CelleXty Saga escrita por Basco Khassan


Capítulo 1
TOMO I - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Você está prestes a acompanhar a jornada de um jovem mutante brasileiro chamado Basco Khassan Markel, suas descobertas, aventuras e o que mais o destino lhe reservar. Porém, antes de apresentarmos o jovem protagonista, é preciso conhecer as suas origens. Aquilo que, em parte, começou a forjar a sua caminhada.

Caros leitores....sejam todos e todas
.......................bem-vindos ao universo da Mutandade Brasileira!



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LAÇOS DE FAMÍLIA

 

Inverno de 1962.

 

Edher Markel era um jovem cigano e revolucionário integrante do grupo conhecido como E. T. A. que foi fundado visando conseguir independência nacional para o conglomerado de Basco (região que abrange o norte da Espanha, parte da região de Navarra e o sudoeste da França). Edher era um mutante e usava seu dom sobre alquimia para deflagrar diversos ataques terroristas em nome das ideologias do E. T. A. (Euskadi Ta Askatasuna, em basco: Pátria Basca e Liberdade). Quando foi enviado para destruir um quartel da Guarda Civil Espanhola, Markel sofre uma emboscada e em meio ao conflito, um hospital próximo é destruído, matando centenas de inocentes. Após esse desastroso ataque e sentindo-se culpado pelas mortes no hospital, Edher decide deixar o E. T. A. Ele Viajou por diversos vilarejos, províncias e países até chegar ao Oriente Médio. No Líbano Edher constrói uma nova vida com a esperança de deixar os horrores das guerras para trás.

No país árabe, Edher conhece a libanesa Thamine Khassan, uma médica socorrista, pelo qual se apaixona. Após algum tempo de romance e um feliz casamento, no ano de 1975, nascia o primeiro filho do Casal, o pequeno Igon Khassan Markel. Durante um tempo a família viveu em paz na capital, Beirute, até que, a convite do respeitável Doutor Ramzi Razem, amigo de Thamine, Edher ingressa em uma equipe de misteriosos superseres árabes. Para tentar se redimir de seus erros do passado e também proteger sua família, Edher torna-se membro dos misteriosos “Os 99 de Allah”, que tinham como objetivo defender os países do Oriente Médio de inimigos locais e estrangeiros. Em meados de 1977, um mutante chamado Aniquilador, um ser híbrido metade homem, metade um dragão de Komodo e membro do E.T.A., descobriu o paradeiro de Edher. O mutante é enviado para matá-lo, porém, Edher consegue, com o auxílio dos 99 de Allah, derrotar o adversário que já tinha sido seu amigo no passado. Aniquilador revela ter sido o responsável pela explosão que destruiu o hospital na Espanha quando Edher sofreu uma emboscada, apenas para dar uma “distração” às autoridades locais. Com a prisão do ex-companheiro, Edher decide deixar o Líbano juntamente com sua família. Eles viajam para um recomeço na América do Sul.

 

Primavera de 1978.

Já instalados há algum tempo no Brasil, nascia em São Paulo, o segundo filho de Thamine e Edher: Basco Khassan Markel. Edher conseguiu emprego na manutenção dos túneis do metrô paulista que, na época, estavam em rápido processo de expansão das suas linhas. Thamine, por sua vez, trabalhava em um restaurante de comida árabe nas imediações da Rua 25 de março, um dos maiores centros do comércio popular da cidade. Mas nem tudo eram flores para a família de imigrantes. Eram dias de fúria, medo e perseguição no Brasil devido às imposições de um governo militarizado e ditatorial que repreendia ferozmente os seus opositores em todas as camadas sociais da população. O Brasil também não era a melhor morada para os mutantes nesse período. Secretamente os órgãos de segurança caçavam e “livravam-se” dos mutantes que eram descobertos. Ser mutante era sinônimo de ser revolucionário, comunista ou guerrilheiro. Muitos destes passaram a viver em um processo de nomadismo e clandestinidade, deixando as capitais e indo se abrigar nas pequenas cidades do interior ou ainda seguiam com os acampamentos ciganos, ou as caravanas de circos que, vez por outra, passavam por alguns municípios a fim de evitar serem descobertos, torturados e mortos. Por mais que a família Markel tentasse a neutralidade em relação aos conflitos frequentes no país, alguns incidentes nos túneis do metrô, como explosões e sabotagens, foram atribuídos à Edher quando este se viu envolvido com grupos de guerrilheiros contrários aos militares e a censura. A família deixa então a cidade de São Paulo e partem rumo ao pequeno distrito de Cipó-Guaçu, longe dos holofotes da grande metrópole.

 

Primeiro semestre de 1983.

O pequeno município de Cipó-Guaçu mantinha ainda os ares de cidade interiorana e dava esperanças a todos que decidiam fugir das perseguições na capital paulista. O local era excelente para os amantes de trilhas e acampamentos. Havia muitas cachoeiras e rica flora silvestre tendo parte da Mata Atlântica ao seu redor. Infelizmente para Edher e seu filho mais velho, Igon, um simples acampamento de pai e filho se transformou em uma tragédia. Ambos acabam desaparecendo na mata fechada misteriosamente. Buscas foram feitas por várias semanas, mas nenhum sinal de ambos foi encontrado. Basco mal se lembrava deles, pois, na época do ocorrido, tinha apenas 5 anos, contudo, Thamine ficou arrasada. Em razão disso, talvez, os problemas de Basco na escola, anos depois, eram frequentes. Por diversas vezes sua mãe era chamada na diretoria do colégio devido às peripécias de Khassan. Uma mulher, imigrante e ainda tentando se adaptar aos costumes brasileiros agora tinha a difícil tarefa de criar um filho sozinha. Contudo, Thamine recebia vez por outra o auxílio de um tio da capital. Ele ajudava como podia, pois não podia levantar suspeitas sobre a sobrinha. Thamine sempre suspeitou que seu amado marido e filho sofreram uma emboscada por parte das autoridades comandadas pelo regime, mesmo sem provas.

