magia arcana e o Limbo pelos incidentes com Nastirth. Os poucos livros da biblioteca remetiam a caçadores e inquisidores do Período Colonial. Basco, contudo, sabia que a magia do Limbo era algo presente e mais cedo ou mais tarde, voltaria a dar as caras novamente. Para ele, o treinamento precisava ser mantido, mesmo a contragosto do líder da equipe mutante paulista.

A catarinense Rosa Vermelha buscava algo para todos beliscarem no refeitório, o paulistano Tornado se despede pois iria treinar com os outros dois integrantes da equipe que Basco ainda iria conhecer! Na biblioteca Inquisidor encontrou um livro antigo datado de meados dos anos 1930 e mostra a Basco algumas fotografias e recortes de jornais sobre os primeiros CelleXtys escolhidos do Século XX! Basco descobre também que apesar de uma equipe de Mutantes ser algo relativamente recente no país os primeiros mutantes chegaram ao Brasil ainda no período da colonização e interagiram com os povos indígenas e com negros escravos também mutantes. Haviam ainda mutantes - ciganos -, degredados de Portugal e enviados para as colônias portuguesas acusados de roubo ou bruxaria. De tempos em tempos, um novo grupo de mutantes era levantado em centenas de localidades ao redor do Brasil, protegendo povoados e aldeias, muitas vezes delas mesmas. Lucius conta a Basco que durante as décadas de 1930 e 1970, o Brasil possuía apenas cinco mutantes dispostos a proteger o país enquanto a maioria da mutandade preferia o anonimato. Eram eles: o carioca Alex Aleff, hoje líder da nova formação, Cassiopéia, a capixaba que atualmente estava desaparecida, Folkhen, um rústico mutante que possuía vasta experiência em combate de campo e que voltou para sua terra natal, o Rio Grande do Sul, Carmen Kalitch, uma cigana mutante, também desaparecida e Carcará, o cearense que atualmente atuava como rastreador mutante no Nordeste.

A equipe CelleXty deste período, segundo Lucius, havia sido dissolvida no final da década de 1980, mas agora, com o crescimento da população mutante no país, novos membros haviam sido selecionados e Xavier convocou Alex Aleff para liderá-los. Alex conhecia Xavier há muito tempo e o professor gostava de manter certo sigilo sobre o que acontecia no Brasil, isto porque, procurava evitar que o país se tornasse um alvo internacional em potencial. Em meio a tantos relatos históricos, Isabelle adentrava a biblioteca com salgadinhos e refrigerantes enquanto Basco ouvia com a máxima atenção as histórias de Lucius. Ela admirava a paixão que Lucius tinha sobre a história da equipe além, claro, de sua fé! Lucius abria um outro livro antigo e continuava a relatar com entusiasmo, a Basco, os feitos heroicos dos CelleXty através da história do Brasil. Ele conta também como a equipe atual era movida pela esperança de que um dia a guerra entre humanos e mutantes chegaria ao fim. Lucius afirma que a maioria dos CelleXtys acreditavam que os mutantes tinham profundas ligações com uma antiga profecia que conta a história de uma milenar entidade cósmica chamada Khyrie e seus guerreiros conhecidos como seres divinos chamados de Montreais!

