Escritório W  - sede 1 EUA - 15:00am 

A movimentação naquela semana estava a todo vapor, a mesa do jovem CEO estava com uma enorme pilha de relatórios para serem revisados e a única coisa que realmente queriam naquele momento, era da sua total atenção para o evento da noite. Como aquela ideia acabou passando por sua aprovação sem ele mesmo perceber, talvez a persuasão da sua secretária e fiel confidente Suzy seria a razão de aceitar isso de forma despretensiosa ou os conselhos de seu sócio de que precisava aparecer mais e mostrar o que a grandiosa W significa para o mundo. Mesmo com todas essas conclusões se pegou encarando aquele entra e sai de funcionários do buffet contratado para a ocasião, do quanto seus seguranças pretendia fazer a rota de hoje e o quanto sua cabeça estava quente só de imaginar de ter que socializar com meia dúzia de pessoas as quais nunca viu na vida.

Balançou a cabeça por um instante torcendo para que seus pensamentos retornassem para uma ficha a qual precisava terminar de preencher. Para os que não acreditavam que o jovem rapaz realmente se dedicada ao trabalho constantemente, todas as matérias as quais iam para o ar ou os relatórios de testemunhas as quais pediam ajuda da W para solucionar seus casos, todos os milhares de emails, cartas, fax, qualquer meio de comunicação, passavam pela aprovação dele. As vezes sentado de frente para tela do computador naquele escritório minimalista, o rapaz passava horas e horas lendo cada linha, analisando cada caso, as vezes até mesmo virando a noite como por diversas vezes teria feito nos últimos meses desde que aquelas ligações voltaram a acontecer. 

Alguns meses atrás enquanto retornava de uma reunião, Andrew recebeu uma ligação restrita a qual lhe estremeceu por completo. Aquele assassino, aquele maldito assassino ousou ligar para chantageá-lo. A voz parecia rouca com um timbre forte, a mesma voz a qual o garoto ouviu pela última vez 10 anos atrás. Como aquilo estaria acontecendo outra vez, como ele poderia ainda está andando livremente pelas ruas, como com todo o império que o jovem CEO se dedicou a fazer não conseguia ser capaz de captura-lo. Tantas questões sem respostas, tantas dúvidas que ele carregava anos e anos que as vezes este assassino parecia ser um fantasma.

Mas, infelizmente aquela ligação foi muito real. Alias, o assassino deixou claro o quanto estaria observando todos os passos do rapaz, o quanto passou todos esses anos assistindo a forma a qual estava sendo caçado. Aquela briga de cão e gato que nunca acabava retomaria novamente, mas, desta vez ele tinha a policia ao seu lado, tinha até mesmo formas de grampear ligações, rastrear registros e até mesmo se fosse preciso buscar forças internacionais para caçar este desgraçado. O rapaz que antes sendo um pobre adolescente sem defesa, hoje era um homem influente, que fez tudo para que assim fosse grande o suficiente para que esse reencontro ou o primeiro encontre entre os dois fosse fim desta história. Por que seus pais foram mortos de forma tão brutal? Por que ele foi acusado injustamente? E agora qual era o motivo de seu retorno? 

A mensagem naquela ligação foi muito clara, ele estava observando tudo, ele estava sempre a frente e agora chegaria o momento de se encerrar está história. Andrew ficou pálido como uma folha de papel, suas mãos ficaram tremulas que mal conseguiam segurar aquele celular apenas as últimas palavras do assassino ficaram penetradas em sua memória EU IREI TE MATAR, SERÁ BREVE, NÃO DEIXAREI QUE SOFRA ASSIM COMO SEUS PAIS NEM SE QUER SENTIRAM.  Os olhos do jovem rapaz se encheram de fúria, mas, carregados por lágrimas que repreendia consigo mesmo por longo tempo. Aquilo precisava acabar de qualquer forma, se ele estava por perto como dizia, se ele queria tanto fazer o acerto de contas, esse era o momento perfeito para que ele fosse pego, era hora de planejar algo grandioso e mostrar quem realmente será pego. 

Seus pensamentos e dúvidas acabaram quando uma voz lhe chamou, o trazendo para o presente. 

— Andrew? — chamou seu grande amigo e seu segurança particular, parado na porta de seu escritório. — Tudo bem? — questionou ao notar que sua expressão parecia tensa. 

— Timy.... — olhou por um instante dando um sorriso fraco ao encara-lo. — Estou bem, desculpe é que estou exausto por causa desses relatórios. 

— Deveria parar um pouco. — ele se aproxima da mesa. — Você tem uma entrevista hoje e uma noite um pouco longa com convidados para receber, se lembra?

— Pois é. — o jovem CEO se inclinou para trás, cruzando os braços e encarando um pouco a vista da grande janela de sua sala. — Eu não posso simplesmente cancelar tudo? 

— Não pode.

— Posso dizer que tive uma emergência e preciso viajar. 