Em Cipó-Guaçu a libanesa conseguiu um emprego no posto de saúde da cidade, mas precisava estar sempre em alerta constante, já que o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), apesar de ter encerrado oficialmente suas atividades naquele mesmo ano, ainda mantinha sua vigilância ideológica de maneira agressiva e perseguidora, contra militantes e mutantes pelo interior do estado de São Paulo. Isso durou até o movimento das “Diretas Já”, em 1984, que trazia a esperança de uma Nova República, mais democrática. Com o fim do governo militar, Thamine se viu em paz novamente, mas se perguntava até quando essa paz seria duradoura? A jovem libanesa deixou sua profissão para não levantar suspeitas e voltou para a capital paulista, trabalhar nas lojas de imigrantes árabes na Rua 25 de Março. Thamine não pensava em retornar ao Líbano. Basco nasceu no Brasil e ela aprendeu a amar o país que os acolheu tão bem. Assim, Thamine mantem-se firme na criação de seu filho, mesmo após a perda de seu amado Edher e de seu primogênito, Igon. Ela alimentava a esperança de um dia encontrá-los com vida.

 

Verão de 1991.

Os anos passam rápido. O país passava por mudanças grandes na política, na sociedade e na cultura. No exterior os holofotes, em partes, estavam voltados para o recente falecimento do cantor Freddie Mercury, vocalista da banda britânica Queen. Haviam homenagens ao cantor em diversas partes do mundo. Em contrapartida, no final de dezembro, a antiga URSS é oficialmente extinta o que deixava as nações capitalistas em um estado de euforia e cautela. Mutantes, fossem eles russos, norte-americanos ou sul-americanos, ainda não eram vistos com bons olhos, mas havia certa aceitação. Grupos de mutantes em outros países uniam forças a heróis e heroínas não-mutantes para combater as ameaças que vinham de todos os lados e isso dava credibilidade à Comunidade Mutante, mas não a ponto de Thamine deixar Basco desprotegido. Ela temia que o filho pudesse vir a manifestar algum poder, herança do pai.  Ela tentava ficar o mais próximo possível de Basco em todas as suas atividades.

Certa tarde, Thamine levou Basco ao cinema como fazia nos momentos de lazer corriqueiros, após voltarem a residir na capital paulista. Era um dia ensolarado e as ruas estavam bem movimentadas. Ao chegar ao estacionamento do conhecido Shopping Eldorado, próximo a Marginal Pinheiros, um estranho abordou a mãe e seu filho. A ação foi rápida… dinheiro e as chaves do carro era tudo o que o estranho queria e para isso sabia amedrontar suas vítimas com a experiências adquiridas nas ruas da cidade. Basco, com apenas 13 anos, tentava esconder, mas estava apavorado. Thamine, no que lhe concerne, era uma mulher corajosa e não hesitou em se recusar a ceder ao medo. Depois de tudo o que já havia presenciado ao lado do marido, não seria um adolescente assustado que lhe colocaria temor. Aparentemente um pouco mais velho do que seu filho. Um dos muitos garotos que perambulavam pelas proximidades, atrás de algo de valor que pudesse trocar para alimentar seu vício em algum entorpecente! O garoto saca de um revólver calibre 38. Thamine tentou tirar-lhe a arma. Basco grita em desespero!

Um tiro… Dois! Thamine se escora na porta de um carro enquanto o menor fugia assustado! Enquanto desce, lentamente a mancha de sangue escorre pelo vidro e porta do veículo. Basco se desespera e grita com toda a força. Subitamente algo inacreditável acontece. Ao abrir os olhos, Basco percebeu estar a metros acima do carro, mas havia muita “fumaça”, e não conseguia ver os membros do próprio corpo! Foi uma sensação de êxtase e pavor em simultâneo. No instante que se seguiu, Basco começou a gritar por socorro, porém, ninguém parecia ouvi-lo. Um denso nevoeiro tomou conta de todo o estacionamento do Shopping Eldorado e imediações. Carros e ônibus tiveram que parar pelas ruas e ligar seus faróis. Pessoas ficaram assustadas com o tamanho do nevoeiro naquela tarde. O dia se transformou em noite por cerca de 30 minutos. De repente um corpo no estacionamento começou a ganhar forma enquanto a névoa se dissipava! Basco não sabia, mas havia manifestado os seus poderes mutantes pela primeira vez. Pequenos fachos de luz dançavam pelo nevoeiro. Eram os seguranças do shopping com suas lanternas, em meio à névoa que se dissipava, enquanto as sirenes de uma ambulância denunciavam a chegada dos paramédicos. Os socorristas levam Thamine e o jovem Basco, que agora se encontrava desmaiado a alguns metros à frente de um carro, para o hospital!

Ao acordar, Basco estava em um dos quartos do Hospital das Clínicas de São Paulo. Os médicos apenas diziam que ele estava bem, mas que havia passando por um grande estresse emocional. Thamine se encontrava em estado grave e precisava de cuidados. Basco queria que aquele pesadelo tivesse um fim. Mal sabia que suas aventuras, estavam apenas começando!

 


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Notas finais do capítulo

Basco vai precisar lidar com muitas responsabilidades que jamais sonhou. E uma visita inusitada pode mudar a vida do garoto para sempre!



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