Lucius mostra a Basco um dos exemplares mais antigos da Biblioteca. Um grande livro com capa de couro ricamente ornado com detalhes em ouro e prata. Suas páginas eram grossas e escritas à mão. A obra datava do Século XIV. Segundo Inquisidor, o livro conseguiu sobreviver as cruzadas, a pestes e a quedas de reis e rainhas e foi sendo passado de geração a geração e por diversos países europeus até cruzar o Atlântico e chegar ao Brasil em 1574. Segundo Lucius os textos antigos mencionavam os feitos de Khyrie, seus Montreais e uma profecia secular sobre o Filho deste ser cósmico chamado Kraystos, - a Luz do Amanhecer -.  e que quando ele viesse à Terra, iria liderar o seu Exército Montreal em uma última e derradeira batalha contra um mal que ainda está adormecido. Para Inquisidor, Khyrie era um ser supremo mais antigo do que a Terra e o criador da própria vida no planeta. Os Montreais eram seus mensageiros e tinham como missão propagar o amor e a justiça para a humanidade. Ensiná-los a viver em harmonia e prosperidade. Rezava a lenda que os primeiros mutantes eram Montreais fiéis a Khyrie e que o nome da equipe - CelleXtys— fazia alusão a estes seres divinos. Basco olhava com curiosidade tanto quanto dúvidas sobre a história que ouvia com tanto fervor do amigo de equipe. A história de Khyrie e seus Montreais sagrados eram semelhantes a contos que Khassan já havia lido de outros povos e civilizações antigas. Até mesmo no distante Reino de Asgard ouviu contos muito semelhantes. Aquilo o deixava intrigado a ponto de não desmerecer ou desacreditar tal relato. O rapaz já havia presenciado a muitas coisas estranhas para duvidar que tais histórias fossem mera ficção ou obras do acaso.

Lucius é interrompido de sua apaixonante história secular, por Ivan que surge na porta principal da biblioteca trazendo consigo o restante da equipe para conhecer Basco. Raquel Muniz uma jovem de 16 anos conhecida como Quarentena e que com um simples toque trazia a pestilência aos oponentes. A adolescente chamava a atenção pela excessiva magreza e a pele pálida. Seu tom de pele faziam as veias de seus braços saltarem aos olhos. Trajava uma saia preta até os joelhos, uma baby look branca e botas com cadarços brancos.  Basco se perguntava se ela realmente estava viva. Acreditou que sim quando Raquel levou um breve sorriso ao rosto. Já João Victor, também chamado de Hardcore, parecia não ligar muito para o novo membro da equipe. Fez um aceno de cabeça para Basco, seguido de um “- E ae!?”. O rapaz parecia ter acabado de sair de um show de Heavy Metal. Ostentava um pequeno moicano e usava coturno, calças jeans surradas, suspensórios e uma camiseta de uma banda qualquer além de um par de luvas de couro tão velhas que pareciam que iriam se desmanchar a qualquer momento. João, que possuía asas gigantes como as de uma águia, tinha apenas 15 anos de idade! Mesmo sendo os mais jovens da equipe, estavam entre os mutantes mais corajosos de São Paulo. Ambos haviam sido expulsos de casa quando seus poderes se manifestaram pela primeira vez e foram acolhidos pela equipe. Basco cumprimenta os dois jovens que se juntam a ele e aos demais na biblioteca para ouvir as histórias do amigo Lucius sobre Khyrie e os Montreais. 

 

Verão de 1997.

O tempo passa. Meses sem catástrofes e ameaças mutantes que Khassan ou os CelleXtys precisassem se preocupar. A mutação de Basco Khassan progride com o passar dos meses e ele descobre que além de conseguir se transformar em um denso nevoeiro, podia condensar e solidificar partes do nevoeiro como bem entendesse. Com o tempo Basco foi ganhando a confiança e o carinho de todos da equipe, contudo, Inquisidor se afastava cada vez mais. Tornado e Hardcore lhe ensinavam muito sobre vários estilos de lutas! Rosa Vermelha ajudava Nevoeiro a explorar os campos perdidos de sua mente para tentar encontrar pistas sobre o seu passado! Khassan se inteirava de todos os aspectos envolvendo os mutantes brasileiros e tentava não pensar mais em magias arcanas e tudo o que lembrasse o Limbo. Através dos estudos dados por Alex e Inquisidor, Basco começava a conhecer a história por traz do enigmático ser chamado Khyrie. Uma entidade cósmica mais antiga que os pilares da Terra. Khyrie, seria a força celestial que regia todo o universo e fazia da Terra sua mais plena criação! Mas havia muito mais sobre Khyrie que, segundo Inquisidor, com o tempo, o jovem Khassan iria descobrir! Até aquele momento, o rapaz não sabia se estava em uma equipe mutante ou em uma seita religiosa, contudo o Natal daquele ano tinha um sabor totalmente diferente. Sentia-se novamente acolhido e estava em um lugar que poderia chamar…de lar!

 


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