— Impossível. Suzy reagendou todos os seus compromissos para que ficasse livre hoje, fora que ligou para todos os empresários e remarcou as reuniões. 

— Agrh... — resmungou por um instante. — E se eu ficar doente? 

— Teremos como convidados o senhor Patrick Jones médico de um dos maiores centros hospitalares de Los Angeles, acredito que ele adoraria lhe examinar. 

— Uau. — olhou para o amigo entendendo que aquilo era uma briga com gente grande. — Eu acho que realmente não tenho escolha alguma. Então, como está a programação? 

— Sobre isso. — o rapaz lhe entregou uma folha a qual continha todo o esquema de programação do evento. — O buffet já está no salão, os organizadores estão terminando de finalizar a decoração e Suzy está monitorando tudo para que não fique nada muito artificial. 

— Bom...

— Temos também uma lista de todos que estarão presentes nesta noite, todos passaram pela vistoria na entrada para segurança do evento. 

— E os seguranças?

— Foi redobrado, contratamos uma outra equipe e distribuiremos por todo o prédio em todos os corredores e entradas. 

— Perfeito. — o rapaz deixou a folha sobre a mesa e ficou um pouco pensativo. 

— Recebemos duas novas credencias para a entrevista de hoje, os nomes foram alterados a revista disse que tiveram um imprevisto com a vinda da senhorita Willians. Posso pedir que cancele caso recuse....

— Não precisa. — ele cortou imediatamente a fala do amigo. — Quero fazer isso logo, talvez seja positivo dar uma entrevista e falar realmente o propósito do que fazemos aqui. 

— Acha que ele tentará contato essa noite? — ele se referia as ligações do assassino que voltaram a acontecer com frequência. 

— Eu não sei. — Andrew estava preocupado com essa possibilidade, não sabia com que olhos aquela grande festa poderia ser para aquele perverso assassino. — Só quero que convoque uma alerta para a delegacia central, quero todos de prontidão para qualquer alarme, vamos ter uma grande movimentação essa noite e não quero ter surpresas. 

— Ele não vai conseguir entrar isso eu te dou certeza, tem uma super equipe para essa noite algo até exagerado posso admitir. 

— Suzy pensou realmente em algo grande. — os dois riram

— Pode ficar tranquilo, eu estarei por perto caso precise. 

— Está tudo bem, relaxe essa noite quero que se divirta um pouco e saia dessa posição de meu segurança. Se eu preciso socializar e viver um pouco, acredito que você precisa tanto quanto eu já que estamos trabalhando incansavelmente durante esses anos. 

— Tem razão. — o amigo tocou seu ombro em forma de conforto. — Tenho certeza que seus pais estão orgulhos de tudo que fez. 

— Eles ficarão quando eu pegar aquele maldito. — seu olhar ficou destemido. — E eu vou pegar! 

A grande noite finalmente chegou e aquele prédio parecia pequeno para tantos convidados. Claramente que o número de pessoas seguia a risca a lista feita de forma alinhada por Suzy, a qual passou meses se dedicando para que tudo ocorresse de forma perfeita. Como secretária particular fazia seu trabalho com excelência, como melhor amiga tentava deixar tudo do agrado para que Andrew pudesse ver seu potencial, como se precisasse de sua aprovação constantemente. Os elogios pela organização não paravam de chegar, o lugar estava deslumbrante com uma decoração sofisticada, uma entrada com tapete vermelho e um lindo lustre de crystal para decorar o salão. As flores espalhadas em pontos estratégicos eram lindos lírios que traziam uma delicada e tranquilidade, mas é claro que tudo ficava ainda mais sofisticado pelos cardápios escolhidos, os convidados em seus melhores trajes e claro a presença principal que estava em um traje estrategicamente escolhido a dedo pela garota. 

— Deixe-me ajustar sua gravata. — disse Suzy levando as mãos até o pescoço de Andrew enquanto ele fazia uma careta engraçada. — Prontinho, está perfeito! 

— Estou me sentindo formal demais. — disse ele passando as mãos nas lareais de seu cabelo. 

— Está ótimo! — ela pegou a prancheta e trouxe para perto. — Você é o antrifião, precisa estar de acordo com a ocasião. 

— Preciso? — ele a encarava com um tom que esperava tira-la do sério. — Você ficou ótima neste vestido, vermelho combina muito bem com você. 

— Obrigado. — ela corou por um instante, mas, logo dispersou quando chamou rapidamente um garçom lhe apontando a direção para ir. 

— Você deveria curtir a festa hoje ao invés de estar trabalhando.

— Eu não estou aqui para me divertir, estou aqui para receber seus convidados e cuidar para que tudo saia como deve ser. 

— Você é certinha demais as vezes, nossa... — ele a puxou para sua frente a segurando suavemente pelos braços. — Para um pouco, pega um drink, converse com os convidados e se divirta pelo menos um pouco. 

— Para com isso. — ela ficou tensa pela forma que ele agiu e se afastou. — Eu tenho tudo isso para organizar, se me der licença vou confirmar se a sua entrevistadora chegou. 

