Os ataques da Gangue Fantasma tornaram-se rotineiros e a recente aliança entre eles e alguns membros da Geração Vamp preocupava os CelleXtys. A invasão ao Comando Militar do Arsenal de Guerra de São Paulo e o massacre de inocentes no Centro de Convenções do Anhembi, trouxeram os holofotes midiáticos para o chamado “problema mutante brasileiro”. O Governador de São Paulo em caráter extraordinário veio à público dias depois do massacre no Anhembi. Em poucas semanas um Decreto Estadual era promulgado dando plenos poderes as Forças Armadas para capturar qualquer indivíduo que manifestasse publicamente os seus poderes. Exército, Marinha, Aeronáutica juntamente com as forças policiais iniciaram o que ficou conhecido como os Protocolos de Contenção. Cerca de 45 dias após o decreto o pior aconteceu. O documento ganhou caráter federal e o Brasil inteiro promoveu uma verdadeira caça aos mutantes. Armados com dispositivos que detectava o Gene X de maneira quase imediata, policiais invadiam empresas, residências, escolas e até hospitais. Quando um indivíduo era reconhecido pelo equipamento, imediatamente era conduzido até os departamentos de registros mutantes instalados de maneira emergencial em diversos pontos das cidades. Aqueles que se recusavam eram capturados e presos em presídios especiais de contenção mutagênico, em uma parceria entre o governo brasileiro e os norte-americanos da empresa privada, ESSEX. Não demorou muito para que mutantes e parte da população que os apoiava travassem confrontos com as autoridades. Um verdadeiro caos foi instaurado levando a muitos optarem por deixar as grandes cidades em um êxodo para o litoral ou o interior. Os CelleXtys mantinham-se escondidos na EBX de maneira permanente nos últimos meses. A Geração Vamp, também começou a agir com mais cautela na cidade e a Boate Mascarade passou a ser quase um centro de fugitivos e caçados. Por outro lado, muitos vampiros não pensavam duas vezes em deletar esconderijos de mutantes pela cidade, mediante um bom pagamento. De capitais como o Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte chegavam relatos de milícias formadas por civis que caçavam mutantes tentando fazer o papel de militares, o que agravava ainda mais a situação. Althy e seus comparsas precisavam ser contidos de qualquer maneira, pensavam Carcará e Folkhen. A dupla se reunia constantemente para construir estratégias de defesa e proteção a fugitivos dos Protocolos de Contenção, mas também de ataque aos inimigos paramilitares, porém, nem mesmo os heróis estavam em uma situação de seguridade, visto que eles também eram agora alvo de captura.

Perdido em seus pensamentos, deitado em seu leito, nem o cowboy Tornado ou qualquer outro membro da equipe perceberam a invasão que a EBX estava sofrendo naquela noite serena e quieta nos túneis perdidos do metrô paulista. Já era madrugada quando uma sinistra névoa obscura invadia os dutos de ventilação até o quarto de Ivan. Assim que a névoa se encontrava em sua totalidade nos aposentos do jovem, ela ergue-se e toma a forma humana da proprietária da boate Mascarade, Verônica! A vampira conseguiu invadir as dependências da EBX sem ser detectada nem mesmo pelos alertas psíquicos de Isabelle. A vamp usava um dispositivo neural que impedia de ser descoberta, inclusive por telepatas, porém, aquilo duraria apenas alguns minutos, mas tempo o suficiente para cumprir seu objetivo! Ela olhava para Ivan que dormia profundamente. Seu corpo ainda se recuperava dos ataques que sofreu na luta contra Caio e Lira no Centro de Convenções. Naquelas condições seria um alvo fácil, mas não era o objetivo de Verônica feri-lo, pelo menos não naquela noite. A membra do clã de vampiros conhecido como Toreador, se aproxima do jovem peão de rodeios. Ela retira de uma pequena bolsa presa à cintura um frasco e, seu líquido, derrama sobre os lábios de Tornado.  Verônica observava Ivan em repouso, quando subitamente Gregory aparece na porta do quarto e se coloca na posição de ataque.