— Tudo bem, eu desisto. — ele disse baixinho enquanto a assistia se afastando rapidamente. 

— Desista meu amigo, aquela ali é totalmente focada no trabalho. — dizia Timy se aproximando lhe entregando uma taça de champanhe. 

— Nem me fale. — ele balançou a cabeça de forma negativa, logo segurando a taça que seu amigo lhe entregaria. — Pelo menos você está seguindo meus conselhos. 

— Até que estou gostando do clima.

— Você precisa se soltar mais, vai lá chama uma garota para conversar. — deu um leve empurrão no Timy tirando sarro da situação. 

— Olha só quem fala, o cara que nem se quer se permitir paquerar um pouco.

— Eu não tenho tempo para isso. 

— Para! — agora era Timy que o empurrou levemente. — Olha em sua volta, as mulheres mais lindas e ricas estão aqui essa noite, tenho certeza que qualquer uma adoraria passar um minuto com você e não com mero segurança como eu. 

— Não se coloque tão em baixo. A propósito, meus planos para essa noite é falar com uma única mulher. 

Timy apenas revirou os olhos quando entendeu de quem seu amigo se reveria. Era nítido o quanto ambos eram íntimos já que foram criados juntos desde pequenos, Andrew era como um irmão para ele e o conhecia muita bem para saber que suas palavras pareciam uma forma de fugir das situações. 

Enquanto discutiam sobre quem iria se divertir primeiro, na entrada Suzy confirmava a entrada dos representantes para a entrevista a qual iria acontecer naquele noite. 

— Henry Smith e Katy Miller?

— Somos nós. — os dois repórteres se esgueiravam entre a multidão da entrada, conseguindo se aproximar mais da mulher a qual os chamava. 

— Ótimo, pode me acompanhar. 

Ao entrarem no prédio da grande emissora investigativa W seus olhares pareciam fixados na decoração, no grande extravagancia de luxo que os cercava. Tudo parecia muito longe dos lugares os quais já teriam passado para cobrirem uma matéria. Ambos pararam de caminharem quando a mulher que os orientava também parou, os encarando por um instante como se analisasse suas vestimentas e até mesmo se estavam de acordo. 

— Vocês podem ficar a vontade, podem comer e se servirem o quanto quiser. — ela analisava sua prancheta por um instante buscando uma informações. — Henry precisa me acompanhar, você ficará responsável pelas fotos para revista certo? 

— Isso mesmo senhora.... — ele corou ao chama-la assim. — Senhorita....— corrigiu imediatamente. 

Suzy apenas expressou uma feição um pouco dura, mas, por dentro continha o riso naquela situação. Agora encarava a jovem repórter a sua frente, analisando novamente sua prancheta para concluir as instruções. 

— Senhorita Miller, você pode me esperar aqui vou avisar o Andrew que podemos escolher um lugar apropriado para a entrevista, você deverá também registrar a cobertura do evento certo? 

— Sim, isso mesmo. — ela confirmou um pouco acanhada. 

Ela esperou por alguns minutos ali apenas analisando todo o ambiente, buscando na sua mente como poderia imaginar estar exatamente ali naquele momento. Talvez se tivesse se preparado antes, teria arrumado melhor o seu cabelo para a ocasião até mesmo ter passado um pouco mais de maquiagem somente um toque leve, para realçar um pouco sua expressão e tirar aquela cara de cansaço pelo dia estressante. Enquanto ficava ali brigando com seu eu interior, citando as inúmeras formas as quais pudesse estar melhor para se adequar aquele ambiente percebeu o quanto tudo aquilo era de longe a realidade a qual tinha que enfrentar todos os dias. A grande mesa posta pelo buffet a sua frente lhe agradou com os olhos, o cheiro parecia extremamente maravilhoso e a decoração estava digna de filmes da alta sociedade, aquele realmente não era o seu mundo. 

— Isso é de comer, não faz parte da decoração. — uma voz surgiu a tirando totalmente da sua distração a fazendo pular levemente de susto, constrangida por sua forma de agir.

— O que disse? — assim que ela se virou estava diante de ninguém menos do que AndrewEvans.

— Eu quis dizer que você pode comer, se quiser. — ele sorriu. 

— Céus, me perdoe.... — ela não sabia como se comportar, apenas tentou ajeitar seu corpo de forma ereta e verificar rapidamente se suas mãos não estavam soadas, para que pudesse cumprimenta-lo. 

— Está tudo bem. — ele tinha uma expressão leve, ainda com aquele sorriso angelical no rosto também esticou sua mão para cumprimenta-la. — Senhorita Miller? 

— Sim, sim. — ela balançava a cabeça sem saber como se comportar.

— Não precisa ficar nervosa, eu sou apenas uma pessoa normal não precisa de formalidades comigo ok? — ele continuava com aquele sorriso bobo no rosto. — Vamos começar?