— Como entrou aqui? Pode ter enganado os sistemas de segurança, mas eu jamais esqueceria seu cheiro – Perguntou Gregory enquanto suas mãos se recobriam com prata.

— Gregory!? É impressão minha ou você...cresceu? — Indagava a vampira curiosa e sarcástica por ver o jovem que até pouco tempo era uma criança vampira.

— Basco me salvou! Não sou mais um vampiro, Verônica! Fiquei um bom tempo no Limbo com ele e aprendi alguns truques novos! – Respondeu o rapaz.

— Não foi difícil encontra-los. Aliás, recomendo melhorarem os sistemas de segurança. Se eu consegui encontrá-los, imaginem os humanos. Mas fique tranquilo, de nossa parte, essa corja nunca descobrirá o paradeiro de vocês!

— O que fez com Tornado?

— Relaxa, soldado! Soubemos que alguns dos nossos se uniram a Gangue Fantasma e atacaram vocês. Apenas dei um antídoto contra o dom da vadia da Lira. Um voto de agradecimento, por terem impedido a corja de Althy de invadir a minha boate! Em 24 horas ele vai estar novinho em folha!

O rapaz olhou friamente para os olhos de sua antiga amiga e acolhedora. Verônica falava a verdade. Apesar de não ser mais um vampiro, Gregory ainda conseguia manter alguns instintos vampirescos. Ele se aproxima da cama de Ivan....

— Ele vai ficar bem?

— Vai sobreviver se é o que quer saber. Vou deixar um frasco extra para a amiga de vocês...a ruiva telepata. Sei que ela também sofreu agressões fortes daqueles idiotas. — Verônica se aproxima do adolescente com um olhar fraternal – ... Eu senti a sua falta no Mascarade, sabia?

— Aqui agora é o meu lugar!

— ..esqueci, agora você é apenas...um mutante!

— ...e arcano! – Os olhos de Gregory brilham num vermelho intenso como chamas vivas, por alguns segundos, dando a entender que o rapaz também adquiriu um certo grau de conhecimentos mágicos!

— ...Respeito sua escolha. Espero que não tenha tomado a decisão errada. Cuide-se... “Sangue de Prata”. Dê lembranças minhas ao fumacento (referindo-se à Nevoeiro).

Gregory olha com estranheza para a mulher que deixava o quarto indo em direção dos dutos de ventilação, transformando-se em uma névoa negra, enquanto se despedia:

— Um apelido apropriado que meu clã deu a você! Acredito que nos veremos em breve garoto, mas de lados opostos!

A jovem vampira desaparece na escuridão dos dutos. Na manhã seguinte Tornado despertou com a força e a fome de um touro. Rosa Vermelha diz que não havia mais nenhum vestígio dos ataques de Lira. Gregory relatou quem foi a salvadora do colega de equipe. É fato também que os dutos de ventilação foram lacrados em definitivo e que um novo sistema de segurança fora instalado naquela mesma semana forjado pela prata de Gregory. Nas palavras de Ivan: - seguro morreu de velho!

Após semanas intermináveis de pistas infundadas e alarmes falsos os policiais chegam até uma velha fábrica de móveis nos arredores do bairro Perdizes em busca da Gangue Fantasma. O local com muros altos e há décadas jogada as traças foi descoberto pelas autoridades após uma denúncia anônima que revelava um fluxo constante de “estranhas pessoas com olhos vermelhos”. Poderiam ser apenas um bando de sem-teto buscando abrigo em dias difíceis, contudo, as testemunhas ainda afirmavam que o lugar se tornou assombrado nos últimos meses. Fantasmas estariam guardando a velha fábrica! Os vizinhos estavam corretos. Todos a guarnição enviada para investigar o local foi morta em minutos!